Este palacete fica à entrada da Rua de Cima de Vila,
à esquerda para quem entra pela Rua Chá. Conhecido também por “Palácio dos
Condes de Matosinhos” e “Paço dos Sás”, o edifício foi construído em 1494 pelo
alcaide-mor do Porto, João Rodrigues de Sá e Meneses, descendente do Sá das
Galés” (do tempo de D. João I), pai de Francisco de Sá e Meneses, primeiro
conde de Matosinhos.
(A alcaidaria-mor do Porto tinha sido dada, cerca de 100
anos antes, por D. João I, a João Rodrigues Sá, o famoso Sá das Galés, em 21 de
Fevereiro de 1392).
Por sucessão, o palacete haveria de passar aos condes de
Penaguião.
Em 1600, o primeiro conde de Penaguião tomou posse como
alcaide-mor da cidade do Porto, por nomeação do rei, mas sob protesto dos vereadores
que consideraram aquela nomeação ilegal e atentatória dos seculares privilégios
da cidade.
A nomeação do alcaide da cidade era
da exclusiva competência da Câmara do Porto.
O primitivo Paço, mandado fazer por João Rodrigues de Sá e
Meneses, foi, no seu tempo, uma das mais sumptuosas residências senhoriais do
Porto.
Arquitectonicamente parecia-se, muito, com o primitivo edifício da
Alfândega, ou seja - a Casa do Infante.
Na última década do século XVIII, viveu naquela casa,
durante vários anos, D. Helena de Vasconcelos e Sousa, segunda filha dos
segundos marqueses de Castelo Melhor e a penúltima marquesa de Abrantes. Daí o
nome por que ainda hoje é conhecido o edifício – Paço da Marquesa.
Em 1810 (um ano depois da segunda invasão francesa), aquela
segunda marquesa de Abrantes concedeu" por esmola" que nele se
fundasse o Recolhimento das Meninas Desamparadas de Nossa Senhora das Dores e
S. José, para internamento das muitas raparigas que, na sequência da passagem
dos franceses pelo Porto, tinham ficado sem pais e vagueavam, esfomeadas e com
as roupas esfarrapadas pelas ruas da cidade.
Em 1825, aquela instituição já ocupava instalações no Postigo do Sol.
Entre 1853 e 1864, esteve no Paço da Marquesa, o Seminário
dos Meninos Desamparados, que acabaria em instalações próprias em Pinheiro de Campanhã.
Neste último ano, o último marquês de Abrantes, D.
José Maria da Piedade Lencastre, colocou à venda o edifício.
Acabou por concretizar o negócio "por oito contos de
réis", com o seu procurador José Ferreira de Azevedo e Castro, que, onze
anos depois, em 1875, o vendeu "por quinze contos de réis" a um
capitalista chamado João Bernardino de Morais.
A primeira transacção, atrás referida, teve como condição imposta pelo vendedor, que o comprador não exigisse ao reitor do Seminário dos Meninos Desamparados as rendas, em débito, correspondentes a 11 anos de ocupação das instalações.
Com os acontecimentos políticos da primeira metade do século
XX e da instauração da República, e das sucessivas mudanças de proprietário, o
palacete perdeu todo o seu valor, não só patrimonial como arquitectónico,
sucumbindo às transformações que nele foram feitas à medida dos novos destinos
que lhe eram dados e que foram os mais variados.
Um dos últimos valores artísticos que perdeu, foram os
lambris de belos azulejos neoclássicos que cobriam o corredor que ligava a
porta de entrada às escadas de acesso ao andar nobre da casa.
Paço da Marquesa - Fonte: Google Maps
Paço da Marquesa em Cima de Vila, 21-25 – Fonte: “floret.pt”
Na foto acima observa-se uma tabuleta de publicidade a uma
filial da “Companhia União de Crédito Popular”, cuja sede é na Praça Carlos
Alberto e que, por aí, continua nos dias de hoje. São as conhecidas “Casas de Prego”.
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