Muitos de nós já provamos ou ouvimos falar nos éclairs da
Leitaria da Quinta do Paço, situada na Praça Guilherme Gomes
Fernandes que, antes, foi Praça de Santa Teresa e Praça do Pão.
O que muitos desconhecem é que a Leitaria da Quinta do Paço,
da família Aranha Furtado de Mendonça, era uma fábrica de lacticínios da
freguesia de Eiriz, Paços de Ferreira e, desde 1920, produzia e embalava, em
instalações próprias, quantidades importantes de leite e outros produtos
lácteos (manteiga, queijo e chantilly), que eram também distribuídos na cidade
do Porto, através de um inter-posto que existia na Rua da Ribeira Grande, ao
Amial, na freguesia de Paranhos.
Alexandre da Silva Moreira Aranha Furtado de Mendonça foi o
grande impulsionador da leitaria. Nascido a 12/11/1895, em Santa Maria de
Sobrado / Castelo de Paiva / Aveiro, era licenciado em Agronomia, chegando a
ser Presidente da Secção de Lacticínios da AIP.
Em funções políticas, foi Vereador e Presidente da Câmara
Municipal de Paços de Ferreira, Procurador ao Conselho Provincial do Douro
Litoral e, ainda, Procurador à Câmara Corporativa.
As leiteiras regressam à Fábrica, em Paços de Ferreira, já
com as garrafas de leite vazias - foto: © Leitaria Quinta do Paço
Interposto da Leitaria da Quinta do Paço, na Rua da Ribeira
Grande, em 1960
As leiteiras da Leitaria da Quinta do Paço após a
distribuição, na Rua de Armando Cardoso, já próximo da Rua da Ribeira Grande
Naquela época, a Leitaria da Quinta do Paço afirmou-se no mercado como a
primeira empresa do sector a distribuir leite pasteurizado, em garrafas de
vidro, numa altura em que a distribuição era feita em bilhas, que as vendedoras
do Porto transportavam à cabeça.
Ano após ano, foi ganhando fama e impondo a qualidade dos
seus produtos, gozando de uma fama que se mantém até hoje.
A manteiga com sal, vendida ao peso, na embalagem de papel
vegetal, continua a ser um clássico, bem como os queijos e o chantilly.
O chantilly depressa ganhou fama, ao ser vendido ao balcão
da sua loja no Porto, em saquinhos de papel encerado, tendo protagonizado nos
anos cinquenta, aquilo que viria a ser o ex-líbris da marca: o Éclair com
cobertura de chocolate.
Foi, também, a empresa que lançou os yogurtes, sendo que as
embalagens (potes), originalmente, eram fabricadas na Fábrica de Louças de
Sacavém.
Uma “excursão do pessoal” da empresa, em 1951, à loja da Baixa,
que ainda hoje se mantém - foto: © Leitaria Quinta do Paço
Presentemente, a leitaria tem várias lojas: Norte-shoping,
Mercado do Bom Sucesso, Baixa da cidade do Porto, Vila do Conde e, ainda, duas outras em
Lisboa.
A Leitaria da Quinta do Paço seria percursora na
comercialização e fabrico de produtos derivados do leite.
Sabe-se que, na década de 60 do século passado, começaram a
ser impostas algumas restrições à distribuição de leite, tendo aparecido as
cooperativas obrigando, assim, a fábrica modernizar-se.
A distribuição primitiva feita por leiteiras, porta a porta
e munidas com um canado, que se observa na foto abaixo, seria de vez
abandonada.
O "canado" era uma vasilha de lata em que as
leiteiras dos arredores do Porto transportavam o leite para a cidade.
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