terça-feira, 5 de setembro de 2017

(Continuação 4)

20.5 Quinta da Queimada, Casa de Ramalde e Morgadio de Ramalde


A Casa de Ramalde foi, desde 1542, a cabeça do Morgadio de Ramalde, do qual chegaram a fazer parte terrenos situados em S. Gens.


“Séc. 16, 1ª metade - João Dias Leite compra à viúva e filhas de Vasco Gil de Bacelar, senhor da Torre e Solar de Bacelar, uma casa de morada e respectivas terras de que estes eram proprietários no lugar de Ramalde; a casa apresentava traça simples com torre angular; 1542, 8 Março - D. João III concede a António Leite, filho de João Dias Leite e morgado de Ramalde, brasão privativo; 1581 - por ser ano de grande peste na cidade do Porto e em cumprimento de uma promessa, uma congregação religiosa feminina da cidade manda construir, em terrenos que possuía no termo de Ramalde, junto à casa, uma capela dedicada a São Roque. Posteriormente, em data que se desconhece, esta capela foi adquirida pelos senhores de Ramalde, que a ampliaram e mandaram colocar sobre a porta de entrada o escudo com as armas dos Leites; 1746 - D. Florência Leite Pereira de Melo e seus filhos decidem remodelar o solar e a capela…”
Fonte: monumentos.gov.pt



Há documentos que dão conta de um conflito que nas primeiras décadas do século XVII, opôs Martim Leite Pereira, Morgado de Ramalde, a Francisco de Sá e Meneses, Conde de Penaguião, sobre a utilização de terrenos incultos na aldeia de Ramalde de Baixo.


“Obra de Nicolau Nasoni, é também conhecida pela “Casa da Queimada”, por ter sido incendiada em 1809 pelas tropas francesas do Marechal Soult, general do Estado-Maior de Napoleão, um dos que chegaram a Portugal (os outros foram Junot, o primeiro e Massena, o último) e a quem está também ligado o desastre da ponte das barcas na Ribeira do Douro, quando a população, alvoroçada, fugia aos desabridos invasores. Este solar já antes, em 1747, sofrera remodelações, foi-lhe acrescentada uma torre e o portal de entrada pela rua da Igreja de Ramalde. O seu aspeto inicial era quinhentista mas o aspeto atual data já do séc. XVIII. Atualmente está instalado nesta casa brasonada o Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico (IPPAR). Nos ainda terrenos da Casa passa o ribeiro que se dirige da Quinta do Rio e, passando por Lordelo, segue até ao Douro onde desagua frente à “Ilha do Frade”, junto ao largo do Cálem.
Nas imediações da Casa de Ramalde, na Rua e Travessa do Outeiro, resiste ainda pequena e antiga aldeia de casas rústicas.”
Fonte: jf-ramalde.pt



“A Casa de Ramalde foi solar da família Leite desde a primeira metade do século XVI. Nessa época, o edifício era bastante simples, tendo sido parcialmente integrado na nova construção projectada por Nasoni já no século XVIII, ou mais concretamente numa data próxima daquela que se encontrou na capela anexa - 1746. De entre os elementos que Nasoni terá incorporado, destaca-se a torre, que se mantém ao centro da nova construção setecentista. Esta e a ampla escadaria da fachada retomam modelos já ensaiados na Quinta do Chantre, uma das obras mais significativas de Nasoni no contexto da arquitectura nobre rural portuense”
Texto de Robert Smith

Saliente-se, no entanto, que muito embora Robert Smith atribua a reconstrução da Casa de Ramalde a Nicolau Nasoni não existem, até à data, referências documentais que comprovem esta ideia, ainda que, a mesma, seja relativamente bem aceite pela generalidade dos investigadores.

“O edifício actual e que remonta ao projecto do século XVIII, apresenta planta rectangular, de dois pisos e capela de uma só nave, que Nasoni terá ligado ao solar através de "uma passagem em forma de quadrante."
Texto de Robert Smith


Após a casa ter sido incendiada pelas tropas napoleónicas, manteve-se em estado de ruína durante cerca de seis décadas quando, em 1870, Pedro Henriques Cerveira Leite decide reconstruí-la.



“A fachada do solar é mais austera que a Casa de Chantre enquanto o alçado da capela, dedicada a São Roque, apresenta uma linguagem severa, à excepção da pedra de armas no frontão, interrompido sob o campanário sustentado por uma peanha. A capela contém no seu interior o túmulo de João Leite Pereira, também atribuído a Nasoni. Todo o conjunto é delimitado por um amplo muro, que integra o solar, a capela, uma área de terrenos agrícolas e um jardim de gosto barroco. 
Mas, e de acordo com Robert Smith, o que mais distingue a Casa de Ramalde e lhe confere alguma relevância no âmbito dos projectos de Nasoni, é o carácter neo-gótico que o arquitecto imprimiu a este solar; num revivalismo avant la lettre, que coincide cronologicamente com as experiências iniciais do Gothic Revival inglês, pela mão de Batty Langley. De facto, na Casa de Ramalde encontram-se elementos de cariz gótico, muitos dos quais se mantiveram da construção anterior, conjugados com volutas, numa fusão estilística de padrões antigos e modernos que retoma modelos utilizados por Batty Langley num livro editado em Londres, à época, um gosto que se encontra ainda em outras obras suas - Casa do Dr. Barbosa, Torre da Prelada ou portada de Santa Cruz do Bispo. 
A Casa de Ramalde é também conhecida como Casa Queimada, devido ao grande incêndio sofrido aquando das invasões francesas. Em 1870 o então proprietário empreendeu esforços para recuperar o solar e a capela, que seriam reconvertidos em Museu Nacional de Literatura, em 1968. Este último encerrou a sua actividade em 1988, tendo sido o edifício entregue ao então IPPC. Actualmente acolhe a Direcção Regional do Porto do IPPAR”. 
Com a devida vénia a Rosário Carvalho



“(…) 1968 - a casa, então propriedade da família Távora, descendente de um dos ramos dos Leites Pereira, deixa de ser utilizada como residência; 1977 - o Estado adquire à família Távora (D. Fernando Ferrão de Tavares e Távora e sua mulher, D. Maria da Conceição Silva da Fonseca Meneses Cyrne de Bourbon Leite Pereira) a casa e quinta de Ramalde com o objectivo de aí instalar o Museu Nacional da Literatura; 1988 - com uma existência precária e insipiente, o Museu Nacional da Literatura encerra definitivamente as suas actividades, sendo o edifício entregue ao IPPC, actual IPPAR, que desde então tem aí sediados os serviços da sua Direcção Regional do Norte; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Norte, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245.”
Fonte: monumentos.gov.pt




Casa de Ramalde – Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt"



Casa de Ramalde – Ed. Teófilo Rego; Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt”


Casa de Ramalde


“Na bela entrada encontra-se em lugar bem visível a pedra de armas (ou Brasão) da família Leite (João Leite Pereira seu patriarca, que se encontra sepultado na capela anexa)”.
Fonte: “manueljosecunha.blogspot.pt”


Entrada da Quinta da Queimada – Ed. “manueljosecunha.blogspot.pt”

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