A Quinta do Monte fica situada entre a Rua Padre Luís
Cabral, a Travessa Alegre e a Rua Alegre, na Foz do Douro, e possui um singular
edifício residencial de estilo neoclássico e, a poucos metros deste, uma
pequena capela privativa, estando toda a propriedade rodeada por altos muros.
Os terrenos da quinta pertenceram ao Couto de S. João
Baptista da Foz do Douro, propriedade dos Mosteiros Beneditinos de Santo Tirso
e da Foz do Douro e faziam parte duma outra, muito mais extensa, denominada Quinta do Romualdo, de que a Quinta do Monte, antes Quinta do Nassau e, mais tarde, Quinta
do Monte Belo é um resquício.
A esta quinta refere-se brevemente Pinho Leal na sua obra
“Portugal Antigo e Moderno”.
Casa da Quinta do Monte - Ed. Espólio Fotográfico Português;
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
No levantamento da história desta quinta emblemática da Foz
do Douro e da cidade do Porto, muito contribuiu com as suas pesquisas o
professor Hernâni L. S. Maia, pelo que, a ele faremos sempre as devidas
referências.
Nos princípios do século XIX, Guilherme de Nassau,
aristocrata inglês exportador de vinho do Porto e residente algures na cidade,
mandou construir em 1808, sobre a propriedade já existente, um palácio em
estilo neoclássico, à época apenas semelhante ao palácio das Carrancas, onde
hoje está instalado o Museu Soares dos Reis.
Uma filha de Guilherme de Nassau casaria entretanto com
James Butler, exportador de vinho do Porto, também aristocrata de origem
Irlandesa. Após a derrota de Napoleão Bonaparte e o começo do seu exílio na
ilha de Elba, em 1814, esta família parte para Inglaterra e a administração dos
seus bens, incluindo esta propriedade, fica a cargo de um sobrinho, Charles
Butler, também ligado ao negócio do vinho do Porto.
“Não me parece que
Nassau tivesse de viver na Quinta do Romualdo antes e, muito menos, durante a
construção do palácio. Como a maioria dos exportadores de vinhos para
Inglaterra, ele deveria viver em Gaia ou, mais provavelmente, no Porto, na freguesia
de São Nicolau ou outra aí próxima. Nassau construiu a propriedade numa época
em que os ingleses residentes em Portugal estavam ameaçados, por ordem de
Napoleão, de serem expulsos de Portugal e os seus bens confiscados. A empresa
que existiu com o nome de Nassau já não constava no inventário de 1809, o que
faz supor que quando ele construiu o palácio já estaria reformado. Por outro
lado, quem parece ter habitado a quinta foi a filha que casou com James Butler
e que deixou o País por volta de 1814; isto sugere que Nassau edificou a
propriedade para a filha e não para ele. Em 1814 Napoleão foi vencido, o que
causou grandes modificações no equilíbrio do comércio europeu. A maior parte
das casas reais e muitos aristocratas estavam ameaçados de destituição e
confisco por Napoleão. Logo a seguir à derrota do ditador, Guilherme de Nassau
regressou a Inglaterra.
Cortesia de Hernâni L. S. Maia
“Em data compreendida entre 1815 e 1829, a hoje designada Quinta do Monte, com
o palacete e capela anexa, passa a ser habitada por António Francisco Ribeiro
Maia (Lordelo, 1763-Foz, 1829), um portuense igualmente dedicado a negócios de
exportação, incluindo vinhos.
Com efeito, em 1815 ocorre o falecimento de uma sua filha Joana Felícia Maia, reportado como tendo acontecido em casa do seu pai, junto à praia de Miragaia. Em 1829 é registado na Foz do Douro o casamento do seu filho António Francisco Maia (Júnior) (Miragaia, 1795-Foz, 1860) com D. Júlia Claudina da Silva. É igualmente registado o seu próprio falecimento, ocorrido de repente duas semanas depois na Quinta do Romualdo.
Com efeito, em 1815 ocorre o falecimento de uma sua filha Joana Felícia Maia, reportado como tendo acontecido em casa do seu pai, junto à praia de Miragaia. Em 1829 é registado na Foz do Douro o casamento do seu filho António Francisco Maia (Júnior) (Miragaia, 1795-Foz, 1860) com D. Júlia Claudina da Silva. É igualmente registado o seu próprio falecimento, ocorrido de repente duas semanas depois na Quinta do Romualdo.
António Francisco
Ribeiro Maia tinha sido o único herdeiro de José Francisco Maia (Lordelo,
1736-Miragaia, 1787) e de sua mulher, D. Josefa Maria da Trindade (Lordelo,
1726-Miragaia, 1802), que era sobrinha de um dos poderosos e influentes Martins
de Faria de Lordelo do Ouro. Supõe-se que José Francisco Maia já era negociante
e exportador de vinhos, tanto mais que D. Josefa da Trindade nomeou como
testamenteiros os seus amigos Pedro e Arnaldo Van Zeller, que então se contavam
entre os mais destacados exportadores da praça portuense. O filho deste casal
tinha feito um bom 1º casamento com D. Gertrudes Magna de Jesus (Sé, 1763-Foz,
1803), filha e neta de igualmente prósperos exportadores de vinhos.
A seguir à morte da
sua 1ª mulher, de quem foi herdeiro universal e de quem tinha tido sete filhos,
veio a casar em segundas núpcias com D. Ana Amância de Araújo.
Por interesse
patriótico comum ou por relacionamentos comerciais ou outros anteriores às
invasões francesas, António Francisco Ribeiro Maia fez amizade com os irmãos
Morais e Castro, proprietários do acima mencionado Palácio dos Carrancas, onde
receberam os generais ingleses e o Príncipe Guilherme de Orange-Nassau, que
comandaram as tropas libertadoras. Ele era membro da Companhia de Cidadãos do
Porto, a que apenas pertenciam destacadas figuras ligadas à administração da
cidade; nessa qualidade esteve envolvido na expulsão do exército francês que
ocupou a cidade e, também nessa qualidade, deverá ter privado com os hóspedes
do Palácio dos Carrancas. D. Rita Margarida e o seu irmão Manuel Mendes de
Morais e Castro vieram a ser padrinhos da sua 1ª neta, Maria, baptizada em
Miragaia em 1815.
Não é de excluir que
ligados, também, ao comércio do vinho do Porto, ele ou o seu pai tenham
conhecido o próprio Guilherme de Nassau fundador da Quinta do Monte. Certo é
que, por essa altura ou posteriormente, veio a conhecer o administrador dos
bens da família Nassau, Charles Butler, com quem terá fechado o negócio de
arrendamento do 2º palácio neoclássico da cidade.
O seu filho e sua
mulher, por sua vez, não terão sido felizes naquela casa, onde nasceram entre
1830 e 1852, 11 dos 12 filhos, pois, aí viram morrer os seus 3 primeiros, na
sequência da epidemia de cólera que sobreveio ao Cerco do Porto.
Devido aos estragos
causados pelos bombardeamentos, em 17 de Fevereiro de 1834, Charles Butler, que
continuava na qualidade de administrador das propriedades e bens, pertencentes
aos herdeiros de Guilherme de Nassau, residentes em Inglaterra, pede uma indemnização
de 4000 réis para reparar os prejuízos, nomeadamente os referentes ao aqueduto
que servia esse local.
Deste aqueduto existe,
ainda, um pequeno tramo junto à Rua de Montebelo, o aqueduto de Montebelo.
Durante a guerra,
António Francisco Maia, teve que refugiar-se em Lordelo do Ouro, na Quinta da
Boa Vista ou Boavista, situada em Sobreiras.
Os terrenos desta
quinta desenvolviam-se desde o Pasteleiro até à Rua de Sobreiras. Deram origem
ao actual Bairro Rainha D. Leonor; a primitiva casa desta propriedade ainda
existe à entrada da Rua 1 do bairro, próximo do rio, ocupada por uma creche.
Nesta quinta nasceria
o seu 3º filho que morreria um ano depois”.
Hernâni L. S. Maia, In revista “O Tripeiro” 7ª Série, Ano
XXXV, #3
A casa da Quinta da Boa Vista na Rua 1 do Bairro Rainha D.
Leonor, actualmente
Após as reparações operadas na casa da Quinta do Monte
depois de terminada a guerra civil, António Francisco Maia volta para lá, onde
irão nascer os seus restantes nove filhos, e abandona a Quinta da Boa Vista.
António Francisco Maia que foi escrivão do Juízo de Paz do
Julgado do Porto, terá descurado os negócios do pai e veio a perder a avultada
fortuna que tinha herdado.
A sua última filha, Henriqueta, nascera em 1852 e falecera
em 1853 ainda na Quinta do Monte.
Segundo tradição oral na família, em resultado de demanda
com o Estado, por volta de 1856 os seus bens seriam arrolados para venda em
hasta pública, tendo falecido em 1860, numa morada da Rua de Montebelo.
A quinta tinha sido adquirida em 1856, por John Alexander
Fladgate, barão de Roeda.
Foi John Fladgate quem instituiu a denominação Quinta do
Monte Belo, que mais tarde passaria a Quinta do Monte.
Em 1897, o belo palacete da Quinta do Monte, pertença de D. Maria Leopoldina Andresen (1834-1903), arde quase completamente.
A propriedade em Maio de
1889, teria passado, segundo o professor Hernâni Maia, para a posse de um tal
Bernardino Vareta.
Nos finais do século XIX e transição para o século XX, a
Quinta do Monte passou pelas mãos sucessivamente, da família Andresen, dos
Bessa Ribas e dos Guedes de Almeida.
Numa das obras de Alberto Pimentel denominada “Atravez do
Passado”, aquele autor diz ter tido uma residência de verão, por aluguer,
próxima da Quinta do Monte, na qual, por vezes recebia Guerra Junqueiro, e em
que este tinha boas discussões com a sua velha governanta.
Já no século XX, a Quinta do Monte pertenceu à família
Mudat, que teria algo a ver com a velha Fábrica de
Tecidos de Seda Aviz. O
senhor Oscar Mudat viveria, ainda, há umas décadas atrás, numa casa em frente
ao portão da Quinta do Monte.
Era casado com D. Alice Martins da família proprietária da
Empresa de Saboaria do Bolhão e morreu sem descendência.
Após a família Mudat a quinta passou para a família
Folhadela.
Em 2003 tentaram converter as suas instalações num
condomínio fechado, mas, por pressão em contrário de determinadas
personalidades, esse desiderato não avançou.
O projecto para o referido condomínio começou por ser
propriedade de António Folhadela Moreira, passando depois para as mãos do grupo
Espírito Santo.
A partir de 2012, sofreu obras importantes e, passados 3 anos,
passou a ser uma residência de Rios Amorim, sobrinho de Américo Amorim, ligados
ao negócio da cortiça.
É voz corrente que os actuais proprietários fizeram, com a
ajuda de técnicos competentes, algumas constatações durante os trabalhos de
reparação, tendo observado que o palacete neoclássico teria sido construído
sobre os alicerces de edificação mais antiga, que já existiria nesse local, e que
pertencera aos Mosteiros de Santo Tirso e de São João da Foz do Douro, e fora
objecto de aprazamentos durante séculos.
Uma daquelas equipas especializadas, que interveio na remodelação, foi a empresa Crere (Centro de Estudo, Restauro e Reabilitação de
Espaços, Ltda).
"No interior
conjuga-se uma decoração diversificada, constituída por um rico património
artístico diversificado em estuques, cantaria, azulejaria e serralharia.
A modelação dos
estuques artísticos são da autoria da Oficina Baganha, tal como consta nos
moldes e desenhos depositados pelo MNSR/ IPM (Museu Nacional Soares dos Reis /
Instituto Português de Museus) na CRERE (Centro de Estudo, Restauro e
Reabilitação de Espaços, Ltda). Destaca-se ainda, que esta colecção em depósito
na CRERE (conforme protocolo), é classificada de Património Concelhio pela
Câmara Municipal do Porto. Acrescenta-se ainda que, a CRERE, é a detentora dos
direitos de reprodução de todos os moldes/modelos/desenhos da antiga Oficina
Baganha e que foram directamente aplicados em vários compartimentos da quinta
do Monte".
Texto de Crere Restauros
Espaldar de oratório, situado nos jardins da Quinta do Monte, alvo de restauro de Crere – Cortesia de
Crere
Estatuto da família
Maia face à ocupação do palacete da Quinta do Monte
O texto que se segue, é fruto de um pedido de esclarecimento
dirigido ao autor do artigo publicado na revista “O Tripeiro” 7ª Série, Ano
XXXV, Nº 3, transcrito anteriormente.
“O nome “Quinta do
Romualdo” deixou de figurar nos registos paroquiais a partir de 1833, isto é, a
partir da guerra civil (em 1834 Charles Butler chamava-lhe Quinta do Nassau).
Em 1815 António
Francisco Ribeiro Maia, meu tetravô, ainda residia em Miragaia, junto ao
convento de Monchique, um lugar então designado por “descampado de Monchique”
e, também, por “praia de Miragaia”. Este facto está documentado no registo do
óbito da sua filha Joana Felícia. Em 1828 ele era proprietário de uma bouça na
Cantareira pela qual pagava dízima ao Mosteiro de São João da Foz do Douro,
enquanto os herdeiros de Guilherme Nassau faziam pagamentos semelhantes por
diversas propriedades sitas na Foz, provavelmente a quinta ou parte dos
terrenos da quinta; isto encontra-se documentado num registo da Igreja datado
desse ano. Em 1829 o seu filho, António Francisco Maia Júnior, casava na igreja
da Foz e um mês depois ele, pai, falecia na Quinta do Romualdo, na Travessa
Alegre (então “Travessa da Alegria”), onde todos residiam (em 1699 vivia na Foz
um homem de nome Romualdo de Almeida; estou em crer que a propriedade onde veio
a nascer a Quinta do Nassau pertencera por aprazamento a esta personagem, e daí
o nome por que para muitos a quinta terá ficado conhecida).
Infelizmente não
encontrei maneira de identificar a data em que o meu trisavô passou a residir
nesta quinta; terá sido entre 1815 e 1829.
Para mim torna-se
evidente que a propriedade não lhe pertencia, mas que ele fora seu
arrendatário, o que realmente é comprovado pelo requerimento assinado em 1834
pelo administrador das propriedades dos herdeiros de Nassau.
Os dois primeiros
filhos do meu trisavô, Eduardo e Júlio, nasceram na quinta do Romualdo em 1830
e 1831. A guerra civil teve início em meados de 1832 e terminou em meados do ano
seguinte, 1833. A quinta foi bombardeada no decorrer deste período. Devido aos
bombardeamentos, o meu trisavô teve de deixar a quinta do Romualdo e tomar
abrigo noutra quinta situada entre a Foz e Lordelo, chamada Quinta da Boa
Vista, e que teria entrada pela Rua da Quinta que, ao tempo, era muito mais
comprida do que é presentemente. Nesta Quinta da Boa Vista nasceu o seu
terceiro filho, Henrique, em Novembro de 1832 e nela faleceu em Outubro de
1833; dois meses depois falecia também o seu segundo filho, Júlio, algures na
Foz (o assento do óbito não especifica o local). O requerimento de Charles
Butler é de Fevereiro de 1834. O primeiro filho do meu trisavô, Eduardo,
faleceu em Outubro de 1835 na Travessa Alegre, isto é, na Quinta do Romualdo,
onde os pais estariam de volta; isto indica que nesse ano as obras de reparação
já tinham sido concluídas. Tendo perdido os seus três primeiros filhos, a
partir de 1836 e até 1852, os meus trisavós passaram a ter um filho em cada
dois anos (de novo Henrique, Eduardo e Júlio, seguidos de Adão, Augusto,
Guilherme, José, Sofia e Henriqueta); com excepção da última, que faleceu com
um ano de idade na Travessa Alegre, portanto ainda na quinta, em Dezembro de
1853, todos assinaram “da Silva Maia”. Não tenho qualquer comprovativo, mas
depreendo que o meu trisavô terá
comprado a quinta após a sua reparação, isto é, cerca de 20 anos depois dos
seus proprietários terem deixado definitivamente Portugal. Segundo testemunho
da minha bisavó Sofia (da Silva Maia), que lhe fora transmitido por sua mãe,
Dona Júlia Claudina da Silva Maia, todos os bens do seu pai terão sido objecto
de venda em hasta pública anteriormente ao seu falecimento, por motivo de uma
demanda com o Estado. A alienação dos seus bens terá acontecido entre 1853, ano
da morte da minha tia-bisavó Henriqueta, e 1856, ano em que a quinta foi
adquirida por John Fladgate, que lhe deu o nome de Quinta do Monte Belo (hoje
simplesmente Quinta do Monte). O meu trisavô faleceu em 1860 numa moradia da
Rua de Montebelo, portanto fora da quinta que habitara durante pelo menos 27
anos (excepto os dois anos em que esteve refugiado na Quinta da Boa Vista). Até
à presente data, ainda não consegui apurar se a quinta fazia parte dos seus
bens ou se os seus bens eram outros e ele teve de deixar esta sua residência
por não poder continuar a pagar o arrendamento; neste caso a propriedade teria
sido adquirida por Fladgate aos herdeiros de Nassau a partir da data em que o arrendatário
teve de a deixar por falta de recursos… Há alguns anos, em frente de um dos
portões da quinta, interpelei uma senhora que ia a passar sobre quem seriam
então os seus proprietários. Respondeu que, por ter para eles trabalhado, tinha
conhecido muito bem os dois últimos antes da propriedade ter passado para o
banco. Acrescentou que constava na Foz que aquela quinta tinha feitiço, pois
dava má sorte aos seus donos, pois todos a deixavam por infelicidade ou maus
negócios. Ela não sabia que assim tinha acontecido com os meus trisavós. Também
não devia saber que Fladgate se desfizera da propriedade logo a seguir à morte
do seu filho primogénito para quem provavelmente a reservava e que era o seu
braço direito. Ainda nesse ano João Henrique Andresen requeria o alargamento do
portão que dava para a Rua Central (hoje Rua Padre Luís Cabral). Se ele era o
seu proprietário, não o foi por muito tempo porque no ano seguinte, 1889,
Bernardino Vareta requeria a reparação do muro que defrontava com a viela da
Capela da Senhora da Ajuda e seguia até ao Monte Belo. Outros proprietários
houve até a quinta chegar aos Folhadela de Almeida. Desconheço se todos se
desfizeram da propriedade por motivo de infelicidade ou maus negócios, mas a
senhora que interpelei na rua não podia adivinhar que também o Banco BES iria
acabar em falência… Contudo, como esta falência foi posterior à transmissão da
quinta para os actuais proprietários, estou confiante em que por aqui se
quebrou o feitiço…”
Cortesia de Hernâni L. S. Maia
A chamada Quinta do Romualdo, de acordo com o texto
anterior, tinha essa designação devido a um indivíduo de nome Romualdo Almeida.
Uma outra faceta desta personagem, está ligada à primitiva
capela de Nossa Senhora da Hora, na Mãe d’Água, em Matosinhos, de que nos dá
conta o texto seguinte:
“Tem a sua história a
capela ou ermida, mandada construir no ano de 1514, isto é há 385 anos nos
Montes do Viso, no sítio chamado mãe d’água pelo marítimo Aleixo Francisco, de
Matosinhos, o qual a administrou até ao ano de 1544, época em que o pároco de Matosinhos
quis tomar a referida administração, o que não conseguiu pela resistência
oposta.
Assim continuou a
ermida a ser administrada por de votos da imagem da Senhora da Hora, até que em
1705 assumiu essa administração Romualdo de Almeida Cabral, Major dos Terços
Auxiliares da cidade do Porto e morador na sua Quinta da Foz do Douro,
sucedendo-lhe em 1706 Miguel d’Almeida”.
In “Jornal Primeiro de Janeiro”, n° 108, de 9 de Maio de
1899, a título da Romaria da Senhora da Hora e sua programação.
Capela do Senhor e da Senhora da Ajuda – Fonte: Arquivo Histórico
Municipal do Porto
Ainda de acordo com Hernâni L. S. Maia, a capela do Senhor e da Senhora da
Ajuda referida no texto anterior, representada na foto acima e situada
nas imediações da Quinta do Monte (c. 1,2km), “deverá remontar ao fim do
século XVI, início de XVII, pelo que terá sido erigida por um antepassado de
António Francisco Maia (júnior) que tinha como pai António Francisco Ribeiro
Maia e este era filho de um casamento em 2ªs núpcias de sua avó, D. Josefa
Maria da Trindade (Lordelo, 1726- Miragaia, 1802) e José Francisco Maia
(Lordelo, 1736-Miragaia, 1797), sendo este por sua vez filho de Tomé Gonçalves
Ouro (Lordelo, 1692-Lordelo 1758) e de Maria Francisca Maia (Lordelo,
1697-Lordelo 1776), sendo estes moradores no lugar do Ouro, muito perto da
capela”.
Por outro lado
Hernâni Maia diz que a administração daquela capela, integrada na
paróquia de Lordelo em 1856, “deverá ter estado a cargo dessa família e
durante algumas gerações, teria estado a cargo dos seus antepassados de Lordelo
do Ouro".
Muito interessante. Conheço bem esta quinta porque nasci próximo dela, na Rua do Montebelo, mudando dois a três anos depois para a rua do Padre Luis Cabral, acima da Capela de Nossa Senhora da Conceição onde vivi mais de vinte e cinco anos. Conheci outra família antes dos Folhadela. Minha madrinha de batismo foi empregada nessa casa. Lembro-me que a dona da casa era conhecida como a D. Leonor e, ao que se sabia na época, possuia barcos de pesca do bacalhau. Os chamados bacalhoeiros. Constava-se nos últimos tempos que lá viveu que perdeu grande parte desse patrimônio em naufrágios e, por via disso, também a quinta que veio a ser adquirida pela família Folhadela. Lembro-me de em minha casa se dizer que a D. Leonor tinha ficado pobre. Parabéns por este é por muitos outros interessantes trabalhos que tem publicado.
ResponderEliminarMuito obrigado pelas suas amáveis palavras. É muito gratificante recebê-las de si, dado que adoro a sua página de FB. Ainda aguardo as suas pesquisas sobre o sítio das sete casas. Quando foram erigidas? Por quem e em que ano? São anteriores às colónias do Comércio do Porto?
EliminarUm abraço