quarta-feira, 12 de abril de 2017

(Continuação 14) - Actualização em 05/10/2018 e 27/03/2019

Boavista F. C.


“O Boavista, clube desportivo sedeado no Porto, foi fundado a 1 de agosto de 1903, com o nome de Boavista Footballers, por um grupo de portugueses e ingleses empregados da fábrica William Graham. Tinha então o objetivo de competir com o clube britânico Oporto Cricket. Em 1909, os ingleses afastaram-se do clube devido a um diferendo sobre o dia da semana em que os desafios deveriam ser disputados. Enquanto a fação britânica preferia o sábado, os portugueses optavam pelo domingo. A votação foi ganha pelos empregados portugueses, o que levou à saída de muitos ingleses e ao fim dos subsídios da William Graham. O nome do clube alterou-se e passou para a designação atual, Boavista Futebol Clube.
Por essa altura o campo onde a equipa jogava foi transferido da Rua dos Vanzeleres, para uma bouça alugada, no local onde atualmente está instalado o Estádio do Bessa, tendo-se mudado de armas e bagagens, para esse terreno na zona do Bessa, gentilmente cedido pela família Mascarenhas, onde nasceria o Campo do Bessa.
Em 1933, o Boavista resolveu transformar-se no primeiro clube português profissional. Na década de 40, após a presidência de Fernando Maurício Moreira, o clube enfrentou uma grave crise, descendo às competições regionais.
Só à entrada para os anos 70, com Olímpio Magalhães na presidência, é que o Boavista começou a criar as bases sólidas para o seu crescimento. Em 1972 foi inaugurado o Estádio do Bessa e, em 1975, o Boavista venceu a sua primeira Taça de Portugal, o que viria a repetir no ano seguinte, em 1976, ano em que alcançou o segundo lugar no Campeonato Nacional da I Divisão, melhor classificação de sempre do clube até então, com José Maria Pedroto como treinador.
Em 2001 o clube obteve a conquista do título nacional”.
In Infopédia



“A história mostra-nos que o "The Boavista Footballers", a primeira versão do clube, fundada a 1 de Agosto de 1903, equipava de camisa preta e calção preto e era o orgulho de alguns jovens ingleses e portugueses, moradores no bairro da Boavista, que ganharam a paixão pelo futebol ao observarem as partidas disputadas pelos mestres e técnicos ingleses da Fábrica Graham.




Equipa de futebol em 1923




Dois dos jovens, Harry e Dick Lowe, receberam do pai uma bola importada da Inglaterra e, encontrado os companheiros e o terreno adequados, lançaram as bases para a criação do clube. A Influência inglesa na colectividade recebeu "sentença de morte" em 1909, quando alguns dos jogadores britânicos, respeitando os preceitos da Igreja anglicana, se recusaram a jogar aos domingos. Reuniram-se então os sócios para resolver a situação, naquela que se pode considerar a primeira assembleia geral. A votação foi claramente a favor dos jogos ao domingo e o rosto da Direcção do clube alterou-se, passando a ser composta por portugueses. Em 1910, o Boavista Footballers desapareceu para dar lugar ao Boavista Futebol Clube.
Em 1911 foi inaugurado o campo do Bessa e o clube começou a viver dias de expansão, interrompida poucos anos depois. A I Guerra Mundial teve início em 1914 e o Boavista viu partir os jogadores ingleses para defenderem a pátria, dos quais alguns não voltaram a ser vistos. As camisolas voltaram a assunto do dia nos anos 1920, com o aparecimento do calção branco, mas ainda não seria desta que a equipa encontrava a sua identidade. A nova década trouxe ventos de bonança e o clube ampliou o número de modalidades e intensificou a actividade internacional, disputando vários jogos com clubes estrangeiros que demandavam ao Porto, casos do Real Madrid, Celta de Vigo ou Vasas de Budapeste. E os jogadores boavisteiros passaram a ser chamados à selecção, como o guardião Casoto e o defesa Óscar de Carvalho.
Com tanto positivismo, a cor negra das camisolas começou a incomodar muita gente. O Boavista equipou às riscas verticais pretas e brancas e calção preto, mas ainda não estava bem. O preto continuava demasiado dominante e chegou-se então ao extremo. Do sombrio passou ao berante, com ostentação, em 1928, de uma camisola com riscas verticais vermelhas, brancas e azuis, um calção preto e meias às riscas horizontais brancas e pretas.
A mudança não agradou a ninguém e mereceu muitos comentários irónicos da Imprensa. Então, Artur Oliveira Valença foi ver as modas a França e regressou obstinado a fazer mais uma alteração no visual do Boavista. O presidente, um homem de admirável bagagem cultural, fundador do jornal desportivo "Sports" e promotor de espectáculos desportivos, observou uma equipa francesa que alinhava com camisola xadrez. Como a mesma correspondia às cores preto e branco do seu clube, resolveu copiar o modelo.
Começou aí a história aos quadradinhos pretos e brancos do Boavista. O dia 29 de Janeiro de 1933 é como um segundo nascimento da colectividade. O Boavista bateu o Benfica por 4-0, na estreia do equipamento axadrezado.”
In Wikipédia



Desalinhado do texto anterior há quem assegure que, em 10 de Abril de 1910, é inaugurado o novo campo de jogos do Boavista com um encontro em que o resultado foi: Boavista 3-3 Leixões.



Tribuna do Bessa em 1910



“Nos primeiros anos, o Boavista partiu à frente da concorrência na cidade invicta, com mais meios, e apoiado por boas famílias da Boavista e da Foz do Douro, tomou a dianteira do futebol portuense.
São desses primeiros anos os primórdios da rivalidade com o Académico do Porto, o Leixões, o Salgueiros  e claro, o FC Porto. E não surpreendeu que tenha sido o primeiro Campeão do Porto em 1914. Os anos seguintes marcariam a ascensão dos rivais azuis e brancos, e o troféu nunca mais voltaria às vitrinas do Bessa.
Durante os anos 20 e 30, apesar das participações regulares no Campeonato do Porto e no Campeonato Nacional, o Boavista nunca venceu nenhum campeonato. Acabando por só marcar uma presença no Campeonato da I Liga em 1936, onde ficou num sexto lugar entre oito equipas. No ano seguinte conquistaria o Campeonato da II Liga, naquele que foi primeiro título nacional dos boavisteiros, que entretanto já vestiam de axadrezado...
As décadas seguintes marcaram um período de inconstância, com os boavisteiros a subirem e a descerem repetidamente de divisão, acabando por descer às profundezas da terceira divisão, onde se mantiveram entre 1966 e 1968.”
In ” boavista1903.blogspot”




Campo do Bessa em 1967 - Ed. “gloriasdopassado.blogspot”



Campo do Bessa, em 1940, ao centro, representando a linha amarela a Avenida da Boavista - Foto aérea





De notar que o campo do Bessa tinha orientação, segundo o comprimento, de NW/SE e o estádio actual, a orientação perpendicular àquela de NE/SW.




Estádio do Bessa, em 1982, após obras de ampliação e com nova orientação segundo o comprimento




Campo do Luso e Campos em Campanhã


CAMPO DO LUSO


 “Do campo do Luso, onde fui centenas de vezes, ver futebol, andebol e, especialmente, hóquei em campo, tenho milhares de “fotografias” na memória!
Algumas até, peculiares. Como a do Circo Mariano, que todos os anos pelo Natal se instalava ali, e um ano houve que um violento temporal lhe levou a cobertura de lona. Tenho bem presente o dia seguinte…
Este campo era do Sport Club Nacional (fundado em 1914), clube mais dedicado às actividades náuticas, mas que não deixava de jogar o futebol, tendo mesmo comprado um terreno na Rua da Alegria onde fez um campo para a prática desse jogo, em frente ao que viria a ser mais tarde o estádio do Lima, junto à fábrica têxtil Matos & Quintans.
Por outro lado, um outro clube, o Portugal Foot Ball Club, viria em 1923 a ver a luz do dia, nascido para o futebol, tendo-se asssociado no ano seguinte ao Sport Club Nacional para formar o Luso Atlético Clube.
O Luso Atlético Clube passaria a jogar no campo do Luso e seria extinto em 1937.
O acesso inicial a este campo, construído antes do Lima, e que ficava encostado à fábrica Matos & Quintans, era pela viela do Seixal…”.
Memórias de Victor de Sousa



Como nota, diga-se que o campo do Luso ficava em frente ao Estádio do Lima no terreno onde estão hoje umas torres de habitação.
O campo do Luso teve existência até ao levantamento dessas torres em meados da década de sessenta do século XX.
O campo era conhecido por lá se disputarem os jogos de andebol de 11 e de hóquei em campo.




No local das torres estava o Campo do Luso




Campo do Luso. Jogo de Andebol de 11, entre o Sport 5(azul) -  Salgueiros 7 (vermelho), em Outubro de 1949. Remate dum jogador do Sport (azul) - In jornal “O Comércio do Porto”




Campo do Luso. Jogo de Hóquei em Campo. FC Porto 5 – Senhora da Hora 2 - In jornal “O Comércio do Porto” em 28 de Setembro de 1953



Fotografia da zona do Lima, em 1939-40






Clubes de Campanhã



“Campanhã é, nos inícios dos anos 20 do século XX, uma populosa freguesia da cidade, onde imensos bairros albergam a grande massa humana que labuta nas suas fábricas, armazéns e outras instalações industriais. Por isso a febre do futebol que, por estes anos, atravessa o país, também aqui se faz sentir. Um grupo de rapazes entusiastas, mas modestos, criam o primeiro clube organizado (?), destas bandas. Dão-lhe o sugestivo e bonito nome de Miraflor Futebol Clube. Era o nome da rua onde a maioria vivia. Mas o clube não crescia, dadas as insuficiências financeiras, e levaram outros à criação de um novo clube, que pudesse chegar ao futebol a sério.
Nascia o Clube Desportivo de Portugal.
Mas cedo chegou uma cisão e, por isso, os líderes das respectivas facções promovem a inscrição de cada uma delas, com o peculiar nome de Clube Desportivo de Portugal nº 1 e de Clube Desportivo de Portugal nº2!
A Associação faz um inquérito e, conclui da justeza do direito ao nome, de cada um dos grupos, decidindo contudo que o nome só pode pertencer a um.
Surge assim o Clube Desportivo do Porto, que joga em campo alugado na Bela Vista e o Grémio Desportivo Portuense, que jogava em campo alugado em Benjóia ou Bonjóia.
Mais tarde, este seria o Clube Desportivo de Portugal dos nossos dias, nascido a 25-08-1925.
Mas a rivalidade acentua-se entre estes 2 únicos clubes, existentes nesta populosa freguesia.
Os clubes passam a ser conhecidos pelos favaios e azeiteiros, numa clara alusão ao negócio dos seus presidentes: o sr. Couto do Desportivo do Porto vendia aquele excelente aperitivo, e o senhor Nogueira do Desportivo de Portugal, era negociante de azeites.
Entretanto, surgiria em 1935 um novo clube na freguesia, O Faísca, clube dos empregados da UEP (União Eléctrica Portuguesa), e com sede na Rua do Freixo (vinha fazer companhia ao Clube do Ferroviários de Campanhã, fundado em 1930, mais ligado a outros desportos, e com o futebol nos corporativos, que jogava no Campo de Vila Meã, no fim da Rua do Godim, hoje ocupado pela Via de Cintura Interna, depois de atravessar a linha férrea).
Mas o Faísca cresce, com o apoio da empresa a que está ligado e, o seu presidente compra o campo (de aluguer) do Desportivo do Porto, o Campo da Bela Vista.
O Clube Desportivo do Porto tem de mudar de casa. Aluga um terreno que adapta, na rua dos Navegantes (freguesia do Bonfim), e em 1937 atribui-lhe o nome de um seu atleta falecido ficando a ser o Campo Joaquim Soares Martins. Este recinto será posteriormente usado pelo Bonfim Futebol Clube, clube entretanto fundado, em 21-08-1932 e que em 1946/47 chega aos distritais.
(Na área ocupada antes por este campo de futebol, está hoje a Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, na Rua do Major David Magno).
O campo do Faísca na Bela Vista, cedo passou a ter um uso diversificado, pois, logo em 1936 o Sport Clube do Porto joga ali o seu hóquei em campo. Hoje, o recinto do jogo ainda lá está intacto, à espera duma daquelas urbanizações sem verde, em que a cidade é fértil”.
Com a devida vénia a Vitor Sousa, In futebolsaudade-victor.blogspot





Campo “Soares Martins” do Clube Desportivo do Porto - Fonte: Google Maps




Na foto acima está o que resta do campo do Clube Desportivo do Porto que tinha entrada à direita, pela Rua dos Navegantes.
O terreno que se vê era onde se situava a bancada lateral, e ainda se observa parte do antigo muro de vedação.
À esquerda está hoje a Escola Soares dos Reis, que transitou para aqui, vinda da Rua Firmeza.



Equipa de andebol de 11 do FC Porto antes de um encontro no Campo Joaquim Soares Martins, vulgo Campo do Bonfim, tendo como fundo alguns prédios da Rua dos Navegantes




Os prédios da Rua dos Navegantes visíveis na foto anterior actualmente – Fonte: Google maps




Vista aérea do campo Soares Martins em 1940


Legenda

1. Campo Soares Martins
2. Avenida Fernão de Magalhães
3. Rua Nova de S. Crispim
4. Rua do Seixal
5. Rua Coutinho de Azevedo
6. Rua dos Navegantes
7. Rua Nau Trindade
8. Rua Brás Cubas




Rua dos Navegantes em 1937




Pelo lado esquerdo da foto seria levantado o Campo Soares Martins.




Perspectiva actual da vista da foto anterior – Fonte: Google maps





Foto aérea da zona da Belavista em 1939

Legenda

1. Casa e Quinta da Lameira (que foi da família Calém, n.º 2092, Rua de S. Roque de Lameira)
2. Companhia Nacional de Pneus (n.º 2181, Rua de S. Roque de Lameira)
3. Campo de jogos do clube Desportivo do Porto (antes chamado Faísca Desporto Club) ou Campo da Belavista
4. Rua de S. Roque da Lameira
5. Rua Justino Teixeira
6. Rua da Fonte Velha
7. Rua do Godim
8. Rua do Monte da Estação





Antiga entrada (desaparecida) do Campo da Bela Vista pela Travessa da Fonte Velha




“O campo da Belavista ainda lá tem o chão intacto. Há muito pouco tempo, ainda parte do acesso estava visitável. Entretanto os proprietários vedaram a zona, que está cheia de mato. O acesso fazia-se pela travessa da Fonte Velha, que o arruamento que liga São Roque da Lameira à Alameda 25 de Abril cortou.
Descendo aquela travessa, hoje cortada pela Avenida 25 de Abril, íamos dar à travessia da linha do comboio, onde hoje está uma estação do metro que nunca funcionou (Benjóia), e do outro lado, estava a entrada para o campo do Ferroviários. O nome oficial do campo era Campo Engenheiro Sousa Pires, embora por vezes, nos jornais da época, também lhe chamassem campo de Benjóia (Bonjóia para alguns). Outros preferiam chamar-lhe campo de Vila Meã.
Deste não sobra nada, já que a auto-estrada lhe passou por cima. Literalmente”.
Memórias de Victor Sousa



A equipa da Associação de Surdos do Porto e a sua congénere de Lisboa em pose antes de um confronto no Campo da Belavista em 1950




Instantâneo do jogo no Campo da Belavista referido na foto anterior



Vista aérea das Oficinas da C.P. de Campanhã, em 1960

 
 
À direita da foto, parcialmente oculto por arvoredo, é possível descortinar o pelado do Campo Ruy Navega.

 
 

Perspectiva da vista anterior – Fonte Google maps
 
 

Na foto anterior é possível ver parte do Campo do Ruy Navega, à direita, a Via de Cintura Interna já a ser utilizada e que todo o complexo oficinal desapareceu.
O Grupo Desportivo dos Ferroviários de Campanhã (G.D.F.C.) foi fundado em 1930, nas Ex- Oficinas Gerais da CP, junto à estação de Porto – Campanhã.
Começou como escola de ginástica e futebol amador. A sede do clube era junto à cantina e armazéns.
Passados dois anos, chegaria à CP, em Campanhã, oriundo de Lisboa e transferido para o Porto, o Engº António Rebelo Carneiro Sarmento de Sousa Pires (Coimbra, Almedina, Março 1896 - Porto, Nevogilde, Novembro 1974) que com o seu dinamismo iria criar, no futuro, condições para que o GDFC passasse a ter andebol de 11 e andebol de 7, atletismo, basquetebol, voleibol, pesca e ténis de mesa.
Em 1938, o GDFC iria candidatar-se a uma parcela de terreno (adquirida, em 1926, a uns herdeiros do Conde de Ferreira, para expansão da estação ferroviária de Campanhã) para nela fazer um campo de futebol.
Em 1940, o GDFC vai, finalmente, conseguir esse desiderato.



 

Trabalhos de desmatação do terreno, em 18 de Março de 1940, do que viria a ser, mais tarde, o Campo de Vila Meã
 
 
 
O GDFC terá estatutos publicados no Diário do Governo, II série nº 277, de 27 de Novembro de 1943, que serão alvo de actualização em 19 de Junho de 2015.
Em 1948, finalmente, após a ultrapassagem de uma série de entraves, o campo de jogos é inaugurado, perto do Bairro do Monte da Bela e junto à Quinta de Vila Meã.
Em 1951, à área daquele campo seria acrescentada uma faixa de terreno, que iria dotar o recinto com as medidas regulamentares para a prática de futebol e, sobretudo, do andebol de 11.
Vai, ainda, permitir a construção de um campo para a prática do basquetebol e construção de umas bancadas.
É, então, construída a nova sede, que irá substituir as instalações que funcionavam, até aí, nos escritórios da 4ª circunscrição, num edifício junto das oficinas.
 
 
 

Nova Sede do GDFC



Carolina Freitas e Avelino Ferreira que, entre 1949 e 1975, exerceram as funções de Guardas do Campo de Vila Meã
 
 
 
 

Campo de Jogos de Vila Meã, com destaque, em primeiro plano, para o recinto onde era praticada a modalidade mais emblemática do clube – o basquetebol

 
 

Cerimónia de descerramento de uma lápide, em Abril de 1967, à entrada do campo de jogos, no dia em que lhe foi atribuído o nome do Engº Sousa Pires

 
 
Essas instalações fazem hoje parte da história e são uma saudade, desde 1990, quando começou o processo de demolição do parque de jogos do GDFC, na sequência da grande transformação operada na área ferroviária adjacente à estação de Campanhã, que incluiu a construção de rodovias, nomeadamente a Via de Cintura Interna da cidade do Porto.
O GDFC deixava, então, de ser uma referência na freguesia de Campanhã, passando a funcionar no Complexo Oficinal de Guifões, em Matosinhos com sede, mais propriamente, na Rua do Ferroviário, s/nº – Gatões-Matosinhos, donde continua a ser gerido, levando os seus equipamentos azul e preto por esse País fora.
 
 
 
 

À direita da foto na zona da passagem da Via de Cintura Interna, em viaduto, ficava o Campo do Grupo Desportivo Ferroviário de Campanhã – Fonte: Google maps

 
 

Rua do Godim, no local da “Resineira” – Fonte: JPortojo
 
 
 
Na foto acima pretende-se ilustrar um dos modos como se chegava ao desaparecido campo de jogos do GDFC.
O local chamava-se de “Resineira”, devido a uma fábrica de resina que lá existiu e que, há umas décadas, ardeu totalmente num incêndio pavoroso.
Pela direita, está a Rua do Monte da Estação.
A rua que se desenvolve em frente é a Rua do Godim que, alguns metros na rectaguarda, se tinha cruzado com a Rua de Justino Teixeira e na continuação, desce até à antiga travessia da Linha Férrea. Para lá desta, aparecia, então, o campo do GDFC.
O G.D.F.C. conta no seu historial com dezenas de títulos de Campeão Nacional e Regional nas modalidades de Atletismo, Futebol, Futsal, Pesca, Ténis de Mesa, Voleibol, e com destaque para o Basquetebol e Andebol (de onze e de sete).

 
 

Sala de troféus do Grupo Desportivo Ferroviário de Campanhã – Cortesia José Magalhães



O Engº Jorge Vilaverde, à data, um jovem quadro da CP, presidindo a uma das cerimónias das comemorações das bodas de ouro do GDFC realizadas no Campo Engº Sousa Pires, em 1981



 
 
José Carlos Oliveira, que desempenhou no GDFC os cargos de presidente da Assembleia Geral entre 1985 e 1987, de Presidente da Direcção entre 1987 e 1993 e entre 2013 e 2017, conhecedor profundo dos factos históricos que marcaram a vida do clube, está a compilá-los para que seja possível publicá-los em livro e, assim, não se perder uma memória que merece ser contada.
Assim, por sua cortesia e de acordo com as suas investigações, se transcreve a sua visão sobre a actividade desportiva do antigo atleta, Abílio Serafim da Conceição, quando se comemoravam os 100 anos do seu nascimento.
Aquele atleta representou, entre outros clubes, o Grupo Desportivo dos Ferroviários de Campanhã (GDFC) e, muitos, tiveram o privilégio de o ver actuar nos recintos desportivos, no século passado.

 
 
«Natural do Bonfim – Porto, brincava no castiço bairro de S. Vítor, nas Fontainhas. Com uma bola a sério, começou por brincar nas Camélias, onde o olho cirúrgico de Alves Teixeira o detectou, fazendo-o jogador do seu S. C. Vasco da Gama.
Sob a orientação de Alves Teixeira, o Abílio treinava no Campo das Camélias, na parte da manhã, a partir das 9 horas — e, sempre que possível, também da parte da tarde — os lançamentos e dribles, tudo isso a troco de uns simbólicos trocos do bolso do próprio Alves Teixeira.
Em representação do S. C. Vasco da Gama, o Abílio Serafim sagrou-se Campeão Nacional de Basquetebol na categoria de juniores e sénior. Integrou a famosa equipa do S. C. Vasco da Gama que, em 1946, defrontou e venceu a Selecção Nacional do Brasil, em jogo particular disputado na nave principal do Palácio de Cristal.
Em 13 de Janeiro de 1946, conseguiu a proeza de bater o recorde nacional dos marcadores — 50 cestos, correspondendo a 89 pontos, naquela época ainda sem «triplos» — num jogo da Divisão de Honra da Associação de Basquetebol do Porto, que terminaria com o resultado de Vasco da Gama 134 x 20 Portuense Desporto.
Essa extraordinária marca perdurou até à época de 1971/72, quando Dale Dovar, que foi uma lenda do basquetebol portista e nacional, marcou 119 pontos num só jogo, representando o F. C. do Porto.
Em publicação do «Grupo do S. C. Vasco da Gama» no Facebook, datada de 4 de Março de 2023 — assinada por Luciano Rodrigues, em «Mais um Tesourinho» — com base num recorte de jornal de Maio de1950 e acerca da passagem pelo Porto das equipas de basquetebol dos «All Stars» e dos «Globetrotters», registaram-se dois comentários que aqui se transcrevem: «A partir deste dia a miudagem do Vasco foi apelidada de «Globetrotters» devido à sua extraordinária habilidade – Diamantino, Mário Barros, Abílio, etc., etc.» (José Silva) e, ainda, «O Vasco da Gama foi a grande escola de atletas, mas gostaria de referir o Abílio, que era um praticante excepcional, com uma visão de jogo fantástica, para além da sua veia de brincalhão. Grandes saudades desses tempos!» (Casimiro Fernando Silva).
O Abílio foi internacional por Portugal em duas modalidades: Basquetebol e Andebol de Onze.
Teve o seu baptismo com a camisola das quinas no Basquetebol, em 1 de Maio de 1947 – no dia em que foi Pai pela primeira e única vez de Maria Fernanda – em Madrid, num Espanha x Portugal, quando ainda representava o S. C. Vasco da Gama. Outras internacionalizações se lhe seguiriam, desconhecendo-se porém o seu número exacto.
Na sua profissão ferroviária, Abílio Serafim, «O Ruivo», era operário estofador, tendo entrado para as Oficinas Gerais do Minho e Douro da CP, em Campanhã, em 7 de Junho de 1947, mas foi um autêntico patrão no Basquetebol, na posição de base.


 
 

Abílio Serafim com a camisola do GDFC
 
 
 
Já em Setembro de 1949, o extinto jornal O Comércio do Porto cotava-o como «o melhor jogador de todos os tempos» e acrescentava que «a sua ida para o basquetebol corporativo com o seu «Ferroviários», desfalcou o basquetebol nacional e que falta ele tem feito nos jogos internacionais».
Integrou a Selecção Nacional Ferroviária nos campeonatos da USIC — Union Sportive International des Cheminots — em 1951, 1953 e 1955 (sagrando-se Vice-Campeão em 1951 e 1955), tendo, aquando do Campeonato disputado em França (1951), merecido por parte da imprensa portuguesa da época a seguinte menção: «na altura da distribuição dos prémios, a assistência brindou Abílio Serafim com a maior ovação, apreciando a sua enorme técnica e tenacidade».
Em 1951, à partida para Paris, para disputar o campeonato da USIC, instado pelo jornalista Nuno Rocha, o Abílio afirmou que «a minha maior aspiração como jogador de basquetebol é ser de novo internacional, o que se torna difícil porque só disputo provas corporativas».
Relativamente ao Abílio, referia O Norte Desportivo na sua edição de 20 de Maio de 1951 tratar-se de um «jogador extremamente habilidoso para qualquer desporto — praticou andebol, onde conta com cinco internacionalizações, futebol, voleibol, ténis de mesa e ainda atletismo, com vários títulos de Campeão Nacional, Distrital e Peninsular / Ibérico — atingiu no basquetebol notável categoria de encestador, sendo cotado como um dos melhores lançadores portugueses de sempre»
 
 
 

Em pé: Pires, A. Mário, Reinaldo, Abílio, Sande e Árbitros
Em Baixo: Maia, Ângelo, Armando, Esteves e Varela
 
 
 
Na foto acima, em 26/6/1951, a equipa vencedora do Campeonato Peninsular Corporativo 1951, realizado no Pavilhão dos Desportos de Lisboa, cujo resultado foi: G.D.F.C. 57 X Indústrias Químicas de Madrid 20
 
 
 
Com o emblema da locomotiva, foram pelo menos 89 os títulos — 86 no Corporativo e 3 no Federado (2 Internacionais, 29 Nacionais e 55 Distritais).

 
 

Abílio Serafim é agraciado (anos 60) pelo saudoso Professor Manuel Puga

 
 
No ano de 1975, comandou como seleccionador e treinador a equipa ferroviária portuguesa que disputou o campeonato da USIC, em Wroclaw – Polónia.
A maior referência do basquetebol ferroviário português despediu-se das competições na época de 1978/79 (Inatel), já com a bonita idade de 56 anos.
Desde 2002, que repousa para sempre no Cemitério de Campanhã.
Bem hajas, Abílio!»
Cortesia de José Carlos Oliveira
(Ex-Presidente do Grupo Desportivo dos Ferroviários de Campanhã)

 
 
Actualmente, o clube movimenta cerca de 100 elementos (atletas, treinadores, seccionistas e dirigentes), tendo 550 associados afectos à CP, Refer, EMEF, Via-Porto e alguns ex-trabalhadores e participa nos campeonatos da Inatel, da Ferrofer e A.C.N. na modalidades de Atletismo, Basquetebol, Futsal, Cicloturismo, Pesca, Ténis de Mesa e Xadrez. 



 

Emblema do GDFC





Localização de Campo da Bela vista e Campo de Vila Meã

Legenda:
1. Campo da Bela Vista
2. Campo dos Ferroviários, ou Campo de Vila Meã, ou Campo Engº Sousa Pires, ou Campo de Benjóia
3. Avenida 25 de Abril
4. Via de Cintura Interna
5. Via Férrea



Campo Rui Navega, na Rua Pinheiro de Campanhã




Nas fotos acima a entrada do Campo Ruy Navega, do qual, o Clube Desportivo de Portugal há anos faz a sua casa, após a demolição do campo de Vila Meã invadido pela Via de Cintura Interna, onde jogava também, habitualmente.
O Campo Ruy Navega foi o recinto próprio do Grupo Desportivo da Esmaltagem Mário Navega, que jogava no Campeonato Corporativo, tendo chegado a representar Portugal, no campeonato Peninsular defrontando em Espanha o respectivo campeão corporativo.
Bem dotado para época das infra-estruturas necessárias, tinha adstrito um recinto para a prática do basquetebol e voleibol, e tinha ainda iluminação artificial para a prática desportiva nocturna.
Mário Navega era pai de Rui Navega.



Notícia da época sobre o campo Rui Navega



O texto acima foi impresso no Boletim do Grupo Desportivo Esmaltagem Mário Navega de 1960, tem a particularidade de ter sido visado pela comissão de censura.


“O Grupo Desportivo Esmaltagem Mário Navega orgulhou-se de possuir as melhores, mais modernas e mais bem apetrechadas instalações de todos os agrupamentos desportivos corporativos portugueses de então. O seu campo de futebol era electrificado com bancada coberta e uma bancada descoberta devidamente demarcado para a prática também de Voleibol e Basquetebol, na Rua Benjóia. O piso do campo foi então levantado na altura com as máquinas da Camara Municipal do Porto, e trabalhava-se de dia e noite numa ânsia de possuir o melhor campo nacional ao serviço do desporto corporativo. Foram para além de inúmeras actividades de outro cariz, Campeões Regionais de Futebol 9 vezes e Campeões Nacionais de Futebol por 3 vezes.
Mário Navega foi o grande impulsionador deste projecto, para além de ser sócio gerente era também o Presidente da Direcção do Grupo Desportivo Esmaltagem Mário Navega, teve a designação corporativa de CAT - Centro de Alegria no Trabalho nº 227, que lhe foi imprimida pela FNAT desde 03 de Dezembro de 1948. Conforme esta designação o indica o CAT visava a proporcionar aos trabalhadores uma derivação recreativa, cultural e desportiva á margem das suas horas do trabalho profissional.
Trabalho, Recreio e Descanso eram a trilogia do progresso social.
In Site: “bsjoao.com”


“A empresa tinha uma equipa de futebol que impressionava, era formada por trabalhadores que disputavam provas denominadas por campeonatos, creio, do Inatel. Essa equipa era o Grupo Desportivo de Esmaltagem Mário Navega que jogava no, hoje muito maltratado pelado do campo com o mesmo nome em Campanhã. Da varanda da casa que habitava tinha uma vista total sobre o campo.
Grandes jogadores na época, cuja, maioria não abandonavam o clube, porque a fábrica lhes permitia um melhor futuro, casos do guarda-redes, Agostinho, Teixeira, Matos, Silva, Carriço, Fernandinho, Feijão que faleceu ainda jovem e outros que me falham. Assisti a jogos estupendos como aqueles em que o então adversário era a Companhia dos Telefones de Lisboa, assistências em número tal que hoje fariam inveja a alguns clubes ditos profissionais”.
In Site: “bsjoao.com”



“O Campo Ruy Navega seria ainda, a “casa” do Académico FC para os seus jogos de Hóquei em Campo, após o uso do Campo do Luso e do Estádio do Lima, já nos seus derradeiros anos.
Este recinto, propriedade da Fábrica de Esmaltagem da família Navega, para uso dos seus colaboradores, foi disponibilizado ao Académico pelo grande academista e seu presidente nos anos 1932/34 e 1965/72, para o clube aí realizar os seus jogos de Futebol e Hóquei em Campo, após Lima”.
Com a devida vénia a José Manuel Carvalho



Presentemente, o Campo Ruy Navega acaba de ser alvo de uma expropriação por parte da Câmara Municipal do Porto para que se cumpra o plano de instalação do Terminal Intermodal de Campanhã.
Em sequência daquela decisão, o campo de futebol será transferido para um terreno que se localiza abaixo das piscinas de Campanhã que já se encontra inserido na ORU (Operação de Reabilitação Urbana) de Campanhã. Aliás, esse terreno, resulta de uma troca estabelecida entre o Município do Porto e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, no âmbito da construção do Novo Centro de Saúde de Ramalde.




Este é o terreno (bem ao centro da vista aérea) para onde está previsto passar o parque desportivo do Ruy Navega – Fonte: Google maps





Campo de Ruy Navega e o Bairro de São Vicente de Paulo (à esquerda) ou Bairro de Casas Económicas  do Monte da Bela, um pouco antes do  desaparecimento – Ed. MAC



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