sábado, 18 de março de 2017

(Continuação 19) - Actualização em 23/04/2020

“O Comércio do Porto”

"O Comércio do Porto" foi um jornal fundado em 2 de Junho de 1854 por Henrique Carlos Miranda e Manuel Sousa Carqueja, com a designação, "O Commercio".
Os escritórios da Redacção, de 1854 a 1857, ficavam na Rua de S. Francisco nº 12-13, com uma passagem muito breve no arranque, na Rua de Belomonte. De 1857 a 1929 o jornal passou para a Rua da Ferraria de Baixo (actual Rua Comércio do Porto), e entre 1929 e 1991 ocupou instalações na Avenida dos Aliados e, finalmente até 2005, um prédio na Rua Fernandes Tomás na esquina com a Rua Dr. Alves da Veiga.
Tendo começado como tri-semanário em 1854, em Janeiro de 1855 passou a diário e, no ano seguinte, adoptou a designação "O Commercio do Porto" que manteve até ao fim, com a devida actualização ortográfica ocorrida em 1911.
A sua última edição foi impressa em 30 de Julho de 2005.
Quando se deixou de publicar, era o segundo mais antigo jornal português, a seguir ao "Açoriano Oriental" que continua nas bancas.


Gabinete da direcção do “Commercio do Porto” em 1896


Sobre “ O Comércio do Porto” Alberto Bessa, In O Tripeiro, 3ª série, 1º ano, escreve:

“Mantendo hoje o decanáto da imprensa do Porto [1926] é, incontestavelmente, em formato, em methodo e norma de vida, e em importancia, o primeiro diario da cidade invicta, que n'elle tem o mais denodado e audaz palatino dos seus interesses, seja qual for a acepção em que a palavra interesse possa ser tomada dentro dos limites do confessavel. Apenas com o titulo O Commercio, apareceu o seu primeiro numero em 4 de Junho de 1854, n'um formato pequeno, de 46X33 centimetros, como que a mêdo de tentar a vida, que no futuro havia de desabrochar em continuos triumphos e em completo successo. Foram seus fundadores Manuel de Sousa Carqueja, dr. Henrique Carlos de Miranda e Xavier Pacheco, e destinava-se a sahir á luz apenas trêz vezes por semana - ás segundas, quartas e sextas-feiras, com informações que interessassem á Praça do Porto, então, como hoje, o centro commercial das provincias do norte do paiz.
Atravessou varias crises, que puzeram, por vezes, em perigo a sua existencia, mas teve sempre a amparal-o a energica actividade e a confiada previsão do seu fundador Manuel de Sousa Carqueja, que nunca abandonou aquele fillho, certo de que elle havia de vir a honrar-lhe a memoria. Manuel Carqueja e Henrique de Miranda foram os unicos de todos os accionistas da empreza primitiva, que não se deixaram levar do desanimo que a todos os restantes avassalára e os fizera retirar.
O seu primitivo titulo era apenas O Commercio, como já dissemos, mas logo a 2 de Janeiro de 1856 passou a adoptar o titulo que ainda hoje mantém [1926], augmentando de formato, como que para demonstrar aos que o supunham moribundo, que se sentia com forças e com vontade de avançar pela vida fóra. E tanto progrediu e tanto avançou, que ahi o vemos hoje, com os seus setenta e dois annos de existencia, com a sizudes e a severidade que um tal numero de annos justifica, mas modernisado, com a vivacidade e a compostura de um rapaz bem educado, filho de boa familia, que o era, com effeito, a que lhe deu o ser. O Commercio do Porto, mantendo a dignidade da profissão jornalistica, pela escrupulosa correção dos seus processos de trabalho, é hoje, sob a intelligentissima direcção do snr. dr. Bento Carqueja, uma verdadeira potencia, não honrando apenas a cidade do Porto, mas simultaneamente toda a imprensa do Portugal. Têem sido seus collaboradores, entre muitos outros, Camilo Castello Branco, visconde de Benalcanfor, José Joaquim Rodrigues de Freitas, Arnaldo Gama, I. de Vilhena Barbosa, José da Silva Mendes Leal, Manuel Pinheiro Chagas, Antonio de Serpa, José Luciano de Castro, Rangel de Lima, etc.”


António Joaquim Xavier Pacheco foi redactor de “O Comércio do Porto” desde a sua fundação até ao seu falecimento, em 13 de Setembro de 1863. No dia seguinte ao seu falecimento noticiava, a propósito, aquele jornal.


 


 
 
No mesmo número do jornal era feito o elogio fúnebre de Xavier Pacheco.









Camilo Castelo Branco tinha muita estima por Xavier Pacheco, pois, segundo contou o escritor tê-lo-á ajudado, em certos momentos, ao adquirir alguns dos seus escritos.
No dia 22 de Setembro de 1863, Camilo Castelo Branco, em modo de elogio fúnebre, faz publicar em “O Comércio do Porto”:

 
 


 
 
…E terminava do seguinte modo:



 


 






Sede do “O Comércio do Porto” na Avenida dos Aliados




“O Primeiro de Janeiro”



Tendo “O Primeiro de Janeiro” saído pela primeira vez para as bancas, em 1 de Dezembro de 1868, com uma linha editorial inspirada na revolta da “Janeirinha” ocorrida cerca de um ano antes, a 1 de Janeiro, que conduziu ao fim do período chamado da Regeneração esteve, este jornal, desde 1921, num edifício que hoje, devidamente remodelado, alberga o Centro Comercial “Via Catarina”.
Antes de 1921, já aí tinha estado um outro prédio, mandado construir em meados de 1865, pelos capitalistas Inácio Pinto da Fonseca e Manuel José Prado.
Na génese do jornal “O Primeiro de Janeiro”, esteve o jornal panfletário, “A Revolta de Maio”, lançado por António Augusto Leal e publicado, entre 1 de Junho e 31 de Agosto de 1868.
António Augusto Leal era o dono da tipografia e L. A. da Fonseca, o editor.
Suspensa a publicação do jornal “A Revolta de Maio”, regressaria às bancas em 1 de Dezembro desse mesmo ano, agora com o nome de “O Primeiro de Janeiro”.
Vai ser já com a intervenção do capitalista Gaspar Ferreira Baltar, que assume a administração em 1869, com a ajuda do seu filho, que a publicação passará de bissemanário (saía às 2ªs e 5ªs Feiras) a diário.
Gaspar Ferreira Baltar era um brasileiro de torna-viagem que, em termos políticos, pertencia a um grupo liberal progressista denominado “Centro Eleitoral Portuense”, que passa a ver os seus desígnios políticos, explicitados naquele jornal.



Rua do Almada, nº 161 (o prédio do meio), possivelmente, a tipografia de António Augusto Leal, onde tudo terá começado – Fonte: Google maps



Rua da Fábrica, nº 1 (primeira porta), uma das moradas do jornal “O Primeiro de Janeiro” – Fonte Google maps



Em 1870, pela mão de Gaspar Ferreira Baltar, “O Primeiro de Janeiro” que tinha passado pela Rua do Almada, nº 161 e, depois, pela Rua da Fábrica, nº 1, instala a sua redacção e a tipografia, segundo o Prof. Doutor Eduardo Filipe Valente Cunha da Silva Aires, “ (…) na Rua de Santa Catarina, em cujo 2º andar, ele próprio viveu. Morreu em 29 de Janeiro de 1899”.



Cabeçalho do jornal “O Primeiro de Janeiro”, com Gaspar Ferreira Baltar como proprietário. Atendendo à data visível, possivelmente, referente ao ano de 1879, ou 1884, ou 1890


Com o desaparecimento de Gaspar Baltar, sucede-lhe no comando do jornal o seu filho e o empresário e jornalista Joaquim Pacheco.
Este, seria Director do jornal "O Primeiro de Janeiro" até 25 de Abril de 1907 e, novamente, de 30 de Outubro de 1910, até á sua venda, a 29 de Junho de 1919, tendo a seu lado sempre Gaspar Baltar (filho).
Joaquim Pacheco dizia residir na Rua Formosa, 294, como se pode constatar nos documentos abaixo, mencionando neles, em 1908, aquela morada como referente também ao jornal (mais do que uma vez).



Requerimento de pedido de licença (nº 345/1908) solicitada à Câmara do Porto, indicando como morada do jornal “O Primeiro de Janeiro”, em 1908, a Rua Formosa, 294 – Fonte: AHMP



No prédio que apresenta na varanda os mastros de bandeiras vivia em 1908, Joaquim Pacheco – Fonte: Google maps


“António Augusto Leal era proprietário de uma tipografia, tendo decidido criar um novo jornal na cidade do Porto. O jornal não teve grande sucesso na altura, apenas sobrevivendo com o auxílio de um comerciante regressado do Brasil, Gaspar Baltar, o qual, em 1869 se tornou administrador daquela publicação, ficando o seu filho homónimo com a direcção editorial. Com uma visão empresarial mais moderna e uma preocupação de realizar bom jornalismo, pai e filho não apenas salvaram o jornal, como o mesmo se tornou numa referência no sector.
Em 1870 dá-se o grande salto, passando a dispor de boas instalações na rua de Santa Catarina. Com o deflagrar da Guerra Franco-Prussiana em 1870 o Primeiro de Janeiro consegue o seu primeiro grande sucesso, ao aceitar uma proposta de receber os telegramas de correspondentes alemães. É que a concorrência, de tendência afrancesada, recusou tal ideia e apenas transmitia informações, muito controladas, por parte dos franceses. Assim, quando os alemães entraram em Paris foi uma surpresa para os leitores dos outros jornais, enquanto os de O Primeiro de Janeiro acompanhavam muito mais realisticamente o desenrolar da guerra. Com esse prestígio a tiragem passou de 3 mil exemplares em 1870 para 15 mil no final da mesma década.
Contou entre os seus colaboradores dos mais prestigiados intelectuais da época: Camilo Castelo Branco, Alberto Pimentel, Guilherme de Azevedo, Guerra Junqueiro, Latino Coelho, Ramalho Ortigão, Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Gomes Leal ou António Nobre.
Com a morte de Gaspar Baltar (pai) em 1899, o seu filho, juntamente com Joaquim França de Oliveira Pacheco dão continuidade ao jornal, até que em 1919, fruto de dificuldades financeiras, o jornal é vendido a um grupo de investidores de Lisboa, passando a ter jornalista Jorge de Abreu vindo de “O Século” como novo director.
Em 1923 é novamente adquirido por um conjunto de empresários, liderados por Manuel Pinto de Azevedo e Adriano Pimenta.
Manuel Pinto de Azevedo Júnior, assume a direcção do jornal em 1936, dirigindo-o nos 40 anos seguintes, tornando-o numa referência nacional. A aposta que fez no noticiário internacional (único jornal a abrir com tal secção), bem como o pendor fortemente favorável aos Aliados durante a II Guerra mundial granjearam-lhe grande prestígio e popularidade.
Com a morte de Manuel Pinto de Azevedo Junior em 1978 o jornal entra numa espiral de instabilidade a nível de direcção, perda de leitores e publicidade, passando em 1991 a jornal de cariz regional sob a direcção de Nassalete Miranda.
Em 30 de Julho de 2008, os cerca de 30 jornalistas da redacção do jornal, foram informados de que o título encerraria em Agosto para uma reformulação gráfica, voltando em Setembro numa nova empresa.
Em editorial, a directora Nassalete Miranda anunciou a interrupção da sua publicação pelo período de uma semana.
No dia 3 de Agosto de 2008 surge novamente nas bancas com um novo director, Rui Alas Pereira.”.
Fonte: Wikipédia




Manuel Pinto de Azevedo Júnior (1905-1978) foi director do jornal “O Primeiro de Janeiro” entre 1937 e 1976, vivendo durante muitos anos, a dois passos da redacção, na Rua de Santa Catarina, n.º 326.
 
 
 
“De mãos dadas com a inovação que vira na Bélgica, no tempo em que lá viveu, Pinto de Azevedo Júnior decidiu modernizar O Primeiro de Janeiro, tornando-o pioneiro na introdução da máquina de escrever na redação.
Diretor exímio tornou O Primeiro de Janeiro num jornal de referência que, além de lucrativo, de circulação elevada e repleto de publicidade, foi uma escola de jornalismo para muitas gerações de jornalistas, a «escola do Janeiro», como alguns destes lhe chamavam.
Abriu as portas à cultura e a partir de 1945 permitiu que os grandes pintores nacionais da época pudessem expor as suas obras no piso térreo do edifício do jornal. A sua dedicação no desenvolvimento da imprensa portuguesa marcou todos aqueles que com ele convieram.
(…) Em Novembro de 1976, quando, por motivos de saúde, passou finalmente o testemunho da direção do jornal a Alberto Uva, Manuel Pinto de Azevedo Júnior entregou-lhe um legado singular: uma vela e uma caixa de fósforos. «Isto é para o alumiar, se tudo se apagar cá na casa», disse-lhe. «Um diretor do Janeiro nunca pode ficar às escuras!”
Fonte: “newsmuseum.pt/”







“A 1 de janeiro de 1869, numa altura em que Ferreira Baltar era o diretor, o jornal passou a estar nas bancas diariamente. Herdeiro dos movimentos liberais do Porto, adotou o lema de informar de forma isenta e pluralista.
O Primeiro de janeiro bateu-se bem com os outros dois jornais diários do Porto, o Jornal de Notícias e O Comércio do Porto, e, na década de 30 do século XX, conquistou o estatuto de um dos três jornais mais importantes de Portugal a par do Diário de Notícias e do Século, ambos de Lisboa. Apesar de se assumir como independente, o jornal tinha de se cingir às restrições impostas pela censura do Estado Novo.
Em 1942, o jornal lançou o suplemento literário semanal "das Artes das Letras", que foi publicado com algumas interrupções ao longo da segunda metade do século XX, até ser retomado em junho de 1999. Nas páginas deste suplemento escreveram nomes como José Augusto Seabra e Arnaldo Saraiva.
Após a Revolução do 25 de abril de 1974, uma série de meios de comunicação social foram nacionalizados pelo Estado, mas O Primeiro de Janeiro conseguiu manter-se independente.
O Primeiro de janeiro, que já em finais do século XX perdeu muitos eleitores, privilegia nas suas páginas o Porto e a Região Norte, mas apresenta noticiário de todo o país e do estrangeiro.
O diário tem a particularidade de oferecer diversos suplementos aos seus leitores. Assim, em julho de 1999, apresentou "Justiça e Cidadania", suplemento mensal destinado ao setor forense, e, em setembro do mesmo ano, começou a dedicar semanalmente espaços especiais aos concelhos da região do Porto. Para além disso, disponibiliza mensalmente a revista “Rostos”, dedicada aos eventos sociais do Norte, e o “Sete”, dedicado aos espetáculos e que recuperou o título de um antigo semanário desta área, que marcou a Imprensa dos anos 80”.
Fonte: Infopedia 



“Mais um jornal centenário português que desaparece. Desde o último dia do ano (2014) que o "Primeiro de Janeiro", jornal de referência, editado no Porto, deixou de ser publicado, devido a dificuldades financeiras. Fundado em 1 de Dezembro de 1868, este outrora prestigiado matutino da imprensa nortenha e nacional, chegou a ter como directora Agustina Bessa Luís (escritora) e, entre os muitos colaboradores, ao longo dos anos, contou com a escrita de Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Um perda irreparável”.
Com a devida vénia a João Godim



O edifício emblemático na Rua de Santa Catarina



Aquando dos últimos anos de vida do jornal, as suas instalações passaram para um prédio da Rua Coelho Neto, onde eram também feitos, o Jornal “O Motor” e “O Norte Desportivo”, depois de uma passagem pela Rua de Santa Catarina, nº 341, mesmo em frente das antigas instalações.



Instalações provisórias na Rua de Santa Catarina, nº 341





“Jornal de Notícias” (Primitivo)



Em 1865, um jornal diá­rio com o título de "Jornal de Notícias" tinha a sua sede e redação na Rua da Fábrica, nº 10, tendo antecedido o aparecimento do Jornal “O Primeiro de Janeiro”.
Per­tencia aos empregados superiores dos Cami­nhos de Ferro do Minho e Douro que o redi­giam. Tinha como director o jornalista Ansel­mo de Morais.
Este periódico teve, segundo testemunho de Clodomiro Leal, na pag. 197, da revista “O Tripeiro”, 3ª série, nº 13, de 1 de Julho de 1926, a colaboração desde da fundação, do seu tio, o jornalista António Augusto Leal (1838-1897) Que seria o autor de uns artigos intitulados “O Burgo do Porto”, publicados no semanário Camões. Tendo-se aposentado do jornalismo, António Augusto Leal desempenhou o cargo de chefe da secretaria do Hospital Geral de Santo António até à sua aposentação.
Entretanto, numa cisão ocorrida no seio do Partido Regenerador, uma das facções con­seguiu dos ferroviários a cedência do título e apareceu, em 1888, um novo "Jornal de Notí­cias"…o “JN”. 
A seguir, dá-se conta de notícia curiosa inserida nesse primitivo Jornal de Notícias.



“TENTOU EVADIR-SE...

Tentou evadir-se da cadea d'esta cidade, a snr.ª Emilia Guilhermina Lopes que tinha sido julgada na audiencia de 6 do corrente, como falsificadora de notas, sendo condemnada a 6 annos de cadea, como em tempo competente dissemos aos leitores.
Passou-se assim o caso, na quarta feira de manhã.
A sr.ª D. Emilia, disse ao carcereiro que tinha uma roupa para mandar para as Devesas [ao tempo o comboio terminava aqui], devendo ir no caminho de ferro para Lisboa, e que já tinha ajustado com um galego de lh'a levar áquelle ponto, n'um cesto.
Não havia cousa mais natural do que isto, e por conseguinte o carcereiro respondeu-lhe que podia mandar a roupa que quizesse e para onde bem lhe parecesse. Nem a resposta d'elle podia ser outra, porque a sr.ª D. Emilia não lhe disse que dentro da roupa iria a sua excellentissima pessoa.
Tudo até aqui correu ás mil maravilhas, e supponha o leitor, que a sr.ª D. Emilia ficou saltando de contente, e dando-se interiormente os parabens pela sua bem succedida esperteza.
Mas; oh caso horrendo e feio! não se lembrou a sr.ª D. Emilia quão triste é a sorte dos homens de genio, dos pensadores e dos bemfeitores da humanidade. Não lhe vieram á ideia os nomes de Galileu, Socrates e quejandos.
Deitou-se a dormir muito descançada sobre os louros da victoria que se lhe antolhava ganha, e não pensou no tremendo castigo que a sorte lhe reservava, por ter tido a petulancia de descobrir um segredo, que tem permanecido encuberto para muitos homens de barba na cara, quanto mais para uma mulher, que é um ente fraco, como se sabe!
Proseguindo a historia, a canastra de que fallava a sr.ª D. Emilia, ia para dirigir-se ao seu destino, conduzida por um possante galego chamado José Garcia.
Chegando porem o momento de sahir a porta, o guarda mandou fazer alto, na forma do costume, até vêr o contheudo.
O contheudo, Deus amen! está o leitor adivinhando já que era a sr.ª D. Emilia, a mesma, a mesmissima!
E' escusado dizer que a poseram em boa guarda, assim como o seu cumplice, que tinha justo com ella de a levar por 400 reis.
Por onde se vê que a sr.ª D. Emilia soffreu uma cruel decepção na sua grande descoberta; mas em todo o caso é uma martyr da sciencia”.
In Jornal de Noticias de 15 de Abril de 1865, com a devida vénia a Nuno Cruz do blogue “oportodeoitocentos.blogspot”


“Jornal de Notícias”, JN


Este jornal obteve o seu título pela cedência do mesmo, pelos seus detentores à data (Empregados dos Cami­nhos de Ferro do Minho e Douro), que em 1865 tinham começado a publicar um diário denominado “Jornal de Notícias”.
Aquele título seria obtido por uma facção do Partido Regenerador, resultante de uma cisão ocorrida naquele grupo político.


“O matutino Jornal de Notícias foi fundado a 2 de junho de 1888, no Porto, e tornou-se num dos jornais de maior expansão em Portugal, especialmente a seguir à Revolução do 25 de abril de 1974. As primeiras instalações deste jornal diário ficavam situadas na Rua de D. Pedro e aglomeravam a redação, a administração, a composição e a impressão.
Quando saiu para a rua, o Jornal de Notícias, dirigido por José Diogo Arroio, tinha quatro páginas de grande formato, custava dez réis e era vendido no Porto e arredores, Lisboa e Braga. A nível de conteúdo apostava em noticiário nacional e internacional e dedicava a última página a anúncios.
O jornal, que ficou conhecido também por JN, assumiu claramente a defesa do Norte e do Porto em 1911, quando a Rua D. Pedro, antes Rua do Bispo se passa a chamar, Rua Elias Garcia.
O início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, levou a que durante alguns meses voltasse a haver edições à segunda-feira, mas essa medida só viria a ser adotada em definitivo já em 1936.
Entretanto, a Avenida dos Aliados passou a ser a morada do JN a partir de 1926, situação que se manteve até 1970, altura em que houve uma mudança para um edifício novo na Rua Gonçalo Cristóvão. Durante este espaço de tempo o jornal continuou a implantar-se junto do público, com o contributo de iniciativas como o concurso Quadras de São João, lançado em 1929. Numa tradição mantida ao longo de décadas, os leitores são convidados por altura das festas de São João a enviar quadras da sua autoria para o JN. Aí, são avaliadas por um júri e as melhores ganham prémios e são publicadas nas páginas do jornal.
Ao longo da sua existência a empresa do Jornal de Notícias lançou vários outros jornais, mas não os manteve por muito tempo. Assim, durante seis meses de 1945, foi publicado o vespertino “A Tarde” e, entre 1981 e 1984, existiu o “Notícias da Tarde”. O jornal desportivo “O Jogo” foi lançado pelo JN em 1985, mas depois tornou-se autónomo”.
Fonte: Infopedia



O edifício do Jornal de Notícias localizava-se, então, na Rua Elias Garcia (antiga Rua D. Pedro), à esquerda de quem subia essa rua, vindo da Praça D. Pedro e, por isso, as suas traseiras davam para a Rua do Laranjal.
Um pouco mais abaixo, mas do lado contrário, ficava a entrada principal do Teatro Nacional que iria, anos depois, dar origem ao Teatro Rivoli.
Foi nessas instalações que, no dia 27 de Agosto de 1907, aconteceu uma tragédia. Procedia-se, no 1º andar, em sala anexa à sala da redacção do periódico, a um sorteio por este organizado, quando o chão cedeu com o peso das pessoas que acabaram por se despenhar, no rés-do-chão do prédio, onde estava instalada uma loja de comércio.
Nunca se soube quantos falecimentos ocorreram, fala-se de entre 3 e cinco e, houve, ainda, muitos feridos.
No entretanto, a redacção ocupou, temporariamente, uma sala no prédio ocupado pelo partido Regenerador, na vizinha Rua do Laranjal.




Estudantes e professores do curso de Letras da U. P. de visita ao Jornal de Notícias, na Rua Elias Garcia, c. 1920






JN na Avenida dos Aliados - Ed. Foto Beleza


No edifício mais à esquerda da foto, ficava o Jornal de Notícias.


Sede do JN na Avenida dos Aliados


À esquerda o JN junto ao viaduto de Gonçalo Cristovão



Jornal “O Porto”


“Este jornal, que se definia como monárquico e extra-partidário, existiu entre Dezembro de 1909 e o mesmo mês de 1911. Foi seu fundador e proprietário o Visconde de Sousa Soares e director Henrique Batista, capitão de Infantaria n.º 18. Era «excelentemente redigido e magnificamente impresso ... com larga informação, abundância de gravuras de acontecimentos, retratos de homens do dia, etc., e com interessantes e bem colaboradas secções”
Alberto Bessa in O Tripeiro, Série IV, p. 138
 
 
O jornal "O Porto" encerrou, após uma sanha dirigida pela população sobre antigos símbolos da monarquia e com um destaque especial para as instituições com ligações à igreja católica.


Fac-simile do jornal "O Porto" de 28 de Dezembro de 1909




Jornal “O Porto” (1874-1876)
 
Era proprietário e redactor deste jornal que se publicou entre 1874 e 1876, Correia Leite.
No nº 247, em 30 de Outubro de 1875 Cesário Verde, publica no jornal “O Porto”, uma carta dirigida a Silva Pinto.
 
 

Fac-simile do cabeçalho do jornal “O Porto”, publicado em 1875


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