domingo, 23 de abril de 2017

(Continuação 5) - Actualização em 28/02/2019


Em 1878, a Câmara do Porto autoriza a utilização da máquina a vapor para substituir a tracção animal das carruagens do “Americano”, transporte que se manteria em funcionamento até 1914, sendo que, a actual Rua do Túnel, na Foz do Douro, é um dos poucos resquícios da linha da "Máquina".
Surge a “Máquina” primeiro desde a Boavista até Cadouços na Foz do Douro e, a partir de 1882, até Matosinhos.
A viagem da Boavista até à Foz durava cerca de 30 minutos, num itinerário que partia da Boavista até à Fonte da Moura de Cima, guinava à esquerda na Rua da Ponte (a actual Rua Correia de Sá) e, daí, seguia pelo sítio da Ervilha, passando pelas “Sete Casas” (junto ao actual mercado da Foz) e pela Rua da Cerca, e depois de flectir à direita, num troço que é hoje a Rua Monsenhor Manuel Marinho, acabava no Largo de Cadouços. Para Matosinhos seguia de Cadouços pela Rua Nova do Túnel, (hoje Rua de Cândida Sá de Albergaria) depois de ter atravessado a Rua da Fonte Luz por uma ponte, e passando à Rua do Túnel, seguia pela Rua de Gondarém, onde vencia no cruzamento com a actual Rua da Agra um desnível de terreno. Seguindo depois em linha recta até ao Castelo do Queijo, continuava pela Rua Roberto Ivens até à margem esquerda do rio Leça.
A locomotiva da “Máquina” tinha a caldeira coberta, o que dava um aspecto mais urbano ao veículo.
Só, em 1914, a “Máquina” foi substituída definitivamente por veículos de tracção eléctrica, depois da primeira linha de tracção eléctrica entre Massarelos e o Carmo ter começado a funcionar em 1895.
 
 
 
“A “Máquina” foi o primeiro "metro de superfície" do país. Tratava-se de uma pequena locomotiva a vapor de dimensões urbanas, devidamente carroçada de forma a disfarçar o seu aspeto ferroviário, que puxava três ou quatro carruagens e circulava em carris pela via pública. Saía da rotunda e descia a avenida da Boavista até à Fonte da Moura, onde infletia pela atual rua de Correia de Sá e seguia pela Ervilha até chegar a Cadouços (atual largo do Capitão Pinheiro Torres de Meireles) – onde existia uma estação. Daí prosseguia até ao Castelo do Queijo pelas ruas do Túnel e de Gondarém e entrava em Matosinhos pela rua de Roberto Ivens. Com o prolongamento da avenida da Boavista até ao castelo do Queijo em 1914, a Companhia Carris de Ferro do Porto decidiu substituir a "máquina" por carros elétricos que passaram a descer a avenida até ao mar, sendo a antiga linha desativada.
Fonte: Blogue Porto Desaparecido.
 
 
 
Da Boavista a Cadouços
 
 
A “Máquina” no início do percurso na Boavista
 
 
Sobre a foto acima apresenta-se a seguir a descrição da mesma:
 
 
“O edifício com aspecto de barracão da extrema direita é parte da antiga remise da C. C. F. P. Segue-se um prédio um pouco recuado, fora do alinhamento da avenida, que era e é o bairro do Menezes. Mais adiante está um outro de seis janelas, onde havia nessa época uma mercearia, e em cujo lugar está hoje uma casa de pasto, próximo da actual barbearia dos empregados dos S. T. C. P. Mais lá para diante, vêm-se distintamente três portas, no lugar onde até há perto de um ano estava uma padaria, que mudou para o ângulo da Avenida da Boavista e Rotunda, em vista do respectivo imóvel ter sido adquirido pelos S. T. C. P.
O restante para a esquerda está sensivelmente modificado, mas o bairro conhecido pela Ilha Negra, ainda lá existe. Detenhamo-nos a examinar o comboio, tão nítida está a fotografia.
Uma vareira junto da locomotiva, e cá mais para a direita, junto a uma das árvores, um ardina, naturalmente apregoando Jornais.
Na úItima carruagem atrelada lê-se claramente o numero 16, e distinguem-se dentro cavalheiros graves, de chapéu de coco, como então se usavam (…) Fixem os Ieitores o modelo ancien regime daquele lampeão de gás, tão evocador e característico, a que não falta a coroa real de ferro fundido no topo, e a cruz para apoio da escada de que se serviam os lampianistas para o seu serviço de limpesa dos candeeiros, independente do vespertino e matutino de seu acendimento e apagamento. Devia-se estar no verão, pois, a última carruagem é perfeitamente aberta dos lados e com as cortinas presas ao tejadilho da mesma (…).”
Fonte - “portoarc.blogspot.pt”; In: O Tripeiro, Série V, Ano VIII
 
 
 
Estação da Boavista - Ed. Fotografia Alvão
 
 
 
Na gravura acima pode ver-se a “Máquina”, no Interface com o “Americano” (veículo puxado a cavalos, sobre carris), na Boavista.
A “Máquina” circulava pelo centro da Avenida da Boavista e descia-a até à Estação da Fonte da Moura onde na embocadura com a actual e inexistente, à data, Avenida do Marechal Gomes da Costa, passava junto à “Vila Delphina”.
 
 
 
A Máquina nº 5, na Avenida da Boavista
 
 
Vila Delfina - Ed. Estrela Vermelha
 
 
 
Vila Delfina actualmente na mesma perspectiva anterior
 
 
 
Estação da Fonte da Moura - Ed. Alberto Ferreira - Praça da Batalha-Porto
 
 
 
O mesmo local, actualmente – Fonte: portoarc.blogspot.pt
 
 
 
Na penúltima foto, observa-se a Estação da Máquina na Fonte da Moura de Cima, que ficava na esquina da Avenida da Boavista com a Rua da Ponte, hoje, Rua Correia de Sá, no local do actual edifício Vodafone.
De notar que, a conclusão da Avenida da Boavista até ao castelo do Queijo, só se verificou em 1914, tendo então, a Companhia Carris de Ferro do Porto, apesar da oposição da Câmara Municipal do Porto, decidido substituir a "Máquina" pelos carros elétricos, que passaram a descer a avenida até ao mar.
 
 
 
Viaduto na Rua Correia de Sá
 
 
Na foto anterior, pode ver-se a Escola da Ponte (na Rua de Tânger) e, ainda, a Rua Correia de Sá, com a sua ponte, que já foi de madeira.
 
 
Local do assentamento dos carris da “Máquina” no sítio da Ervilha – Fonte: Caminhos da História, Porto Canal
 
 
Na foto acima o historiador Joel Cleto indica o caminho (terreno um pouco elevado) por onde passava a “Máquina”, na Ervilha, antes de chegar à Estação de Cadouços.
 
 
Estação de Cadouços 
 
 
 
A Estação de Cadouços era a estação na Foz do Douro do pequeno comboio a vapor, chamado a “Máquina” que ligava a actual Rotunda da Boavista e a Foz do Douro, e que se situava, exactamente, no actual Largo do Capitão Pinheiro Torres Meireles.
 
 
 
“Segundo nos revela o historiador Germano Silva este local era conhecido outrora como campo de Cadouços, como consta de um documento existente no convento beneditino de Santo Tirso datado de 1598, onde havia cultivo provavelmente de trigo e centeio. Mais tarde, por meados do séc.XIX, foi este local designado como Praça de Circo, por ter ali funcionado um circo. Entre 1866 e 1869 também ali funcionou uma praça de touros. Por edital do Governo Civil do Porto, publicado em 15 de julho de 1875, este ordenava que se chamasse àquela praça, Largo de Cadouços. Mais tarde, pelo falecimento em combate na Guiné do Capitão Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meireles, que tinha sido morador naquele largo, a Câmara Municipal do Porto atribuiu-lhe a designação toponímica”.
Cortesia de Agostinho Barbosa Pereira
 
 
Junto à Estação de Cadouços existia um restaurante onde os passageiros passavam algum tempo enquanto a “Máquina” se abastecia de água.

 
Largo de Cadouços 


(Continua)

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