sexta-feira, 8 de setembro de 2017

(Continuação 7) - Actualização em 29/12/2020 e 05/05/2021

20.8 Quinta do Covelo ou Quinta do Paranhos 



Ruínas da casa e capela c. 1900 – Ed. Arnaldo Soares



Ruínas da casa e capela em 1958 – Ed. Teófilo Rego



No século XVIII a quinta, então chamada Quinta do Lindo Vale ou Quinta da Bela Vista, pertencia a um fidalgo chamado Pais de Andrade. Pela morte deste passou, por herança, para duas filhas que a venderam a um negociante chamado Manuel José do Covelo, oriundo de Amarante, mas com re­sidência no Porto, onde possuía dois gran­des armazéns, um de sedas e o outro de ce­reais. 
A partir daqui fica-se a saber por que é que a quinta se passou a chamar do Covelo.
A casa da quinta, com uma capela anexa, tinha a fa­chada principal voltada para um sinuoso ca­minho a que mais tarde foi dado o nome de Viela do Covelo e que, depois de ter sido alargada e devidamente alinhada, é hoje a airosa e tranquila Rua de Bolama.
José Covelo morreu no ano de 1829 ou 1830. Além de negociante fora, também, um importan­te e influente membro das milícias. E foi en­vergando a farda do posto de oficial e respectiva espada que o seu corpo foi sepultado num mausoléu, construído propositada­mente para esse efeito, no interior da cape­la da sua casa da quinta do Covelo,  que tinha Santo António como padroeiro.
No século XIX há o registo de nova mudança de dono e a quinta foi vendida, pelos descendentes do Covelo e acabou nas mãos de Manuel Pereira da Rocha Paranhos falecido na Quinta da Granja em Campanhã, e passou a ser conhecida, também, por Quinta do Paranhos.
Em 1893 a quinta estava ocupada, pois, nela faleceu a esposa do anterior proprietário.
Passaria depois ao filho António Paranhos que comprando a parte da herança pertencente a seus irmãos a deixou, após falecimento a seu filho Isidro António Pereira Rocha Paranhos que, em 1954, ainda a detinha.
Em 1 de Março de 1958 o arquitecto Fernando Doutel defende na Escola Superior de Belas Artes do Porto, uma tese sobre o aproveitamento da Quinta do Covelo para parque de campismo, com 19 valores, que não chegou a ver a sua concretização.
No início do século XX, começou a ser pensada a possibilidade de construir no Porto um grande hospital para tratar doentes com tuberculose, iniciativa que teve o grande empenho da rainha D. Amélia, que conseguiria angariar, numa visita à cidade em 1908,  para a sua concretização, largas somas de dinheiro.
Pretendia-se que o referido hospital viesse a ter o nome de D. Manuel II, o sucessor de D. Carlos. 
O local escolhido para o erguer foi o da quinta do Covelo. 
Para o efeito, foi designada uma comissão instaladora. Porém, a ideia seria abandonada, pois considerou-se que a área em causa seria mais própria para expansão habitacional da cidade e, teorizavam outros, que aqueles hospitais deveriam ser instalados em locais bem elevados.
Acontece que, surgiria também, em 1910, o derrube da monarquia e a ideia caiu por terra.
Mais tarde, acabaria o hospital por fazer-se, mas bem longe, no Monte da Virgem, como Sanatório D. Manuel II, hoje o Hospital Santos Silva.
A quinta do Covelo permaneceria na mão das entidades inicialmente envolvidas, até 1987, quando o Ministério da Saúde acordou que a Câmara do Porto instalasse aí um parque urbano, num processo de escambo de propriedades.




“Esta quinta foi doada ao Ministério da Saúde e à C. M. do Porto com a intenção de estas entidades aí instalarem um hospital para doentes tuberculosos. Porém, não tendo chegado a acordo para a sua construção, o M. S. aceitou que a C.M.P. transformasse esse espaço num parque onde os portuenses pudessem recrear-se. Foi desenhado pelo Arq. Castro Calapez”.
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”



Pintura a óleo de 1873 da Quinta do Covelo de Silva Porto - Museu Soares dos Reis



Ruínas da capela c. 1900 – Ed. Arnaldo Soares


Quinta do Covelo - Fonte: pt.wikipedia.org



A Quinta do Covelo foi palco privilegiado durante o Cerco do Porto, em 1932.
Devido à sua localização, foi alvo de disputas ferozes entre liberais e absolutistas e esteve na posse alternadamente dos dois contendores.
Por isso, a casa e a capela, um belíssimo conjunto da arquitectura setecentista, foram incendiadas e destruídas, em 16 de Setembro de 1832, quando as tropas miguelistas foram desalojadas do “Monte do Covelo”, poucas semanas depois da entrada a 9 de Julho, das tropas de D. Pedro IV, na cidade.




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