Ateneu Comercial do Porto
Em 29 de Agosto de 2019, passam 150 anos sobre o aparecimento de uma
das mais prestigiadas instituições da cidade do Porto.
Como um clube do seu tempo, a Nova Euterpe começou por ser um clube
privado, apenas de portas abertas para os seus sócios, mas cedo as abriria à
sociedade, e nas suas novas instalações, na Rua de Passos Manuel, desde 1885,
tornou-se um local de encontro de jornalistas, intelectuais e músicos.
O Ateneu Comercial do Porto, Associação de Cultura,
Instrução e Recreio, resultaria da fusão de outras instituições congéneres que
não vingaram, fundadas por comerciantes e caixeiros da cidade do Porto, entre elas, a Sociedade Euterpe que teve sede num palacete do Largo do Corpo da Guarda e a Sociedade Alexandre Herculano com sede na Rua da Porta do Sol, nº 22.
Ao longo dos anos o Ateneu Comercial continuaria a receber,
no seu seio, sócios de outros clubes da cidade, que entretanto encerraram. Foi
o caso do Clube Lusitano, que esteve sedeado no 1º andar do prédio, onde
durante grande parte do século XX, esteve a “Casa de Espanha”, a S. Lázaro.
Para que fosse possível levantar a sua nova sede, a Sociedade Nova
Euterpe lançou mão de um empréstimo público.
Era, à data, o tesoureiro da instituição, José Dias Alves Pimenta, um
abastado Brasileiro de torna-viagem, morador na Rua de Sá da Bandeira que, seis
anos mais tarde, iria habitar um modelar “chalet”, por si mandado construir, na
Rua de Nova Sintra, paredes meias com o horto de Aurélio da Paz dos Reis.
Como se pode observar, no anúncio abaixo, o primeiro nome do tesoureiro
foi trocado de José para João. Coisas que acontecem!
José Dias Alves Pimenta, durante vários anos, foi também presidente da
agremiação.
In jornal “O Comércio do Porto”, de 2 Julho 1882
Ateneu Comercial na Rua Passos Manuel, nº 44, em 1885
No seu emblemático Salão Nobre, Antero de Quental lançou a Liga
Patriótica do Norte, durante a luta empreendida contra o Ultimato Inglês,
Miguel Torga receberia o seu primeiro prémio literário e seria, ainda aí, em
sequência da revolta de 31 de Janeiro de 1891, levado a cabo um aceso debate.
Mouzinho da Silveira e Roberto Ivens fizeram, lá, para plateias
atentas, empolgantes descrições das suas viagens por África.
Para a posteridade, ficaria também o Ateneu, como o local em que a
violoncelista Guilhermina Suggia deu o seu primeiro concerto.
Salão Nobre do Ateneu Comercial do Porto – Cortesia “rampa.pt”
Na sua preenchida e rica biblioteca, o Ateneu, para além duma primeira
edição dos Lusíadas, possui uma bíblia hebraica de 1500, uma edição ilustrada
de D. Quixote de La Mancha, de 1886, e uma edição de Hamlet, de William
Shakespeare, traduzida pelo rei D. Luiz I, que tem uma sala com o seu nome.
Na chamada Sala das Sessões ou da Direcção estão expostos, nas suas
paredes, alguns quadros com os retratos de diversas personalidades, como as dos
exploradores africanos, Roberto Ivens ou Mouzinho da Silveira (a sua espada foi
oferecida pela esposa ao Ateneu Comercial do Porto) ou o de Bento Carqueja,
antigo director do jornal “O Comércio do Porto”.
Sala das Sessões do Ateneu Comercial do Porto – Cortesia Ricardo
Castelo/Observador
No Ateneu Comercial, eram entregues anualmente os prémios Xavier da Mota,
por decisão testamentária do benfeitor, aos quais aquele jornal também estava
ligado pelo seu envolvimento no levantamento de bairros sociais na cidade, em
que um dos primeiros, até se chamou “Bairro Xavier da Mota”.
Nos anos 40 do século passado, o edifício sofreria uma intervenção, em
parte, com a orientação do arquitecto Amoroso Lopes e, em sequência dela, em 27
de Março de 1950, procedeu-se à inauguração das novas instalações.
As mulheres dos sócios do Ateneu começaram por acompanhar os maridos,
que até tinham direito a uma pequena barbearia dentro de uma das casas de
banho, mas só no século XX, a partir dos anos 60, foi possível tornarem-se
sócias.
Com tantos anos de existência, as histórias que se contam sobre a
prestigiada instituição da cidade, são diversas.
Uma delas, conta que, Sousa Viterbo, médico, arqueólogo e sócio do
Ateneu, após ter cegado, continuou o seu trabalho apoiado na sua filha Sofia.
Hoje, com um busto de Sousa Viterbo exposto no Ateneu, encontra-se um
outro, mesmo em frente àquele, de sua filha Sofia, pretendendo-se, assim, fazer
alusão à ligação dos dois em vida, feita através do olhar.
Desde que seja feito um aviso prévio, é possível visitar as instalações
do Ateneu Comercial do Porto, em horário vespertino, com excepção da sua
biblioteca, que aguarda uma intervenção de manutenção.
Como Sociedade Nova Euterpe, desde 29 de Agosto de 1869,
passaria a ser, então, a partir de 23 de Março de 1884, o Ateneu Comercial do
Porto.
“A história deste clube, que
começou por ser uma sociedade recreativa (Sociedade Nova Euterpe,
fundada em 29 de agosto de 1869. Euterpe foi uma das nove musas da mitologia
grega. Era a musa da música) e que acabou por se tornar num clube burguês, está
intimamente ligada à própria história da cidade do Porto, identificando-se
especialmente com as suas atividades culturais e cívicas.
Ainda hoje os
ideais desta associação mantêm uma "cultura da pluralidade",
recebendo e promovendo atividades culturais e artísticas num clube privado
aberto à cidade. Esta tendência de disponibilizar ao exterior o usufruto de
alguns dos seus espaços remonta às suas origens, no século XIX. Contrariamente
às restantes sociedades burguesas, o Ateneu abria as suas portas a estudantes,
jornalistas e intelectuais, que frequentavam a sua sala de leitura.
Este lugar,
criado pelos comerciantes e caixeiros-viajantes, estava recetivo às diferentes
elites, convivendo pacificamente com o cruzamento da modernidade e da tradição,
e não assumia uma atitude snob, bastante comum a muitos destes clubes
privados. Os hábitos e costumes dos clubes burgueses do século XIX foram-se
perdendo, mas esta associação portuense aposta na promoção de um variado
conjunto de atividades culturais.
Depois de 1834, a
tradição dos bailes e dos saraus da aristocracia foi retomada pelas elites
burguesas liberais, como forma de se afirmarem na sociedade.
A Sociedade Nova
Euterpe, que esteve na origem do Ateneu Comercial do Porto, surgiu, em Agosto
de 1869, pela fusão de alguns clubes recreativos (frequentados por
caixeiros-viajantes) como Terpsicore Comercial Euterpe, Callanira e Club
Recreativo Portuense.
Este último foi
inaugurado, na atual Avenida Saraiva de Carvalho em 2 de fevereiro de 1868.
Em 1871 o Club
Recreativo Portuense seria integrado na Nova Euterpe.
Com o intuito de
promover o progresso moral e material dos seus associados, o Ateneu do Porto
teve em B. Alves Costa o seu principal fundador, seguido depois por Alves de
Azevedo, Xavier da Mota e Agostinho Leão.
A primeira sede
desta sociedade, na Rua da Porta do Sol, foi mais tarde substituída, a 31 de
maio de 1885, por um edifício mais apropriado, situado na Rua de Passos Manuel,
no centro da Baixa portuense.
Em 1884, um ano
antes da inauguração solene da nova sede, a instituição era então presidida por
Manuel Emílio Dantas. Entretanto, devido a uma alteração dos estatutos,
acordada a 23 de março, deixou de se chamar Sociedade Nova Euterpe e passou a
designar-se por Ateneu Comercial do Porto”.
Fonte: Infopédia
Publicidade à "Terpsicore", em 6 de Fevereiro de 1861 - Fonte: jornal "O Comércio do Porto"
“O Ateneu
Comercial do Porto, Associação de Cultura, Instrução e Recreio, foi fundado em
29 de Agosto de 1869 e resultou da fusão de outras instituições congéneres que
não vingaram, fundadas por comerciantes e caixeiros da cidade do Porto.
Por divisa escolheu
«Inter Folia Fructus», que retracta o seu propósito de «... promover e cimentar
relações de benevolência e boa sociedade entre os associados e
proporcionar-lhes um passatempo honesto e civilizador por meio de reuniões
ordinárias, dança e leitura, conversação e jogo lícito».
Associação ímpar
no seu género, com cariz de clube privado, onde convivem atividades lúdicas e
culturais, tem sede em edifício próprio, na Rua de Passos Manuel, n.º 44, desde
Maio de 1885.
Dotado de
magníficas instalações, dispõe de um salão nobre, polivalente, biblioteca,
restaurante, bufete, bar, barbearia, sala de visitas, salas de jogos, salões de
bilhar e sala de leitura, para além das salas D. Luís e Dr. Uva.
Desde as suas
origens de sociedade recreativa, até às extravagâncias de clube burguês, não
esquecendo a tradição dos bailes, saraus e tertúlias, onde sempre contou com a
presença da velha e nova aristocracia, nunca deixou de se identificar com o
Porto e os seus movimentos cívicos e culturais.
A sua peculiar
identidade, permitiu-lhe acolher todas as elites, de distintas sensibilidades,
poderes e contra-poderes, nunca assumindo conotações marcadas com qualquer
grupo, sobrevivendo desta forma às vicissitudes do desenrolar da história.
Seguramente, é esse o seu maior património, ou seja, uma cultura de
pluralidade, tolerância e independência, face a qualquer credo político ou
religioso, postura essa que continua a cultivar, contando entre os seus sócios,
com nomes influentes de todos os quadrantes e tendências ideológicas.
É riquíssimo o
historial desta Instituição e quiçá fastidioso para quem consultar esta página,
enumerar os eventos de projeção nacional e internacional realizados ao longo de
quase 141 anos de vida - durante os quais sempre convidou e abriu as suas
portas aos cidadãos do Porto – e por onde passaram figuras de grande prestígio
nacional e internacional, no domínio das letras, artes plásticas e cénicas,
música, política e ciência.
Não menosprezando
o seu valioso património artístico em quadros a óleo, escultura e faiança, bem
como coleções de cariz numismático e medalhístico, a sua "joia da
coroa" é a Biblioteca, considerada uma das melhores bibliotecas privadas
da Península Ibérica. O seu recheio bibliográfico é de grande valia, possuindo
um espólio superior a 40.000 títulos e 80.000 volumes, destacando-se, de entre
muitas raridades, a primeira edição de "Os Lusíadas", uma edição da
Bíblia datada de 1500 e alguns escritos de Fernão Lopes”.
Fonte - Site: “ateneucomercialporto.pt”
Fonte: “pt.wikipedia.org/”
Assembleia
Portuense e Club Portuense
A sociedade portuense, por vezes, associou-se em clubes e agremiações,
que foram motores de diversão e de comunhão de interesses da mais variada
ordem.
“A Assembleia
Portuense é disso um exemplo, sendo fundada em 31/5/1834 na antiga Praça
da Erva, depois Largo do Laranjal e finalmente Praça da Trindade.
Pretendeu-se criar um local onde os associados pudessem encontrar-se para
conversarem, jogarem “jogos lícitos” e lerem. Também aí se realizavam bailes de
grande agrado dos sócios em que eram servidas bebidas e doces. Interessantes
eram algumas das regras que proibiam os associados de entrar em certos locais
com capote, chapéu e galochas que deveriam deixar na portaria. Só na sala de
bilhar e de leitura era permitido usá-los. Era proibido cuspir, assobiar,
discutir alto para não perturbar a ordem. Na sala de leitura o silêncio deveria
ser absoluto.
Este clube
destinava-se à mais alta burguesia.
Jocosamente
chamavam à sala de convívio o “Palheiro”, pois tinha o chão forrado com uma
“alcatifa” em esparto para maior comodidade dos sócios.
Ironicamente,
Camilo afirmou desconhecer a razão, mas como esta palavra vem de palha, talvez
fosse para designar o alimento dos que a frequentavam.
Em consequência
do empobrecimento de alguns por força das lutas políticas dos anos 40 do séc.
XIX, houve muitos sócios que abandonaram a Assembleia Portuense pelo que esta
sofreu graves prejuízos.
Todas as noites
era distribuído gratuitamente pelos presentes chá e bolos. Em 1842 tinha mais
de 300 associados.
Pretendeu a
Direcção acabar com o referido chá gratuito, o que causou grande divisão entre
os associados. Realizaram-se diversas A.G. e ao fim de mais de um mês de
discussões, os que pretendiam continuar com este costume perderam a votação em
A. G. pelo que decidiram fundar uma nova associação.
O novo e
aristrocrático clube fundado em 24/5/1857, seria chamado de Club Portuense.
No desenho abaixo
está o edifício da Praça da Trindade, onde até 1857 esteve a sede da Assembleia
Portuense e nos 67 anos seguintes o Club Portuense após a cisão dos sócios e
que foi, ainda, residência dos Ferreirinhas.
Fariam parte do
Club Portuense, várias dezenas de personalidades da Cidade do Porto, entre os
quais se encontravam proprietários, futuros titulares, homens de governança da
Cidade e diversos estrangeiros, nomeadamente ingleses cuja colónia detinha uma
grande influência na sociedade e economia da Cidade, que viriam a dar sentido
ao novo clube.
A Assembleia de
Constituição foi na Casa da Fábrica, mais tarde infelizmente destruída. Era uma
das mais belas casas do Porto e foi prometido reconstruí-la na Cordoaria, mas
nunca tal veio a acontecer.
Em 1924 mudou-se
para a Rua de Cândido dos Reis, para o edifício aí construído pelo Conde de
Vizela, onde ainda hoje se encontra.
Na década de
1980, o edifício foi adquirido pelos sócios ao antigo banqueiro António Brandão
Miranda.
Este clube teve
desde o séc. XIX uma intensa vida social, onde se realizaram dos melhores
bailes da cidade, além de muitas outras actividades. Recebeu a visita de D.
Pedro V em 1860 e da família Real, D. Luís, a rainha e seus filhos, em 1863; D.
Carlos, em 1884, D. Manuel II, em 1908.”
Com a devida vénia a portoarc.blogspot
Palacete Ferreirinha e sede da Assembleia Portuense de 1834 até 1857, e
do Club Portuense até 1924
Em 1837, era presidente da Assembleia Portuense fundada em
1834, António Joaquim da Costa Carvalho, mais tarde, barão de S. Lourenço.
Desde a fundação a Assembleia Portuense passou a ocupar a
única ala do palácio (o projecto de construção respectivo é anterior a 1825) já construída (a sul), e o seu salão de baile só
seria inaugurado quando terminou a construção do seu corpo central.
Este ficaria concluído em 1840, e passou a ser o salão nobre da colectividade, onde viriam a ter lugar os célebres bailes.
Entretanto, eles já vinham sendo realizados e, por exemplo, em 1837, tiveram lugar, cinco.
Palacete dos Ferreirinha. À esquerda, a Assembleia Portuense, depois, o Club Portuense e, à direita, a residência de António Bernardo Ferreira (filho) - Ed. Alvão (1916)
"Esse palácio tinha sido comprado por António Bernardo Ferreira, marido de D. Antónia Adelaide Ferreira, a Custódio Guerner, de nacionalidade inglesa, com a condição de serem acabadas as obras que se estavam a fazer para a Assembleia Portuense.
(...) Concluído o corpo central, correspondente ao salão nobre, foi este inaugurado com um sumptuoso baile e terminada a ala oriental do Palácio, para ali se transferiu a Assembleia, fixando António Bernardo Ferreira, filho do dono do edifício, a sua residência na ala ocidental."
Brigadeiro Nunes da Ponte, In revista Tripeiro Vª série, Ano I, Setembro de 1945
No texto anterior, o nome do proprietário inicial do imóvel é, de facto, Cristovão Guerner, conforme se pode observar no desenho integrante de projecto apresentado a seguir.
Deve também ter-se em conta que o autor do texto, quando se refere à ala oriental, quererá referir-se à ala norte e, quando o faz para a ala ocidental, deverá ler-se, ala sul.
Reprodução de um desenho, de alçados de vários edifícios da Praça da Trindade, aprovada em 1825. Com legenda: «está por edificar desde A
até B, terreno pertencente a Cristovão Guerner, e já edificado desde B a C,
menos o ático ou o andar superior».
A construção do edifício, mais a norte, e que complementa o conjunto teve licença de construção nº 346 de 1842, solicitada por António Bernardo Ferreira.
Por sua vez, a criação do Club Portuense, em 1857, resultaria,
de uma ruptura acontecida no seio da Assembleia Portuense, criada cerca de 20
anos antes. Tudo se ficaria a dever à chamada questão do chá, que envolvia a
exigência de direitos entretanto adquiridos pelos sócios, na primitiva
instituição.
O Club Portuense que se instalaria no Palacete de Bernardo
Ferreira, à Praça da Trindade, fá-lo-ia através de um contrato de arrendamento
por dez anos que, expirado esse prazo, acabaria por ser renovado por mais
outros dez.
«O jornal “O Porto e a
Carta”, de 21 e 23 de Dezembro de 1859 (pág. 3 e folhetim), noticia de que, no
dia 19 desse mês, ocorre “o 2º baile do Club Portuense, com 120 mulheres até às
5h da manhã”»
Cit. de Porto Desaparecido
Ao longo dos quase 150 anos da sua História, o Clube Portuense fundado na Casa da Fábrica, cedida pela família
Souto e Freitas, teve como sede o Palacete Ferreirinha, no
Largo da Trindade, edifício entretanto demolido e a actual sede na Rua Cândido
dos Reis, edifício então mandado construir pelo Conde de Vizela.
De facto, foi no dia 24 de Maio de 1857 que, foi celebrada na residência particular de Domingos Augusto da Silva Freitas, o Clube Portuense, onde a reunião então efectuada tomou o carácter de uma sessão solene de instalação.
A comissão organizadora dos trabalhos foi constituída pelo Dr. Joaquim Vieira de Magalhães, Dr. Sebastião de Almeida e Brito, Dr. José Pereira Reis, Dr. Evaristo José de Araújo Basto e dR. José Frutuoso Aires de Gouveia que, na qualidade de secretário da reunião, fez um vibrante discurso de justificação do surgimento da nova associação.
A primitiva Assembleia Portuense foi contemporânea, então, da Associação Civilizadora Portuense, constituída em 1837, e extinta em 1848, da Associação Recreativa, em 1847, e depois, da Sociedade Filarmónica Portuense que viria, mais tarde, a associar-se ao Clube Portuense.
A Sociedade Filarmónica, fundada em 22 de Novembro de 1840, no dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, teve como principal fundador,
Francisco Eduardo da Costa que patrocinou nas instalações da agremiação,
inúmeros serões de arte musical.
Todas as outras agremiações tinham por fim reuniões
familiares de que se destacavam os bailes.
Quando o Clube Portuense se fundiu com a Sociedade
Filarmónica, ao tempo instalada na Rua do Laranjal, em 1880, a Assembleia
Portuense começava a tentar juntar-se novamente, ao Clube Portuense.
Para o efeito, foram constituídas pela Assembleia Portuense
várias comissões que tentaram junto do clube Portuense promover a desejada
fusão.
Em Maio de 1889, era feito novo ensaio, sem resultado,
repetido em 1891, quando o Clube Portuense exigiu que o convite fosse feito por
escrito.
No mês de Outubro de 1891, o senhorio das instalações do
Clube Portuense, Bernardo Ferreira, impôs para renovação do arrendamento as
seguintes condições:
- Ter uma chave da porta interior que de sua casa dava para o clube;
- Ficar dispensado de pagar, daí em diante, qualquer quota
como sócio;
- Poder assistir, acompanhado das pessoas que entendesse, de
uma das janelas que dão para o salão de baile, às festas que nele se
realizassem.
Neste momento, começa a germinar no seio do Clube Portuense
aceitar o convite de há vários anos de fusão com a Assembleia Portuense.
Nomeada uma comissão, em 1 de Fevereiro de 1892, de qual
fazia parte Cristiano Vanzeller, Visconde de Vilarinho de S. Romão e Dr. Couto
Brandão para elaborar os pareceres para que a fusão se efectivasse e estando os
mesmos praticamente prontos, aparece o sócio Andresen Júnior com a informação
de que Bernardo Ferreira estava na disposição de fazer o arrendamento por mais
cinco anos.
Foi a machada final no assunto.
O Clube Portuense continuaria a sua actividade promovendo as
suas famosas festas e os bailes de que se destacam os oferecidos aos Soberanos
quando de visita à cidade.
O último baile Real aconteceria em 1908, aquando da visita
de D. Manuel II e de sua mãe, D. Amélia.
Entretanto, a Câmara decide expropriar o Palacete da
Trindade.
A solução para as novas instalações passa pela negociação, a
partir de 1917, encetadas com o Conde de Vizela.
Depois de obras demoradas na edificação de um novo prédio no
Bairro das Carmelitas, é decidido a renda a pagar pelo clube ao proprietário,
se bem que as remodelações e equipamentos interiores fossem da responsabilidade
dos futuros ocupantes.
Em Junho de 1924, uma delegação faz entrega da chave do
Clube no Município.
Em 23 de Fevereiro de 1925, realiza-se na Rua Cândido dos
Reis, o primeiro baile, de cuja festa foram encarregados da organização Carlos
Guerreiro, Dr. Vasco Valente e Ricardo Spratley.
Presidia então à Direcção o Dr. José Domingos de Oliveira,
ilustre médico que no mês de Maio seguinte faleceria em Paris.
“O Club Portuense
teve uma vida social muito activa na segunda metade do século XIX, tendo
organizado diversos “Bailes em Honra dos Reis de Portugal”, por
ocasião das suas visitas à cidade do Porto. Com largo eco na imprensa da
época, estas festas foram estudadas pelo Sr. Brigadeiro Nunes da Ponte e
publicadas no seu livro “Recordando o velho Porto”.
Em 1880,
fundiu-se com a Sociedade Filarmónica Portuense, criando o Grémio
Portuense, que passou a incorporar o seu acervo musical.
Este, apesar de
uma doação parcial à Câmara Municipal do Porto, ainda hoje permanece
parcialmente nos seus acervos arquivísticos.
Em 1924, o Club Portuense
instalou-se na sua actual sede na Rua Cândido dos Reis, tendo mais tarde o
edifício sofrido obras de melhoramentos, nomeadamente através
da intervenção do decorador Viterbo.
As decorações do
Salão de Baile e da sua Sala de Jantar, ao gosto revivalista neoclássico –
semelhante ao que o mesmo decorador introduziu na Casa dos Viscondes de
Villar d’Allen, na Rua de António Cardoso, no Porto – ainda hoje permanecem
como ex-libris do clube.
Na década de 1980, o edifício foi adquirido pelos sócios ao antigo banqueiro António Brandão Miranda, sendo hoje considerado como uma das salas de visita mais interessantes da Cidade do Porto”.
Fonte: ruasdoporto.blogspot.pt
Na década de 1980, o edifício foi adquirido pelos sócios ao antigo banqueiro António Brandão Miranda, sendo hoje considerado como uma das salas de visita mais interessantes da Cidade do Porto”.
Fonte: ruasdoporto.blogspot.pt
Entrada do Club Portuense - Fonte: In "clubportuense.com"
Club Portuense, na Rua Cândido dos Reis, nº 24 - Fonte Google Maps
Entretanto, a Assembleia Portuense, a partir de 1859, teria a sua sede (na foto abaixo), próximo do local onde hoje se encontra o Clube dos Fenianos, tendo sido ocupada, posteriormente, pela “Casa Fotográfica União”, vinda da Praça Santa Teresa e o edifício sido demolido, em 1915, aquando da construção da Avenida dos Aliados.
Sede, desde 1859, da Assembleia Portuense - Ed. Photo Guedes
Na foto acima, em destaque, a Assembleia Portuense, na Praça
da Trindade. O arruamento que atravessa a imagem é a Travessa da Trindade, a
que se seguia, depois da Rua do Almada, até à Picaria, a Travessa do Pinheiro.
À direita, vê-se uma pequena faixa do jardim do Cinema Trindade.
À direita, vê-se uma pequena faixa do jardim do Cinema Trindade.
Em 7 de Março de 1903, vai à praça, por decisão judicial, o prédio da Praça da Trindade onde estava instalado a Assembleia Portuense.
Em 1 de Dezembro de 1908, ali se realizou um banquete
oferecido pela magistratura portuense ao ministro da Justiça,
Campos Henriques.
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