Casinos
No século XIX o jogo praticava-se nos cafés e nas pensões ou
hotéis.
O povo fazia-o nas tabernas de jogo a pataco, recatadas
da vista do público e das autoridades.
Por sua vez os cafés e hotéis eram verdadeiros casinos, com
salas próprias para o efeito, onde se apostava forte.
O Café das Hortas, o Café Guichard, o Café Palladium e
sobretudo o Café Águia d’Ouro, ficaram célebres, neste capítulo, pela mão de
alguns dos nossos melhores escritores.
Alberto Pimentel na sua obra “O Porto há 30 anos”, publicada
em 1893, referindo-se a factos da década de sessenta do século XIX, dizia sobre
a existência de um local de jogo na Foz do Douro:
"Dava sobre
a praia dos banhos o terraço da Assembleia, cuja principal entrada abria para a
rua dos Banhos Quentes. Foi n´essa Assembleia que nasceu a primeira rolêta da
Foz. Ha mais de vinte annos, a rolêta era uma innovação recente, que produzia
sensação. Alguns pais de familia, que nunca jámais jogaram, iam vêr a rolêta,
por simples curiosidade, como se póde ir vêr um monstro, uma fera. Os viciosos
tomaram-lhe gosto, e, dentro de pouco tempo, a rolêta popularisou-se, a ponto
de começarem a funccionar, além da rolêta aristocratica da Assembleia, varias
rolêtas pataqueiras e pelintras. Os puritanos, os caturras da jogatina
repelliram a rolêta, e continuaram a frequentar a batota do high-life no
Passeio Alegre; os encanzinados no vicio do jogo, ultra-viciosos, frequentavam
a rolêta e a batota, - accumulavam."
Praia do Caneiro em 1876
- Fonte: “A Nossa Foz do Douro”
Na gravura acima
publicada no livro "As Praias de Portugal, Guia do Banhista e do Viajante",
editado em 1876, talvez numa das casas representadas, funcionasse a Assembleia a que se referiu Alberto Pimentel. Na primeira à direita, pode ler-se na placa:
“Banhos Quentes”.
O casino da Foz foi registado na “Repartição de Propriedade
Industrial”, em 15 de Fevereiro de 1906, por José Lopes Carreira Munhós.
Após as necessárias obras de restauro das instalações
afectadas pelo incêndio, o local foi ocupado pelo “Restaurante Casino
Internacional” ou “High-Life”, propriedade da “Empresa do Casino Internacional
da Foz, Limitada”, que passou também a explorar a actividade de jogo de fortuna
e azar, até aí, do domínio do velho Casino da Foz, sucedendo-lhe nessa
actividade.
Pela comparação com fotos anteriores, poder-se-á concluir
que o prédio, em 1º plano, foi intervencionado e recebeu mais um piso.
Nele, com entrada lateral, pela Rua das Motas nº 9, funcionou o Casino da Foz, depois do incêndio.
Em 8 de Maio de 1919, o salão do Restaurante Casino Internacional entraria em obras e esse serviço passou a ser oferecido no 1º andar do prédio contíguo (esquina com a Rua das Motas).
Neste prédio, que foi Café e Clube da Foz, no rés-do-chão, passou a funcionar uma garagem, a partir de 1919.
Após ter alojado uma alquilaria, o local por onde esteve, primitivamente, o Casino da Foz, foi morada do Colégio Brotero, entre 1931 e 1950.
O edifício da foto acima, por onde esteve o Casino
Internacional é, hoje, a sede do Orfeão da Foz do Douro.
Antes de a Câmara
Municipal do Porto aprovar o projecto do Largo de Cadouços, em 9/8/1866,
existia já um circo que era montado na época balnear.
Em 29/8/1869 foi lá
inaugurada uma praça de touros, com uma grande enchente; estariam 2500 pessoas.
O delírio pelas touradas durou apenas 2 anos, após os quais mais ninguém lhes
ligou. Elas voltariam, no entanto, alguns anos mais tarde.
À direita, o edifício onde funcionou o Clube de Cadouços
“O Clube de Cadouços, também conhecido como Casino
de Cadouços – Inaugurado em 1881 – funcionando no “Restaurante de
Cadouços”, era frequentado pela elite das famílias que iam a banhos, entre Maio
e Outubro. Aqui se reuniam às tardes para conviverem, jogarem cartas, bilhar,
dominó. Lugar de leitura e conversa, realizava concertos de música de câmara,
árias de ópera e canções; teatro, e reuniões dançantes. A partir de 1884 o
clube formou uma orquestra amadora composta por sócios. Eram sempre muito concorridos
pelo que muitas vezes o difícil era conseguir bilhetes. Aqui se apresentaram os
melhores músicos do Porto dessa época (1881/1910). Era comum músicos amadores,
mesmo sócios, também executarem obras com grande sucesso. Este clube também
tinha uma finalidade beneficente.
Pagava-se uma jóia de 1$000 reis e 6$000 reis
por ano.”
Cortesia de
“portoarc.blogspot.com”
Programa do Casino de Cadouços
No início do século XX, no Jardim do Passeio Alegre, em
frente ao chalet do Carneiro existiu, desde 1906, o Casino da Foz, que foi
devorado por incêndio em 12 de Julho de 1911, que destruiu o prédio onde
funcionava.
Após a tragédia, o Casino da Foz teria passado para um prédio contíguo, com entrada pela Rua das Motas, nº 9, onde continuou em funcionamento e que era a sede do Clube da Foz.
Após a tragédia, o Casino da Foz teria passado para um prédio contíguo, com entrada pela Rua das Motas, nº 9, onde continuou em funcionamento e que era a sede do Clube da Foz.
À esquerda, haveria de estar o Casino da Foz, devorado por
um incêndio, em 1911 - Ed. Alberto Ferreira-Batalha-Porto
Registo do Casino da Foz
O salão do Restaurante Casino Internacional (visível,
parcialmente, o seu gradeamento, à esquerda) e no prédio contíguo funcionava o
casino – Fonte: Arquivo Histórico Municipal do Porto
Nele, com entrada lateral, pela Rua das Motas nº 9, funcionou o Casino da Foz, depois do incêndio.
Em 8 de Maio de 1919, o salão do Restaurante Casino Internacional entraria em obras e esse serviço passou a ser oferecido no 1º andar do prédio contíguo (esquina com a Rua das Motas).
Neste prédio, que foi Café e Clube da Foz, no rés-do-chão, passou a funcionar uma garagem, a partir de 1919.
Anúncio da realização de obras no Restaurante Casino
Internacional
Após ter alojado uma alquilaria, o local por onde esteve, primitivamente, o Casino da Foz, foi morada do Colégio Brotero, entre 1931 e 1950.
Perspectiva actual de fotos anteriores – Fonte: Google maps
Edifício da Rua das Motas, nº 9 - Ed. “ A Nossa Foz do
Douro”
À saída da ponte Luís I existiu, também, um casino.
No começo do século XX, existiu o Casino da Ponte, adossado ao
muro de suporte dos terrenos da igreja da Serra do Pilar.
Ocupava um bizarro conjunto de edifícios, em que o acesso
para o piso principal se fazia pela rua, depois chamada Rua do Casino da Ponte,
à cota do tabuleiro superior da ponte Luís I e distribuía-se ainda, escarpa
abaixo, por patamares, pela Calçada da Serra.
Igreja da Serra do Pilar, Casino da Ponte e Restaurante
L’Étoile, em 1908
Em cima, à direita, a trincheira aberta no morro da Serra do
Pilar, em 1905, para permitir a passagem do elétrico.
Abertura no morro da Serra do Pilar para permitir a passagem
do carro eléctrico
Morro da Serra do Pilar, em 1942
O edifício do casino era propriedade de Abílio Loureiro
Dias, que o arrendou a José Luís de Couto Querido. Este instalou o casino, que
foi destruído por um grande incêndio em 21/8/1919.
Os edifícios do conjunto foram, posteriormente, comprados
pela firma Barros & Almeida, ligada à produção de vinho do Porto, sendo depois,
ocupado por uma empresa de mobiliário.
Casino da Ponte, V. N. de Gaia, à saída da Ponte Luís I
De notar que, na construção do edifício principal onde se
instalou o Casino da Ponte, foram usados os quatro arcos que estavam à entrada
do convento de São Bento da Ave-Maria, adquiridos aquando da demolição do
mosteiro. Três encontram-se voltados para norte (perfeitamente visíveis na
imagem acima) e o quarto para poente, integrando a fachada principal.
Casino da Ponte e os seus arcos, numa vista lateral - Ed.
Alvão
Convento de S. Bento da Ave-Maria e os seus arcos
No antigo Palácio de Cristal funcionou numa das suas naves
laterais, durante alguns anos, um casino, com fotos abaixo.
Casino do Palácio de Cristal - Ed. Foto Alvão
Sala de jogo do casino do Palácio de Cristal - Ed. Foto
Alvão
Muitos outros locais ficaram ligados à “jogatana” na cidade, de que se destaca, ainda, o caso do “London Club”.
Em 15 de Junho de 1918 o periódico “ILLUSTRAÇÃO CATHOLICA”
dava conta da abertura nas instalações do antigo Hotel Bragança, sito na Rua de
Entreparedes, do denominado “ London Club”:
“Abriu no sabbado da
Alleluia esta casa de recreio, instalada no vasto predio do antigo Hotel
Braganca á rua de Entreparedes, no Porto, sendo a unica no genero do Norte do
Paiz. Deve-se esse melhoramento á iniciativa de rapazes pertencentes á bôa
sociedade portuense, na vanguarda dos quaes é justo mencionar os nomes de
Alberto Carneiro da Rocha, Casimiro Coelho de Lacerda, Julio Paulo dos Santos e
AméricoTeixeira, que não olharam a esforços e sacrificios para preencher essa
lacuna na segunda cidade do Paiz e que mereceu as melhores referencias da
Imprensa”.
Entrada do “London
Club” - Ed. ILLUSTRAÇÃO CATHOLICA
Sala de Jogos do “London Club” - Ed. ILLUSTRAÇÃO CATHOLICA
London Club
À esquerda da foto (com a Praça dos Poveiros em fundo)
esteve o “London Club”, num prédio que já foi esquadra de polícia.
Uma eficaz legislação para a regulamentação da “Lei de
Exploração do Jogo” surgiria, apenas, em 3 de Dezembro de 1927 e, a partir daí,
com regras definidas e bem claras.
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