20.9 Quinta de Lamas ou Quinta da Viscondessa (em
ruínas)
A parcela de terreno onde se situa hoje o Solar de Lamas, fez parte em tempos idos duma quinta setecentista
erguida na freguesia de Paranhos, numa zona dos arredores da cidade. Hoje, o
que resta dessa quinta está numa área situada entre as
Faculdades de Economia e de Engenharia da Universidade do Porto, bem próxima do
Hospital de S. João. Até há poucos anos a paisagem à volta do solar era ainda
de cariz rural entre casario modesto e terrenos murados.
Todas as outras quintas em seu redor já desapareceram, restando a
Nascente da Quinta de Lamas uma pequena parcela abandonada, da que foi a
Quinta de S. Romão, junto da igreja da Areosa, e a Quinta de Santo António (de Lamas) junto
da Faculdade de Economia, afecta à actividade turística. Na cidade três outras quintas com este nome ficaram famosas: a Quinta de Santo António do Bonjardim, a Quinta de Santo António da Boavista e a Quinta de Santo António de Contumil.
Restos da Quinta de S. Romão na Rua António Marçal – Fonte:
Google maps
Quinta de Santo António na Rua do Dr. Júlio Matos – Fonte:
Google maps
O solar da Quinta de
Lamas é também conhecido como Casa da Viscondessa de Roriz e ainda de Casa
dos Canavarro.
Hoje o que resta da antiga quinta é propriedade da
Universidade do Porto, que pertenceu em tempos a D. Clara Joaquina Ferreira Braga,
viúva de Inácio José Marques Braga.
D. Clara vendeu-a a D. Maria do Carmo de Araújo Martins de Gouveia
Sarmento, viúva de António Marinho Falcão de Castro Morais, fidalgo da Casa
Real e primeiro visconde de Roriz.
O visconde de Roriz faleceria em 1858 e a viscondessa em
1899 e após morte de ambos, coube a Quinta de Lamas a duas filhas do casal,
Angélica Júlia e Ermelinda Rosa.
Falecida Ermelinda Rosa em 1923, deixou a meação a sua irmã
e, após falecimento de Angélica Júlia em 1932, fez suas herdeiras (suas
sobrinhas), Maria Amélia e Maria Isabel Malheiro Marinho Falcão de
Castro, que acabariam por vender a propriedade em 1934 a Ernesto Canavarro e,
em 1954, era a viúva deste que ainda a tinha em sua posse e arrendada.
A última família conhecida naquela quinta e da qual também
tomou o nome foi, portanto, os “Canavarro", que a adquiriram aos herdeiros
da Viscondessa de Roriz.
Em 1892 esta quinta revelava-se marcante em dimensão e bem
marcada pelos seus limites e pela casa senhorial.
A Quinta da Viscondessa é referida por Horácio Marçal no seu
livro S. Veríssimo de Paranhos, como tendo uma casa de senhorio, uma casa de caseiro,
uma capela privativa com 3 altares e uma abundante nascente de água, (…) e que
terá provável proveniência da ribeira da Asprela, neste caso, do troço da
Areosa. São também referidos os extensos campos nos quais vicejavam cereais e
legumes.
Solar de Lamas assinalado na elipse, na carta topográfica de
1892 de Teles Ferreira
“O acesso ao terreiro
da casa faz-se através de um portal em arco abatido encimado por um frontão
recto interrompido, que apresenta ao centro o brasão, esquartelado, dos primeiros
proprietários, enquadrado por duas volutas algo desmesuradas. A casa nobre
desenvolve-se em U, com uma longa fachada central, a oeste, entre dois corpos
mais avançados, com dois pisos, fazendo-se o acesso ao andar nobre por uma
escadaria de aparato com dois lanços ao longo da parede, cujo vão forma um
corpo avançado onde se rasga, no piso térreo, um portal de entrada para as
lojas. A escadaria está revestida com azulejos azuis e brancos modernos,
idênticos aos que correm a fachada em rodapé. Num dos corpos laterais está a
capela da quinta, com um portal decorado por um singelo enrolamento de volutas
sobre o lintel, encimado por janelão cujo frontão, em arco abatido, se ergue um
pouco acima do friso sobre o qual se desenvolve o frontão. Este é triangular,
embora abatido, e possui uma alta cruz ao centro, e dois fogaréus nas
extremidades. A casa inclui ainda anexos agrícolas, jardim e terreno de
cultivo, tendo estado todo o conjunto muito degradado, mas, em 2015, começou
todo o espaço envolvente ao solar a ser arranjado.”
Fonte – Site: “patrimoniocultural”
Vista do exterior do Solar de Lamas, 2014 – Fonte: Google
maps
Ao centro o Solar de Lamas – Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”
Imagem do Portal de Entrada da Quinta de Lamas num desenho
de Gouveia Portuense
Foto do Portão da Quinta de Lamas, 2007 – Ed. Observatório
do Património do Porto / Clube Unesco da Cidade do Porto
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