quinta-feira, 1 de maio de 2025

25.275 O percurso da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

 
A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) foi fundada em 1919 e, depois de uma passagem breve pelas salas da Faculdade de Ciências, à Praça dos Leões, instala-se, em 1921, na Quinta Amarela, ao Carvalhido.
Entre as muitas personalidades que se destacaram na fundação desta escola, Leonardo Coimbra teve um papel fundamental.
 
 
 
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, na Quinta Amarela

 
 
Em 1927, a vontade manifestada pelos herdeiros da Quinta Amarela de vender terrenos ali existentes, acabaria por precipitar a transferência da FLUP para a Rua do Breyner, nº 164, onde funcionou até ao seu encerramento, em 1931.
No entanto, o motivo principal para o encerramento foi, em 1928, a decisão tomada pelo Governo saído da ditadura militar que, argumentando motivos de ordem financeira, foi implacável, quanto ao seu encerramento.
Os alunos matriculados obtiveram autorização para terminarem as suas licenciaturas, o que aconteceu até 31 de Julho de 1931. Os professores passaram a prestar serviço como professores provisórios nos liceus.



Edifício onde esteve a Faculdade de Letras UP, o Instituto Industrial e a Escola Fontes Pereira de Melo, na Rua do Breiner, n.º164 – Fonte: Google maps



Seguir-se-iam anos de luta para reabrir a unidade de ensino e, assim, no dia 14 de Janeiro de 1948, irá ser inaugurada, num anexo da Biblioteca Pública, a S. Lázaro, voltado para a Rua Morgado Mateus, a sala D. Jerónimo Osório de Estudos Portugueses. Aí, passará a funcionar o Centro de Estudos Humanísticos, embrião da Faculdade de Letras, cuja constituição resultou de reunião efectuada, em 22 de Maio de 1947, no Salão Nobre da Universidade, presidida pelo Prof. Amândio Tavares, reitor.
Reaberta a Faculdade de Letras da UP, em virtude da publicação de um decreto de 17 de Agosto de 1961, instalar-se-ia no antigo edifício da Faculdade de Medicina, ao Carmo.
Na realidade, o funcionamento efectivo ocorreu, apenas, a partir de 1962/63, para as licenciaturas em História e Filosofia e para o antigo curso de Ciências Pedagógicas.
 
 
 
“A "restaurada" Faculdade de Letras da Universidade do Porto teve as suas primeiras instalações no antigo edifício da Faculdade de Medicina, no Largo da Escola Médica, lado a lado com a cerca do extinto Convento do Carmo. Aqui, a Faculdade partilhou espaços com a Faculdade de Ciências e com outros estabelecimentos universitários.
Como esta solução não poderia manter-se por muito tempo devido ao número crescente de cursos e, portanto, de população discente, o Ministério das Obras Públicas determinou que se estudasse a adaptação do edifício contíguo ao Jardim Botânico - a Casa (ou Palacete) Burmester -, também conhecido por Quinta do Campo Alegre, nesta altura pertença da Universidade. Pretendia-se instalar, no todo ou em parte, as diversas componentes da Faculdade de Letras. A ocupação deste palacete deu-se logo durante a década de 60, tendo sido a Secção de Filosofia da Faculdade de Letras a inaugurar a utilização do espaço.
A criação da licenciatura em Filologia Românica no ano escolar de 1969-1970 não levantou problemas de maior, uma vez que ainda foi possível instalá-la no edifício onde antes estivera a Faculdade de Medicina. E o mesmo sucedeu com a licenciatura em Geografia, cujo primeiro ano lectivo teve início em 1972. Contudo, quando se tratou do curso de Filologia Germânica, também nascido em 1972, já foi necessário recorrer a um edifício alternativo, localizado na Rua das Taipas.
Durante o ano escolar de 1975-1976, o curso de História viu-se obrigado a abandonar as instalações primitivas no edifício do Largo do Carmo, tendo ido ocupar parte do Seminário de Vilar, onde permaneceu até ao ano lectivo seguinte.
Para além do desconforto visível provocado pela dispersão dos cursos da Faculdade de Letras, urgia encontrar espaço para o Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, criado em 1975. Foi nesta altura que a Faculdade de Letras se viu na contingência de recorrer a um imóvel em vias de conclusão, localizado no Campo Alegre: tratou-se do chamado "Complexo Pedagógico", inicialmente destinado ao Instituto de Botânica, que dispunha de área coberta de, aproximadamente, de 6.500 m2. Apesar de uma série de inconvenientes, a ocupação do "Complexo Pedagógico" representou a possibilidade de reunir num único espaço os cursos que até aí haviam estado dispersos pela cidade.
A versão definitiva do Programa Preliminar das novas instalações na Via Panorâmica ficou pronta em Junho de 1986. Uma vez concretizadas as obras de construção, o ano lectivo de 1995-1996 decorreu já quase integralmente nas novas instalações, de cujo projecto foi autor o Arquitecto Nuno Tasso de Sousa. A mudança efectivou-se durante o mês Dezembro de 1995.”
Fonte: “arquivo-digital.up.pt/”
 
 
 
 
 
Antiga Faculdade de Medicina, ao Largo da Escola Médica, onde reabriria a Faculdade de Letras da UP
 
 
 
Na década de 1960, a Faculdade de Letras da UP vai estender-se pelo Palacete Burmester, à Rua do Campo Alegre, com o funcionamento de seminários dos cursos de História e Filosofia.
O Palacete Burmester, no Porto, nos dias de hoje, passou a ser o local, denominado Casa dos Livros, onde estão guardados os acervos integrais de Vasco Graça Moura, Heriberto Hélder, Eugénio de Andrade, Manuel António Pina, Óscar Lopes, Albano Martins, António Cortesão e Humberto Baquero Moreno.
 
 
 
 
Palacete Burmester – Cortesia Avelino Gamelas da Silva
 



Após a formação do curso de Filologia Germânica, em 1972, devido à exiguidade de instalações existentes, este curso teve que ser alojado num palacete da Rua das Taipas, onde, actualmente, funciona o Instituto de Multimédia.

 
 
 
Palacete dos Vilar de Perdizes, onde funcionou o curso de Filologia Germânica da FLUP
 
 
 
Entre 1975 e 1977, o curso de História da FLUP ocupou instalações no antigo Seminário de Vilar.




Seminário de Vilar, na Rua de Vilar

 
 
Com a necessidade de abandonar o edifício do Carmo para nele ser instalado o Instituto de Educação Física (actual Faculdade de Desporto da UP), a partir de 1977, todos os cursos da Faculdade de Letras do Porto, se juntam no denominado “Complexo Pedagógico”, em terrenos da Quinta Burmester.
Estas instalações, inicialmente, destinavam-se a albergar o Instituto Botânico, pois o Jardim Botânico encontra-se em área contígua pertencente à Casa Andresen, mas acabaram por ter outro destino.
Nas instalações do Complexo Pedagógico funciona, hoje, o Departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da UP.
 
 
 
 
 
“Complexo Pedagógico” observado a partir da Rua de Entrecampos, em terrenos da Quinta Burmester (Rua do Campo Alegre) – Fonte: Google maps
 
 
 
Em Dezembro de 1995, finalmente, após dez anos de construção é inaugurada, à via Panorâmica, com projecto do arquitecto Tasso de Sousa, a nova Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
 



Faculdade de Letras da UP, na Via Panorâmica – Cortesia de Carlos Carneiro / Global Imagens

terça-feira, 29 de abril de 2025

25.274 Quando no lugar do Centro Comercial Dallas estava um palacete

 
Em 13 de Dezembro de 1834, com 24 anos de idade, chega ao Porto Johann Wilhelm Burmester para trabalhar na firma de Manuel Clamouse Browne, primeiro como caixeiro, depois como guarda-livros e, finalmente como gerente.
A firma de Clamouse Browne já tinha relações comerciais com a firma Burmester & Stavenhagen, de Hamburgo.
Johann Wilhelm Burmester, no seu percurso na firma, irá conseguir uma participação de 25%, mas após a morte de Manuel Clamouse Browne, vai adquirir junto dos herdeiros Manuel, Henrique e Ricardo Clamouse Browne Van Zeller a totalidade da firma, que passará a ser Clamouse Browne & Co.
Em 9 de Julho de 1850, Johann Wilhelm Burmester liquida-a e, no mesmo dia, funda a J. W. Burmester & Co, com sede na Rua das Taipas, n.ºs 11-15, cuja actividade se centrava na exportação de vinhos e na importação de madeiras, algodão, tabaco e outras matérias-primas.
Mais tarde, irá a firma dedicar-se ao negócio da navegação e à actividade bancária, como atesta o Almanak da Cidade do Porto para o Anno de 1850.
Entretanto, antes, a 27 de Novembro de 1847, Johann Wilhelm Burmester casa com Nanny Katzenstein, irmã de Eduard Katzenstein que, ficou conhecido por ter desempenhado as funções de cônsul da Alemanha até à sua morte em 1895. Por sinal, Eduard também chegou ao Porto em 1834, para trabalhar na firma Steinthal & Co.
As empresas de exportação das famílias Burmester e Katzenstein chegaram a ter a sua sede, no início do século XX (Anuário Comercial de Portugal de 1908 e 1909), na mesma morada, na Rua de Belomonte, n.º 39, conhecido como o Palacete do Pacheco Pereira.
Do casamento de Johann e Nanny, nasceriam nove filhos.


 
Descendência do casal Johann e Nanny Burmester – Cortesia de Cláudia Cudell, In revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XXIII, Outubro de 2004
 
 
 
Sobre o quadro anterior refira-se, por curiosidade, que Gustav Adolph Burmester é quem, em 1897, vai adquirir e renovar a quinta e respectiva casa da Rua do Campo Alegre (por isso, é conhecida por Palacete Burmester) que, mais tarde, passará até aos nossos dias, a ser propriedade da Universidade do Porto, que por lá instalou, a partir de 1973, a Faculdade de Letras.
Pois é, a este filho mais velho que Johann Wilhelm Burmester, vai dar sociedade, em 1875, ajudando também o seu filho Hermann Burmester, que foi cônsul da Holanda, a fundar a empresa de navegação, Hermann Burmester que, teve instalações na Rua do Infante, n.º 87.
Acabaria, também, por fazer seus sócios os filhos Franz Ferdinand e Julius  Wilhelm Burmester.
Em 2 de Fevereiro de 1885, durante um dos muitos passeios que costumava fazer pela beira-mar, Johann Wilhelm Burmester foi apanhado por uma onda e arrastado para alto mar. O seu corpo apareceria três dias depois numa praia de Espinho.
O filho mais novo do casal Johann e Nanny, Julius  Wilhelm Burmester, que casaria com sua prima Martha Amalie Ringhoffer, haveria de comprar a casa sita na Avenida da Boavista, n.º 1592, situada, então, na freguesia de Lordelo do Ouro e, cujo local, presentemente, é pertença de Ramalde.
Julius  Wilhelm Burmester foi um empresário de sucesso com o seu nome ligado à Fábrica de Curtumes de Valbom, Fábrica de Tecidos de Guimarães, Moagens Harmonia, Fábrica de Tecidos de Salgueiros, Companhia Arrozeira Mercantil e Companhia Cimento Tejo.
Foi, ainda, director da Associação Comercial do Porto.
 

 
Descendência do casal Julius Burmester e Martha Amalie – Cortesia de Cláudia Cudell, In revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XXIII, Outubro de 2004
 
 
 
 
Em 1916, com 51 anos, Julius Wilhelm Burmester, devido à I Guerra Mundial, junto com a sua família foi obrigado a abandonar o país, tendo-se refugiado em Vigo.
Todos os bens das famílias alemãs, então, foram confiscados e vendidos em hasta pública.
Após o fim da guerra, a maioria dos elementos da família Burmester regressou ao Porto e a casa da Avenida da Boavista foi readquirida, assim como, a empresa de vinhos e a agência de navegação.
A casa na Avenida da Boavista tinha sido, então, confiscada e arrematada por Ricardo Malheiro que, em 19 de Setembro de 1918, a vai vender a Acúrcio Coelho da Silva que, por sua vez, em 22 de Novembro de 1910 a vai vender aos filhos de Julius Wilhelm Burmester, Anna Helene Burmester, Edith Burmester e Gerard Burmester Junior, que a compraram em comum e partes iguais e, pouco depois, estendem a posse aos restantes irmãos.
Em 14 de Janeiro de 1939, morre na sua casa, na Avenida da Boavista, n.º 1592, chamada a Casa do Bessa, Julius Wilhelm Burmester.
Martha Amalie Ringhoffer, uma pintora autodidacta, sobreviveria ao seu esposo até 1968, quando faleceu com 98 anos de idade.
 
 
 
A Casa do Bessa
 
 
A denominada pela família Burmester como Casa do Bessa, sita na Avenida da Boavista, n.º 1592, foi edificada em meados do século XIX em terreno pertencente a Charles Neville Skeffington que, em 14 de Abril de 1901, deixa em testamento a sua mulher Ada Alice Skeffington (por sua vez falecida em 1910) a casa da Avenida da Boavista, bem como o prédio contíguo, na Rua Tenente Valadim, n.º 67, sendo que ambos tinham a mesma descrição predial.
 
 
 
Palacete da Avenida da Boavista, n.º 159, em 1900, antes das obras de 1901
 
 
 
O certo é que, em 3 de Setembro de 1901, já Julius Wilhelm Burmester, como requerente, solicita à Câmara do Porto licença para obras, para ampliação da sua casa, com mais dous appendices ou chalets (sic), que obteve a licença n.º 196/1901.
 
 
 
Desenho de projecto de ampliação da Casa do Bessa (alçado principal) da autoria de Joaquim Ferreira
 
 
 
Após as obras de ampliação, como se verifica nas ilustrações impressas, o prédio passou de uma mansarda a ter três mansardas, aspecto que se irá manter até à demolição em 1970.
O casal Skeffington tinha uma filha, nascida portuense, em 28 de Janeiro de 1875, mas que, em 1896, adquiriu a nacionalidade britânica, de seu nome Ethel Marion Urwick que, em 30 de Agosto de 1913, faz uma venda
a Julius Wilhelm Burmester, que o regista em seu nome, em 3 de Setembro de 1913.
Em 24 de Outubro de 1910, já tinha sido feito por Ethel Marion Urwick um pedido de anulamento de um registo de usufruto que beneficiava a sua mãe, entretanto, falecida, registando o prédio em questão a seu favor.
A propósito desta transacção, supõe-se que se tratou da venda da casa da Rua Tenente Valadim, que tinha a mesma descrição predial da casa da Avenida da Boavista, e que a viúva de Charles Neville Skeffington foi sua herdeira e usufrutuária até ao seu falecimento.
Na realidade, Julius Wilhelm Burmester já se dizia, em 1901, junto da edilidade portuense, como proprietário da casa da Avenida da Boavista, n.º 1592.
 
 
 
 
A Casa do Bessa, em 1950

 
 
Na década de 1980, a Casa do Bessa daria lugar ao centro Comercial Dallas que, por razões de segurança, foi encerrado, definitivamente, em 1999.

 
 
Centro Comercial Dallas

domingo, 27 de abril de 2025

25.273 Uma empresa familiar que já atravessou três séculos - Emílio de Azevedo Campos

 
Em 1854, na Rua de Santo António, n.º 137, José António Teixeira Rego abre uma loja de comércio de artigos ópticos e instrumentos para física e matemática que, em 1877, é tomada de trespasse por Emílio Azevedo Campos.
 
 
 
Biografia de Emílio de Azevedo Campos – In revista “O Tripeiro”, Vª Série, Ano XIII, Abril de 1958

 
 
Durante as décadas seguintes, até aos nossos dias, a firma vai continuar na mão da mesma família e, presentemente, desde 2018, é a “EACAMPOS Metrologia e Sistemas S.A.”, que desenvolve a actividade de comercialização de equipamentos técnicos e científicos.
Em 1890, Emílio de Azevedo Campos vai associar-se ao seu filho Emílio César e, à sua morte, em 1906, a firma passou a denominar-se Emílio de Azevedo Campos, Filhos.
Como se pode ler na biografia inserta acima, Emílio de Azevedo Campos foi pai do escritor portuense Agostinho Celso de Azevedo Campos (Porto, 21 de Julho de 1870 – Lisboa, 24 de Janeiro de 1944), um reconhecido professor universitário e jornalista.
Como mestre da linguística, destacam-se as suas obras, Glossário (1938), Língua e Má Língua (1944) e Falas sem Fio (postumamente, entre 1943 e 1946).
 
 
 
 
Loja, ainda no século XIX, da firma Emílio de Azevedo Campos - In revista "O Tripeiro", 7.ª Série, Ano XXIII, Outubro de 2004
 
 
 
Na realidade, sobre a foto anterior, pelo estilo da devanture, parece ser uma foto do início do século XX.
Ao comércio dos óculos, lunetas e binóculos, cedo foram acrescentados termómetros, barómetros, aparelhos para análise de vinhos e outros aparelhos de uso na física e na matemática. De realçar, as réguas de cálculo matemático e os teodolitos.
Em 1947, o pacto social é alterado e a firma passa a Emílio de Azevedo Campos & Cia. Lda. e, com entrada do novo sócio, o neto Emílio Américo, a firma vai expandir o negócio rumo às novas tecnologias.
Emílio Américo, assíduo visitante de feiras no estrangeiro, nomeadamente, as de Leipzig e Milão, introduziu os primeiros rádios transistores em Portugal.
Foi, ainda, o grande divulgador das séries de lâmpadas multicolores de árvores de Natal e incentivador da iluminação das ruas durante a época do Natal que, no Porto, começaram pela Rua de Santo António.
Nessa época, Emílio de Azevedo Campos & Cia, Lda. era o representante da italiana Rapizzi, fabricante de campainhas eléctricas e seus transformadores e quadros eléctricos numéricos electromagnéticos que sinalizavam, através de números, qual o botão de campainha a usar.
Após o conflito mundial, já em 1952, a empresa abre uma filial em Lisboa, na Rua Antero de Quental.
 
 
 
À esquerda, na vertical, o icónico reclame da empresa Emílio de Azevedo Campos, na Rua 31 de Janeiro
 
 
 
Em termos de exercício da sua cidadania, Emílio Américo teve assento no Conselho Municipal da Câmara Municipal do Porto decorrente das funções exercidas de Presidente da União dos Grémios dos Comerciantes do Porto.
Em 1965, a firma começa a relação comercial com a Mitutoyo.
Em 1969, a empresa está presente na Feira Metalomecânica no Palácio de Cristal, em 1982, na Filtécnica (Feira Internacional de Lisboa – FIL) e, em 1988, na Feira Melalomecânica na Exponor.
Entretanto, a empresa passa a ser certificada pela norma ISSO 9001:2000 pela BVQI (Bureau Veritas Quality International) e introduz a marca Sony em Portugal.
Durante anos, a loja tinha 200 m2 e a família vivia por cima, num prédio de cinco pisos, que passou, a partir de determinada altura, a ser todo ocupado pelos diversos serviços administrativos da empresa.
Em 1994, os departamentos de Química, Metrologia Industrial e Topografia transitaram para um edifício de raiz construído na Senhora da Hora, Matosinhos e, em 2000, a denominação social é alterada para Emílio de Azevedo Campos, SA.
À entrada para o século XXI, a sede continuou pela Rua de Santo António, sob a direcção de dois bisnetos Emílio de Azevedo Campos e filhos de Emílio Américo, Emílio Herculano e José Emílio, que são acompanhados pelos respectivos filhos, Emílio Manuel e Carlos José.
A empresa haveria de ter um estabelecimento na Rua do Bolama e, no sul do país, uma loja em Alfragide, como atesta a publicidade de 2005, a seguir exibida.

 
 
Publicidade a Emílio de Azevedo Campos – In revista “O Tripeiro”, 7.ª Série, Dezembro 2005
 
 
 
 
Emílio de Azevedo Campos, na Rua 31 de Janeiro, n.ºs 135-137, em 2009 – Fonte: Google maps

 
 
Pouco tempo depois da tomada do instantâneo acima, encerraria a icónica loja na Rua de 31 de Janeiro.
Presentemente, a empresa familiar que subsiste é a “EACAMPOS Metrologia e Sistemas S.A.”, com morada na Rua Sra. Penha, n.º 88, Senhora da Hora.



EACAMPOS Metrologia e Sistemas S.A.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

25.272 Moagens, Massas e Bolachas

 
Amorim, Lage & Soares, Lda., Amorim, Lage, Lda. - Cerealis
 
 
Em Fevereiro de 1919, começava a história duma empresa, que chegou aos nossos dias, fruto da união de vontades de José Alves de Amorim, Manuel Gonçalves Lage e Aníbal Gonçalves Soares e que culminaria com a fundação da Amorim, Lage & Soares, Lda.
A empresa passaria, então, a movimentar-se no sector das moagens e massas, tendo ao longo dos anos disfrutando de instalações industriais em Parada (Águas Santas), Maia, Trofa, Porto, Coimbra (encerrada) e Lisboa.
À data da constituição inicial da empresa, a primeira unidade fabril foi instalada em Parada, Águas Santas.
Em 1923, já a capacidade de moenda era de 25 ton/dia.
Em 1931, o sócio Aníbal Gonçalves Soares abandona a sociedade.
Em 1933, era inaugurada a fábrica de massas alimentícias, surgindo no mercado a marca Milaneza.
A, então, Amorim, Lage, Lda., na década de 1930, vai adquirir a unidade de Moagem do Minho, Lda., de Guimarães, que seria depois deslocada para Parada e, ainda, a Moagem da Restauração, Lda, que se tinha estabelecido em Massarelos como Moagem do Corpo Santo e, depois, Moagem Victória.
Em 1945, após a morte de Manuel Gonçalves Lage, sucedem-lhe nos destinos da empresa os filhos António Augusto Gonçalves da Costa Lage e Rodrigo Gonçalves da Costa Lage, acompanhados por José Alves de Amorim.
Estava-se no fim do conflito mundial e Amorim, Lage, Lda. vai actualizar e ampliar as unidades fabris de Águas Santas.
Então, uma nova moagem é inaugurada, substituindo a primitiva (cessou a actividade em 1959) e, ainda, montada a primeira bateria de silos de trigo. Para concluir, surgiria a primeira moagem portuguesa com transporte pneumático de produtos.
A fábrica de massas também é intervencionada e é transferida a unidade Moagem do Minho, Lda., de Guimarães, para um edifício contíguo à nova instalação fabril.


 
 

Fábrica de Massas Milaneza, de Amorim, Lage, Lda., em 1945 – Fonte: Acervo da empresa
 
 
 
Em Março de 1954, José Eduardo Marques de Amorim, o filho do sócio fundador José Alves Amorim (falecido em Setembro de 1954), é nomeado gerente.
A gestão passa para os três elementos da 2.ª geração.
 
 
 

Instalações de Amorim, Lage, Lda., em 1954 – Fonte: Acervo da empresa
 
 
 
De forma a consolidar a posição ascendente das massas Milaneza no mercado nacional, foi decidido investir na primeira semolaria portuguesa de trigo duro, unidade inaugurada a 28 de Julho de 1962.
Em 1967, em parceria com Augusto Eduardo de Magalhães Paranhos e seus familiares (da antiga Moagem Granja), nascia a Moacir – Moagem de Coimbra, com a construção de uma nova moagem de trigo na Adémia.
Em 2005, a Moacir foi adquirida pelo grupo Cerealis, mas, entretanto, já foi encerrada.
 
 
 

Stand de “Amorim, Lage, Lda.”, numa exposição, no Palácio de Cristal, em 1971 – Fonte: Acervo da empresa
 
 
 
Em 1999, foi adquirida a Companhia Industrial de Transformação de Cereais e Derivados, S.A., detentora da marca Nacional.
Com esta aquisição, nasceria o maior Grupo português no sector Agro-alimentar e o maior Grupo português na área da moagem de cereais e fabrico de massas alimentícias.
 
 
“Impunha-se reorganizar e simplificar a estrutura de participações do Grupo. Consequentemente, reorganizámos a nossa estrutura de participações, reunindo sob a nova designação Cerealis, todas as empresas do anterior Grupo Amorim, Lage. Desta reorganização, resultaram as empresas Cerealis SGPS, S.A. (empresa holding), Cerealis Produtos Alimentares – S.A. (divisão de negócio de todos os produtos destinados ao consumidor final), Cerealis Moagens – S.A. (divisão de negócio de produtos para usos industriais) e Cerealis Internacional – Comércio de Cereais e Derivados, S.A. (divisão responsável pela importação de cereais, matérias-primas para o fabrico de todos os produtos do Grupo e, exportação de produtos acabados) e a Sociedade Imobiliária Paradense (vocacionada para rentabilizar os ativos imobiliários não afetos à indústria). Tendo herdado um património ímpar, Amorim, Lage, S.A. e com uma nova identidade agora como Cerealis, preparámo-nos para assumir novos desafios em novos produtos e novos mercados. A nova designação representa a união, a internacionalização, o dinamismo e a solidez de um dos maiores Grupos Agro-alimentares portugueses”.
Fonte: Cerealis
 
 
 
Centro industrial da Cerealis, Maia, especializado na produção de massas alimentícias (uma semolaria e duas fábricas), assim como na produção de bolachas, sendo ainda o polo logístico mais importante


 
Entretanto, durante a primeira década do século XXI, a unidade da Trofa vai ser ampliada, com uma linha de cereais para criança e outra para adultos quando, anos antes, já tinha sido melhorada tecnologicamente de modo a proceder ao fabrico de cereais de pequeno almoço multigrão e dotada de um novo torrador de Corn Flakes.

 
 

Centro Industrial da Cerealis da Trofa
 
 
Em 2021, o empresário Carlos Moreira da Silva e a família Silva Domingues compram 100% do Grupo Cerealis.
 A aquisição da Cerealis foi realizada pelas empresas de investimentos dos novos acionistas TEAK Capital, B.V. e pela TANGOR Capital, S.A.
Apesar da mudança de propriedade, a Cerealis, continuou a ser comandada por Rui Amorim, sobrinho de José Eduardo Marques Amorim, filho de um dos fundadores da empresa.


 
 

Centro do Porto (Freixo) da Cerealis para moagem de trigo mole e de centeio, com linhas de embalamento de farinhas industriais e expedição directa


 
A unidade do Porto (Freixo) tem as suas raízes na Companhia de Moagem Harmonia SA., que começaria em 1918, a laborar anexa ao Palácio do Freixo.
 
 

Centro industrial da Cerealis, em Lisboa, com uma capacidade moenda de 720 toneladas em 24 horas, uma recepção de cereal que atinge as 200 toneladas por hora e uma capacidade de ensilagem de cereais de 27.000 toneladas
 
 
 
 
Em Março de 2023 a Europasta, empresa Checa situada em Litovel, especialista em massas alimentícias, passa a ser consolidada integralmente nas contas da Cerealis.
 
 
 
 
Fábrica de Moagens Harmonia
 

 

Fábrica de Moagens Harmonia, em 1966 – Ed. SIPA

 
 
Esta fábrica ficava junto do Palácio do Freixo que, ainda, é um pouco visível, ao fundo na foto.
Quando o palácio ficou na posse de José Maria Rodrigues Formigal, vendeu-o com uma propriedade anexa, por 19 contos de réis à sociedade gestora da Companhia de Moagens Harmonia, que se instalou então numa nova fábrica, bem junto do palácio.
Tal ocorreu, após o incêndio acontecido em 1890 numa destilaria de cereais, que anteriormente tinha sido uma fábrica de sabão, situada a poente do palácio. À data, toda a área estava na posse de um cidadão alemão, Gustavo Nicolau Alexandre Peters, que continuou na posse da destilaria e retalhou a propriedade e a vendeu em talhões.
Em 1918, a Companhia de Moagens abre falência e é comprada a seguir por um conjunto de capitalistas portuenses, que reabilita o funcionamento da fábrica.
Em 1918, foi então fundada a Companhia de Moagem Harmonia SA.
A propriedade da empresa e a sua administração, sempre sob a liderança de um grupo de indústriais portuenses que, ao longo dos anos, realizaram os investimentos necessários para o seu desenvolvimento, ampliaram a unidade, em 1932, com o levantamento de mais dois pisos (obra realizada pelo arquitecto José Júlio de Brito) e, introduziram várias melhorias no diagrama de produção, o que lhes possibilitou obter índices de produção sempre crescentes e, manter um lugar competitivo no mercado da região.
Mais tarde, à fábrica foi-lhe acrescentado um silo de 45 metros de altura. A gestão da unidade fabril fazia-se a partir do Palácio do Freixo, cumulativamente com a gestão de uma outra fábrica de briquetes situada a poente do Palácio.
Por outro lado, a propriedade da Companhia de Moagens Harmonia, já era, em meados do século XX, da Companhia União Fabril (CUF) que, em 1951, vai construir mais um silo.
Em 1969, as instalações, até então, da fábrica da Companhia de Moagens Harmonia, são abandonadas e ocupadas umas outras, em espaço contíguo, muito mais modernas, situadas a Norte da Estrada Nacional 108.
Esta unidade, desde há anos, passou a fazer parte do universo da Cerealis.
 

 
Antigas instalações das Moagens Harmonia - Cortesia de Vítor Oliveira
 
 
 
Depois de décadas de peripécias, as instalações da antiga fábrica acabam nas mãos do instituto de Emprego e Formação Profissional, que as cederia à Câmara Municipal do Porto.

 
 

Moagem Ceres
 

“João Ferreira de Figueiredo, oriundo de Viseu, fundou em 1875, no Porto, o seu negócio, que inicialmente era de Comércio de Cereais e Farinhas.
Em 1895, os seus filhos, Abílio e Augusto, juntaram-se como sócios ao negócio do pai, assumindo, passados 6 anos, a responsabilidade de uma nova sociedade, sob a designação de “A. de Figueiredo & Irmão”.
Em 1915, enquanto toda a Europa se debatia numa guerra profunda, os irmão Figueiredo criaram a Fábrica de Moagem junto ao caminhos-de ferro em Campanhã.
Na época conturbada entre as duas Grandes Guerras, em especial na década de 30, quando uma gigantesca crise económica e financeira abalou todo o Mundo, a Sociedade continuou a crescer, adoptando em 1931 a sua designação definitiva, “Moagem Ceres, A. de Figueiredo & irmão, S.A.R.L.”.
Em 1949, após o falecimento quase simultâneo dos dois sócios fundadores, começou a restruturação profunda da Moagem Ceres, que até então mantinha as máquinas e tecnologias com que tinha iniciado a sua actividade. Esta modernização foi acelerada pela publicação em 1961 de uma lei que obrigava a reorganização da indústria moageira.
Em 1965, nas Bodas de Ouro da Sociedade, foram inauguradas as novas máquinas e actuais instalações sendo o grande impulsionador desta reforma o Administrador Arnaldo de Figueiredo. A partir daí, a Moagem Ceres foi crescendo a um ritmo imparável, adoptando sempre a mais moderna tecnologia existente, de modo a satisfazer as crescentes necessidades do mercado.
Desde o 25 de Abril de 1974, sob a égide dos Administradores Armando Miranda e Rogério Figueiredo, a Moagem Ceres aumentou mais de 6 vezes a sua capacidade produtiva, atingindo em 1998, uma capacidade instalada superior a 460 toneladas de trigo por dia e um volume de negócios anual de cerca de 30 milhões de euros. Estando actualmente cotada no top 20 das PME e entre as 500 maiores empresas nacionais tem obtido sucessivas distinções, nomeadamente o "Rating 1" da Dun & Bradstreet e os prémios "PME Prestige", "PME Excelência" e "PME Lider" do IAPMEI.
No dia 1 de Abril de 2015 a Moagem Ceres completou 100 anos de actividade como moagem de cereais, na qual se tem distinguido pelo elevado padrão de qualidade dos seus produtos, pela satisfação dos seus clientes e pela constante inovação”.
Fonte: “moagemceres.pai.pt”

 
 
A Ceres na Rua do Pinheiro de Campanhã


 

A Ceres, actualmente

 
De notar, que o jornal “O Commércio” de 26 de Dezembro de 1854, publicava uma notícia que dava conta da formação de uma sociedade em comandita, sob a firma de Companhia Ceres, cujo objectivo principal era a moagem de cereais, embora esta sociedade pareça nada ter a ver com a lançada, mais tarde, por João Ferreira de Figueiredo.
Na sociedade em comandita há dois tipos de sócios. Os de responsabilidade limitada que só contribuem com capital, e os de responsabilidade ilimitada que contribuem, para além da subscrição de capital, com o trabalho, sobre qualquer forma.
 
 
 






Fábrica de Moagem Andrades Villares. Moagens Invicta. Sociedade de Moagem Aliança, Lda
 
 
Por volta de 1855, apareceram na cidade do Porto as primeiras moagens a vapor.
As mais importantes foram o Moinho a Vapor do Bicalho, de Pinto Basto e, com aparecimento naquele ano, a Companhia Ceres que viria a ser dissolvida em 1860, passando para a posse do seu principal credor Felix Fernandes Torres.
Na década seguinte, apareceram a Companhia Industrial e Agrícola Portuense (de fiação e moagem de cereais) e a Manuel José Barreto, que mais tarde passaria a Barreto Filho & Genro.
Em 1874, surgiria então a Andrades Villares que, a partir de 1881, aparece com a designação de António Joaquim de Andrade Villares.
Aquela Companhia Ceres não tem qualquer ligação com “Moagem Ceres, A. de Figueiredo & irmão, S.A.R.L.”, surgida muito mais tarde.
 
 
 
“Pertencente a António Joaquim de Andrade Villares, foi fundada em 1874, na Rua de S. Jerónimo, n.º 136, hoje Rua de Santos Pousada. Segundo o Inquérito Industrial de 1881, esta importante fábrica de moagem não vendia farinha mas apenas pão, existindo aí uma padaria.
Parte do cereal que moía, cerca de 1/3, era utilizada na padaria da fábrica; o restante era moído por «conta alheia», isto é, por clientes que aí levavam o cereal, como se de um moinho tradicional se tratasse. Em 1908, é integrada na Companhia de Moagens Invicta e, em 1918, na Sociedade de Moagem Aliança Ltd., mais tarde Sociedade Industrial Aliança, tornando-se esta uma importante unidade do sector moageiro. Foi reconvertida em complexo habitacional”.
Fonte: “cct.portodigital.pt”
 
 
 

Pedido para instalação, em Agosto de 1909, de uma panificação e fabrico de amêndoas, da firma Andrades Villares na Travessa de Fernandes Tomás, nº 84 (hoje a Rua Comandante Rodolfo de Araújo) – Fonte: AHMP
 
 
 
A Companhia de Moagens Invicta formou-se em 1908 e, em 1917, era proprietária de 5 fábricas:
Fábrica de S. Jerónimo (Antiga Andrades Villares – 1874), Fábrica da Afurada (1890), Fábrica do Freixo (1890) e Fábrica de Valbom (1892) e a sociedade passa a ser gerida por Raúl Monteiro Guimarães que,

 
 
“É ele que, em 1915, junta àquele lote, a Fábrica de Barcelos, em Barcelos e, três anos mais tarde, vai organizar a Sociedade de Moagem Aliança, adquirindo em 1920, a Nova companhia Nacional de Moagem, organizando, ainda, a Companhia Industrial de Portugal e Colónias que, por sua iniciativa, adquire o jornal Diário de Notícias”.
Fonte: “A experiência da Primeira República no Brasil e em Portugal” - Alda Mourão e Angela de Castro Gomes


 
A Fábrica de Bolachas Villares, na Rua de Santos Pousada, nº 145 (antes a Rua de S. Jerónimo), coexistiu com a Fábrica Aliança, naquela rua, durante quase todo o século XX, lançando no ar um cheiro característico ao produto final.

 
 
 
A Fábrica de Bolachas Villares esteve por aqui, na Rua de Santos Pousada – Fonte: Google maps




Tampas de caixas de bolachas da “Villares”



Entretanto, a Invicta com a sua unidade fabril da Rua de Santos Pousada, ampliada em 1918, iria ser adquirida pela Aliança.


Desenho da fachada integrante de projecto que obteve licença de obra n.º 396 de 12 de Julho de 1918, para ampliação das instalações da Fábrica de Moagens Invicta, na Rua de Santos Pousada, ainda antes de passar a Fábrica Aliança

 
 
 
De notar, que no projecto a que se refere o desenho anterior, a longa fachada no seu envidraçado central estava dotada com um relógio e a cobertura do edifício era plana para servir de área de secagem das massas.
 
 
 
Agora um condomínio fechado, a fábrica de bolachas da “Aliança” era aqui – Fonte: Google maps

 
 
A marca Aliança foi adquirida em 1997, pela firma “Vieira de Castro” de Famalicão.


 
Moagem do Ouro
 



Moagem do Ouro na Rua do Ouro – Ed. Espólio Fotográfico Português


 
 

O edifício da Moagem do Ouro, actualmente – Fonte: Google maps


 
Após ter sido a Moagem do Ouro, por lá esteve uma garagem pertencente ao exército e serviu, ainda, de armazém ligado à indústria têxtil.
Hoje, alberga uma leiloeira e um restaurante.


 
 
Fábrica de Moagem da Senhora da Hora
 
 
A conhecida, no fim dos anos 20 do século passado, como “Fábrica de Moagem da Senhora da Hora” começou a laborar em 1900, fundada por Francisco Joaquim Pinto e sendo, de início, conhecida por “Fábricas a Vapor de Moagem de Trigo da Senhora da Hora”.
Esta unidade de moagem de cereais da Senhora da Hora, tinha escritório no Porto, na Travessa da Fábrica, nº15 (hoje é a Rua de Avis).

 
 
Fábricas a Vapor de Moagem de Trigo da Senhora da Hora – Postal de 1910

 
 
Fachada principal (parcial) da Moagem da Senhora da Hora c. 1927 – Fonte: Fotograma de filme da Cinemateca
 
 


“Germen-Moagem de Cereais Sa”
 
 
 
A fábrica de Joaquim Francisco Pinto iniciou, então, em 1900 (fábrica original a vapor), foi ampliada em 1905 (segunda fábrica a vapor) e passou para novos sócios em 1920 (Sociedade de Fomento Industrial Lda). 
Hoje, após a passagem inexorável dos anos, a antiga unidade de moagem é apenas uma memória, mas, no mesmo local (gaveto formado pela Rua de Joaquim Pinto – uma homenagem ao seu fundador há mais de 100 atrás - e a Avenida Fabril do Norte), está uma importante fábrica de moagem de cereais que faz parte de um grupo moageiro conhecido por “Germen-moagem de cereais Sa”.
A Fábrica de Moagem da Senhora da Hora foi, a par com a EFANOR (Empresa Fabril do Norte, SA, que abriria em 1907), uma das unidades industriais mais importantes da Senhora da Hora que, entre 1836 e 1853, tinha sido a sede do concelho de Bouças, mas que viria a perder esse estatuto para Matosinhos.
 
 
 
Fábrica de Bolachas Imperial
 
 
Com início de actividade nos anos 30 do século XX esta fábrica tinha instalações na Rua de Entreparedes nº 21, e tinha a particularidade de aromatizar com o cheiro doce das bolachas que aí eram fabricadas, toda a rua até à Praça da Batalha, que lhe ficava próxima. Encerrada já neste século mudou instalações para V. N. de Gaia sob a orientação do actual e único sócio-gerente e proprietário da fábrica, António Rocha, que nos últimos anos apenas se dedica ao embalamento de bolachas, compradas em Espanha, por ser mais "rentável".


 
Fábrica de Bolachas Imperial, na Rua de Entreparedes, nº 21-23 – Fonte: Google maps


 
 
Publicidade à Fábrica Imperial em calendário para 1983