quarta-feira, 20 de setembro de 2017

(Continuação 3) - Actualização em 26/09/2018


A Feitoria Inglesa é um edifício localizado Rua do Infante Dom Henrique, antiga Rua dos Ingleses e que faz gaveto com a Rua de S. João.
O estilo neo-clássico deste edifício seria replicado no quartel de Santo Ovídio (Praça da República) e no Hospital de Santo António.
Este edifício é um excelente testemunho da aliança luso-britânica e do peso da comunidade britânica na cidade, grandemente empenhada no comércio do Vinho do Porto.
A Feitoria Inglesa promove os grandes vinhos do Porto nomeadamente os vintages e mantém tradições seculares, marcantes para uma associação com mais de duzentos anos de existência.
O termo “Feitoria” reporta a uma associação ou estabelecimento de comerciantes ou empresários.
A mais antiga feitoria inglesa no Norte de país, datada do século XVI, localizava-se em Viana do Castelo. O primeiro regulamento da Factory House of Oporto surgiu em 1727.
Construída entre 1785 e 1790, de acordo com um projecto do cônsul inglês John Whitehead, a Feitoria Inglesa é inspirada no estilo palladiano, sendo a única Factory House que sobreviveu até à actualidade das diversas que existiam em todo o mundo.
A fachada principal apresenta um aspecto neo-clássico, distribuindo-se em quatro registos. O rés-do-chão é formado por sete arcos que dão acesso a uma galeria exterior e à entrada do edifício. O andar principal é formado por altas aberturas, com varandas e frontões. A frontaria remata com uma platibanda, decorada por balaústres e festões.
No interior são de salientar a formosa escadaria, com a respectiva clarabóia, a sala de baile e a monumental cozinha. Situada no último andar, esta cozinha ainda conserva todo o equipamento original e a baixela primitiva. A Feitoria Inglesa dispõe, ainda, de uma vasta biblioteca e um espólio notável, com mobiliário Chippendale, porcelanas e faianças de qualidade.


Feitoria Inglesa


“O período mais difícil na vida desta instituição, da comunidade inglesa instalada na cidade e da própria cidade ocorreu aquando das invasões francesas em 1809, obrigando à partida dos cidadãos britânicos, que só começariam a regressar em 1811. É desta época o desaparecimento, ainda hoje não explicado, dos arquivos anteriores ao período das invasões (de 1790 a 1809). Desde esta data e até ao presente preservam-se todos os registos.
A feitoria pertence nos nossos dias a oito grandes casas/companhias inglesas produtoras e exportadoras de Vinho do Porto e o almoço das quartas-feiras continua a ser uma marca de tradição na vida da Feitoria.
A Feitoria Inglesa do Porto é a última "associação de mercadores" ingleses, de tantas que foram criadas  por todo o mundo, que ainda existe.”
Fonte: “portopatrimoniomundial.com”


O presidente da Feitoria designa-se por Treasurer (tesoureiro) e tem o apoio de um Management Committee (Conselho de Administração) composto por cinco elementos, dos quais se destacam o past Treasurer e o next year's Treasurer. A gestão diária da Feitoria fica a cargo do Manager (gestor) que assegura o seu funcionamento e a execução das várias atividades que ocorrem ao longo do ano.
O treasurer, que começou por ser escolhido entre os mercadores ingleses que tinham a sua actividade na cidade, passou pouco depois a ser, obrigatoriamente, alguém ligado ao negócio do vinho do Porto, o que ainda se mantem.
Em cumprimento de uma série de tradições, os wednesday lunches (almoços de quarta-feira) da Feitoria Inglesa perdem-se nos tempos da aliança mais antiga da Europa.


“No almoço de quarta-feira, apenas os associados britânicos ou luso-britânicos se sentam com direito nas 36 ou 38 cadeiras que rodeiam uma só mesa. A excepção são os convidados das famílias.
Às 13h15 os convidados alinham-se junto às cadeiras e normalmente os mais velhos são os primeiros a sentar-se.
No final da refeição, os portos vintage passam de mão em mão pela esquerda”. 
In Jornal I


Anexa à sala de refeições existe uma outra, que constituiu uma réplica e, onde no final de cada repasto, é servido o vinho do Porto. Entre as duas existe uma separação por porta, que se mantem fechada, para que os odores das refeições não a invadam e o vinho do Porto possa ser apreciado, altura em que é também feita uma saudação à rainha.
Os comensais transitam de uma sala para a outra sentando-se precisamente no lugar correspondente ao que ocupavam no repasto.



Salão de Baile – Fonte: “portopatrimoniomundial.com”


Sala de refeições - Fonte: “portopatrimoniomundial.com”



Cozinha antiga - Fonte: “restosdecoleccao.blogspot.pt”



No hall de entrada, logo após a galeria exterior, estão colocados retratos com os nomes dos tesoureiros desde 1811. Aí se podem encontrar os nomes das mais influentes famílias de origem britânica ligadas ao setor do vinho do Porto, perpetuados nas atuais marcas de vinho do Porto: Churchill´s, Cockburn, Croft, Delaforce, Fladgate, Forrester, Graham, Guimaraens, Robertson, Roope, Sandeman, Symington, Taylor e Warre.
Ao fim de 300 anos os tesoureiros foram sempre homens, mas, talvez fruto dos tempos, acaba por ocupar o cargo desde 2017, Natasha Bridge.
Natasha, que também é a primeira e única mulher com o estatuto de “full member”, é admi­nistradora da Taylor’s (Fladgate Partnership) e a sua for­mação passou pela Análise Sensorial, na Califórnia, e pelo Marketing, em Londres.


Visita de D. Manuel II e almoço na Feitoria em 1908 – Fonte: “restosdecoleccao.blogspot.pt”


Outros símbolos da presença britânica na cidade do Porto são o Oporto Cricket and Lawn Tennis Club, fundado em 1855 no Candal e a Oporto British School que, fundada em 1894, é a mais antiga escola de estilo britânico no continente europeu.
O Oporto Cricket Club sedeado na Rua do Campo Alegre nº 532, foi fundado por homens de nome, como os Tait.
Em 1923 compraram os terrenos onde se situa o clube.
Em 1967, fundiu-se com o Oporto British Club e permitiu expandir as instalações, que têm sido acrescentadas ao longo dos anos. Clube inicialmente para britânicos, acolheu membros portugueses e doutras nacionalidades. 


















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