segunda-feira, 2 de outubro de 2017

(Continuação 15)


Este palacete fica à entrada da Rua de Cima de Vila, à esquerda para quem entra pela Rua Chá. Conhecido também por “Palácio dos Condes de Matosinhos” e “Paço dos Sás”, o edifício foi construído em 1494 pelo alcaide-mor do Porto, João Rodrigues de Sá e Meneses, descendente do Sá das Galés” (do tempo de D. João I), pai de Francisco de Sá e Meneses, primeiro conde de Matosinhos.
(A alcaidaria-mor do Porto tinha sido dada, cerca de 100 anos antes, por D. João I, a João Rodrigues Sá, o famoso Sá das Galés, em 21 de Fevereiro de 1392).
Por sucessão, o palacete haveria de passar aos condes de Penaguião.
Em 1600, o primeiro conde de Penaguião to­mou posse como alcaide-mor da cidade do Porto, por nomeação do rei, mas sob protesto dos verea­dores que consideraram aquela nomeação ilegal e atentatória dos seculares privilégios da cidade.
A nomeação do alcaide da cidade era da exclusiva competência da Câmara do Porto.
O primitivo Paço, mandado fazer por João Rodrigues de Sá e Meneses, foi, no seu tempo, uma das mais sumptuosas re­sidências senhoriais do Porto. 
Arquitectonicamente parecia-se, muito, com o primitivo edifício da Alfândega, ou seja - a Casa do Infante. 
Na última década do século XVIII, vi­veu naquela casa, durante vários anos, D. Helena de Vasconcelos e Sousa, segunda filha dos segundos marqueses de Caste­lo Melhor e a penúltima marquesa de Abrantes. Daí o nome por que ainda hoje é conhecido o edifício – Paço da Marquesa.
Em 1810 (um ano depois da segunda invasão francesa), aquela segunda mar­quesa de Abrantes concedeu" por esmo­la" que nele se fundasse o Recolhimen­to das Meninas Desamparadas de Nossa Senhora das Dores e S. José, para interna­mento das muitas raparigas que, na se­quência da passagem dos franceses pelo Porto, tinham ficado sem pais e vaguea­vam, esfomeadas e com as roupas esfar­rapadas pelas ruas da cidade.
Em 1825, aquela instituição já ocupava instalações no Postigo do Sol. 
Entre 1853 e 1864, esteve no Paço da Marquesa, o Seminário dos Meninos De­samparados, que acabaria em instalações próprias em Pinheiro de Campanhã.  
Neste último ano, o último marquês de Abrantes, D. José Maria da Piedade Lencastre, vendeu o edifício, "por oito contos de réis", ao seu procurador Jo­sé Ferreira de Azevedo e Castro, que, onze anos depois, em 1875, o vendeu "por quin­ze contos de réis" a um capitalista chama­do João Bernardino de Morais. 
A primeira transacção, atrás referida, teve como condição imposta pelo vendedor, que o comprador não exigisse ao reitor do Seminário dos Meninos Desamparados as rendas, em débito, correspondentes a 11 anos de ocupação das instalações.
Com os acontecimentos políticos da primeira metade do século XX e da instauração da República, e das sucessivas mudanças de proprietário, o palacete perdeu todo o seu valor, não só patrimonial como arquitectónico, sucumbindo às transformações que nele foram feitas à medida dos novos destinos que lhe eram dados e que foram os mais variados.
Um dos últimos valores artísticos que perdeu, foram os lambris de belos azulejos neoclássicos que cobriam o corredor que ligava a porta de entrada às escadas de acesso ao andar nobre da casa. 


Paço da Marquesa - Fonte: Google Maps

Paço da Marquesa em Cima de Vila, 21-25 – Fonte: “floret.pt”


Na foto acima observa-se uma tabuleta de publicidade a uma filial da “Companhia União de Crédito Popular”, cuja sede é na Praça Carlos Alberto e que, por aí, continua nos dias de hoje. São as conhecidas “Casas de Prego”.

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