20.7 Quinta de Salgueiros ou
Quinta dos Ingleses
(desaparecida)
A Quinta de Salgueiros com o seu casarão do século XVIII, de 2 pisos, com uma capela a si adossada de invocação a Nossa Senhora da Estrela, situava-se a Nordeste do antigo Estádio das Antas (praticamente a ele encostado) na Rua da Vigorosa nº 341.
Era também chamada por alguns de Quinta dos Ingleses por ter estado alugada a uma família inglesa na década de 50 do século passado, confundindo-se, assim, com uma outra com o mesmo nome, que se situava para os lados do Campo Alegre.
Situava-se então na zona das Antas, tendo pertencido ao poeta Augusto
Geraldes de Mesquita (1866-1896) e Maria Balbina Carneiro da Silva, que por sua
vez a herdou de seus pais Augusto de Carvalho Vasques de Mesquita (1839-1906) e
Cristiana Jerónimo Carneiro Geraldes (1839-1865). Augusto de Carvalho Vasques
de Mesquita era um reconhecido advogado portuense e poeta. A sua filha Maria
Emília Carneiro Geraldes de Mesquita Costa Ramalho (1887-?) casou, em 1905, com João
da Costa Ramalho (1880-1949).
Sampaio Bruno homenageou Augusto Geraldes de Mesquita e
Augusto Vasques de Mesquita na publicação "Portuenses Ilustres" e a
toponímia portuense, na Rua Vasques de Mesquita, ali, bem perto, nas Antas.
À sua entrada principal podia chegar-se, a partir dos anos
50 do século XX, através de um caminho que ligava a Rua de Contumil e o topo
Norte do referido estádio.
Foi esta a residência do jardineiro-paisagista, Jacinto
de Matos (falecido em 1948) onde tinha também os seus viveiros.
Aliás, Jacinto de Matos continuava o negócio de um pequeno horto que seu pai, Zeferino de Matos, tinha na Rua da Boavista.
De acordo com AHMP, entre 1907 e 1915, Jacinto de Matos faz
vários pedidos de licenciamento de obras na Quinta de Salgueiros, nomeadamente
para a abertura de poço (1907), construção de armazém e alpendre (1908),
construção, reconstrução e alteamento de muros de vedação.
No entanto, de acordo com as mesmas fontes, em 1916, a Quinta de Salgueiros já estava nas mãos de João da Costa Ramalho, que pede licença para alteração da habitação.
A Quinta foi morada da família Geraldes de Mesquita Ramalho até meados da década de 1940, sendo que na década de 1950 a casa esteve alugada, durante alguns anos, a uma senhora inglesa (daí ser apelidada, por vezes, de Quinta dos Ingleses) regressando a família Mesquita Ramalho à quinta, em 1956.
No ano 2000, a Quinta de Salgueiros foi vendida pela Família Mesquita Ramalho ao Futebol Clube do Porto que, posteriormente, a vendeu à Câmara Municipal do Porto.
Segundo Manuel José Cunha a casa e quinta eram no fim do século XIX pertença da família Mesquita. Assim a Quinta de Salgueiros,
No entanto, de acordo com as mesmas fontes, em 1916, a Quinta de Salgueiros já estava nas mãos de João da Costa Ramalho, que pede licença para alteração da habitação.
A Quinta foi morada da família Geraldes de Mesquita Ramalho até meados da década de 1940, sendo que na década de 1950 a casa esteve alugada, durante alguns anos, a uma senhora inglesa (daí ser apelidada, por vezes, de Quinta dos Ingleses) regressando a família Mesquita Ramalho à quinta, em 1956.
No ano 2000, a Quinta de Salgueiros foi vendida pela Família Mesquita Ramalho ao Futebol Clube do Porto que, posteriormente, a vendeu à Câmara Municipal do Porto.
Segundo Manuel José Cunha a casa e quinta eram no fim do século XIX pertença da família Mesquita. Assim a Quinta de Salgueiros,
“Era pertença de
Augusto Geraldes de Mesquita que por herança com sua esposa Maria Balbina
Carneiro e Silva se tornou proprietário.
Este, era filho de
Augusto Carvalho Vasques de Mesquita,
doutorado em Direito e ilustre figura da cidade, correspondendo-lhe o seu nome
em topónimo de arruamento perto desta quinta de família.
Em 1916, era já
residência de João da Costa Ramalho que por casamento com Maria Emília Carneiro
Geraldes de Mesquita, filha herdeira, se tornou proprietário, como se comprova
por requerimentos de licenças solicitadas.
Nos anos 40, a quinta
era limitada pelas ruas do Vigorosa e pela fábrica das Antas, pela rua Naulila
e Montes da Costa, pelas propriedades da família Ferreira dos Santos e ocupava
parte da actual área episcopal da nova igreja das Antas.
Foi morada da família
até meados dos anos 40 do séc. XX, tendo sido alugada na década de 50, durante
alguns anos a uma senhora inglesa e por isso reconhecida como Quinta dos
Ingleses.
Esta casa foi também
residência de Jacinto de Matos, um dos maiores jardineiros-paisagistas
portugueses da primeira metade do séc. XX, onde aí teve as suas estufas e
viveiros ao ar livre.(…)
(…) Até aos anos 30
manteve-se intacta tendo sido cedido em 1932 à Câmara Municipal do Porto uma
vasta fatia de terreno para a abertura da Avenida Fernão de Magalhães e pouco
tempo depois doado outra parcela de terreno para se erigir a Igreja das Antas e
espaços para o futuro Centro Social, de gaveto com a rua do Vigorosa.
Em 1948, a família
vendeu cerca de 48.000 m2 ao Futebol Clube do Porto para a construção das suas
infra-estruturas desportivas, campo de futebol e outras instalações do clube,
reduzindo parcialmente a sua vasta área territorial da quinta.(…)
(…) A casa regressa à
família no ano de 1956 e permaneceu habitada até finais dos anos 70 e ainda com
caseiros, sendo esta prática agrícola apoiada pelas águas de minas e através
dos seus sistemas hidráulicos então existente, que levava a água dos tanques
dos jardins, aos pomares, às hortas e aos campos de pasto e cultivo.
Neste período
realizaram-se inúmeros eventos, tais como casamentos, festas, arraiais de
beneficência e visitas de figuras relevantes da época.
A partir desse período
a casa permanece fechada e a espaços a casa é utilizada pela família para
actividades de diversão da juventude e amigos e ao mesmo tempo servindo de área
para ocupação de pequenas tarefas de recolha e preparação de mobiliário e
antiquário.
Nos anos 90, final do
ano de 1991, deflagra um incêndio que destruiu parcialmente a casa e capela,
que já se encontrava destelhada, consumindo todo o madeiramento e recheio que
aí se encontrava, finalizando toda a actividade existente, que já era pontual.
Com este incêndio é
perfeitamente visível toda uma construção em granito com elementos
arquitectónicos dos finais de setecentos onde junta uma fonte barroca de
excepcional concepção e extremamente harmoniosa.
Para além destes
elementos arquitectónicos são também patentes os marcantes muros que limitam a
casa, os seus bancos de pedra, fontes, tanques e todo um percurso de escadarias
e de pequenos azulejos decorativos espalhados, aplicados nos muros em redor da
casa, já só visíveis e deteriorados em dois ou três locais e encobertos pelos
lixo e vegetação.
Tudo isto envolto em
jardins decorativos com desenhos singulares delimitados por buxo, bem como de
todo um conjunto de árvores de especial relevância arbórea, da sua época em que
foram plantadas, permanecendo desde aí algumas camélias, pinheiros, cedros,
ciprestes-do-Biçaco, bétulas, Prunus, magnólias, grevileas,
carvalhos-americanos e de uma importante faia, que entretanto foram crescendo
sem qualquer controlo e manutenção permitindo que em qualquer momento tudo
possa desaparecer através de pequeno fósforo, se nada for feito.
No ano de 1999
deram-se inícios a negociações de compra da quinta, entre a família, o Futebol
Clube do Porto e a Somague, tendo sido adquirida no ano de 2000, com o
objectivo de concretização do Plano de Pormenor das Antas”.
Com o devido crédito a José Manuel Cunha administrador do blogue
“manueljosecunha.blogspot.pt”
A Câmara Municipal em negociações que envolveram permutas de
terrenos, acaba por adquirir o que resta da propriedade e casa, que nunca viram
qualquer decisão para obstar à sua contínua degradação.
“A
verdadeira Casa Senhorial da Quinta dos Salgueiros nas Antas,
quase engolida pelas obras da VCI e do actual Estádio do Dragão, teve um grande
passado que é um paradoxo total ao calamitoso estado de ruína em que, aos
poucos caiu faz já umas décadas.
A Casa da Quinta de Salgueiros e a sua destelhada capela em
1950 – Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”
Quinta de Salgueiros em 1961
Quinta de Salgueiros c. 1950 - Ed. Teófilo Rego
Esta casa foi a
residência de Jacinto de Matos, um dos maiores jardineiros-paisagistas
portugueses da primeira metade do século XX, que aí teve as suas estufas e
os seus viveiros ao ar livre. No livro Jardins Históricos do Porto (Ed. Inapa, 2001), Teresa
Andresen e Teresa Portela Marques identificam alguns dos jardins e parques
projectados por Jacinto de Matos em todo o país como o Parque de S. Roque, a
Casa das Artes, o jardim da Ordem dos Médicos (à Arca d'Água), o Parque da Curia,
o Parque das Pedras Salgadas, os espelhos de água dos jardins da Presidência do
Conselho de Ministros entre outros.
No início da segunda
metade da década de 80 a imponente casa desta Quinta, estava envolta de
arvoredo denso e de um mato (silvas/ moitas) quase impenetrável. Existia um
caminho, uma ruela, que ligava a rua de Contumil até à lateral do antigo
estádio das Antas, contornando a propriedade e passando mesmo em frente ao
portão principal da Quinta. Quem nesse caminho passava tinha a sensação de
estar na aldeia devido a vegetação e aromas de flores silvestres que ainda se
sentiam (altura da Primavera e Verão). Quem se aventurasse a sair do caminho e
atravessar o denso mato tinha acesso à mansão, já na altura devoluta. A casa,
enorme, com uma dupla escadaria frontal e duas entradas principais (uma térrea,
outra no cimo das escadas) apesar de arruinada tinha um ar imponente e o local
era verdadeiramente bucólico possuindo um aspecto "antigo". Frente à
fachada da casa, uma antiga fonte apresentava-se como um belo obelisco de
granito trabalhado, cercado por restos de um antigo jardim com árvores
centenárias. A capela anexa, não possuía já vestígios de telhado e quem
acedesse à mesma por uma antiga porta lateral constatava que também já tinha
desaparecido todo o interior, incluindo o sobrado de madeira que provavelmente
dividia a nave da capela do piso de baixo. A casa propriamente dita ainda tinha
telhado... no seu interior, inúmeras divisões, algumas enormes, com fogões de
sala antigos de dimensões impressionantes, uma delas tinha um verdadeiro
amontoado de moveis antigos totalmente desprezados, cobertos por pó e a
degradarem-se... livros antigos, ferros de passar roupa a carvão, e almanaques
datados de finais de 1800, andavam espalhados pelo chão das divisões como se
fossem jornais velhos... o acesso vertical interior fazia-se por uma escadaria
semi-destruída que conduzia ao piso superior, este também com um corredor
com acessos laterais para várias divisões (antigos quartos?) nos quais alguns, tendo
o telhado já ruído parcialmente se "espreitava" o céu... Ao fundo
desse corredor existia uma janela que dava acesso visual para o interior da
capela, na sua parede lateral”.
Com a devida vénia ao blogue Monumentos Desaparecidos
Casa na década de 80 do século XX – Ed. Paulo V. Araújo;
Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”
Obelisco da Fonte - Ed. Paulo V. Araújo; Fonte: “monumentosdesaparecidos.blogspot.pt”
Na época da foto anterior, o casarão
ainda possuía grande parte do telhado e o "obelisco" da
fonte, frente à fachada principal estava inteiro, o interior em estado
lastimável aguardava um inevitável colapso.
Localização da Quinta de Salgueiros – Fonte: Google maps
Na foto acima a localização da Quinta de Salgueiros seria
dentro da elipse com contorno a amarelo.
Como referência no canto superior esquerdo está a conhecida
“Torre das Antas” e o local do antigo estádio, adivinha-se no centro da foto.
De referir que na cidade o topónimo “Salgueiros” está
associado a uma outra Quinta de Salgueiros para os lados da actual Rua da
Constituição, próximo do antigo Monte Pedral, e onde esteve situada a Fábrica
de Tecidos de Salgueiros, local onde nasce o manancial de Salgueiros (que já
abasteceu a cidade) e de que nos dias de hoje subsiste nas imediações, a Rua de
Salgueiros.
Casa em 2007 – Ed. Paulo Araújo, In “dias-com-arvores.blogspot.pt”
Presentemente (2022), decorre um processo de requalificação do
património que resta do edifício e área envolvente, sob a égide da C. M. Porto
de acordo com a família Mesquita Ramalho Alves de Sousa.
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