sexta-feira, 7 de abril de 2017

(Continuação 11) - Actualização em 26/03/2019

CAMPO DA RAINHA

No dealbar do século XX, o Campo da Rua da Rainha, mais tarde rebaptizada como Rua Antero de Quental, foi o recinto onde jogou o FC Porto refundado por José Monteiro da Costa.
Neste local existiu, desde 1849, a Companhia Hortícola-Agrícola Portuense de José Marques Loureiro.



A área de terreno ajardinado fazia parte de um topo do Campo da Rainha (local dos Courts de Ténis) – Fonte: Google maps



Na foto acima a fila de prédios em primeiro plano têm fachada à face da Rua de Antero Quental e perpendicularmente a esse alinhamento segue, pela direita, a Rua da Constituição em direcção ao Monte Pedral.


“Aproveitando o auxílio do pai, Jerónimo, o líder azul e branco deu forma a uma iniciativa pioneira no país, arrelvando um rectângulo com as medidas oficiais de jogo, ladeado por fileiras de bancos de tijolo que podiam acomodar cerca de seiscentos espectadores. As instalações comportavam ainda um vestiário, um balneário com três chuveiros e dois lavatórios, um bufete, um ginásio exterior e uma majestosa tribuna destinada aos convidados de honra.
Inaugurado com solenidade num jogo de demonstração entre o FC Porto e os ingleses do The Boavista Footballers, o Campo da Rainha foi palco da primeira vitória azul e branca frente a um adversário estrangeiro, o Real Fortuna de Vigo, batido por 4-1, em 1911.
O Campo da Rua da Rainha foi o primeiro campo do Futebol Clube do Porto, que serviu de casa ao clube de 1906 a 1912, altura em que foi substituído pelo Campo da Constituição.
Reactivado em Agosto de 1906 por José Monteiro da Costa, o FC Porto procurou de imediato um local onde construir as suas instalações desportivas.
Junto à casa do refundador e presidente, na Rua da Rainha (cujo nome seria alterado após a implantação da República para Rua Antero de Quental), havia um terreno alugado à Companhia Hortícola Portuense, do qual sobrava um espaço não cultivado. Decidiu-se aproveitá-lo, tendo Jerónimo Monteiro da Costa, pai de José, presidido à comissão instaladora. Construiu-se apenas um pequeno campo de 30x50 metros - o primeiro campo relvado em Portugal - mas ainda em 1906 os viveiros de plantas seriam transferidos para outro local, permitindo ao FC Porto criar um campo com as medidas oficiais rodeado de bancos para 600 pessoas e ainda uma pista de atletismo (para saltos e lançamentos), balneários e um bar.
Em 1907 a sede do FC Porto foi transferida da sua primeira localização, na Rua de Santa Teresa, para junto do Campo da Rua da Rainha. No mesmo ano foi acrescentado ao complexo um campo de ténis”.
Fontes – “fcporto.pt”; “pt.wikipedia.org”








Por comparação das fotos anteriores é possível imaginar a orientação do Campo da Rainha, já que o prédio antigo em primeiro plano, naquele dia de 17 de Março de 1912, no jogo entre o F.C. Porto (4) e o Real Fortuna FC (1), ainda existe.
Presentemente, as suas instalações são, desde há anos, a sede da Assembleia Distrital do Porto, na Rua de Antero Quental, nº 367.
O prédio tem licença de construção de Abril de 1834, submetida à Câmara do Porto por Jerónimo Carneiro Geraldes, um advogado e proprietário que chegou a ser, por nomeação, durante 24 dias, Presidente da Câmara do Porto (entre 13 de Dezembro de 1841 e 5 de Janeiro de 1842).
Na planta de Telles Ferreira de 1892, o prédio era conhecido por casa de Jerónimo Carneiro Geraldes Júnior.

 
 

Planta de Telles Ferreira de 1892
 
 
Na planta anterior, o rectângulo a azul indica a implantação do Campo da Rainha, sendo que, à direita, se observa a localização da casa de Jerónimo Carneiro Geraldes Júnior.
No final do ano de 1911, o F.C. Porto foi informado de que teria que desocupar o terreno da Rua Antero de Quental, para que no local fosse construída uma fábrica. A mudança para o Campo da Constituição realizar-se-ia cerca de um ano depois.
Momentos especiais vividos no Campo da Rainha:
15 de Dezembro de 1907 - FC Porto x Real Fortuna de Vigo, primeira recepção de um clube português a uma equipa estrangeira e o FC Porto vence por 4-1;
6 de Dezembro de 1908 - É inaugurado o relvado durante um jogo FCPorto 6 vs Leixões 3;
Em Março de 1911, o FC Porto dava corpo à  homenagem  ao seu fundador, promovendo a disputa da Taça Monteiro da Costa, com o trofeu e medalhas para os intervenientes, garantidas por subscrição entre os associados, organizando o 1º campeonato de futebol do Norte de Portugal, de 1ªs categorias, prova em que só poderiam inscrever-se jogadores nacionais.
Acontece que, uma comissão eleita já tinha começado, no ano anterior, a trabalhar no evento, tendo começado por pedir a necessária autorização ao homenageado, que acabaria por consentir. A subscrição contribuiria para o fabrico da taça que custaria 60 escudos.
Para ganhar o trofeu, teria uma equipa de vencer o torneio em três participações consecutivas. Acontece que, o homenageado acabaria por falecer no mês de Janeiro de 1911 e não assistiria, por isso, à prometida homenagem.
Nesse torneio participaram o FC Porto, o Boavista e o Leixões, saindo vencedor o FC Porto que derrotaria, no último jogo, o Leixões por 1-0.
Durante os seis anos seguintes disputou-se novamente a prova.
Na época 1911/1912, aos três clubes anteriores juntou-se a Académica de Coimbra que o FC Porto derrotou por 5-3, no jogo derradeiro. A situação inverteu-se no ano seguinte, 1912/1913, com os mesmos participantes, mas com o vencedor a ser a equipa Coimbrã que derrotou o FC Porto por 3-1.
Por esta razão, o campeonato de 1913/1914, teria que ser jogado em Coimbra, pois que se efectuava sempre no recinto do campeão.
Saiu vencedor o FC Porto ao derrotar por 3-1, os anfitriões e onde o atleta Magalhães Bastos foi protagonista, pois tendo a possibilidade de jogar por um dos dois clubes em presença na final, optou por fazê-lo com a camisola do FC Porto.
Na época seguinte, abandonado já o Campo da Rainha, em 1914/1915, a prova teve a presença do Académico do Porto, derrotado na final por 4-3, pelo FC Porto.
Na época 1915/1916, O FC Porto ganharia definitivamente a Taça Monteiro da Costa, ao vencer por três vezes consecutivas o Campeonato do Norte e, neste caso, ao derrotar o Boavista por 3-0.



Taça Monteiro da Costa






Campo da Rainha

Jogo no Campo da Rainha






CAMPO DA CONSTITUIÇÃO


Mediante o pagamento de um aluguer anual de 350$00, o Campo da Constituição sucedeu em 1913, ao Campo da Rainha.
Inaugurado com um match entre o FC Porto e o Oporto Cricket and Lawn Tennis Club, tornou-se a casa dos jogos dos «Regionais» e dos «Nacionais», disputados num pelado entre dois «peões» e atraindo um número sempre crescente de adeptos. A afluência obrigou inclusivamente, em 1939, a importantes obras de remodelação, que fizeram crescer novas bancadas e dezenas de camarotes. A lotação era largamente excedida nos dias de grandes desafios, a ponto de se tornarem normais as interrupções devido ao público que transbordava para o campo de jogo.
O Campo da Constituição albergou, além do futebol, partidas de Andebol de Onze, de Hóquei em Campo e provas de Atletismo.
O Campo da Constituição foi o principal recinto do Futebol Clube do Porto de 1913 a 1952, altura em que foi substituído pelo Estádio das Antas. Hoje, é utilizado pelas equipas dos escalões de formação do clube.

Campo da Constituição

Bancada situada a poente

Campo da Constituição inaugurado em 1913


No final do ano de 1911 o FC Porto foi informado de que teria que desocupar o Campo da Rua da Rainha, já que no local seria construída uma fábrica. Começou-se então a procurar um espaço adequado às novas instalações e com facilidade se encontrou um terreno próximo à Rua da Rainha (cujo nome havia já sido alterado, após a implantação da República, para Rua de Antero de Quental), na Rua da Constituição. Em Julho de 1912 é dado o aval em assembleia-geral e o terreno é alugado por 350 escudos anuais.
Nele é construído um campo de futebol, inaugurado no dia 1 de Janeiro de 1913, embora o torneio oficial de inauguração tenha acontecido apenas entre os dias 26 e 28 do mesmo mês.
Nesse torneio estiveram presentes para além do FCP, também o Real vigo, O Oporto Cricket Club e o SL Benfica, que acabaria por sair vencedor.

A sede já havia sido transferida da Rua da Rainha para a Constituição em Novembro de 1912.
Em 1914 é inaugurado um ringue de patinagem, que três anos depois é substituído por um campo de ténis.

O recinto para o basquetebol e, em frente, os balneários




Dia de jogo grande


Durante um largo período, o Campo da Constituição serviu também de casa a outros clubes, como o Salgueiros, o Vilanovense ou o Sporting de Espinho, a quem o FC Porto sub-alugava as instalações.

Plantel que ganharia ao Boavista FC na época de 1917 - Fonte: “Ilustração Catholica”


Na temporada 1920/21, o clube tenta a compra da Quinta das Oliveiras na Rua de Nova Sintra que tinha pertencido à família Reid (onde estão os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento, que a adquiriu em 1932).
O projecto que esteve previsto era grandioso, compreendendo instalações para a sede, ringue, courts de ténis, campo de futebol, pista de atletismo, Piscina para water-polo, e num topo do terreno um campo de tiro aos pombos e as tribunas previam a ocupação por 25.000 espectadores.
Para este processo megalómano seriam gastos 1.000 contos, com o custo do terreno a atingir uns exorbitantes 800 contos, contexto que coloca a ultimação do negócio num impasse.
No entanto, o proprietário acabaria por vir a  abortar o negócio, e o FCP seria indemnizado em 20 contos, que serviram para melhoramentos nas bancadas do Campo da Constituição.
Em 19 de Janeiro de 1922 a Câmara Municipal do Porto, autoriza do FC Porto a usar as armas da cidade na sua bandeira, e no seu distintivo associativo.
Assim, em 1922 (no ano do primeiro título nacional) o clube decide aprimorar  o seu emblema e junta à bola,  as armas da cidade do Porto.

No esbelto emblema do clube está lá tudo: o desporto, a cidade, a Portugalidade, o espírito de dragão.

Onde estão inscritas 3 palavras que o comum ignora: mérito, valor, lealdade...


Evolução do emblema do FCP – Fonte: “antologiasdogolo.blogspot.pt”


“O primeiro título oficial da história do futebol português é do FC Porto e vem de 1922, conquistado sobre o Sporting a 18 de junho, a três dias do solstício de Verão. Bastaram três anos para o FC Porto colocar outro marco inamovível na História, ao cair de junho de 1925, novamente indiferente à boca do leão, a primeira grande vítima do FC Porto à dimensão nacional”.
Fonte - Site: ”fcporto.pt”


O FC Porto cresceria rapidamente e, em cerca de duas décadas, o Campo da Constituição tornou-se pequeno demais para o clube.
Em 1933 foi apresentada em assembleia-geral a proposta de aquisição de terrenos para um novo estádio.

Regresso dos campeões do F. C. P. à cidade em 1936-37

Impressionante

Em 1937, ano de festejos e de vitórias, constituiu-se a chamada “Comissão Pró Campo”, para procura de uma solução para arranjar uma alternativa ao Campo da Constituição e, após negociações, o clube dispunha-se a adquirir um terreno de cerca de 65.000 m2, na zona da Vilarinha.

Planta dos terrenos na Vilarinha – Fonte: paulobizarro.blogspot

Acima a planta do terreno da Vilarinha, na zona da Boavista, área adquirida por 240 contos em 1942 e que seria vendida com proveito à Câmara Municipal do Porto por 1600 contos para a compra dos terrenos das Antas que, entretanto, se constituía também há vários anos, como uma alternativa que a muitos agradava.



Localização do projectado estádio na zona da Vilarinha

Legenda
1. Rua da Vilarinha
2. Avenida Antunes Guimarães
3. Rua de Moçambique
4. Rua de Angola
5. Avenida da Boavista


Em 1945, conforme se pode comprovar na notícia abaixo, a hipótese de levantar nas Antas um estádio já estava tomada.



Revista Stadium em 27 de Dezembro de 1945



As Antas acabaria por ser, então, o local escolhido. O novo estádio só ficaria, no entanto, pronto em 1952, pelo que, desde a década de 1930 e até à inauguração do novo estádio, o FC Porto teve muitas vezes necessidade de jogar em campo emprestado, por vezes no Amial, do Sport Progresso, mas sobretudo no Estádio do Lima, do Académico.
Em 1952 deu-se a mudança definitiva para as Antas.
A sede já havia sido transferida, em 1933, para a actual Praça General Humberto Delgado à Avenida dos Aliados. O Campo da Constituição encontra-se ainda hoje em actividade, servindo de casa aos escalões de formação do FC Porto.


Campo da Constituição em 1990

Na foto acima pode ver-se o pequeno ringue à entrada do complexo, onde nos anos sessenta se jogava o hóquei em patins e o basquetebol em todas as categorias.
Lá ao fundo o campo do futebol, sem as tradicionais bancadas laterais em madeira, entretanto demolidas.




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