13.3 Actividades Desportivas e de Lazer
“Na cidade do Porto persiste em funcionamento
e em plena actividade o clube desportivo mais antigo do país, o Oporto Cricket
and Lawn Tennis Club, fundado em 1855, uma das mais antigas agremiações
dedicada ao remo e natação, o Clube Fluvial Portuense (1876) e o clube de golf
mais antigo de toda a Península Ibérica, o Oporto Golf Club (1890).
Em 1893 funda-se o Football Club do Porto de
Nicolau de Almeida. De realçar, ainda, o Boavista Footballers, criado em 1 de
Agosto de 1903, o Sport Progresso em 15 de Agosto de 1908 e o Sport Porto e
Salgueiros em 8 de Dezembro de 1911, bem como o Leixões Sport Clube em 28 de
Novembro de 1907 e o Sporting Clube de Espinho em 11 de Novembro de 1914”.
Com a devida vénia a
António Coutinho Coelho
“A patinagem foi
introduzida no Porto por um grupo de rapazes ingleses aí por 1876. Começou na
nave central do Palácio de Cristal. O futebol foi introduzido pelo Oporto
Cricket Club, há muitos anos”.
In “O Tripeiro”,
Volume 3, 20/8/1910
Em “O Porto de 1900”, Arnaldo Leite escrevia :
“Os rapazes de hoje
(1951) não podem fazer ideia do que eram os desportos de há 50 anos. Havia
clubes aguerridos e façanhudos, grupos antagonistas, intransigentes e facciosos
que se defrontavam todos os domingos, terminando muitas vezes os desafios no
meio de enorme pancadaria, com berros, apitos, prisões e umas pranchadas da
guarda para acalmar os ânimos febris e entusiastas. Nós pertencíamos ao
“Sporting Vermelho Rompe e Rasga” e tínhamos como principal inimigo, o
“Desportivo Azul Fia-te Nisso”. Da nossa parte havia muitos clubes
simpatizantes, entre eles, “O Sempre Para a Frente”, o “Botabaixo” e o
“Bacalhau a Patacos”, este último, um dos mais populares e o que contava o
maior número de adeptos. O nosso adversário tinha, igualmente, vários clubes
amigos que defendiam as mesmas cores, como o “Não-Te-Rales”, o “Come e Dorme”,
o “Deixa Correr”, etc”.
“Arnaldo Leite diz-nos que em 1900 os
colégios formavam os alunos em ginástica livre, aplicada nas argolas, barras e
paralelas. Ensinavam ainda esgrima que era um desporto praticado só pela
aristocracia.
Na natação havia as grandes “piscinas” do Rio
Douro e do Atlântico. Mas eram muitos os jovens que atravessavam facilmente o
Douro. O remo, a equitação e o ciclismo eram outros desportos muito praticados,
sendo este último o mais popular”.
In “portoarc.blogspot”
13.4 Os primórdios do ciclismo
A modalidade de Ciclismo tinha expressão pela organização de
duas grandes actividades desportivas: as “Corridas” e os “Passeios”.
As corridas realizavam-se com as artérias citadinas como
palco.
Alguns clubes eram então fundados e, em 1880, o Clube Velocipedista
Portuense, a primeira agremiação velocipédica do nosso país, realiza em 18 de
Julho daquele ano, uma corrida contra cronómetro, entre a Alameda de Matosinhos
e o Passeio Alegre da Foz (o vencedor foi Aurélio Vieira que fez o percurso em
13 minutos e 8 segundos).
Em Novembro, nova série de provas, agora na Rotunda da Boavista.
Sobre elas, O periódico humorístico de Sebastião Sanhudo, o famoso “O
Sorvete”, dizia:
“- Palavra que
gostei… velocípedes a toda a brida, música de Caçadores, Senhoras
entusiasmadas, convidados formalizados, muito povo a aplaudir os “cavaleiros”,
muita chalaça aos mais ronceiros, muita animação, muita reinação e, sobretudo,
muita satisfação.
Tudo muito bom…
gostei; para outra vez, fico freguês”. E, dizia ainda:
“- Agradou-me a
função; falo com o coração na mão! Carlos Soares, Luis Vilares, Camilo de
Almeida e Minchin, estes sim!
O Puls, o Sousa e
o Tugman levaram sempre a vantagem… de correr atrás dos outros, como quem vai
na bagagem…”.
“- Senão fosse o
garoto do Minchin, um inglesito azougado, desembaraçado, desempenado e que
parecia desengonçado, a palma da victória, a grande glória tinha cabido toda
aos portugueses”.
Transcrição de Artur de Magalhães Basto, em O Tripeiro Série V, Ano V
Não tardam a aparecer novos clubes ligados à modalidade como o Club de
Velocipedistas do Porto, depois o Clube Velocipedista do Porto e o Real Velo
Clube do Porto.
As provas sucediam-se e apareciam as revistas da especialidade, de que
se destacava “O Velocipedista”, cujo 1º número saiu, em Março de 1893, por
iniciativa do Clube Velocipedista do Porto.
“Almeida Barros e
Magalhães Campos, realisaram domingo passado, pelas 4 e meia da manhã, a
corrida em bicycletas, desde o Club, Campo Pequeno, Villar, Campo Alegre, rua
de António Cardoso, Bellos Ares e Boavista e vice-versa. A aposta entre os dois
era de 10$000 réis e a condição era que: o primeiro que desmontasse em qualquer
subida, perdia.
Magalhães de
Campos, na subida de Villar, quasi ao cimo, teve de desmontar, seguindo sempre
Almeida Barros, que foi sempre montado. Era vigia por parte do sr. Campos,
Ernesto de Magalhães e por parte do sr. Almeida Barros, o sr. Dias, que
acompanharam sempre os corredores.
Juiz de partida e
chegada – Vidal Oudinot, o qual entregou a quantia de 10$000 réis ao vendedor”.
O Velocipedista – 1893
Os Passeios eram também notícia.
“Carlos Minchin,
A. Machado, Peixoto, partiram para Braga no sabbado, em bicycleta, regressando
domingo à noite, perfeitamente bem dispostos. Foram assistir às festas que a
academia de Braga alli realisara”.
O Velocipedista (1893)
E começavam a ser instalados velódromos.
O primeiro foi levantado em V. N. de Gaia, na serra do Pilar,
seguindo-se o mais importante, em 1895), o Velódromo Maria Amélia, nas
traseiras do Paço Real, no Porto – o Palácio dos Carrancas, hoje, o Museu
Soares dos Reis.
Um outro velódromo foi propriedade do Clube de Caçadores do Porto, na
Quinta de Salgueiros, ao Monte Cativo.
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