A igreja de S. Nicolau, localizada na Rua do Infante D.
Henrique, foi construída no local em que ainda hoje se encontra, por ordem do
Bispo Nicolau Monteiro e consagrada em 1676.
Igreja de S. Nicolau – Ed. JPortojo
A construção do novo templo prendia-se com substituição duma
pequena ermida, e pretendia responder a uma nova divisão paroquial da cidade,
que já reportava a 1583, feita pelo bispo D. Frei Marcos de Lisboa, pela qual S.
Nicolau se juntou a Sé, Vitória e Belomonte. Até aí, apenas existia a Sé.
S. Nicolau viria ainda a englobar algum território,
inicialmente atribuído a Belomonte, que teve breve existência.
Em 1758, a igreja de S. Nicolau foi alvo de um incêndio que
lhe provocou danos de monta, sendo reaberta ao culto em 1762.
Antes, a igreja tinha sido antecedida, nesse mesmo chão,
pela tal ermida, da qual se desconhece qualquer risco, mas cuja traça não
fugiria muito à dos pequenos templos, que estavam por todo o lado.
Há documentos que a situam em 1247, tendo já como orago o S.
Nicolau.
Em 1656, teria sofrido obras de ampliação.
Planta (editada) de George Balck
Legenda
1. Trajecto da Rua de S. Nicolau (desde o encontro da Rua
dos Banhos e Rua da Reboleira) até ao Largo do Terreiro
2. Trajecto da Travessa de S. Nicolau até ao Largo do
Terreiro
C. Ermida de S. Nicolau
L. Largo do Terreiro
Obs. No tempo em que esteve erguida a ermida de S. Nicolau,
a que veio a ser chamada de Rua Nova dos Ingleses era, ainda, a Rua Nova,
quando antes tinha sido, a Rua Formosa.
A planta acima é a famosa planta redonda de Balck, de 1813,
que usamos e adaptamos, face à inexistência de outras da época pretendida, à
data da existência da ermida.
A Rua de S. Nicolau e a Travessa de S. Nicolau, diziam, eram
caminhos que conduziam a Vale de Pegas. Este sítio devia compreender todo o
edificado a nascente da ermida e que se estenderia até ao Largo do Terreiro.
Ermida de S. Nicolau, na maqueta medieval (a meio, junto a
uma casa-torre, com cume a amarelo), no local da cidade onde estava implantada –
Cortesia de Nuno Cruz, administrador do blogue Porta Nobre
Por comparação da maqueta acima e da planta anterior, pode
imaginar-se os percursos pela Rua de S. Nicolau e pela Travessa de S. Nicolau.
Acima, à esquerda, observamos a igreja e o convento de S.
Francisco e o seu claustro.
A igreja de S. Nicolau construída sensivelmente no mesmo
chão da ermida, foi implantada relativamente a esta, com uma orientação
perpendicular, como se pode ver na planta abaixo.
Implantação da igreja da S. Nicolau (contorno a amarelo) e
da ermida de S. Nicolau (contorno a azul) – Cortesia de Nuno Cruz,
administrador do blogue Porta Nobre
Legenda
1. Rua de S. Nicolau
2. Travessa de S. Nicolau
5. Capela de Santo Elói
6. Igreja de S. Francisco
7. Rua de S. Francisco
8. Rua Nova dos Ingleses (Rua Infante D. Henrique)
9. Convento de S. Francisco
Capela de Santo Elói (a meio da foto), antes de 1871, ao
lado da igreja de S. Francisco
Como se pode observar na planta abaixo, com a construção da
igreja de S. Nicolau, a Rua de S. Nicolau foi amputada no seu trajecto final (a
azul).
O trajecto 2 corresponde ao da Travessa de S. Nicolau, que
se manteve.
Planta de George Balck, de 1813
Igreja de S. Nicolau, c. 1833 - Desenho de Joaquim Villanova
Na gravura acima, à direita da igreja de S. Nicolau, vemos a
entrada da Rua de S. Nicolau e, um pouco atrás, as fachadas dos prédios
assentes nessa rua, a qual se estendia pela direita. Sendo esta rua habitada
por ourives que aí exerciam o seu mister e onde tinham a sua congregação e
capela respectiva, os portuenses habituaram-se a designá-la por Rua da
Ourivesaria.
Interior da Igreja de S. Nicolau com as sepulturas visíveis
– Desenho do Barão de Forrester
Até c. 1855, associava-se à igreja de S. Nicolau um velho
costume, que Pinho Leal descreveu em 1875, segundo o qual, era promovida uma
festa ao S. Nicolau, a 6 de Dezembro.
Planta de Telles Ferreira de 1892 – Fonte: AHMP
À data da publicação da planta acima, a Rua Nova da
Alfândega, ligando Miragaia à Rua do Infante D. Henrique, já estava concluída
desde 1880; a Rua de S. Nicolau já tinha
desaparecido tendo ficado conhecida como a Rua da Ourivesaria, pois, por
aí, se concentrava o sector de actividade que transformava aqueles metais
nobres.
A Travessa de S.
Nicolau que levava a Vale de Pegas (um pouco acima do cais) continuava, a
nascente da igreja de S. Nicolau, a ligar ao Largo do Terreiro, bem como o
troço que já tinha feito parte da Rua de S. Nicolau (tempos da primitiva
ermida), naquela data, a Viela do Vale das Pegas.
Os prédios dos quais se observam as fachadas principais serão
uma memória da Rua da Ourivesaria. O que apresenta a sua fachada lateral (à
esquerda) já é posterior àquela rua – Cortesia Engº Amaral Gomes
Os prédios que se observam, situados ao lado da igreja de S.
Nicolau, terão estado localizados na desaparecida Rua da Ourivesaria – Cortesia
Engº Amaral Gomes
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