domingo, 15 de junho de 2025

25.281 Casinos nas redondezas da cidade do Porto

 
1. Casino de Vila do Conde
 
Este casino, denominado “Casino da Praia de Vila do Conde” ou “Grande Assembleia de Vila do Conde”, foi inaugurado em 7 de Agosto de 1918, pelos empresários José Meneres, Álvaro Carvalho, Carvalho Paiva e Alberto Ventura, associados na “Companhia Portugueza de Turismo”, na esquina da Avenida Júlio Graça e Rua Bento de Freitas, próximo do teatro Afonso Sanches e projectado pelo arquitecto Eduardo Alves.
Com a fachada principal voltada para um jardim público, o seu rés-do-chão era ocupado pelo café, o restaurante e a barbearia e o seu primeiro andar pela assembleia. O seu salão de baile tinha 216 m2.
 
 
 

“Casino da Praia de Vila do Conde” ou “Grande Assembleia de Vila do Conde”

 
 

Publicidade à abertura do restaurante do casino, em 7 de Julho de 1920
 
 
 
 
 


 
Como era norma nestes empreendimentos de unidades ligadas ao jogo, associado ao casino de Vila do Conde, seria inaugurado na Rua de Bento de Freitas, em 1 de Agosto de 1920, o “Palace-Hotel” de Vila do Conde, com projecto do arquitecto Francisco d’Oliveira Ferreira.
A autorização para a construção de um hotel já tinha sido atribuída, em 1914, à “Sociedade Praia de Vila do Conde” que era proprietária do Hotel Universal, à Praça da Batalha, no Porto.
Porém, dada a grandeza do empreendimento, teve que ceder a posição à “Companhia Portugueza do Turismo” e nela se fundiu.
A “Companhia Portugueza do Turismo” tinha como elementos da administração o Dr. Alberto Thomaz David, António Teixeira da Silva Amarante, José da Fonseca Menéres e Luís Ferreira Alves.
Aquando da abertura do “Palace-Hotel”, era seu administrador-delegado da Companhia Adolfo de Castro e Solla, oferecendo alojamento a 60 hóspedes.
No entanto, as obras prosseguiram até ser atingida a meta dos 200 hóspedes.
 
 
 

“Palace-Hotel” de Vila do Conde


 

Etiqueta de bagagem
 
 
 
O “Palace-Hotel” resultou de uma profunda remodelação do então existente “Hotel da Avenida” inaugurado em 1887, sendo propriedade do presidente da edilidade vila-condense Joaquim Luiz de Souza, estava dotado também com um café.
 
 
 
 

Hotel Avenida

 
 

Publicidade ao Café da Avenida, em 1887
 
 
 
Até 1909, o Hotel Avenida e o Café da Avenida tinham sido administrados pelo proprietário e seus familiares, mas, a partir daí, começou a ser administrado pelo proprietário do Hotel Central, José Maria de Faria e Sousa, que o arrendou por 10 anos.
Todavia por falecimento, em 1912, da sua esposa, que administrava as diversas unidades hoteleiras, entrou numa série de incumprimentos.
Assim, em 1913 a gerência estava entregue a Amaral Correia e a Teixeira e Silva.
Após um período de decadência, em 1919, entrou na posse de Francisco Lopes Novo e, no ano seguinte da “Sociedade da Praia de Vila do Conde”.


 

“Palace-Hotel”, em frente e, à direita, o “Casino da Praia de Vila do Conde”

 
 
Em 1929, um incêndio afectou grandemente o hotel.
A partir do encerramento do casino, o hotel atravessou uma fase de decadência.
Em 1939, estava sob gerência de Narciso Garrido Boulhosa, de acordo com a publicidade abaixo.

 
 


 
 
O “Palace-Hotel” encerraria em 1958.
Em 1959, na posse da companhia de seguros “A Mundial”, sofreria obras de vulto.
 


 

Palácio Hotel, em 8 de Maio de 1960, após intervenção da companhia de seguros “A Mundial”
 
 
 
Exterior e interior do “Palácio Hotel” de Vila do Conde
 
 

“Palácio Hotel” de Vila do Conde fechou, definitivamente, em 1969 e, a partir de 1975, as suas instalações foram ocupadas por retornados das ex-colónias e esporadicamente serviu de apoio à “Feira Nacional de Artesanato”.
Em 1999, a propriedade foi vendida a uma empresa de investimentos imobiliários “IGF Investimentos Imobiliários S.A.”, mas, desde então, tudo se encontra ao abandono.
Quanto ao “Casino da Praia de Vila do Conde”, há muitos anos atrás que tinha fechado portas.
Em 1934, seria inaugurado o novo “Monumental Casino da Póvoa de Varzim”, em virtude de regulamentação surgida anos antes.
Em 1936, o “Casino da Praia de Vila do Conde” não aguentou a concorrência e encerrou, completamente, as suas portas.
Apenas, na década de 1950, as instalações voltariam a ser ocupadas pelo “Colégio de S. José”, até ao ano de 1988, quando foi comprado pela câmara Municipal que aí instalou o Centro de Juventude.
 
 
 
 

Antigas instalações do casino, actualmente – Fonte: Google maps
 
 
 
 
 
2. Casinos do Estado Novo
 
 
 
Durante muitos anos, após o aparecimento dos casinos, a partir da segunda metade do século XIX, que a sua actividade se exercia na ausência de qualquer regulamentação.
Era permitido e tolerado o funcionamento de locais de jogo de fortuna ou azar, muitas das vezes, a troco de subsídios para obras assistenciais, mormente nas praias e termas frequentadas pela burguesia.


 

Informação do Casino da Praia de Vila do Conde, em 8 de Agosto de 1920, dando conta da sua faceta de âmbito social
 
 


Então, no Ministério do Coronel Vicente de Freitas, foi promulgada legislação para regulamentar a exploração do jogo, pelo Decreto n.º 14643, de 3 de Setembro de 1927.
Foram, em sequência, criadas seis zonas de jogo: Estoril e Funchal, como zonas permanentes e quatro zonas temporárias, respectivamente, na Praia da Rocha (concelho de Portimão), Figueira da Foz, Espinho e Viana do Castelo.
Entretanto, nesta última localidade, foi impossível criar uma sociedade que concorresse à instalação aí de um casino.
Foi, quando, um conjunto de vontades poveiras se abalançou a tomar a seu cargo a possibilidade de que a Póvoa de Varzim substituísse Viana do Castelo.
 
 
 
2.1 Casino da Póvoa de Varzim
 

Este casino foi inaugurado em 1934, na sequência de legislação aprovada em 1927 e fruto da impossibilidade de Viana do Castelo de exercer esse direito que alienou.
Depois de alguma luta, esse desiderato foi conseguido pelo Despacho n.º 212 de 14 de Setembro de 1928, publicado no DR e com a adjudicação à Comissão Administrativa da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, por um período de 30 anos. Uma autorização especial do Ministério do Interior vai possibilitar que a Câmara passe a fazer para o efeito parte da Empresa de Turismo Praia da Póvoa de Varzim, SARL (ETPPV).
Até essa altura, o jogo tinha lugar no Hotel Luso-Brasileiro, Café Suisso, Café David e Café Universal,
A primeira assembleia geral da Empresa de Turismo Praia da Póvoa de Varzim (ETPPV) ocorreria em 13 de Junho de 1929 e elegeria os primeiros corpos sociais.
A ETPPV, por questões de cariz operacional, resolveu sub-adjudicar, por 10 anos, os direitos de exploração, a uma outra empresa constituída por Joaquim Correia Leal e Artur Teixeira Bessa.
Entretanto, enquanto não era erguido o edifício do novo casino, o jogo funcionou, em 1928, na antiga Assembleia Povoense, depois, sede do Clube Desportivo da Póvoa e, entre 1929 e 1933, nos salões do antigo Café Chinês, no Largo Dr. David Alves, onde foi erguido o Póvoa-Cine.
Este estabelecimento tinha sido fundado por Carlos Evaristo Félix da Costa (1828-1906).
Este empresário, antigo negociante de escravos no Brasil, nasceu no Porto e decidiu, retornado de terras sul-americanas, investir em duas zonas balneares emergentes: na Póvoa de Varzim, onde passaria a residir, a partir da década de 1880, inaugurando em 1886, o Café Chinês quando, em 1861, já tinha inaugurado outro Café Chinês, em Espinho.
Juntamente com os filhos, Alberto Evaristo Félix da Costa ( 1858-1911 ) e Carlos Evaristo Félix da Costa Júnior, Carlos Evaristo Félix da Costa explorou, também, o comércio de importação de artigos orientais.
Alberto Evaristo, a par deste negócio estabeleceu-se em 1894 como fotógrafo na Póvoa, criando em 1895 a “Photografia Evaristo”, no Largo do Café Chinês (hoje Largo Dr. David Alves), na esquina com a Rua do Norte (hoje Rua da Alegria).
 
 
 

Café Chinês, na Póvoa de Varzim

 
 

Póvoa Cine, na Póvoa de Varzim
 
 
 
Interior do Café Chinês, na Póvoa de Varzim
 
 
  
O lucro para a ETPPV, começou por ser no primeiro ano de 100 contos e no fim dos 10 anos de sub-adjudicação um total de 1.600 contos que cobriu a construção do novo casino.
No contrato com o Estado foi imposto à ETPPV a construção de um casino e de um hotel de 1.ª categoria com 100 quartos.
 
 
 

Monumental Casino da Póvoa de Varzim
 
 
 
O projecto do Monumental Casino foi, inicialmente, da responsabilidade do arquitecto lisboeta, José Coelho, coadjuvado pelo engenheiro municipal Alberto Vilaça.
Quando, em finais de 1931, o engenheiro Vilaça deixou a Póvoa de Varzim por ter sido colocado a direcção Técnica da Junta Autónoma dos Portos do Norte , em Viana do Castelo, o arquitecto José Coelho também se retirou, sendo substituído pelo arquitecto portuense, Rogério de Azevedo responsável, também, do projecto do hotel.
Rogério de Azevedo, conhecido como autor de uma arquitectura vanguardista, neste caso, apresentaria uma solução estética mais tradicional, à maneira da Escola de Raúl Lino, em voga nos anos 30.
A área de implantação do casino, após algumas hipóteses alvo de estudo, recaiu sobre um terreno pertencente ao património municipal, onde estava um Parque de Ténis, que era a paixão do capitão do porto, comandante Alberto Jacques.
No caso do Grande Hotel Palácio, a implantação escolhida recaiu no chão ocupado pelo Hotel Luso-Brasileiro, com frente para o topo sul da alameda do Passeio Alegre e pela sua aquisição aos herdeiros de José Martins de Oliveira e de mais dois prédios, com frente para a Rua Tenente Valadim, pertencentes ao visconde de Lindoso.
 
 
 

Grande Hotel Palácio, mais tarde, Grande Hotel da Póvoa de Varzim
 
 
 
 
 

Em perspectiva, a partir do Passeio Alegre, o Monumental Casino (à direita) e Grande Hotel Palácio (à esquerda)
 
 
 
Em 1930, a ETPPV acrescentaria ao seu património o Stadium Gomes de Amorim, localizado no Alto de Martim Vaz, que seria vendido pela quantia de 250 contos, pelo empresário agrícola Manuel Gomes de Amorim (1857-1918), nascido em A-Ver-o-Mar, sobrinho do poeta Francisco Gomes de Amorim (1827-1891).
  
 
“No início do século XX, criam-se estruturas de apoio à cidade no Alto de Martim Vaz. Primeiro com o Velódromo, em 1925 transformado no Estádio Gomes de Amorim, casa do Sporting Club da Póvoa, criado em 1916 e que irá subsistir até meados da década de 1940, até então jogava no Velódromo. O Estádio era propriedade da empresa Póvoa-Praia. A Avenida dos Banhos tinha sido prolongada e criada a Avenida Vasco da Gama. O Estádio do Varzim Sport Club é inaugurado a 13 de Setembro de 1932, o clube tinha sido criado em 1915 e, na altura, jogava num campo junto à Basílica Coração de Jesus. O estádio do Varzim localizava-se em frente ao Estádio Gomes de Amorim que será demolido e, no local, criadas as Piscinas Municipais e Court de Tenis da Póvoa de Varzim”.
Cortesia de “anossapovoa.blogspot.com”
 
 
O Alto de Martim Vaz ficava localizado no centro da Póvoa de Varzim. Era um afloramento de pedregulhos e areia onde se encontraram restos de uma antiga vila lusitano-romana e, depois, funcionou um velódromo.
Em 1 de Junho de 1934, o casino abre portas, para funcionamento das salas de jogo e de acordo com calendário pré-definido referente à concessão, mas a inauguração oficial do novo Casino da Póvoa de Varzim só ocorreria no dia 10 de Junho de 1934, pelo Major Luís Alberto de Oliveira, Ministro da Guerra, em representação do governo.
A obra inaugurada, ao estilo da Escola Francesa, de Garnier (criador da Ópera de Paris e do Casino de Monte-Carlo), previa a criação de duas alas laterais em amplos terraços, que não se concretizou.


 

Publicidade ao Monumental Casino, em 1934
 


 

Sala de jogo do Monumental Casino, em 1934
 
 
 
 
O Monumental Casino, antes e depois
 
 
 
Em 3 de Dezembro de 1975, a concessão do jogo é entregue à “Sopete, S.A.” que ficará obrigada a uma série de beneficiações das instalações quando, antes, em 1970, já tinha adquirido o Grande Hotel.
A partir de 18 de Agosto de 1981, legislação publicada para o efeito, vai determinar que a concessão de jogo da Póvoa de Varzim de zona temporária passe a permanente.
Actualmente, a concessão está atribuída à empresa “Varzim-Sol - Turismo, Jogo e Animação S.A.” e como acionista maioritário a “Sociedade Estoril-Sol, SGPS”.



 
 
2.2 Casino de Espinho
 
 
Não fugindo à regra, a vila de Espinho, em finais do século XIX e início do século XX, oferecia aos veraneantes a praia e uma série de momentos de lazer, mormente, espectáculos tauromáquicos, sessões dançantes e jogos de fortuna e azar.
Em Espinho, na segunda metade do século XIX, a jogatana era praticada em cafés e, entre todos, destacava-se o Café Chinês, na Avenida Serpa Pinto (actual Av. 8), cujo dono iria abrir outro Café Chinês, na Póvoa de Varzim.
Ramalho Ortigão, que de visita a Espinho, em 1876, se alojou, por certo no Hotel Bragança, ao Café Chinês de Espinho fazia referência, na sua obra “As Farpas”, vol. 1, p. 274 a 278, chamando-o de “Celeste Império”.
 
 
 
“Resumindo as impressões que deixou no meu espirito o exemplar instituto do Celeste Imperio em Espinho, eu faço votos fervorosos para que o paiz em todo o seu conjuncto possa um dia hombrear com a jogatina espinhense.
Á camara dos deputados, ao lyceu nacional de Lisboa, á galeria portuense de bellas artes, aos futuros museus escholares, commerciaes e industriaes, ao futuro theatro de opera popular, ás futuras salas de concertos e de conferencias scientificas e litterarias, desejo deveras uma installaçáo tão decorosa, tão elegante, tão bem accommodada aos seus fins como a d’este convidativo e confortavel estabelecimento. Aos debates parlamentares desejo vivamente a mesma compostura, a mesma gravidade, a mesma decencia, a mesma propriedade de expressões e a mesma nobreza de gestos, que caracterisam esta assembléa; e aos clubs politicos, aos centros artisticos e litterarios, ás companhias anonymas de responsabilidade limitada, ás juntas geraes de districto e ás juntas de parochia, aos bancos, ás associações commerciaes, aos cabidos, ás confrarias, ás collegiadas, e em geral a todos os corpos collectivos – de caracter politico, de caracter commercial, de caracter scientifico, de caracter religioso – eu desejo emfim, acima de tudo, o conjuncto e a cooperação de cavalheiros tão distinctos, tão illustres, tão idoneos e tão venerandos, como os que ora vejo presentes, em torno do panno verde, no ambito d’esta espelunca!”
 
 
 
 

Hotel Bragança, em Espinho, na esquina da Avenida Serpa Pinto (Av 8) e a Rua 19

 
 
Em primeiro plano, o Café Chinês e, ao lado, a “Assembleia Recreativa”
 
 
 
O rés-do-chão da Assembleia Recreativa acabaria por ser ocupado pelo Casino Peninsular.

 
 
 

À esquerda, a fachada do Café Chinês voltada para a Rua 19

 
 

Interior do Café Chinês, em Espinho
 
 
 

Esplanada do Café Chinês, em 1907, em Espinho – Foto de Aurélio da Paz dos Reis
 
 
 

Casino Peninsular nas instalações da antiga “Assembleia Recreativa”
 
 
 

Interior do Casino Peninsular de Espinho e exibição musical de um sexteto, em 1907
 
 



Espinho: Hotel Bragança, Café Chinês e Assembleia Recreativa
 
 
 
 
A concessão do jogo, nesta vila, foi entregue à empresa “Casino Peninsular, SARL”, mas, em 1928, já tinha passado para a “Sociedade Espinho-Praia, SARL” que, sob a administração de Mário de Freitas Ribeiro, tratou de ampliar as instalações do antigo Casino Peninsular.
Aquele empresário era também o proprietário, em Lisboa, do Bristrol Club”.
Este casino teve origem no Decreto n.º 14643, de 3 de Setembro de 1927, com funcionamento sazonal, entre 1 de Maio e 30 de Outubro, o que decorria da legislação. A partir de 1934 até 1976, aquele horário passou a ser de 1 de Junho a 30 de Novembro.
Como noutras localidades anexo ao casino, por aqui, também existiria o apoio de um hotel.
Começou pelo aproveitamento do então existente Hotel Bragança, mas, desde sempre, esteve no horizonte o levantamento do “Palácio Hotel”.
A profunda remodelação começaria em 1930.
Só, em 22 de Julho de 1939, depois de anos de espera, foi possível inaugurar o “Palácio Hotel”.
 
 
 

Palácio Hotel, em Espinho
 
 
Entretanto, em 1940, as obras de reconversão do edifício do antigo Casino Peninsular também prosseguiam, sob a orientação do arquitecto Carlos Chambers Ramos (1897-1969), no mesmo estilo art-deco exibido no Palácio Hotel.


 

Publicidade ao Grande Casino de Espinho, em 1942
 
 
 
O novo casino, ainda com obras a decorrer nos andares superiores, foi inaugurado em 1 de Junho de 1943.
Em 30 de Julho de 1943, seria inaugurado o salão nobre, no andar supeior.

 
 

Casino de Espinho

 
 

Publicidade ao Grande Casino de Espinho, em 1944

 
 

BAR do Hotel Palácio, em 1948, em Espinho
 
 
 
Em 6 de Agosto de 1951, seria inaugurado, no chão em que tinha estado o Café Chinês, anexo ao casino, o “Cine-Teatro do Casino de Espinho”, dotado de 358 lugares na plateia e 176 no balcão.
 
 



“Cine-Teatro do Casino de Espinho” (em primeiro plano) e Casino de Espinho
 
 
Em 30 de Junho de 1958, chegava ao fim a concessão à “Sociedade Espinho-Praia”, passando a ser detentora da mesma, até 1968, a “Sociedade Turismo de Espinho” constituída, em Junho de 1958, por José Dias Vieira de Magalhães e José Gonçalves Pinto Roma.

 
 

Casino de Espinho e “Picadeiro”
 
 
 
Na foto anterior é exibido o “Picadeiro” de Espinho, o local onde os veraneantes (famílias inteiras) vindos, principalmente, do distrito de Aveiro, alguns de Viseu ou do Porto se mostravam e exibiam e onde cumpriam o ritual de confirmarem reciprocamente a sua existência.
A Póvoa de Varzim e a Figueira da Foz também tinham o seu “Picadeiro”.
Em 1974, o governo de Marcelo Caetano entrega a concessão do “Casino de Espinho”, por 15 anos, à “Solverde”.
Foi, então, contractualmente a Solverde obrigada, entre outras obrigações, à construção de um novo casino.
No lugar do Palácio Hotel iria, assim, em dois quarteirões a sul, surgir um centro comercial, um apart-hotel com 13 pisos e, no quarteirão, a norte, um centro comercial de dois pisos, com parque de estacionamento sub-terrâneo que reverteria na extinção da concessão para a autarquia.
Em 14 de Agosto de 1979, seria inaugurado o novo casino.
Construído em duas fases, ocupou, em parte, o chão da “Pensão Demêtrio” que tinha sido adquirida, em 1972, pela Solverde.
Em 1980, começariam os trabalhos de demolição do antigo casino.
Em 25 de Setembro de 1982, foi inaugurado o novo Casino de Espinho.

 
 

Novo Casino de Espinho, no local onde esteve o Café Chinês (depois, o Cine Teatro) e a “Assembleia Recreativa” (depois, o Casino Peninsular e o Casino de Espinho)

sexta-feira, 13 de junho de 2025

25.280 Casinos portuenses

 
No século XIX, o jogo praticava-se nos cafés e nas pensões ou hotéis.
O povo fazia-o nas tabernas de jogo a pataco, recatadas da vista do público e das autoridades.
Por sua vez, os cafés e hotéis eram verdadeiros casinos, com salas próprias para o efeito, onde se apostava forte.
O Café das Hortas, o Café Guichard, o Café Palladium e, sobretudo, o Café Águia d’Ouro, ficaram célebres, neste capítulo, pela mão de alguns dos nossos melhores escritores.
Alberto Pimentel na sua obra “O Porto há 30 anos”, publicada em 1893, referindo-se a factos da década de sessenta do século XIX, dizia sobre a existência de um local de jogo na Foz do Douro:

 
"Dava sobre a praia dos banhos o terraço da Assembleia, cuja principal entrada abria para a rua dos Banhos Quentes. Foi n´essa Assembleia que nasceu a primeira rolêta da Foz. Ha mais de vinte annos, a rolêta era uma innovação recente, que produzia sensação. Alguns pais de familia, que nunca jámais jogaram, iam vêr a rolêta, por simples curiosidade, como se póde ir vêr um monstro, uma fera. Os viciosos tomaram-lhe gosto, e, dentro de pouco tempo, a rolêta popularisou-se, a ponto de começarem a funccionar, além da rolêta aristocratica da Assembleia, varias rolêtas pataqueiras e pelintras. Os puritanos, os caturras da jogatina repelliram a rolêta, e continuaram a frequentar a batota do high-life no Passeio Alegre; os encanzinados no vicio do jogo, ultra-viciosos, frequentavam a rolêta e a batota, - accumulavam."


 
Praia do Caneiro, em 1876  -  Fonte: “As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante” de Ramalho Ortigão (1836-1915); gravuras de Emílio Pimentel ( 1844-1880) e João Pedrozo Gomes da Silva (1823-1890); ed. Magalhães & Moniz
 
 
 
 
 
Na gravura acima publicada na obra "As Praias de Portugal, Guia do Banhista e do Viajante", editado em 1876, talvez numa das casas representadas, funcionasse a Assembleia e aqui estivesse sediado o Casino da Assembleia, a que se referiu Alberto Pimentel. Na primeira à direita, pode ler-se na placa: “Banhos Quentes”.
Em 29/8/1869 foi lá inaugurada uma praça de touros, com uma grande enchente; estariam 2500 pessoas. O delírio pelas touradas durou apenas 2 anos, após os quais mais ninguém lhes ligou. Elas voltariam, no entanto, alguns anos mais tarde.

 
 

À direita, o edifício onde funcionou o Clube de Cadouços

 
 
“O Clube de Cadouços, também conhecido como Casino de Cadouços – Inaugurado em 1881 – funcionando no “Restaurante de Cadouços”, era frequentado pela elite das famílias que iam a banhos, entre Maio e Outubro. Aqui se reuniam às tardes para conviverem, jogarem cartas, bilhar, dominó. Lugar de leitura e conversa, realizava concertos de música de câmara, árias de ópera e canções; teatro, e reuniões dançantes. A partir de 1884 o clube formou uma orquestra amadora composta por sócios. Eram sempre muito concorridos pelo que muitas vezes o difícil era conseguir bilhetes. Aqui se apresentaram os melhores músicos do Porto dessa época (1881/1910). Era comum músicos amadores, mesmo sócios, também executarem obras com grande sucesso. Este clube também tinha uma finalidade beneficente.
Pagava-se uma jóia de 1$000 reis e 6$000 reis por ano.”
Cortesia de “portoarc.blogspot.com”


 
 

Programa do Casino de Cadouços

 
 
A Foz do Douro foi sempre um local onde se praticaram os jogos de sorte e azar, por isso as autoridades procuraram disciplinar a actividade.
É exemplo, a notícia (9 de Agosto de 1900) exibida abaixo, com o devido destaque.


 


 
 
 
No início do século XX, no Jardim do Passeio Alegre, em frente ao chalet do Carneiro existiu, desde 1906, o Casino da Foz, que foi devorado por incêndio em 12 de Julho de 1911, que destruiu o prédio onde funcionava.
O casino da Foz foi registado na “Repartição de Propriedade Industrial”, em 15 de Fevereiro de 1906, por José Lopes Carreira Munhós.
 
 
 

Registo do Casino da Foz
 
 
 
Ainda nas suas primitivas instalações, o Casino da Foz, para a estação balnear de 1910, contrataria o sexteto Anneda, que faria a sua apresentação em ante-estreia na Sala Moreira de Sá.




Casino da Foz, revista “A Arte Musical”, 15 de Agosto de 1910
 
 

Após o incêndio de 1911, o Casino da Foz teria passado para um prédio contíguo, com entrada pela Rua das Motas, nº 9, onde continuou em funcionamento e que era a sede do Clube da Foz.
 
 
 
 
 

À esquerda, haveria de estar o Casino da Foz, devorado por um incêndio, em 1911 - Ed. Alberto Ferreira-Batalha-Porto
 
 
 
 
Após as necessárias obras de restauro das instalações afectadas pelo incêndio, o local foi ocupado pelo “Restaurante Casino Internacional” ou “High-Life”, propriedade da “Empresa do Casino Internacional da Foz, Limitada”, que passou também a explorar a actividade de jogo de fortuna e azar, até aí, do domínio do velho Casino da Foz, sucedendo-lhe nessa actividade.


 
 

O salão do Restaurante Casino Internacional (visível, parcialmente, o seu gradeamento, à esquerda) e no prédio contíguo funcionava o casino – Fonte: Arquivo Histórico Municipal do Porto

 
 
Pela comparação com fotos anteriores, poder-se-á concluir que o prédio, em 1º plano, foi intervencionado e recebeu mais um piso. 
Nele, com entrada lateral, pela Rua das Motas nº 9, funcionou o Casino da Foz, depois do incêndio.
Em 8 de Maio de 1919, o salão do Restaurante Casino Internacional entraria em obras e esse serviço passou a ser oferecido no 1º andar do prédio contíguo (esquina com a Rua das Motas).
Neste prédio, que foi Café e Clube da Foz,  no rés-do-chão, passou a funcionar uma garagem, a partir de 1919.
 
 
 

Anúncio da realização de obras no Restaurante Casino Internacional

 
 

Publicidade ao Restaurante do Casino Internacional, em 15 de Maio de 1919

 
 
Após ter alojado uma alquilaria, o local por onde esteve, primitivamente, o Casino da Foz, foi morada do Colégio Brotero, entre 1931 e 1950.

 
 
 

Perspectiva actual de fotos anteriores – Fonte: Google maps
 
 
 

 

Edifício da Rua das Motas, nº 9 - Ed. “ A Nossa Foz do Douro”
 
 
 
O edifício da foto acima, por onde esteve o Casino Internacional é, hoje, a sede do Orfeão da Foz do Douro.
À saída da ponte Luís I existiu, também, um casino.
Nos finais do século XIX passou a existir o Casino da Ponte, adossado ao muro de suporte dos terrenos da igreja da Serra do Pilar.
O "Casino da Ponte" era um conjunto urbanístico de edifícios contíguos constituído por um restaurante panorâmico, casa de espectáculos e sala de jogo, que funcionaria até finais da década de 1920.
O acesso para o piso principal fazia-se pela rua, depois chamada Rua do Casino da Ponte, à cota do tabuleiro superior da ponte Luís I e distribuía-se ainda, escarpa abaixo, por patamares, pela Calçada da Serra.
 
 
 

Em cima, à direita, a trincheira aberta no morro da Serra do Pilar, em 1905, para permitir a passagem do elétrico
 



O edifício do casino era propriedade de Abílio Loureiro Dias, que o arrendou a José Luís de Couto Querido para, aí, instalar um casino.
Anexo ao edifício do casino que, para além de sala de jogo promovia espectáculos, funcionou o “Grande Restaurante Jardim” (visível a identificação por ampliação da foto acima).
 

 

Casino da Ponte, V. N. de Gaia, à saída da Ponte Luís I

 
 
De notar, que na construção do edifício principal onde se instalou o Casino da Ponte, foram usados os quatro arcos que estavam à entrada do convento de São Bento da Ave-Maria, adquiridos aquando da demolição do mosteiro. Três encontram-se voltados para norte e o quarto para poente, integrando a fachada principal, perfeitamente visíveis na foto acima.
 
 
 
 

Casino da Ponte e os seus arcos, numa vista lateral - Ed. Alvão
 
 
 

Convento de S. Bento da Ave-Maria e os seus 4 arcos
 
 
 
 
 

O Restaurante-Jardim L’Étoile foi inaugurado em 1908
 
 
 

20 de Junho de 1908

 
 
Sobre a inauguração do café e restaurante L’Étoile, escrevia o jornal “A Voz Pública”, em 20 de Junho de 1908.
 
 
 




Ao L’Étoile seguir-se-ia o Restaurante Jardim da Ponte que funcionava, também, com serviço de pensão.
 
 
 

23 de Março de 1913, In jornal “O Comércio do Porto”

 
 
Em 21 de Agosto de 1919, ocorreria um incêndio em todo o conjunto de edifícios que, mais tarde, foi comprado pela firma Barros & Almeida, ligada à produção de vinho do Porto (Porto Barros) e, depois, seria arrendado à empresa de mobiliário, J. Loureiro, Lda.
 
 
 
 

Em 1958, é visível a publicidade ao Porto Barros e ao fabricante de móveis e colchoaria “J. Loureiro, Lda.”

 
 

Construção, em 1963, do muro de suporte do morro onde se encontra a Igreja da Serra do Pilar
 
 
 
 

Ponte Luís I, observando-se o muro de suporte do morro de assentamento da igreja do mosteiro da Serra do Pilar e o intenso trânsito, em 1989
 
 
 
 

Morro da Serra do Pilar, em 1942

 
 

Abertura rasgada, em 1905, à saída da Ponte Luís I, no morro da Serra do Pilar, para permitir a passagem do carro eléctrico

 
 
Em 25 de Outubro de 2016, o edifício devoluto, há anos, que nos tempos mais próximos tinha servido de armazém da fábrica de móveis Lima, foi consumido por um fogo. 
Depois de muitos anos ao abandono, a cadeia espanhola “Vince Hoteles” inaugurou, em 15 de Junho de 2021, uma nova unidade hoteleira, denominada “Vince Ponte de Ferro”, após a sociedade gestora de património “Caler Advisory & Asset Management”, gestora do fundo de investimento “RSR Singular Assets Europe”, ter adquirido o complexo de edifícios e, depois, de totalmente remodelado o ter entregue àquela cadeia espanhola.
O projecto foi do arquitecto José Gigante e do gabinete de arquitectura catalão “GGV Arquitetura”.
 
 
 
Hotel Vince Ponte de Ferro
 


No antigo Palácio de Cristal funcionou numa das suas naves laterais, durante alguns anos, o Casino do Palácio de Cristal, com fotos abaixo.
 
 
 

Casino do Palácio de Cristal - Ed. Foto Alvão


 

Sala de jogo do casino do Palácio de Cristal - Ed. Foto Alvão


 
Muitos outros locais ficaram ligados à “jogatana” na cidade, de que se destaca, ainda, o caso do “London Club”.
Em 15 de Junho de 1918, o periódico “ILLUSTRAÇÃO CATHOLICA” dava conta da abertura nas instalações do antigo Hotel Bragança, sito na Rua de Entreparedes, do denominado “ London Club”, que tinha sido inaugurado, algumas semanas antes, no dia 30 de Março.
 
 
 
“Abriu no sabbado da Alleluia esta casa de recreio, instalada no vasto predio do antigo Hotel Braganca á rua de Entreparedes, no Porto, sendo a unica no genero do Norte do Paiz. Deve-se esse melhoramento á iniciativa de rapazes pertencentes á bôa sociedade portuense, na vanguarda dos quaes é justo mencionar os nomes de Alberto Carneiro da Rocha, Casimiro Coelho de Lacerda, Julio Paulo dos Santos e AméricoTeixeira, que não olharam a esforços e sacrificios para preencher essa lacuna na segunda cidade do Paiz e que mereceu as melhores referencias da Imprensa”.
 



Entrada do “London Club” - Ed. ILLUSTRAÇÃO CATHOLICA


 

Sala de Jogos do “London Club” - Ed. ILLUSTRAÇÃO CATHOLICA
 

 
 

London Club
 
 
À esquerda da foto (com a Praça dos Poveiros em fundo) esteve o “London Club”, num prédio que já foi esquadra de polícia.
Uma eficaz legislação para a regulamentação da “Lei de Exploração do Jogo” surgiria, apenas, em 3 de Dezembro de 1927 e, a partir daí, com regras definidas e bem claras.