Em 1878, a Câmara do Porto autoriza a utilização da máquina
a vapor para substituir a tracção animal das carruagens do “Americano”, transporte
que se manteria em funcionamento até 1914, sendo que, a actual Rua do Túnel, na
Foz do Douro, é um dos poucos resquícios da linha da "Máquina".
Surge a “Máquina” primeiro
desde a Boavista até Cadouços na Foz do Douro e, a partir de 1882, até
Matosinhos.
Explorava esta linha a "Companhia Carris de Ferro do Porto" também conhecida como "Companhia de Cima".
A viagem da Boavista
até à Foz durava cerca de 30 minutos, num itinerário que partia da Boavista
até à Fonte da Moura de Cima, guinava à esquerda na Rua
da Ponte (a actual Rua Correia de Sá) e, daí, seguia pelo sítio da Ervilha,
passando pelas “Sete Casas” (junto ao actual mercado da Foz) e
pela
Rua da Cerca, e depois de flectir à direita, num troço que é hoje a Rua
Monsenhor Manuel Marinho, acabava no Largo de Cadouços. Para Matosinhos seguia de Cadouços pela
Rua
Nova do Túnel, (hoje Rua de Cândida Sá de Albergaria) depois de ter
atravessado a Rua da Fonte Luz por uma ponte, e passando à Rua do Túnel, seguia
pela Rua de Gondarém, onde vencia no cruzamento com a actual Rua da Agra um
desnível de terreno. Seguindo depois em linha recta até ao Castelo do Queijo, continuava
pela Rua Roberto Ivens até à margem esquerda do rio Leça.
A locomotiva da “Máquina” tinha
a caldeira coberta, o que dava um aspecto mais urbano ao veículo.
Só, em 1914, a “Máquina” foi substituída
definitivamente por veículos de tracção eléctrica, depois da primeira linha de
tracção eléctrica entre Massarelos e o Carmo ter começado a funcionar em 1895.
“A “Máquina” foi o
primeiro "metro de superfície" do país. Tratava-se de uma pequena
locomotiva a vapor de dimensões urbanas, devidamente carroçada de forma a
disfarçar o seu aspeto ferroviário, que puxava três ou quatro carruagens e
circulava em carris pela via pública. Saía da rotunda e descia a avenida da
Boavista até à Fonte da Moura, onde infletia pela atual rua de Correia de Sá e
seguia pela Ervilha até chegar a Cadouços (atual largo do Capitão Pinheiro
Torres de Meireles) – onde existia uma estação. Daí prosseguia até ao Castelo
do Queijo pelas ruas do Túnel e de Gondarém e entrava em Matosinhos pela rua de
Roberto Ivens. Com o prolongamento da avenida da Boavista até ao castelo do
Queijo em 1914, a Companhia Carris de Ferro do Porto decidiu substituir a
"máquina" por carros elétricos que passaram a descer a avenida até ao
mar, sendo a antiga linha desativada.
Fonte: Blogue Porto Desaparecido.
Da Boavista a
Cadouços
A “Máquina” no início do percurso na Boavista
Sobre a foto acima apresenta-se a seguir a descrição da
mesma:
“O edifício com
aspecto de barracão da extrema direita é parte da antiga remise da C. C. F. P.
Segue-se um prédio um pouco recuado, fora do alinhamento da avenida, que era e
é o bairro do Menezes. Mais adiante
está um outro de seis janelas, onde havia nessa época uma mercearia, e em cujo
lugar está hoje uma casa de pasto, próximo da actual barbearia dos empregados
dos S. T. C. P. Mais lá para diante, vêm-se distintamente três portas, no lugar
onde até há perto de um ano estava uma padaria, que mudou para o ângulo da
Avenida da Boavista e Rotunda, em vista do respectivo imóvel ter sido adquirido
pelos S. T. C. P.
O restante para a
esquerda está sensivelmente modificado, mas o bairro conhecido pela Ilha Negra, ainda lá existe.
Detenhamo-nos a examinar o comboio, tão nítida está a fotografia.
Uma vareira junto da
locomotiva, e cá mais para a direita, junto a uma das árvores, um ardina,
naturalmente apregoando Jornais.
Na úItima carruagem
atrelada lê-se claramente o numero 16, e distinguem-se dentro cavalheiros
graves, de chapéu de coco, como então se usavam (…) Fixem os Ieitores o modelo
ancien regime daquele lampeão de gás, tão evocador e característico, a que não
falta a coroa real de ferro fundido no topo, e a cruz para apoio da escada de
que se serviam os lampianistas para o seu serviço de limpesa dos candeeiros,
independente do vespertino e matutino de seu acendimento e apagamento. Devia-se
estar no verão, pois, a última carruagem é perfeitamente aberta dos lados e com
as cortinas presas ao tejadilho da mesma (…).”
Fonte - “portoarc.blogspot.pt”; In: O Tripeiro, Série V, Ano VIII
Na gravura acima pode ver-se a “Máquina”, no Interface com o
“Americano” (veículo puxado a cavalos, sobre carris), na Boavista.
A “Máquina” circulava pelo centro da Avenida da Boavista e
descia-a até à Estação da Fonte da Moura onde na embocadura com a actual e
inexistente, à data, Avenida do Marechal Gomes da Costa, passava junto à “Vila
Delphina”.
Na penúltima foto, observa-se a Estação da Máquina na Fonte
da Moura de Cima, que ficava na esquina da Avenida da Boavista com a Rua
da Ponte, hoje, Rua Correia de Sá, no local do actual edifício
Vodafone.
De notar que, a conclusão da Avenida da Boavista até ao
castelo do Queijo, só se verificou em 1914, tendo então, a Companhia Carris de
Ferro do Porto, apesar da oposição da Câmara Municipal do Porto, decidido
substituir a "Máquina" pelos carros elétricos, que passaram a descer
a avenida até ao mar.
Na foto anterior, pode ver-se a Escola da Ponte (na Rua de
Tânger) e, ainda, a Rua Correia de Sá, com a sua ponte, que já foi de madeira.
Local do assentamento dos carris da “Máquina” no sítio da
Ervilha – Fonte: Caminhos da História, Porto Canal
Na foto acima o historiador Joel Cleto indica o caminho
(terreno um pouco elevado) por onde passava a “Máquina”, na Ervilha, antes de
chegar à Estação de Cadouços.
Estação de Cadouços
A Estação de Cadouços era a estação na Foz do
Douro do pequeno comboio a vapor, chamado a “Máquina” que ligava a actual
Rotunda da Boavista e a Foz do Douro, e que se situava, exactamente, no actual Largo
do Capitão Pinheiro Torres Meireles.
“Segundo nos revela o
historiador Germano Silva este local era conhecido outrora como campo de
Cadouços, como consta de um documento existente no convento beneditino de Santo
Tirso datado de 1598, onde havia cultivo provavelmente de trigo e centeio. Mais
tarde, por meados do séc.XIX, foi este local designado como Praça de Circo, por
ter ali funcionado um circo. Entre 1866 e 1869 também ali funcionou uma praça
de touros. Por edital do Governo Civil do Porto, publicado em 15 de julho de
1875, este ordenava que se chamasse àquela praça, Largo de Cadouços. Mais
tarde, pelo falecimento em combate na Guiné do Capitão Francisco Xavier
Pinheiro Torres de Meireles, que tinha sido morador naquele largo, a Câmara
Municipal do Porto atribuiu-lhe a designação toponímica”.
Cortesia de Agostinho Barbosa Pereira
Junto à Estação de Cadouços existia um restaurante onde os
passageiros passavam algum tempo enquanto a “Máquina” se abastecia de água.
Sem comentários:
Enviar um comentário