domingo, 17 de setembro de 2017

21. Casas, Solares, Palacetes e Edifícios diversos com História - Actualização em 10/07/2019 e 29/01/2021

Casa, solar, palacete são vocábulos inerentes a diversos tipos de habitação que irão ser citados a seguir variadíssimas vezes.

«O termo solar aparece com frequência nas regiões de Entre Douro e Minho, nas Beiras e Trás-os-Montes, como sinónimo de casa ou de linhagem nobre. Vocábulo proveniente do latim: solum que significa chão, terra, lugar, casa ou edifício, “em que teve principio algua família nobre de Hespanha”. Acrescenta o Pe Rafael Bluteau que:
“Em demonstração da Nobreza desta terra edificavão os senhores dela hua casa forte, ou torre, a qual também servia para se defender dos rebates dos Mouros ou outros inimigos.” Em função das origens ou raízes genealógicas havia várias categorias de fidalgos: fidalgos de solar, fidalgos de solar conhecidos, fidalgos de solar notório e fidalgos de grande solar. Os valores da sua reputação manifestavam-se no prestígio da linhagem por via da ostentação das pedras de armas nos portais ou nas fachadas das casas nobres e na posse da terra.
José Sarmento de Matos distingue dois tipos de solares: o solar campestre da nobreza provinciana e o solar urbano implantado nas cidades ou vilas.”(…).
(…) A partir dos finais do século XVIII a paisagem urbana passou a ser dominada pelo “típico «palacete» do Porto” que se transformou no estereótipo das residências portuenses edificadas pela burguesia capitalista e sobretudo pelos brasileiros. Vejamos a sua tipologia descrita por Henrique Duarte e Sousa Reis:
“[…] há ainda huma caza antiga, ou palacete de dous andares, dos quais o segundo he de janelas de sacada e vem a ser o nobre, e o inferior com as suas pequenas janelas rasgadas até ao pavimento, pertencem aos compartimentos em que se divide esse primeiro andar, destinado á vivenda dos hospedes ou creados, pois formando interiormente sallas e quartos aos dous lados da porta principal e átrio d`entrada, que he espaçoso e amplo no gosto das melhores cazas desta natureza, nas epochas passadas ministrão acomodações para grande numero de pessoas […]”.
Com a devida vénia ao Professor Manuel Almeida Carneiro; Dissertação de Doutoramento, 2016



21.1 Palacete Braguinha /Escola de Belas Artes


Palacete Braguinha



António Ribeiro Fernandes Forbes (1791-1862), natural de Fafe e emigrante no Brasil, regressou a Portugal em 1857 e escolheu a zona de S. Lázaro para se instalar. Em 1861 adquiriu um terreno na Rua de São Lázaro (antes Rua do Reimão), hoje Avenida de Rodrigues de Freitas, onde pretendia construir a sua residência. Os acasos da vida, porém, não o deixaram levar avante este projecto, que apenas foi concretizado pela sua viúva, D. Maria do Carmo Calazans Rodrigues (1816-1901), entre 1863 e 1873.
Entretanto, em 1875, o imponente palacete da Viúva Forbes, de refinado trabalho da pedra e madeiras exóticas, dotado de um grandioso jardim, foi vendido a outro brasileiro por 70 contos de reis. O novo proprietário, José Teixeira da Silva Braga (1811-1890), de igual modo natural de Fafe e emigrante no Brasil, regressara a Portugal em 1860 e, aqui residiu, até falecer.
O seu herdeiro, José Braga Júnior, o segundo dos "braguinhas" portuenses, casado com Celisa da Rocha Leão Braga, que exerceu o cargo de Vice-cônsul do Brasil, no Porto, promoveu concertos na casa da Rua de São Lázaro e a construção de um novo jardim, da autoria do arquitecto paisagista belga, Florent Claes. No jardim foram introduzidas espécies exóticas, sobretudo sul-americanas, e criado um núcleo museológico de História Natural.
Em 26 de Abril de 1904, morre José Teixeira da Silva Braga Júnior, sócio da Academia Real das Ciências e da Sociedade de Geografia.
Em 1928, o edifício seria ocupado pela Escola de Belas Artes do Porto, após ter servido para alojar, na década de 1920, o Instituto Superior de Comércio do Porto e ter sido usado, também, como Palácio Presidencial nas visitas que os Chefes do Estado faziam ao Porto. Foi o caso da visita de António José de Almeida para as comemorações do 1º centenário da revolução liberal portuense.
Entretanto, em 1932, o edifício ainda albergava também parte do espólio pertencente ao Museu Industrial e Comercial, transferido do Circo Olímpico, ao Palácio de Cristal.
Em 1934, o arquitecto e professor Manuel Marques foi incumbido de gizar um plano de remodelação para o edifício. Nesse mesmo ano, o mestre José Marques da Silva executou um projecto de reestruturação do imóvel.
Este projecto teve uma existência atribulada e a sua concretização apenas avançou no final dos anos 40 após as diligências efectuadas pelo Director da ESBAP, Joaquim Lopes, e pelo respectivo Conselho Escolar.
A 27 de Abril de 1950, foi inaugurado o primeiro de 4 pavilhões destinados a Arquitectura, Desenho e Biblioteca, segundo um programa da Secção de Estudos da Direcção dos Edifícios Nacionais, orientado pelo engenheiro e arquitecto Manuel Lima Fernandes de Sá.



Átrio do Palacete Braguinha – Ed. JPortojo



Escultura nos jardins



Em 1951, teve lugar a abertura do Pavilhão de Pintura/Escultura desenhado pelo arquitecto Carlos Chambers Ramos e sob a orientação de Manuel Fernandes de Sá, ficaram concluídos os primeiros estudos para os pavilhões de Arquitectura e de Exposições, inaugurados em 1954.
O projecto de recuperação e ampliação do palacete foi idealizado pelo arquitecto Octávio Lixa Filgueiras e executado pelo arquitecto Eduardo Brito.
Desde 2006, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto passou a dispor de um outro edifício com 5 pisos, traçado pelo arquitecto Alcino Soutinho e erguido em terrenos afectos à Faculdade, no Campo Alegre.
A propriedade adjacente ao edificado é dotada de um grandioso jardim com plantas tropicais de várias espécies, algumas delas, ainda hoje raras e únicas em Portugal. O jardim foi desenhado pelo autor dos jardins do Palácio de Cristal, Florent Claes.

“(…) a propriedade seria convertida no primeiro parque de diversões, o “Tivoli” – imaginem que no espaço do actual Pavilhão de Madeiras e Metais já existiu um ringue de patinagem…
Hoje em dia os jardins, apesar de conservarem ainda parte da estrutura original, já não têm a área de antigamente, pois tiveram que ceder espaço para os edifícios da escola nos anos cinquenta do século passado, altura que a Escola de Belas Artes do Porto foi elevada à categoria de ensino superior. As alterações que então o espaço sofreu acrescentaram-lhe um conjunto de esculturas de autores consagrados, como Teixeira Lopes, Barata Feyo, Lagoa Henriques ou José Rodrigues. À entrada do jardim subsiste um pequeno lago, guardado pela escultura de Gustavo Bastos, outrora habitat de gansos e palco habitual de performances.”
Vera Dantas - Fonte: “portoenvolto.com”


Pinho Leal no “Portugal Antigo e Moderno” aponta a data de 1840 de instalação, neste  local, do Tivoli Portuense:


“N’esta quinta se estabeleceu, pelos anos de 1840, uma espécie de pavilhão-Mobille com uma montanha russa e varios jogos. Denominava-se isto -  o Tivoli Portuense”.


Em 28 de Junho de 1839, o “Periódico dos Pobres” informa que, no dia seguinte, abrirá o salão Tivoli, exclusivamente para assinantes.

Em 17 de Junho de 1849 -
Antigo Tivoli: M. Menay anuncia a função no domingo no sítio onde esteve o antigo Tivoli, com entrada pela praça S. Vítor. O divertimento consistirá em física, deslocação, pantomina, ascensão por uma corda, etc.
“Periódico dos Pobres”, de 15 Jun.1849, p. 557 – 6ª Feira




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