Na freguesia de Massarelos, localizava-se o Museu
Romântico da Quinta da Macieirinha, rodeado pela mancha verde dos Jardins do
Palácio de Cristal e que voltado para o Rio Douro, beneficiava de uma
estratégica posição panorâmica. Em 2021, a edilidade decidiu destruí-lo, na sequência
de uma decisão estranha dado que, três anos antes, tinha reaberto após obras de
restauro.
A casa fora construída, em meados do século XVIII, para habitação de recreio.
A Quinta da Macieirinha pertenceu à família Pinto Basto e foi
adquirida pela Câmara Municipal do Porto, em 1972, para aí ser criado o museu.
Conhecida também por Quinta do Sacramento, porque pertenceu
em tempos idos à Confraria do Santíssimo Sacramento da freguesia de Santo
Ildefonso, a quem havia sido doada por Manuel de Sousa Carvalho, em 1796, pertenceu a um tal Carlos Page.
Na casa da quinta funcionou, então, durante muitos anos um espaço museológico que recriava ambientes interiores
de uma casa abastada do século XIX, abordando as estéticas, os modos e os
costumes relacionados com o Romantismo, a cidade do Porto Oitocentista, assim
como, perpectuar a memória de Carlos Alberto de Sabóia, rei da Sardenha e
príncipe do Piemonte, com capital em Turim.
Era o Museu Romântico que, por intervenção do presidente da Câmara, Dr. Rui Moreira, em 2021, encerraria, para mágoa de muitos portuenses.
«Em 2021 a Câmara Municipal desmantelou o Museu retirando o
seu recheio sem que tenha havido consulta pública para ali passar a funcionar a
"Extensão do Romantismo do Museu da Cidade do Porto" e foi desta
forma que foi anunciado ao público "o espaço despiu-se dos adereços de
casa burguesa oitocentista e vestiu-se de contemporaneidade”».
Fonte: pt.wikipédia.org
A Quinta da Macieirinha seria a última morada de Carlos
Alberto, rei da Sardenha, durante o seu breve exílio.
O rei Carlos Alberto morreria na casa da Quinta da Macieirinha a 28 de Julho de 1849, tendo o seu corpo sido transladado para o Panteão dos Sabóia em Itália, tendo porém, a sua meia-irmã, mandado construir uma capela, actualmente, incorporada nos jardins do Palácio de Cristal.
O rei Carlos Alberto morreria na casa da Quinta da Macieirinha a 28 de Julho de 1849, tendo o seu corpo sido transladado para o Panteão dos Sabóia em Itália, tendo porém, a sua meia-irmã, mandado construir uma capela, actualmente, incorporada nos jardins do Palácio de Cristal.
“É minha convicção de
que a maioria dos portuenses, sobretudo o setor das camadas mais jovens, não
sabe quem foi Carlos Alberto que deu o nome a uma das mais pitorescas e
conhecidas praças do Porto.
Ora, este Carlos
Alberto foi rei da Sardenha e, nos começos de 1849, andava empenhado na
unificação de Itália. Na primavera daquele ano, no entanto, em Novara, foi
derrotado pelas tropas austríacas e, na sequência desse desaire, abdicou do
trono no seu filho, Vitor Emanuel, e abandonou a Itália. Menos de um mês
depois, em abril (dia 19), Carlos Alberto chegou ao Porto, cidade que elegera
para o seu exílio e para onde viajara sob o nome de conde de Barge.
Dizem as gazetas da
época que “as autoridades citadinas “ o foram esperar ao Carvalhido que era,
então, o limite da cidade. Lá compareceram o bispo, D. Jerónimo Rebelo; o
governador civil mais o presidente da Câmara, que era Vieira de Magalhães,
barão de Alpendorada, conhecido, particularmente, pelos maus tratos que dava à
gramática.
Num jornal da época
escreveu-se mesmo que, para se sair airosamente nesta inesperada situação, o
presidente da Câmara “anda a estudar o discurso que há – de recitar na ocasião
em que tiver que saudar o rei, para não empregar palavras como num faz minga, cunsante e cangirão…”
Naqueles tempos a sátira nos jornais não poupava ninguém.
O rei Carlos Alberto,
perdão, o conde de Barge, chegou ao Porto acompanhado por dois criados,
Gamalleri e Vallenti. Viajou de barco até Vigo e desta cidade galega veio para
o Porto montado num simples garrano. Quando o pequeno cortejo do régio exilado
se aproximava do Carvalhido as autoridades da terra adiantaram-se ao encontro
dele. O governador deu as boas vindas e o rei agradeceu a hospitalidade. Ainda
Carlos Alberto não tinha acabado o agradecimento e já o presidente da Câmara
preparava outro discurso. Mas a leitura foi de imediato interrompida. Foi o
próprio rei que a interrompeu. Pediu, delicadamente, desculpa e lembrou aos
presentes que vinha doente lembrando que, do que mais precisava, naquela
altura, era de uma cama e que, por isso, o deixassem chegar depressa à
estalagem.
“À estalagem, ah, isso
não “ – protestou o bispo, oferecendo o seu paço para o alojamento de Carlos
Alberto. O monarca disse aos presentes que nada queria que lhe lembrasse
grandezas ou fausto e que apenas pretendia que o levassem a uma hospedaria. E
assim foi feito. Carlos Alberto hospedou-se no palacete da praça dos Ferradores
que fora residência dos viscondes de Balsemão e onde, na altura da sua chegada
ao Porto, funcionava a célebre hospedaria do Peixe, nome do proprietário.
O rei vinha mesmo
doente. Tão doente que os criados tiveram que o levar ao colo para os aposentos
que lhe haviam sido destinados. Três dias depois mudou-se para uma vivenda na
atual rua de D. Manuel II e a 14 de maio foi viver para a casa de campo do
capitalista António Ferreira Pinto Basto, na rua de Entre Quintas onde hoje
está o Museu Romântico”.
Com a devida vénia a Germano Silva
Quatro anos após a morte de Carlos Alberto, chegou ao Porto,
sua irmã, Frederica Augusta de Montléart, que teve autorização da Câmara para a
construção da capela em memória de Carlos Alberto, numa parcela de terreno, demarcada em Abril de 1854, no Campo do Duque de Bragança.
Quinta da Macieirinha
A gravura, acima, é de 1849, da autoria do pintor e gravador
portuense, Joaquim Cardoso Vitória Villanova.
O Museu Romântico da Quinta da Macieirinha estava enquadrado
pelo jardim, bosque e antigos terrenos agrícolas, que lhe emprestavam um
bucólico ambiente romântico.
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