“A cidade do Porto desempenhou um importante
papel na difusão e afirmação da fotografia em Portugal, enquanto expressão
artística.
Aqui trabalhou o inglês Frederick William
Flower (1815-1889), a partir de 1835 – um dos primeiros fotógrafos estrangeiros
a residir em Portugal. A Academia de Belas-Artes do Porto foi precursora, em
1854, da introdução da fotografia em exposições de belas-artes. O Centro
Artístico Portuense, fundado em 1879, acolheu, nesse mesmo ano, as primeiras
conferências da história da arte nacional, de Joaquim de Vasconcelos, muito
provavelmente apoiadas em documentação fotográfica. Nessa época, e já desde
1874, Emílio Biel (1838-1915) desenvolvia aquele que foi considerado por
António Sena como “o mais importante trabalho de levantamento e documentação do
país durante o século XIX”. E em 1886, graças à iniciativa da revista A Arte
Photographica, editada pela Photographia Moderna - estabelecimento de fototipia
da cidade do Porto, tem lugar no Palácio de Cristal desta cidade “a primeira e
última exposição internacional de fotografia jamais efectuada entre nós”.
Fonte – site: “espoliofotograficoportugues.pt”
"Frederick
William Flower (1815, Edimburgo – Londres 1889), um calotipista inglês, deixou-nos
uma visão do Norte de Portugal em 211 calotipias, 120 provas em papel salgado e
algumas albuminas deixadas por indicação da família à guarda do IPM em
Portugal.
Entre as
calotipias aí depositadas uma é a do Pátio do Armazém dos Queimados que mostra
três pipas com a inscrição Godfrey & Co., 1853 pelo que “a menos que mais
provas surjam, nunca provavelmente se saberá quando começou Frederick William a
praticar com sucesso a fotografia pelo processo da calotipia.
A maior parte do
que subsiste da sua obra parece ter sido executada entre 1853 e 1858, quando
ele tinha entre 35 e 42 anos e antes de ter decidido transferir os seus
negócios para Bristol” (Michael Grey para o catálogo da exposição Frederick
William Flower Um Pioneiro da Fotografia Portuguesa, 1994.
Em Portugal um
dos primeiros a percorrer o trilho da Fotografia foi Frederick William Flower,
nascido em 23 de Fevereiro de 1815 na Escócia, no seio de uma família de nove
irmãos, pertencente à classe emergente de comerciantes cultos.
Já com 19 anos,
em 1834 viajou para o Porto para ocupar o cargo de encarregado de expedição de
mercadorias da firma Smith, Woodhouse & Company. Casa em 1849 e em 1853
vê-se obrigado a deixar o seu emprego, formando uma sociedade com um amigo,
John Godfrey.
Talvez este facto
lhe tenha libertado o tempo suficiente para se dedicar ainda mais às imagens
fotográficas. De Frederick Flower chegam-nos trabalhos desde 1848 a 1859 em
contínua produção. Mas quem o terá iniciado na complicada técnica de execução
de calótipos?
O legado de
Frederick foi até ao inicio dos anos noventa conservado no seio da Família
Flower de uma forma exemplar, passado de descendente em descendente sem nunca
abandonar o país.
Em 1988 o Arquivo
Nacional de Fotografia contactou pela primeira vez Katherine Mary Heath, no
sentido de perceber a importância do espólio disponível de William Flower e
após várias outras abordagens a referida senhora comunicou em 21 de Março de
1990 a resolução dos restantes familiares e herdeiros, favorável ao depósito e
reprodução da colecção de calótipos de William Frederick Flower, uma vez que a
intenção do A. N. F. era meramente cultural e histórica e nunca comercial.
Um dos parágrafos
é digno de destaque e está reproduzido em obra dedicada ao fotógrafo, “Dá-nos
grande satisfação que esta colecção de calótipos vá ter um merecido destaque na
história da fotografia, pelo que estamos agradecidos”. Flower foi
essencialmente um inovador.
Da corrente da
pintura romântica podemos encontrar traços na sua abordagem ao objecto
fotografado. A busca de paisagem, do património monumental, de aspectos da vida
quotidiana são disso exemplo.
Mas mais profundo
que isso é o gosto que podemos encontrar nele pela monumentalidade da cidade e
norte do país, certamente influenciado por um claro deslumbre típico de um
comerciante que chegado a uma nova cidade se deslumbra com a sua vida, com a
sua imponência, com a sua localização privilegiada. A característica, que ainda
agora encontramos, em alguém que chegado a uma cidade procura incessantemente
registar os seus pontos mais marcantes, as igrejas, os barcos, os
acontecimentos que arrastam multidões, o aglomerado citadino, a monumentalidade
do seu casario.
Todas estas
características encontramos na obra de Frederick Flower, reforçadas por uma
constante procura do aperfeiçoamento da técnica fotográfica, como o demonstrar
o teste de tiras encontrado na sua obra e único nesta época, reforçado por uma
procura incessante do melhor enquadramento fotográfico e do constante jogo de
linhas das suas imagens, introduzindo e assumindo a perspectiva como linha
fundamental das mesmas, em que o mastro presente nunca é deixado ao acaso,
dando ao primeiro plano uma importância até agora nunca assumido”.
In Site: “tipógrafos.net”;
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Alguns processos de impressão fotográfica
“O processo de daguerreótipo (em
francês: daguerréotype) foi o primeiro processo fotográfico a ser anunciado e
comercializado ao grande público. Foi divulgado em 1839, tendo sido substituído
por processos mais práticos e baratos apenas no início da década de 1860.
Consiste numa imagem fixada sobre uma placa de cobre, ou outro metal de custo
reduzido, com um banho de prata (casquinha), formando uma superfície espelhada.
A imagem é ao mesmo tempo positiva e Negativo (fotografia) - negativa
dependendo do ângulo em que é observada. Trata-se de imagens únicas, fixadas
diretamente sobre a placa final, sem o uso de negativo. Os daguerreótipos são
extremamente frágeis. A superfície é facilmente riscada e estão sujeitos à
oxidação, por isso precisam ser encapsulados e conservados com cuidado.
O processo de calótipo usado por
Frederick Flower, consiste na exposição à luz, com o emprego de uma câmara
escura, de um negativo em papel sensibilizado com nitrato de prata e ácido
gálico. Posteriormente este é fixado numa solução de hipossulfito de sódio.
Quando pronto e seco, positiva-se por contacto directo num papel idêntico.
A fototipia (phototypie em francês,
collotipia em italiano, Lichtdruck em alemão e collotype em inglês) foi um
processo fotomecânico de impressão (em oficinas de artes gráficas). Idealizado
em 1856 por Louis Alphonse Poitevin, foi posteriormente aperfeiçoado por Joseph
Albert, pelo que também é conhecido como albertipo.
Sobre uma matriz constituída por uma placa de
vidro, estendia-se uma camada de emulsão fotossensível de bicromato de
gelatina, que era impressionada mediante cópia por contacto com o negativo
fotográfico. A gelatina tornava-se mais insolúvel nas zonas transparentes da
imagem. Desta forma, a tinta era mais facilmente absorvida nestas áreas
transparentes.
Este procedimento permitia tirar um número
limitado de 500 cópias, já que a gelatina se ia deteriorando durante o processo
de impressão, perdendo-se a nitidez da imagem. Este sistema foi muito usado na
impressão de bilhetes-postais entre 1868 e meados do século XX.
Em Portugal, existe uma controvérsia sobre
quem introduziu a fototipia no país. Carlos Relvas gabava-se, em junho de 1875,
de ter introduzido este processo de reprodução, não obstante José Júlio
Bettencourt Rodrigues (1843-1893), da Secção Photographica da Direcção Geral
dos Trabalhos Geodesicos, Topographicos, Hydrographicos e Geologicos do Reino,
garantir ter feito, em finais de 1874, ensaios com este processo. Emílio Biel e
Domingos Alvão foram ativos praticantes deste processo de impressão em
Portugal.
Não obstante tratar-se de um processo de
impressão fotomecânica que permitia imprimir muitas provas a partir da mesma
matriz, os avanços da tecnologia fotográfica e o surgimento da fotogravura ao
serviço da imprensa começaram a destronar a fototipia a partir do início do
século XX”.
Fonte:
pt.wikipedia.org
Os Estúdios
Fotográficos mais emblemáticos
Em 11 de Janeiro de 1853, o jornal "O Cronista"
(p. 4) anuncia que os fotógrafos Corentin & Newman, de Paris, na Rua
das Hortas, nº 92, executam retratos a daguerrotypo.
Luiz Monet
Em 1859, o estúdio de fotografia de "Luiz Monnet &
Cia." estava pela Rua de Santo António, nº 25.
Um atelier de fotografia, em 1860, abria junto da igreja de
Santo Ildefonso.
“Anúncio: Domingos
Pascoal Júnior: acaba de abrir um atelier de Fotografia sobre papel e vidro, no
largo da Batalha, perto da Igreja de Santo Ildefonso”.
In jornal “O Porto e a Carta”, p. 4, de 13 de Abril de 1860
Fotografia Talbot
“Fotografia Talbot: em
1866 está na Rua do Bonjardim, 145 a 149, mas antes já estivera na Rua das
Flores, 152, no atelier que
fora de Henrique Nunes. Intitula-se fotógrafo da Casa Real e participa na
Exposição do Palácio em 1865. Teve operadores de Paris, nomeadamente Alexandre
Solas e Casimir Lefebvre, que chamou para a sua casa. Publicava séries de fotos
a que chamava «Fotografias mágicas». As suas instalações davam sempre que
falar, eram atapetadas, mostravam otomanas para descanso e possuíam um gabinete
de toilette luxuoso. Ainda se
renova em 1875-1876.”
Cortesia de Maria do Carmo Serén, In “ Casas Fotográficas do
Porto no século XIX”
Fotografia “Salla
& Irmão”
A Sala & Irmão esteve, desde 1862, na Rua do Bonjardim,
nº 95, substituindo a sociedade “Sala & Laroche” no número 208, da mesma
rua.
A partir de 1863, passa a chamar-se “Fotografia Central”,
sita à Rua de Sá da Bandeira, nº 181, sendo seu proprietário José Carvalho.
Em 1879, a propriedade passa para Sousa Reis e, em 1883, é
comprada pelo capitalista Fulgêncio da Costa Guimarães, também proprietário da
“Fotografia Universal”.
Fotografia Esperança
A Fotografia Esperança, entre 1867 e 1869, localizou-se na
Rua do Almada, nº 267.
Seria colocada à venda entre 1867 e 1869, e, vendida,
finalmente, em 1871, passando para as mãos do proprietário da “Fotografia
Universal”.
Pode afirmar-se, que
a Rua do Almada foi, durante a segunda metade do século XIX, a rua dos
estabelecimentos e estúdios fotográficos.
Casa Fritz
Na Rua do Almada, o local talvez mais icónico na actividade
fotográfica é o identificado com o nº 122, onde esteve a “Fotografia Fritz” ligada a Emílio Biel e, posteriormente, a “Royal Foto” ligada a António Beleza.
Cartão-de-visita, em 1857, da Fotografia “M. Fritz”, na Rua
do Almada, nº13 (passaria a nº 22) e instalar-se-ia, depois, no nº 122, em 1865
Em 1856, pela Rua do Almada, nº 13, 2º andar, já estaria a
Casa Fritz de Joaquim Friederich Martin Fritz. Pouco depois, passaria a ser o
nº 22 (em virtude de renumeração dos números de polícia, na cidade do Porto, em
1860) e acabaria por ocupar o nº 122, da mesma rua.
Aquando da visita de D. Pedro V, em 1861, à Exposição
Industrial, que ocorreu na Praça do Comércio, o rei admira as suas ampliações e
encomenda-lhe um álbum de fotos de Braga, que ele depois produz e oferece em
1862.
Encerraria, na década de 70, quando Emílio Biel se torna seu
sócio, passando a chamar-se «Antiga Casa Fritz – Emílio Biel
Alfredo Fillon
Vindo de Lisboa, em 1852, onde tinha chegado no ano
anterior, oriundo de Paris, estabelece-se na Rua do Almada, nº 151,
permanecendo no Porto até 1859.
Voltando a Lisboa, aí fica até 1868, ano em que ruma a
Paris. Regressaria a Lisboa, definitivamente, em 1874.
Fotografia Portuguesa
Na Rua do Almada, nº 294, esteve a “Photografia Portuguesa” desde 1871 a 1877, pertencente a José de
Sousa da Silva Fernandes e, posteriormente, entre 1883 e 1898, a “Photografia Peixoto & Irmão”.
A casa incendeia-se em 1884, e é reconstruída em 1885.
Fotografia Universal
Na Rua do Almada, nº 140, entre 1872 e 1877, esteve a “Photografia Universal” de Figueiredo
& Reis, com Pinto Soares aos comandos e, no final do século XIX, por aí
estaria a “Photografia Portuense”,
de Fulgêncio da Costa Guimarães, depois de, desde 1879, ter passado a alojar a “Fotografia Salvini”.
Em 1915, passou, nessa morada, a estar a “Fotografia Braga & Ferreira”.
Trabalho fotográfico de Júlio Braga, com estúdio na Rua do
Almada, nº 140 - Cortesia de Maria João Castro
Entretanto, no que diz respeito à Fotografia Universal,
passaria a ser, desde 1884, seu proprietário o capitalista Fulgêncio da Costa
Guimarães que compra a “Fotografia Salla & Irmão”, em 1886, e faz nova
sociedade com Guedes de Oliveira, sendo contratado, então, o operador José
Perez.
Em 1889, a Fotografia Universal muda-se para a Rua de
Cedofeita, 67, sendo dirigida por José Perez, após incorporar a “Salla &
Irmão”, já adquirida por Fulgêncio da Costa Guimarães.
Vindo da “Salla & Irmão” em 1886, Guedes de Oliveira
colabora nas novas publicações, álbuns sobre a ponte D. Luís e arte portuguesa,
acabando por constituir sociedade com Fulgêncio Guimarães originando a “Guedes
& Guimarães”.
Em 1906, já a empresa passaria a ter firma “Magalhães &
C.ª.”
Fotografia Portuense
Na Rua do Almada, nº 140, estaria também, nos finais do
século XIX, a Fotografia Portuense fundada por José da Rocha Figueiredo (antigo
operador de Luís Monnet), em 1864, na Praça dos Voluntários da Rainha (Largo do
Carmo).
Fotografia Águia
A Foto Águia de
Araújo & Paul instalou-se desde
1915, na Rua do Almada nº 270 e, julga-se que, por aqui esteve, também, em 1864
a “Photrografia Ingleza”.
Mas nem só na Rua do
Almada estavam os estúdios de fotografia.
Henrique Nunes
Em 1863, Henrique
Nunes instalar-se-ia no Porto, tomando conta do estabelecimento da Rua das
Flores, nº 152, intitulando-se já fotógrafo da Casa Real.
Em 1865, transfere-se para o estúdio de Miguel Novaes, na
Rua do Bonjardim, nº 233.
Nos dois anos anteriores ocupara-se, com Miguel Novaes, de
fotografar a evolução da construção do Palácio de Cristal. Receberá uma menção
honrosa na Exposição de 1865, no Palácio.
Desde 1866, trabalha em sociedade com Novaes, ano em que
este retoma a actividade normal.
Em 1868, devido ao regresso a Paris, de Alfred Fillon,
Henrique Nunes fica com o estúdio do francês, em Lisboa, que passaria a
chamar-se “Antiga Casa Fillon”.
Fotografia Novaes
A Fotografia Novaes, de
Miguel Novaes, estabelecer-se-ia em 1854, na Rua do Bonjardim nº 233, e pratica
sobretudo a retratística.
Aliás, Miguel Novaes será o primeiro fotógrafo a abrir um atelier
comercial. Formado na Academia das Belas Artes, aluno do pintor João
Baptista Ribeiro, habituado a reproduções, tinha uma casa de impressão
oferecida por D. Pedro IV, após o Cerco do Porto;
Além disso, da sua autoria conhecem-se algumas publicações
sobre aspectos técnicos da Fotografia, nomeadamente no Jornal da Associação
Industrial Portuense, em 1857.
Por outro lado, António Joaquim Pinto Ferreira de Mello tinha
em 1877, um estabelecimento fotográfico, “Fotografia Pinto & Ferreira”
também na Rua do Bonjardim, nº 123 e, mais tarde, em 1883, seria
co-proprietário da “Photografia Popular”
na Rua de Fernandes Tomás, nº 415.
A partir de 1895, ele ou algum sucessor na família, já está
instalado na “Photografia Nacional”,
primeiro na Rua dos Mártires da Liberdade nº 139 e depois no nº 220 da mesma
rua.
Antes, a Fotografia Nacional, com estabelecimento virado,
principalmente, para o retrato, esteve instalada desde 1864, na Rua da Picaria,
nº1, onde lhe sucederá a Fotografia Moderna. Desde 1879, teve Casimir Lefebvre,
como operador, vindo da Fotografia Talbot.
Em 1875, muda-se para Rua do Bonjardim, nº 362, e,
posteriormente, para o número 115 da mesma rua.
Na Rua do Coronel Pacheco nº 11, dá-se conta da existência
em 1912, da “Fotografia Artística” de Gaspar José Gonçalves.
Fotografia Moderna
Na Rua da Picaria, nº 1, desde 1883, sendo seu proprietário
Leopoldo Cirne, sob a firma Leopoldo Cirne & Cia., na antiga casa fundada
pela Fotografia Nacional.
Teve como director artístico Ildefonso Correia, que também
dirigiu a revista «A Arte Photographica» (1884‑1885), com direcção literária e
artística de Leopoldo Cirne, inspirada por Carlos Relvas e apoio de António e
Adriano Ramos Pinto, James Searle e Augusto Gama, entre outros.
Havia duas edições, uma com reproduções em fototipia e
outra, mais restrita, com vários processos. Apesar de ter sido programada para
um máximo de dois anos, é suspensa antes desse prazo.
A Moderna entra em declínio financeiro e o capitalista (e
também fotógrafo amador) Leopoldo Cirne deixa de a financiar, assumindo
Ildefonso Correia a direcção.
Em 1889, é contratado o operador José Perez, que dirigira a
Universal e fora operador de Biel. A Moderna sobrevive até 1905, já sem
Ildefonso Correia, comprada pela firma Monteiro & Barbosa.
Fotografia União
Na Praça de Santa Teresa, antiga Praça do Pão, no palacete
Barroso Pereira, entre o fim da década de 1870 e 1902, esteve sedeada a “Photo
União” (Fornecedora da Casa Real).
Este estúdio fotográfico teve como antecedente, no local, a
“Fotografia Portuense”, fundada em 1864, por José da Rocha Figueiredo, que fora
operador de Luís Monnet, um dos pioneiros da fotografia no Porto.
Em 1866, a Fotografia União está na Praça dos Voluntários da
Rainha, ao Carmo, tendo ganhado, a partir de 1874, o título de “Fotografia da
Casa Real”, quando fez o retrato de D. Luís I, durante uma sua visita ao Porto.
Em 1876, a “Fotografia União” ainda estava sedeada na Praça
dos Voluntários da Rainha, nº 28, de acordo com o anúncio publicado no “Guia do
Viajante na cidade do Porto e seus arrabaldes” de Alberto Pimentel, passando,
no fim da década de 1870, para a Praça de Santa Teresa, 42, já então dirigida
por António Correia da Fonseca, que contrata operadores espanhóis.
No prédio à esquerda da escadaria estavam, em 1876, os
estúdios da “Fotografia União” – Fonte: Google maps
Em 1887, D. Luiz I voltaria aos estúdios da Fotografia
União, quando ela já era propriedade de António Correia da Fonseca e Miguel
Fernandes Ferrer.
Muitos outros trabalhos saídos do seu laboratório
fotográfico ficaram célebres.
Geração de 70 (da esquerda para a direita: Eça de Queiroz,
Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro)
A foto acima, tirada no Palácio de Cristal, foi executada
pela “Fotografia União, de Fonseca & Cia.”, estando a imagem ligada a um
mítico almoço e à compra de um leque para oferecer a D. Emília, noiva de Eça,
em 1885.
António Correia da Fonseca foi fotógrafo da Casa Real, Sócio
da Academia Nacional de Paris e, por ela, premiado, bem como galardoado na
Exposição de Philadelphia, em 1876.
A «União», por sua vez, seria premiada com uma Menção
honrosa pela Academia Nacional de Paris em 1878, e nas exposições Universal de
Philadelphia em 1876, Rio de Janeiro em 1879, Cadiz em 1880, no Palácio de
Cristal do Porto em 1882, Madrid em 1884 e, em Anvers, em 1885.
Praça Santa Teresa quando o palacete Barroso Pereira estava
ocupado pela Fotografia União
Na metade, à esquerda, da foto acima, sobressai, com a sua
pedra de armas na frontaria e o seu mastro de bandeira que assinalava os dias
festivos, o palacete onde esteve instalada a "Fotografia União, de Fonseca
& Cia.".
Quando é feito o levantamento industrial de 1881, as maiores
casas fotográficas são a União e a Biel, altura em que diversas outras casas
fotográficas são arroladas.
A Fotografia União terá como operador na década de 1890,
Raúl de Caldevilla, que foi cônsul em Espanha e agente comercial em diversos
países e fundou a Caldevilla Films, no Porto.
Naquele estúdio, Caldevilla trabalhou e dele foi sócio, mas
haveria de ceder a sua posição em 28 de Outubro de 1903, a Pinho Henriques,
quando enveredou por uma breve carreira desenvolvida no estrangeiro.
Na primeira década do século XX, a “Fotografia União” foi
instalar-se no prédio da Praça da Trindade que, durante mais de meio século,
passaria a ser a morada da Assembleia Portuense e as anteriores instalações, na
Praça Santa Teresa, seriam ocupadas, a partir de 1903, pela Fotografia Perez,
de José Perez.
Este profissional do ramo teve um trajecto de sucesso na
actividade fotográfica.
Assim, começou como operador na Casa Fritz, sendo depois
requisitado para a nova Fotografia Universal do capitalista Fulgêncio da Costa
Guimarães, que comprara a Fotografia Esperança, e anexado a existência de “Sala
& Irmão”, criando a nova casa fotográfica Universal.
Após esta experiência, José Perez passará, em 1889, para a
Fotografia Moderna.
O edifício atrás referido como morada da Assembleia
Portuense, poderemos localizá-lo na esquina das ruas Dr. Ricardo Jorge e Clube
dos Fenianos, próximo das traseiras da Câmara Municipal.
Começariam, então, os salões da “Fotografia União” a ser
usados para exposição de trabalhos de alguns artistas.
Foi o caso de uma exposição, levada à cena em 1908, da
autoria de Aurélia de Sousa.
Mas aqueles salões seriam usados para muitas outras
actividades.
As manifestações musicais também tiveram ali expressão,
nomeadamente as interpretadas pelo compositor Pedro Blanco, nos anos 1909, 1910
e 1911, mas já no ano anterior ocorrera uma outra em 18 de Abril de 1908, em
substituição da que deveria ter-se realizado, quatro dias antes, no Teatro S.
João e que um pavoroso incêndio impediu.
E. Biel & Cia
Emílio Biel (1838-1915) foi um dos mais famosos nomes dos
primórdios da fotografia portuense.
Em 1857, estabelece-se em Lisboa, como empregado da casa
Henrique Schalk, mas em 1860, vai para o Porto, como representante dessa firma
de Lisboa. Em 1864, estabelece-se por conta própria com uma fábrica de botões
de seda, duraque, metal e vidro e fivelas de metal na Rua do Moreira, nº 5,
tendo-a, ao fim de 2 anos, transferido para a Rua da Alegria, 373, para o que
teve de adquirir uma propriedade a José Joaquim Pereira Lima, na Travessa do
Luciano (Rua da Escola Normal), à Rua da Alegria.
Começa, então, a dedicar-se ao comércio e à edição de
livros.
Como editor publicou uma edição de Os Lusíadas considerada
uma raridade nos dias de hoje, e importantes publicações sobre fotografia
portuguesa.
Possuía a representação no nosso país de firmas como, Coats
& Clark, Benz, entre outras.
Em 1874, comprou a Casa Fritz, que tinha sido fundada em
1854 (mais tarde conhecida por Casa Biel), na Rua do Almada, nº 122, casa
comercial dedicada à fotografia, iniciando, assim, a sua carreira no mundo da
fotografia.
Emílio Biel & Cia, na Rua do Almada, nº 122
Em 1884, na propriedade adquirida na Travessa do Luciano (actual
Rua da Escola Normal), vai Biel construir a sua residência, pela licença de
obra nº 218/1884.
Residência de Emílio Biel, actual casa-abrigo das irmãs Oblatas “As Florinhas do Lar, do Sagrado Coração de
Jesus”
Emílio Biel é considerado um dos introdutores da fototipia
em Portugal.
Mais tarde, em 1890, a sua firma de fotografia passaria para
o Palácio do Conde do Bolhão, no nº 342 da Rua Formosa, agora como "E.
Biel & Cia".
Com a morte de Emílio Biel, o palacete depois de ter sido
utilizado por Raúl Caldevilla, foi convertido na sede da litografia do Bolhão,
pelo novo proprietário, tendo sido, para o efeito, construído um anexo de
dimensões consideráveis cobrindo o antigo jardim.
Photo Guedes
Na foto acima na Rua de Santa Catarina, nº 270-272, entre a
Rua Formosa e a Rua de Fernandes Tomás, está a colchoaria Modelar.
Pegado, ainda é parcialmente visível a Photo Guedes, e a seguir mais a Sul, seria o edifício dos Castro
Pereira.
Falar de fotografia, no Porto, é relembrar Henrique Guedes
de Oliveira, nascido em 1865 e falecido em 1932.
Guedes de Oliveira colaborou com Rafael Bordalo Pinheiro em
jornais como, a Voz do Operário de Lisboa, e n’ “O Operário, do Porto” e, colaborou
também, com o Dr. Manuel Monterroso n’ “A Voz do Operário, do Porto”.
Em 1892, Guedes de Oliveira fundou a sua própria casa de
fotografia na Rua de Santa Catarina, 262 – A “Foto Guedes”.
A partir de 1905, contou com a colaboração de seu irmão Constantino
Guedes, que durante algum tempo exerceu funções de operador na Casa Biel.
Antes e no âmbito da fotografia, Guedes de Oliveira, trabalhou
inicialmente na firma Sales & Irmão de Fulgêncio da Costa Guimarães,
de que se tornou sócio a partir de 1886 (nesta altura, a firma foi renomeada e
passou a designar-se Guimarães & Guedes, Sucessores de Sales &
Irmão.
Fulgêncio da Costa Guimarães estava estabelecido na Rua do
Almada nº 140, com a “Photografia Portuense”.
Guedes de Oliveira foi também autor e produtor de peças
populares de teatro – “Por dentro e por fora”, “Na corda
bamba”, “O cosmorama”, e “Ali à… preta”!, datadas
de 1897, com fundo musical de Ciríaco Cardoso (1846-1900).
Estas peças fizeram grande sucesso tanto em Portugal como no
Brasil. É da sua autoria a peça intitulada “Vida airada”, que
estava em cena na noite do trágico incêndio do Teatro Baquet, a 20 de Março de
1888. Guedes de Oliveira também escreveu operetas - tais como “Licor de
ouro” e “Capitão Metralha”, de igual modo musicadas por
Ciríaco Cardoso -, cançonetas, “a propósitos” e monólogos.
“O valioso espólio
fotográfico que a Câmara Municipal detém permite -nos conhecer a cidade de
finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, em múltiplas facetas: retratos de
famílias de vários estratos sociais; aspectos da cidade; artistas de teatro;
personalidades políticas, paisagens, vivências do quotidiano, como a matança do
porco, o combate ao fogo dos bombeiros, as touradas, etc.
Em 1898 organizou a
Sociedade de Belas Artes, em colaboração com Marques da Silva, Teixeira Lopes e
outros artistas, oficializada apenas em 1905 e designada como Sociedade Portuense
de Belas Artes
Sendo já um reputado fotógrafo, frequentou a Escola de Belas Artes do Porto, da
qual chegou a ser professor e Director.
Tendo sido
condecorado, veio a falecer em 1932”.
Fonte: gisaweb.cm-porto.pt
Fotografia Alvão
Leopoldo Cirne, um capitalista e amador de fotografia, que
tinha sido proprietário da Fotografia Moderna, na Rua da Picaria, funda em
1899, uma revista a “Photo-Velo-Club – Revista Mensal Illustrada – Photografia,
Pintura e Bicicleta”, sedeada na Rua de Sá da Bandeira, como se pode constatar
a propósito de uma exposição de fotografia, pelo pequeno extrato da notícia
seguinte.
Entretanto, Domingos Alvão que tinha sido aprendiz de Emílio
Biel, após passar uma temporada em Espanha onde estagiou, retorna e junta-se em
1900 a Leopoldo Cirne como operador-gerente e abrir, na Rua de Santa Catarina,
nº 120, uma escola de fotografia – “Escola Practica de Photographia do
Photo-Velo Club”.
Aqui, irá fundar, em 1903, a sua própria casa fotográfica –
a Fotografia Alvão, que
viria a ser um dos mais prestigiados da época.
Situado muito perto da esquina da Rua Passos Manuel com
Santa Catarina, por aí continuaria (pegado ao Café Majestic) mesmo depois de
demolidos os prédios primitivos para edificação de outros mais modernos.
“Domingos do Espírito
Santo Alvão (Porto, 1872 – 1946) foi um dos mais importantes fotógrafos
portugueses da primeira metade do século XX.
Nascido no seio de uma
família da nova burguesia, Domingos Alvão cedo demonstrou interesse pela
fotografia. Conheceu Emílio Biel de quem se tornou aprendiz e, depois de um
breve estágio em Madrid, entrou como operador para o estabelecimento do
capitalista Leopoldo Cyrne.
Dirigiu, no final do
século XIX, a Escola Practica de Photographia do Photo-Velo Club no n.º 120 da
Rua de Santa Catarina, no Porto. Foi neste local que, em 1903, veio a funcionar
a empresa Fotografia Alvão que, em 1926, deu lugar à firma Alvão e Cia. Lda.
Além de ter sido o
fotógrafo de grandes empresas e instituições, e do Estado, a sua obra foi
vastamente editada em diversas publicações, como a revista Ilustração
Portugueza ou a Gazeta das Aldeias.
Apreciado por fazer a
simbiose entre um quadro pintado e um documento «etnográfico», Alvão foi
galardoado com vários prémios entre 1914 e 1936, entre os quais se salienta a
medalha de prata na Feira Internacional de Leipzig, em 1914, pela sua
participação na representação portuguesa”.
Fonte: ”tipografos.net”
Artigos fotográficos Alvão, na Rua de Santa Catarina, antes
do aparecimento do Café Majestic - Ed. Alvão
Domingos Alvão tinha como fregueses artistas e a burguesia
da cidade que apreciavam as suas obras, muitas vezes expostas no Teatro
Príncipe Real ou nas vitrinas da Tabacaria Africana, ao cimo da Rua de 31 de
Janeiro.
Faleceria a 20 de Novembro de 1946, e foi sepultado no
cemitério da Lapa, sendo alvo de palavras de apreço expressas em todos os
jornais.
Seria o fotógrafo Álvaro Cardoso de Azevedo (1894-1969) o
grande continuador da obra de Domingos Alvão, na captação de imagens da cidade.
Por isso, cada fotografia captada por Álvaro de Azevedo tinha a assinatura
"Alvão" tal como o grande fotógrafo assinava.
A viver com a sua família em 1920, no Rio de Janeiro, no
Brasil, Álvaro de Azevedo não resistiu a um pedido de Domingos Alvão, seu
mestre na arte fotográfica, e voltou para integrar uma sociedade com a firma Alvão e Cia. Lda.
Fotografia Beleza
“O aparecimento no
Porto da Fotografia Beleza, fundada por António Beleza, acontece em 1907, na
Rua de Santa Teresa.
Antes desta casa,
António Beleza tivera a sua “Royal Foto”
na Rua do Almada nº 122, espaço de grande tradição fotográfica na cidade. Aí
estivera a “Fotografia Fritz”, que o
empresário Emílio Biel acabaria por comprar. Quando Biel passou o seu estúdio
para o Palácio do Bolhão, em 1888, António Beleza ocupou o espaço da Rua do
Almada e, como era habitual, pode ter ainda adquirido parte do espólio das
chapas, das máquinas e dos “decors”. Em concreto, sabe-se que após a morte de
Emílio Biel, António Beleza comprou parte do espólio da Casa Biel, vendido em
hasta pública no ano de 1916.
É na Fotografia
Beleza, da Rua de Santa Teresa – a partir de 1918 dirigida por Moreira de
Campos e, em 1935, tendo como único proprietário António Lopes Moreira – que a
burguesia do Porto se revê, possuindo o estúdio uma elegante sala de espera,
onde se exibiam retratos da melhor sociedade do Norte.
De facto, a Fotografia
Beleza deixou um conjunto de várias centenas de milhares de documentos
fotográficos - um dos maiores espólios que, até ao momento, se conhecem em
Portugal, nos quais se incluem mais de 10 000 fotografias em chapas de vidro,
de paisagens, nomeadamente paisagem urbana. As restantes espécies são retratos
de pessoas do Norte, com relevância para o Porto e arredores”.
Fonte - Site: “espoliofotograficoportugues.pt”
“A Fotografia Beleza foi fundada em 1907 por
António Beleza. Foi na Rua de Santa Teresa a sua primeira casa mas, anos mais
tarde, abriu outra na Rua dos Clérigos. Conhecemos bem o Sr. António Lopes
Moreira, seu proprietário bem como um seu fotógrafo de grande qualidade, o Sr.
Freitas. Além das fotos de estúdio dedicou-se ao Porto, Norte e Beiras. Também
neste trabalho inserimos muitas fotos desta casa.
O seu espólio contém milhares de fotografias
e pertence ao Espólio Fotográfico Português”.
Cortesia de Rui
Cunha
O espólio (Espólio
Fotográfico Português), da mais que centenária “Foto Beleza”, foi adquirido
há alguns anos por Mário Ferreira, um conhecido empresário do sector do
turismo, que tem a fotografia como hobby.
Outras personalidades
do mundo da fotografia
Barão de Forrester
“Mas voltemos a Joseph
James Forrester de origem inglesa, – tal como Frederick William Flower -, o que
explica que o processo da calotipia tenha tido maior expressão no norte, onde
os ingleses se encontravam em maior número, e sido quase inexistente no sul do
país, mais próximo dos costumes e modas que chegavam de Paris. Joseph James
Forrester foi um amante do Douro vinhateiro, do mágico “Rio d’ Ouro” de Paulo
Rocha, Aurélio da Paz dos Reis, Leitão de Barros e Manuel de Oliveira o rio que
numa derradeira e última viagem dos barcos que lhe cantaram a fama, nos é
mostrado por Adriano Nazareth, num documentário de 1960. O rio que nos recorda
a frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht “...costuma falar-se da violência
do rio que inunda as margens. Mas jamais da violência das margens que
aprisionam o rio”. O Barão de Forrester teve câmara escura montada num pequeno
barco que navegava pelo rio acariciando as margens para sempre aprisionadas nas
calotipias e albuminas deste inglês que acabaria engolido pela violência do
amante indomável, o Douro, rio que nenhum português até hoje tão bem conheceu
ou tanto lhe fotografou as entranhas. Autor de um importante mapa "O Douro
Português", que mostra o curso deste rio desde a fronteira espanhola até à
foz e que foi o excepcional trabalho que fez com que o governo lhe atribuísse o
título de Barão, honraria pela primeira vez atribuída a um estrangeiro”.
Fonte: “apphotographia.blogspot.pt”
Marques Abreu
José Antunes Marques Abreu nasceu a 14 de Fevereiro de 1879,
no concelho de Tábua. Faleceu no Porto, a 3 de Julho de 1958.
Chegado ao Porto, em 1893, iniciou pouco depois o trabalho
como gráfico no atelier de Germano Courrége, que acompanhou em 1899 quando
integraram no atelier de zincogravura da Fotografia Universal,
Courrége como director artístico e Marques Abreu como jovem operador.
Ainda nesse atelier realizou as zincogravuras das revistas Sombra
e Luz (1900-1902) e Theatro Portuguez (1902). Passou
ainda pelas oficinas de gravura de O Primeiro de Janeiro, em 1901, onde dirigiu
as respectivas oficinas de fotogravura.
Matriculou-se na Escola Industrial Faria Guimarães, e, com
19 anos, em sociedade com Cunha Moraes, montou as Oficinas
Marques de Abreu zincogravura, fotogravura, símile-gravura, na Rua de
S. Lázaro, n.º 336.
Marques Abreu desde
o início da sua actividade dedicou-se à gravura, sobretudo no campo da gravura
química, especializando-se na zincogravura.
Também é de
salientar a produção de zincogravuras para outros editores como o caso de
Emílio Biel, na obra O Douro, de Manuel Monteiro.
“O que sabemos é que desde cedo Marques Abreu teve
contacto com algumas personalidades do meio cultural da cidade do Porto. A sua
casa e escritório em São Lázaro eram um ponto de encontro para convívio e
discussão entre algumas dessas figuras. Artistas, intelectuais, amigos sempre a
frequentaram mesmo que Abreu não pudesse estar presente. Era como que um espaço
aberto para colocar em dia os temas do momento e leitura de periódicos e
jornais. Este convívio em muito terá influenciado o seu trabalho, os seus desejos
e objectivos.
Mas foi com Joaquim de Vasconcelos que se associou mais
frequentemente para as suas investigações e empreendimentos no que diz respeito
aos monumentos nacionais. «Como quem traz uma chama sobrenatural a brilhar-lhe
na alma, Marques Abreu consagrou a sua vida a essa cruzada esclarecida;
aplicou-lhe quase exclusivamente, num esforço fecundo, infatigável,
desinteressado e brilhantíssimo, cem por cento nacionalista, à tarefa de chamar
a atenção para o nosso património artístico e de nos deixar o «inventário
sistemático» das principais «relíquias históricas» da nossa arquitectura».
Dos cerca de quinze anos que Marques Abreu passou a
trabalhar com Joaquim de Vasconcelos, reunindo informação e fotografias dos
monumentos românicos em Portugal, resultou a exposição de 1914, que já
referimos, e que ainda hoje é de suma importância para o estudo do Românico em
Portugal – A Arte Românica em Portugal”.
Fonte: Mariana
Marinho de Sousa Santos; Dissertação de Mestrado da FLUP
João Baptista Ribeiro
João Baptista Ribeiro, desenhador e pintor de formação,
realizou dois retratos em daguerreótipo de Alexandre Herculano – ambos
em 1854; um deles, em formato de busto, é o mais conhecido e divulgado do
historiador, sendo que o outro o representa de corpo inteiro, sentado e apoiado
numa mesa.
Exposição de 1886, ao
Palácio de Cristal
No campo da fotografia, em 1886, acontece um facto de relevo
na cidade, graças à iniciativa da revista A Arte Photographica, editada
pela Photographia Moderna (estabelecimento de fototipia da
cidade do Porto, na Rua da Picaria), que teve lugar no Palácio de Cristal
- “a primeira e última exposição internacional de fotografia jamais
efectuada entre nós”.
«A Exposição,
programada para 1885, só se realiza em 1886, por dificuldades criadas com envio
de mostras espanholas, numa altura em que o país vizinho se debatia com surtos
epidémicos. Estiveram expostos trabalhos dos mais conceituados fotógrafos da
fotografia artística e naturalismo fotográfico, os ingleses P. H. Emerson e H. P. Robinson, que escrevera a obra
“Do efeito artístico em Fotografia”, que «A Arte Photographica»
publica, diligentemente, em fascículos.
Para habituar o olhar,
fototipias de diversos amadores e profissionais (como Margarida Relvas, Antero
de Araújo, Eduardo Alves, Joaquim Basto, João S. Romão, Rebello Valente…) são
anexadas a cada fascículo.
“A Moderna” também publicará a obra Quatro dias na Serra
da Estrela: Notas de um passeio, com texto do jornalista
Emídio Navarro e um prefácio do Dr. Sousa Martins, médico lisboeta
famoso pela sua perseverança em definir locais para estâncias de tuberculose, e um álbum “Fotografia
de Braga-Bom Jesus”.
A Exposição estende‑se
muito mais tempo do que era previsto, de 4 de Abril a 6 de Junho, devido à
chegada contínua de retardatários e adições sucessivas.
O rei D.
Fernando, que aceitara ser o seu presidente, tinha morrido em finais de 1885;
D. Luís aceita substituí‑lo, mas não poderá estar presente na inauguração,
delegando por fim a presidência no conselheiro António Augusto de Aguiar, vice‑presidente.
Com o desenvolvimento da polémica provocada pela União contra o júri dominado
por artistas plásticos e fotógrafos amadores, que levou à organização de novo
júri e atribuição de um número mais elevado de prémios (o 1.º júri atribuíra 24
medalhas e o 2.º, já com dois fotógrafos profissionais, António Peixoto e
Guilherme Boldt, atribui 49 — e 19 medalhas de ouro), mas mantendo os prémios
atribuídos anteriormente, caso do primeiro prémio de profissionais ao espanhol
naturalista Edgardo Debas.”
Cortesia de Maria do Carmo Serén, In “ Casas Fotográficas do
Porto no século XIX”
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