sábado, 9 de setembro de 2017

(Continuação 8)

20.9 Quinta de Lamas ou Quinta da Viscondessa (em ruínas)

A parcela de terreno onde se situa hoje o Solar de Lamas, fez parte em tempos idos duma quinta setecentista erguida na freguesia de Paranhos, numa zona dos arredores da cidade. Hoje, o que resta dessa quinta está numa área situada entre as Faculdades de Economia e de Engenharia da Universidade do Porto, bem próxima do Hospital de S. João. Até há poucos anos a paisagem à volta do solar era ainda de cariz rural entre casario modesto e terrenos murados.
Todas as outras quintas em seu redor já desapareceram, restando a Nascente da Quinta de Lamas uma pequena parcela abandonada, da que foi a Quinta de S. Romão, junto da igreja da Areosa, e a Quinta de Santo António (de Lamas) junto da Faculdade de Economia, afecta à actividade turística. Na cidade três outras quintas com este nome ficaram famosas: a Quinta de Santo António do Bonjardim, a Quinta de Santo António da Boavista e a Quinta de Santo António de Contumil. 

Restos da Quinta de S. Romão na Rua António Marçal – Fonte: Google maps


Quinta de Santo António na Rua do Dr. Júlio Matos – Fonte: Google maps


O solar da Quinta de Lamas é também conhecido como Casa da Viscondessa de Roriz e ainda de Casa dos Canavarro.
Hoje o que resta da antiga quinta é propriedade da Universidade do Porto, que pertenceu em tempos a D. Clara Joaquina Ferreira Braga, viúva de Inácio José Marques Braga.
D. Clara vendeu-a a D. Maria do Carmo de Araújo Martins de Gouveia Sarmento, viúva de António Marinho Falcão de Castro Morais, fidalgo da Casa Real e primeiro visconde de Roriz.
O visconde de Roriz faleceria em 1858 e a viscondessa em 1899 e após morte de ambos, coube a Quinta de Lamas a duas filhas do casal, Angélica Júlia e Ermelinda Rosa.
Falecida Ermelinda Rosa em 1923, deixou a meação a sua irmã e, após falecimento de Angélica Júlia em 1932, fez suas herdeiras (suas sobrinhas), Maria Amélia e Maria Isabel Malheiro Marinho Falcão de Castro, que acabariam por vender a propriedade em 1934 a Ernesto Canavarro e, em 1954, era a viúva deste que ainda a tinha em sua posse e arrendada.
A última família conhecida naquela quinta e da qual também tomou o nome foi, portanto, os “Canavarro", que a adquiriram aos herdeiros da Viscondessa de Roriz.
Em 1892 esta quinta revelava-se marcante em dimensão e bem marcada pelos seus limites e pela casa senhorial.
A Quinta da Viscondessa é referida por Horácio Marçal no seu livro S. Veríssimo de Paranhos, como tendo uma casa de senhorio, uma casa de caseiro, uma capela privativa com 3 altares e uma abundante nascente de água, (…) e que terá provável proveniência da ribeira da Asprela, neste caso, do troço da Areosa. São também referidos os extensos campos nos quais vicejavam cereais e legumes.

Solar de Lamas assinalado na elipse, na carta topográfica de 1892 de Teles Ferreira


“O acesso ao terreiro da casa faz-se através de um portal em arco abatido encimado por um frontão recto interrompido, que apresenta ao centro o brasão, esquartelado, dos primeiros proprietários, enquadrado por duas volutas algo desmesuradas. A casa nobre desenvolve-se em U, com uma longa fachada central, a oeste, entre dois corpos mais avançados, com dois pisos, fazendo-se o acesso ao andar nobre por uma escadaria de aparato com dois lanços ao longo da parede, cujo vão forma um corpo avançado onde se rasga, no piso térreo, um portal de entrada para as lojas. A escadaria está revestida com azulejos azuis e brancos modernos, idênticos aos que correm a fachada em rodapé. Num dos corpos laterais está a capela da quinta, com um portal decorado por um singelo enrolamento de volutas sobre o lintel, encimado por janelão cujo frontão, em arco abatido, se ergue um pouco acima do friso sobre o qual se desenvolve o frontão. Este é triangular, embora abatido, e possui uma alta cruz ao centro, e dois fogaréus nas extremidades. A casa inclui ainda anexos agrícolas, jardim e terreno de cultivo, tendo estado todo o conjunto muito degradado, mas, em 2015, começou todo o espaço envolvente ao solar a ser arranjado.”
Fonte – Site: “patrimoniocultural”

Vista do exterior do Solar de Lamas, 2014 – Fonte: Google maps


Ao centro o Solar de Lamas – Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”


Imagem do Portal de Entrada da Quinta de Lamas num desenho de Gouveia Portuense


Foto do Portão da Quinta de Lamas, 2007 – Ed. Observatório do Património do Porto / Clube Unesco da Cidade do Porto

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