Palacete Barroso
Pereira (demolido)
Este palacete situava-se na Praça de Santa Teresa, que foi
também Praça do Pão, hoje, Praça Guilherme Gomes Fernandes, e era visitado
frequentemente por Garrett.
Erguido em meados do século XVIII, c. 1750, segundo dizem,
sem confirmação, com projeto de Nicolau Nasoni, pertenceu a uma família de
magistrados inseridos na pequena nobreza que lhe deu o nome.
" No antigo Largo
de Santa Teresa, hoje baptizada em Praça de Guilhermo Gomes Fernandes,
esquinando para a Rua José Falcão, existe ainda uma grande casa nobre
setecentista, de que o risco tem sido atribuído a Nicolau Nasoni, o notável
arquitecto italiano, que durante largas décadas enriqueceu a cidade com a sua arte.
A casa deve ter sido
edificada na segunda metade do século XVIII pelo Desembargador António Barroso
Pereira e por sua mulher, D. Maria Inácia da Costa Sampaio, ou por seu filho o
Dr. José Barroso Pereira, casado com D. Rita Josefa Piceluga, da família
lisboeta deste apelido, originária de Itália.
Na posse dela sucedeu
um filho destes, António Maria Barroso Pereira, fidalgo da Casa Real, casado
com D. Maria José Bravo Cardoso Torres Correia Pereira de Lacerda, filha do
Desembargador Rodrigo Bravo Cardoso Torres e mulher, D. Maria Máxima de Moura e
Castro.
Família de
magistrados, certamente abastada, de representação social - vislumbra-se, por
entre o laconismo dos documentos, uma velha família da pequena nobreza, no
Portugal antigo -, estes Barrosos Pereiras tinham ali a sua residência
citadina; e mandara, colocar sobre o portal de entrada as suas armas: um escudo
partido de Pereiras e Barrosos, com o seu elmo e seu timbre, tudo a gosto da
época.
Meado o século
passado, ainda a casa estava na posse desta gente.
O primeiro a favor de
quem foi registada na respectiva Conservatória do Registo Predial era Rodrigo
Bravo Barroso Torres, filho dos mencionados António Maria e D. Maria José, que
nascera em S. Miguel de Matos, no antigo concelho de Bem-viver (hoje incorporado
no de Marco de Canaveses) e foi casado com Guilhermina Júlia de Sousa Bravo,
filha de Albino Pereira de Sousa Pederneira e de sua mulher, D. Gertrudes Magna
da Cunha Bessa, da Casa de Covelas, em Rio de Moinhos (Penafiel).
Foram estes proprietários
que, por escritura de 21 de Maio de 1874, venderam a casa familiar do Largo de
Santa Teresa, a António José Soares, negociante, da Ruas das Oliveiras.
Em 1898 era dona do
prédio D. Maria Augusta Sampaio de Brito, casada dois anos depois com Manuel
Guilherme Alves Machado.
E este, em 1956,
doou-o a sua filha D. Delminda Sampaio Machado e a seu genro, o Dr. Francisco
da Cunha Freitas Mourão de Sotomaior.
Destinada, de há
muito, a instalações comerciais, consultórios médicos, e outros fins de
rendimento, a casa não perdei ainda, ao menos exteriormente, a fachada
principal, o seu ar de nobreza setecentista, e é um dos curiosos exemplares da
arquitectura civil da época, acrescentado para mais o seu valor pela provável
paternidade nasoniana.
Diz-se que vai brevemente
desaparecer, para nos seus chãos se edificar um desses grandes, horríveis,
rendosos galinheiros, que estão manchando e desvirtuando o carácter tão
portuense, da arquitectura da cidade.
Esperamos que as
entidades responsáveis pelo nosso património artístico, já tão escasso, não
deixem cometer mais esse feio pecado. Pecado feio e inútil... salvo para os que
se propõem usufruir dos correlativos benefícios financeiros”.
Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas – In, Revista “=
Tripeiro”, VIª série, Dez 1962; "Notícias do Velho Porto” - A casa dos Barrosos
Pereiras a Santa Teresa, pág.195-197
Sobre o portal da entrada encontrava-se a sua pedra de
armas: "um escudo partido de
Pereiras e Barrosos, com o seu elmo e seu timbre".
Após servir como residência, o palacete foi ocupado pela
"Fotografia União" (Fornecedora da Casa Real), que o abandonou para
se instalar, no início do século XX, naquele que foi a última sede da
Assembleia Portuense, na Praça da Trindade e, posteriormente, pela
"Fotografia Perez".
Nas últimas décadas da sua existência esteve o palacete
subdividido em escritórios e lojas de comércio, ainda que sem perder na fachada
principal o seu ar de nobreza setecentista.
O palacete foi demolido na década de 1960, para dar lugar a
um novo prédio de apartamentos onde, durante muitos anos, esteve instalada a
Livraria do Estado.
Feira do Pão e Palacete Barroso Pereira do tempo da
"Fotografia União", na Praça de Santa Teresa
Sobre um prédio observável, à direita do palacete dos Barroso
Pereira, de configuração esguia, situado na esquina da Rua D. Carlos (actual Rua José Falcão) com a Praça de Santa
Teresa (Praça Guilherme Gomes Fernandes) e que os portuenses denominavam
por “ferro de engomar”, “casa esqueleto” ou “casa tuberculosa”, em 1954, Horácio Marçal contava que a sua
existência se ficava a dever ao proprietário do estreito terreno que pretendendo
vendê-lo ao vizinho, e dado não ter tido sucesso na sua pretensão, teria
mandado construir a “casa tuberculosa” para lhe tapar as vistas.
Palacete Barroso Pereira do tempo da Fotografia Perez
In revista “Ilustração Portugueza” de 17 Maio 1915, a
inauguração do busto de Guilherme Gomes Fernandes ocorrida no anterior dia 1 de
Maio
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