Cronologia do
aparecimento do edifício
Em 1813, numa planta de George Balck, é visível uma porção de
área edificada onde viria a surgir o palacete, acreditando-se que os alicerces
respectivos, tenham sido aproveitados para o levantamento do edifício actual.
Tal ficou a dever-se a José António de Castro Pereira, nascido em Bragança em 1789, Cavaleiro da Casa Real, Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, vereador da Câmara do Porto em 1848, capitalista e negociante, que procura consolidar a sua posição social e
económica, com a construção do edifício para sua habitação e da família.
Edificado (amarelo) na esquina das ruas Formosa e Santa
Catarina na Planta de Balck de 1813
“Em 1842 José António
Castro Pereira, solicita à Câmara Municipal do Porto (CMP), autorização para
lajear uma série de casas sitas na Rua de Santa Catarina na esquina com a Rua
Formosa.
Em 1843 o mesmo
requerente solicitou autorização para o levantamento de uma casa com três
pisos.
Em 1845 o requerente
muda de ideias e diz pretender o levantamento de um prédio com quatro pisos.
Em 1849 morre José
António Castro Pereira e o edifício passa para a viúva, Antónia Margarida
Antunes Navarro.
Em 1866 o edifício é
alugado ao Liceu Portuense por 850.000 reis, devido a problemas financeiros da
família.
Em 1876 Margarida
Navarro faleceu e o prédio passa para o seu filho, Júlio César de Castro
Pereira, 2º visconde de Lagoaça, comendador da Ordem de Cristo e da Ordem de
Nossa Senhora de Vila Viçosa, títulos que recebe do seu tio, irmão de sua mãe,
António José Antunes Navarro, que tinha sido 1º visconde e conde de Lagoaça e
Presidente da Câmara do Porto entre, 1860 e 1867, ano em que falece a 17 de
Julho.
Entre 1876 e 1894 a
propriedade é penhorada e o seu novo proprietário, Inácio Pinto da Fonseca é o
responsável pela picagem da pedra de armas da família Castro Pereira que se
encontra na fachada.
Em 1879 o liceu
desocupa o edifício e em 22 de Fevereiro de 1894 o Estado adquire-o por permuta
com Inácio da Fonseca e esposa, recebendo estes em compensação um prédio que
pertencia ao Estado e, desde então, passou a albergar serviços relacionados com
o Ministério das Obras Públicas.
Em 1894 o edifício é
descrito como «um palacete de quatro andares, água-furtada, quintal, poço, água
de bica e mais pertenças».
(…) Após o falecimento
do proprietário inicial, por razões de funcionalidade e em data posterior a
1845 (mas que não é possível precisar), verificou-se o acrescento de um quinto
piso e as portas do piso térreo da habitação, voltadas a Sul, para a Rua de
Santa Catarina, foram parcialmente entaipadas dando lugar a janelas, sendo
eliminado o acesso directo à parte posterior do edifício. Foi ainda desmontado
o lanço de escadas existente na antiga habitação do lado Sul para dar lugar ao
elevador e casa de banho e criadas várias divisórias e tectos falsos”.
Fontes: Ana Filipe e Patrícia Costa, 2004; Alexandrino
Brochado - In, Santa Catarina “História de Uma Rua”; “O Tripeiro”, Série V, nº
3, Ano 9, 1953
Júlio César de Castro Pereira, atrás referenciado, foi
segundo Visconde de Lagoaça, em verificação da segunda vida concedida a seu
tio António José Antunes Navarro, irmão de sua mãe.
A renovação do título
foi por decreto de 6 de Julho de 1867.
Nasceu a 27 de Março de 1836 e casou a 20 de Junho de
1876 com D. Adelaide Henriqueta de Sousa Basto, nascida a 5 de Março
de 1849, filha dos primeiros Viscondes da Trindade.
Características
O edifício tem planta rectangular, com dois pequenos corpos
quadrangulares adossados nas extremidades da fachada posterior.
Cobertura em telhado de duas águas, com chaminé e claraboia
a Norte.
O edifício é flanqueado a Norte por um outro de 5 pisos e a
Sul pelo situado na Rua de Santa Catarina nº 250, com o qual comunica ao nível
do 2º piso e através do pátio que se desenvolve ao nível do 1º piso, ou piso
térreo, em cota mais baixa, com acesso através de lanços de escadas.
“O edifício é
constituído pela justaposição de dois lotes estreitos, inicialmente idênticos a
nível da planta, fachadas e motivos decorativos, mandados construir para
habitação da mesma família.
Os vãos mais amplos do
registo da fachada principal, permitem adivinhar a sua primitiva utilização
para o acesso de carruagens, ao pátio interior, acesso depois cortado para
remodelação interior do edifício.
Interiormente, apesar
das alterações tem-se ainda a percepção de que os pisos apresentariam duas
salas viradas para a fachada principal e outras duas para a fachada posterior.
As salas apresentam
estuques decorativos, sendo principalmente de destacar aquele da chamada “Sala
do Tesouro”, alusiva talvez, à actividade financeira de José António Castro
Pereira.
Fontes: Ana Filipe e Patrícia Costa, 2004
Palacete dos Castro Pereira (em 2º plano) contíguo ao prédio
da esquina em 1º plano
No prédio da esquina da foto acima, chegou em tempos (1891),
a funcionar no seu rés-do-chão o Café Lusitano e, no 1º andar, uma
agremiação de cariz republicano.
Seria nestes dois locais muito frequentados por Alves da
Veiga, que foi idealizada a malograda revolta de 31 de Janeiro de 1891.
Palacete dos Castro Pereira - Ed. JPortojo
Pedra de Armas - Ed. Guilherme Bomfim Barreiros; Fonte: "gisaweb.cm-porto.com"
Acima observa-se a Pedra de Armas do século XIX existente no
jazigo do cemitério da Lapa, idêntica à que foi picada no edifício na Rua de
Santa Catarina.
Vista aérea actual do Palacete dos Castro Pereira – Fonte:
Google maps
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