domingo, 27 de abril de 2025

25.273 Uma empresa familiar que já atravessou três séculos - Emílio de Azevedo Campos

 
Em 1854, na Rua de Santo António, n.º 137, José António Teixeira Rego abre uma loja de comércio de artigos ópticos e instrumentos para física e matemática que, em 1877, é tomada de trespasse por Emílio Azevedo Campos.
 
 
 
Biografia de Emílio de Azevedo Campos – In revista “O Tripeiro”, Vª Série, Ano XIII, Abril de 1958

 
 
Durante as décadas seguintes, até aos nossos dias, a firma vai continuar na mão da mesma família e, presentemente, desde 2018, é a “EACAMPOS Metrologia e Sistemas S.A.”, que desenvolve a actividade de comercialização de equipamentos técnicos e científicos.
Em 1890, Emílio de Azevedo Campos vai associar-se ao seu filho Emílio César e, à sua morte, em 1906, a firma passou a denominar-se Emílio de Azevedo Campos, Filhos.
Como se pode ler na biografia inserta acima, Emílio de Azevedo Campos foi pai do escritor portuense Agostinho Celso de Azevedo Campos (Porto, 21 de Julho de 1870 – Lisboa, 24 de Janeiro de 1944), um reconhecido professor universitário e jornalista.
Como mestre da linguística, destacam-se as suas obras, Glossário (1938), Língua e Má Língua (1944) e Falas sem Fio (postumamente, entre 1943 e 1946).
 
 
 
 
Loja, ainda no século XIX, da firma Emílio de Azevedo Campos - In revista "O Tripeiro", 7.ª Série, Ano XXIII, Outubro de 2004
 
 
 
Na realidade, sobre a foto anterior, pelo estilo da devanture, parece ser uma foto do início do século XX.
Ao comércio dos óculos, lunetas e binóculos, cedo foram acrescentados termómetros, barómetros, aparelhos para análise de vinhos e outros aparelhos de uso na física e na matemática. De realçar, as réguas de cálculo matemático e os teodolitos.
Em 1947, o pacto social é alterado e a firma passa a Emílio de Azevedo Campos & Cia. Lda. e, com entrada do novo sócio, o neto Emílio Américo, a firma vai expandir o negócio rumo às novas tecnologias.
Emílio Américo, assíduo visitante de feiras no estrangeiro, nomeadamente, as de Leipzig e Milão, introduziu os primeiros rádios transistores em Portugal.
Foi, ainda, o grande divulgador das séries de lâmpadas multicolores de árvores de Natal e incentivador da iluminação das ruas durante a época do Natal que, no Porto, começaram pela Rua de Santo António.
Nessa época, Emílio de Azevedo Campos & Cia, Lda. era o representante da italiana Rapizzi, fabricante de campainhas eléctricas e seus transformadores e quadros eléctricos numéricos electromagnéticos que sinalizavam, através de números, qual o botão de campainha a usar.
Após o conflito mundial, já em 1952, a empresa abre uma filial em Lisboa, na Rua Antero de Quental.
 
 
 
À esquerda, na vertical, o icónico reclame da empresa Emílio de Azevedo Campos, na Rua 31 de Janeiro
 
 
 
Em termos de exercício da sua cidadania, Emílio Américo teve assento no Conselho Municipal da Câmara Municipal do Porto decorrente das funções exercidas de Presidente da União dos Grémios dos Comerciantes do Porto.
Em 1965, a firma começa a relação comercial com a Mitutoyo.
Em 1969, a empresa está presente na Feira Metalomecânica no Palácio de Cristal, em 1982, na Filtécnica (Feira Internacional de Lisboa – FIL) e, em 1988, na Feira Melalomecânica na Exponor.
Entretanto, a empresa passa a ser certificada pela norma ISSO 9001:2000 pela BVQI (Bureau Veritas Quality International) e introduz a marca Sony em Portugal.
Durante anos, a loja tinha 200 m2 e a família vivia por cima, num prédio de cinco pisos, que passou, a partir de determinada altura, a ser todo ocupado pelos diversos serviços administrativos da empresa.
Em 1994, os departamentos de Química, Metrologia Industrial e Topografia transitaram para um edifício de raiz construído na Senhora da Hora, Matosinhos e, em 2000, a denominação social é alterada para Emílio de Azevedo Campos, SA.
À entrada para o século XXI, a sede continuou pela Rua de Santo António, sob a direcção de dois bisnetos Emílio de Azevedo Campos e filhos de Emílio Américo, Emílio Herculano e José Emílio, que são acompanhados pelos respectivos filhos, Emílio Manuel e Carlos José.
A empresa haveria de ter um estabelecimento na Rua do Bolama e, no sul do país, uma loja em Alfragide, como atesta a publicidade de 2005, a seguir exibida.

 
 
Publicidade a Emílio de Azevedo Campos – In revista “O Tripeiro”, 7.ª Série, Dezembro 2005
 
 
 
 
Emílio de Azevedo Campos, na Rua 31 de Janeiro, n.ºs 135-137, em 2009 – Fonte: Google maps

 
 
Pouco tempo depois da tomada do instantâneo acima, encerraria a icónica loja na Rua de 31 de Janeiro.
Presentemente, a empresa familiar que subsiste é a “EACAMPOS Metrologia e Sistemas S.A.”, com morada na Rua Sra. Penha, n.º 88, Senhora da Hora.



EACAMPOS Metrologia e Sistemas S.A.

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