Circo Olímpico e o Museu Industrial e Comercial do Porto
Museu Industrial e Comercial do Porto ao Palácio de
Cristal, no denominado Circo Olímpico
Durante muitos anos, a ligação entre esses terrenos e o Palácio de Cristal era feita por uma ponte, visível na foto acima.
Como ao tempo da exposição ainda não se tivessem começado os camarotes, palanques e mais obra de madeira, o circo apresentava a vista de um grande e bello salão, lindamente pintado de côres alegres, e alumiado por abundante luz.
A gravura que acompanha este artigo, a qual foi copiada de uma photographia, mostra a perspectiva que se desfructava da porta de entrada principal do mesmo circo, que era a que communicava com a galeria, por onde se passava a coberto do rigor do tempo para os dois grandes armazéns annexos ao palácio de cristal”.
Ignácio de Vilhena Barboza, Archivo Pittoresco n.º 40 Tomo IX 1866 (pág 313)
Circo
Olímpico – Ed. Archivo Pittoresco,
1866, nº 40 Tomo IX
In jornal "O Primeiro de Janeiro", de 19 de Março de 1886 - 6ª Feira
O museu Industrial e Comercial ficou desde a sua fundação, sob a direcção de Joaquim Vasconcelos, que a partir de Setembro de 1888 é nomeado conservador do museu.
Tendo em conta os últimos factos relatados, não foi surpresa a decisão de Etelvino Brito em extinguir os museus industriais e Comerciais de Lisboa e Porto por decreto-lei de 23 de Dezembro de 1899.
(…) Para substituir estes museus foi criada a Comissão Superior de Exposições a quem competia organizar alternadamente exposições anuais agrícolas e industriais no Porto e em Lisboa, ou excepcionalmente em qualquer outra parte do país.
Joaquim de Vasconcelos não se conformou com tal decisão. Durante muitos anos conseguiu manter as colecções do extinto museu juntas no mesmo edifício abandonado que serviu de museu na esperança de que este pudesse ser restabelecido.”
Com a devida vénia ao Dr. Carlos Loureiro – Curso de Pós-graduação em Museologia (Homenagem a Fernando Bragança Gil, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, Porto 2005)
Em 18 de Junho de 1918, os objectos que faziam parte do antigo museu, são transferidos para uma das naves laterais do Palácio de Cristal que se encontrava desocupada, vindos do Circo Olímpico.
Em 1927, as instalações do Circo Olímpico estavam em completo estado de degradação e Joaquim Vasconcelos ainda tinha as chaves das mesmas.
Entretanto, em 1932, o espólio do museu estava amontoado no edifício Braguinha em S. Lázaro e no prédio ocupado na Rua de Entreparedes pelo Instituto Comercial, pois, em 20 de Agosto de 1920, tinha sido decidido proceder à instalação do Museu Industrial e Comercial, junto do Instituto Superior do Comércio do Porto.
Algumas peças de cerâmica foram para o Museu Soares dos Reis, e entre a Escola Prática de S. Bento, em Santo Tirso, Escola Industrial de Faria Guimarães e Conservatório de Música de Lisboa, se distribuíram outras peças. Outro material teria recolhido ao Museu de Etnografia.
Hoje, aquela área, outrora ocupada pelo Circo Olímpico, está ocupada pelo Hospital Veterinário da Universidade do Porto, e a Rua Jorge de Viterbo Ferreira separa-a do Palácio de Cristal.
Antes da reunião atrás referida, já tinha ocorrido, no Palácio da Bolsa, uma outra reunião, em 30 de Agosto de 1861, com a presença dos fundadores do Palácio de Cristal, sob a presidência de Guilherme Augusto Machado Pereira, onde seriam eleitos os membros para a direcção e conselho fiscal da denominada Sociedade do Palácio de Cristal.
A sua direcção seria composta por Alfredo Allen (1828-1907) – também membro da Sociedade Agrícola do Porto, tendo participado como expositor na primeira Exposição Agrícola de 1857 –, Francisco de Oliveira Chamiço (1819-1888) e Francisco Pinto Bessa (1821-1878), tendo como substitutos António Bernardo Ferreira (1835-1907) – na altura Presidente da A.I.P. (1859 e 1867) –, Eduardo Chamiço (-) e António José do Nascimento Leão (m. 1889); do conselho fiscal faziam parte José António de Sousa Basto (1805- 1890) – Visconde da Trindade –, José Joaquim Pereira Lima (m. 1884) e José Fructuoso Aires de Gouveia Osório.
A estes, juntavam-se ainda, António Ribeiro Forbes (1791- 1862), Joaquim Ribeiro de Faria Guimarães (1807-1879), José Joaquim Leite Guimarães (1808-1870) – 1º Barão de Nova Sintra –, António José de Castro Silva (1825-1886) – 1º Visconde de Castro e Silva.
Foi, então, criada a Sociedade do Palácio de Cristal, tendo sido emitidas acções de 100$000 num total de 100 contos de reis, podendo o capital subir a 200 contos de reis.
Constituir-se-ia, assim, uma longa lista de accionistas da Sociedade do Palácio de Cristal. No total, 265 accionistas, todos fundadores daquela importantíssima instituição.
Os maiores accionistas foram, inicialmente, o Conde de Terena e D. Anna Margarida de Noronha Braga (casada com António Ferreira Braga, falecida em 21 de Julho de 1886), cada um com quatro contos; seguem-se José Joaquim Leite Guimarães e Visconde de Pereira Machado, com três contos; António Ferreira Braga, Young & C.ª, Luiz Alves Pinto Basto, D. Maria Christina de Faria, D. Maria Emília Ribeiro Coelho Cabral, Viscondessa de Pereira Machado e Viscondessa da Trindade, com 2 contos; D. Maria Júlia Cardoso Pereira Ferraz Carvalho de Lucena (2:300$000); El-Rei D. Pedro V, com 1:500$000; El-Rei D. Fernando, com 800$000; Imperatriz e o senhor Infante D. Luiz (depois Rei) com 500$000 reis cada um; contavam-se mais trinta accionistas de conto de reis ou para cima, mas abaixo de 1:500$000.
A partir do mês de Setembro de 1861, começaria a campanha de
realização do capital da sociedade do Palácio de Cristal.
Em 2 de Fevereiro de 1866, pelas 8h30, o rei Luís I esteve no Palácio de Cristal a assistir ao último concerto, que ali se realizou, antes do encerramento da I Exposição Internacional do Porto, estando presentes quase 2000 pessoas. O concerto terminou pelas 11h, tendo depois el-rei recebido uma comissão que pretendia colocar um padrão qualquer, nos jardins do Palácio de Cristal, para recordar os promotores da exposição: o visconde de Vilar de Allen e António Ferreira Braga.
Para este efeito, foi feita uma subscrição, que encerraria no dia 6 de Fevereiro de 1866, tendo rendido a soma de 1.500$000 rs.
A escolha da instalação, em 1865, do Palácio de Cristal nos terrenos
da Torre da Marca, teve como ensaio as exposições agrícolas aí realizadas.
Por determinação de Fontes Pereira de Melo, reconhecendo a importância da agricultura na riqueza do país, seriam organizadas sociedades agrícolas em todas as capitais de distrito.
No Porto, por acção do Barão do Valado, constituir-se-ia a Sociedade Agrícola do Distrito do Porto, em Dezembro de 1854.
A primeira Exposição Agrícola ocorreria nos terrenos da Torre da Marca em 12, 13 e 14 de Julho de 1857.
Na gravura acima é visível a capela de Carlos Alberto, inaugurada em
1861, mas começada a construir alguns anos antes.
Por determinação de Fontes Pereira de Melo, reconhecendo a importância da agricultura na riqueza do país, seriam organizadas sociedades agrícolas em todas as capitais de distrito.
No Porto, por acção do Barão do Valado, constituir-se-ia a Sociedade Agrícola do Distrito do Porto, em Dezembro de 1854.
A primeira Exposição Agrícola ocorreria nos terrenos da Torre da Marca em 12, 13 e 14 de Julho de 1857.
Torre da Marca e Massarelos
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