20.8 Quinta do Covelo ou Quinta do Paranhos
Ruínas da casa e capela c. 1900 – Ed. Arnaldo Soares
Ruínas da casa e capela em 1958 – Ed. Teófilo Rego
No século XVIII a quinta, então chamada Quinta do Lindo Vale ou Quinta
da Bela Vista, pertencia a um fidalgo chamado Pais de Andrade. Pela morte
deste passou, por herança, para duas filhas que a venderam a um negociante
chamado Manuel José do Covelo, oriundo de Amarante, mas com residência no
Porto, onde possuía dois grandes armazéns, um de sedas e o outro de cereais.
A partir daqui fica-se a saber por que é que a quinta se
passou a chamar do Covelo.
A casa da quinta, com uma capela anexa, tinha a fachada
principal voltada para um sinuoso caminho a que mais tarde foi dado o nome de Viela
do Covelo e que, depois de ter sido alargada e devidamente alinhada, é
hoje a airosa e tranquila Rua de Bolama.
José Covelo morreu no ano de 1829 ou 1830. Além de
negociante fora, também, um importante e influente membro das milícias. E foi
envergando a farda do posto de oficial e respectiva espada que o seu corpo foi
sepultado num mausoléu, construído propositadamente para esse efeito, no
interior da capela da sua casa da quinta do Covelo, que tinha Santo
António como padroeiro.
No século XIX há o registo de nova mudança de dono e a
quinta foi vendida, pelos descendentes do Covelo e acabou nas mãos de Manuel
Pereira da Rocha Paranhos falecido na Quinta da Granja em Campanhã, e passou a
ser conhecida, também, por Quinta do
Paranhos.
Em 1893 a quinta estava ocupada, pois, nela faleceu a esposa
do anterior proprietário.
Passaria depois ao filho António Paranhos que comprando a
parte da herança pertencente a seus irmãos a deixou, após falecimento a seu
filho Isidro António Pereira Rocha Paranhos que, em 1954, ainda a detinha.
Em 1 de Março de 1958 o arquitecto Fernando Doutel defende
na Escola Superior de Belas Artes do Porto, uma tese sobre o aproveitamento da
Quinta do Covelo para parque de campismo, com 19 valores, que não chegou a ver
a sua concretização.
No início do século XX, começou a ser pensada a
possibilidade de construir no Porto um grande hospital para tratar doentes com
tuberculose, iniciativa que teve o grande empenho da rainha D. Amélia, que
conseguiria angariar, numa visita à cidade em 1908, para a sua concretização, largas somas de dinheiro.
Pretendia-se que o referido hospital viesse a ter o nome de D. Manuel II, o
sucessor de D. Carlos.
O local escolhido para o erguer foi o da quinta do Covelo.
Para
o efeito, foi designada uma comissão instaladora. Porém, a ideia seria abandonada,
pois considerou-se que a área em causa seria mais própria para expansão habitacional
da cidade e, teorizavam outros, que aqueles hospitais deveriam ser instalados em locais bem elevados.
Acontece que, surgiria também, em 1910, o derrube da monarquia e a ideia
caiu por terra.
Mais tarde, acabaria o hospital por fazer-se, mas bem longe,
no Monte da Virgem, como Sanatório D. Manuel II, hoje o Hospital Santos Silva.
A quinta do Covelo permaneceria na mão das entidades inicialmente
envolvidas, até 1987, quando o Ministério da Saúde acordou que a Câmara do Porto
instalasse aí um parque urbano, num processo de escambo de propriedades.
“Esta quinta foi doada ao Ministério da Saúde
e à C. M. do Porto com a intenção de estas entidades aí instalarem um hospital
para doentes tuberculosos. Porém, não tendo chegado a acordo para a sua
construção, o M. S. aceitou que a C.M.P. transformasse esse espaço num parque
onde os portuenses pudessem recrear-se. Foi desenhado pelo Arq. Castro
Calapez”.
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Pintura a óleo de 1873 da Quinta do Covelo de Silva Porto - Museu
Soares dos Reis
Ruínas da capela c. 1900 – Ed. Arnaldo Soares
A Quinta do Covelo foi palco privilegiado durante o Cerco do
Porto, em 1932.
Devido à sua localização, foi alvo de disputas ferozes entre
liberais e absolutistas e esteve na posse alternadamente dos dois contendores.
Por isso, a casa e a capela, um belíssimo conjunto da
arquitectura setecentista, foram incendiadas e destruídas, em 16 de Setembro de
1832, quando as tropas miguelistas foram desalojadas do “Monte do Covelo”,
poucas semanas depois da entrada a 9 de Julho, das tropas de D. Pedro IV, na
cidade.
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