17.1
Capela da Nossa Senhora da Piedade e Imagem da Nossa Senhora do Ó
A imagem da Nossa Senhora do Ó que se encontra na capela,
que se situa no Largo do Terreiro, na Ribeira, não está na capela original.
A original, que é descrita por Pinho Leal como sendo "rica e bonita e uma das mais
sumptuosas do Porto", esteve numa outra capela construída por cima da Porta da
Ribeira e aberta ao culto em 1784.
A capela do Largo do Terreiro encontrou-se abandonada por um largo período de
tempo até que a respectiva confraria a restaurou e, em 1694, pediu a sua bênção,
mas por motivos desconhecidos este pedido só foi atendido em 1783, já quando
nenhum dos membros daquela confraria era vivo.
Em 1821, a Porta da Ribeira foi demolida e o mesmo aconteceu
com a capela junto dela, sendo extinta a confraria respectiva.
Gravura de Henry
Smith – 1813 – à esquerda vê-se a antiga e belíssima Capela da Senhora do Ó
encostada à muralha.
“Existem opiniões
diversificadas quanto à imagem de Nossa Senhora do Ó, pois, alguns acreditam,
que ela teria sido transferida para a Capela da Piedade, outros dizem que a
imagem não terá escapado à destruição da capela e a que se encontra actualmente
na Capela da Piedade (também chamada da Piedade do terreiro, da Piedade do Cais
ou simplesmente da Senhora do Cais) trata-se de uma imagem do Séc. XIX.
A capela do Largo do
Terreiro pertence ao Séc. XVII sofreu obras de reconstrução no Séc. XVIII.
Alguns elementos dessa reconstrução ainda são visíveis mas a fachada foi
bastante danificada durante o Cerco do Porto, em 1833.
A capela já nos nossos
dias foi restaurada, desta vez pela população da freguesia de S. Nicolau, em
1982, que fez ressurgir as festas em honra da nossa Senhora do Ó, realizadas em
Agosto.
A fachada principal da
capela tem uma porta central, uma janela de cada lado da mesma e uma mais
acima. Estas três janelas são todas elas gradeadas e com ornamentos.
No telhado existe um
pequeno nicho que abriga o sino e que é rematado por uma cruz de pedra”.
Fonte, site: “portoxxi.com/cultura”
Gravura da primitiva capela junto à porta da Ribeira - Gravura de Henry Smith – 1813
Capela de Nossa Senhora da Piedade no Largo do Terreiro
Seja, ou não, a imagem actualmente exposta de Nossa Senhora
do Ó, na capela da Piedade, a primitiva que esteve na Ribeira, o certo é que,
em meados do século XIX, a festa habitual a Nossa Senhora do Ó ou Nossa Senhora
da Expectação, realizada a 18 de Dezembro, no ano de 1849, teve lugar na Igreja
da Graça, ao Carmo.
“Festividade: ontem,
houve festa da Srª do Ó na Igreja da Graça, com jantar aos órfãos”.
In “Periódico dos Pobres no Porto”, 19 Dez.1849, p. 2103
In “Periódico dos Pobres no Porto”, 19 Dez.1849, p. 2103
O Mosteiro de S. Bento da Vitória e a sua igreja
localizam-se na actual Rua de S. Bento da Vitória.
Foi o primeiro e único mosteiro beneditino masculino a ser
erguido na cidade do Porto.
Esta zona da cidade foi durante anos conhecida como o Olival
e era, antes da expulsão dos judeus, levada a cabo por D. Manuel I, por eles
ocupada.
Em 1596, o mosteiro é fundado, sendo que, em 1604, é dado
início à sua construção.
Em 1693, é concluída a construção da Igreja de São Bento da
Vitória e, em finais do século XVIII, ocorre a conclusão dos trabalhos de
decoração do seu interior.
De notar os três nichos da fachada onde estão representados
São Bento, a Santa Escolástica irmã gémea de São Bento e ainda, Santa
Gertrudes. Como curiosidade diga-se que a igreja possui um órgão imponente,
alvo de várias intervenções e um outro como cópia em frente deste, apenas para
dar uma ideia de simetria sem outra qualquer funcionalidade.
Entre muitos motivos
de interesse é de notar que no coro alto existe um belo cadeiral em talha,
considerado um dos mais belos da Europa, obra concretizada entre 1716 e 1719
pelo entalhador bracarense Marceliano de Araújo, em parceria com Gabriel
Rodrigues Álvares, de Landim. Nos seus espaldares estão colocados quadros
policromados e que narram episódios da vida de S. Bento.
A igreja do mosteiro
substituiu a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Vitória entre 1833 e
1852, durante as obras de reconstrução desta, tendo sido, depois, cedida, em
1853, à Arquiconfraria do Santíssimo Imaculado Coração de Maria.
Durante a Guerra Peninsular o mosteiro foi ocupado
alternadamente pelos dois exércitos em conflito e usado como hospital militar.
Em 1834, e após o fim das Ordens Religiosas, ocorrido na
sequência da Guerra Civil, o mosteiro foi utilizado como tribunal, quartel e
casa de reclusão.
Nas décadas de oitenta
e noventa do século XX, o mosteiro foi restaurado pelo IPPAR (1984-1990), o que
permitiu a reinstalação de uma pequena comunidade de beneditinos e a instalação
do Arquivo Distrital do Porto e da Orquestra Sinfónica do Porto.
Igreja da Paróquia de Nossa Senhora da Vitória.
A 50 metros da Igreja do Mosteiro de S. Bento da Vitória
fica a Igreja da Paróquia de Nossa Senhora da Vitória.
Pela Rua da Vitória que, antes ainda da criação da paróquia
de Nossa Senhora da Vitória, em 1583, pelo bispo D. Frei Marcos de Lisboa, se
chamou Viela de S. Roque ou Rua de S. Roque, em memória de uma
capela da invocação deste padroeiro, passou a devoção a São Roque, o protector do
povo contra a peste. Desse pequeno templo não há qualquer vestígio.
Existe, porém, aberto na fachada de uma das casas da Rua da
Vitória, um pequeno nicho com a imagem de S. Roque. É em torno desta imagem
que os moradores da zona, mantendo uma tradição muito antiga, continuam a fazer
a festa ao padroeiro.
Nicho com a imagem de S. Roque na Rua da Vitória - Fonte:
Google Maps
Em 1583 o bispo D. Frei Marcos de Lisboa criou a freguesia
da Vitória. Em 1638 uma humilde ermida que por aqui existia foi transformada em
templo, tendo sido em 1755, completamente remodelado.
Durante o cerco do Porto a igreja que convivia paredes meias
com uma bateria foi severamente danificada, sendo reconstruída em 1852 e em
1874, foi alvo de um grande incêndio que destruiu o altar. A esta calamidade
ocorreram de pronto os paroquianos que a reergueram.
Destaca-se no seu interior as talhas dos altares, dos
púlpitos e da sanefa do arco cruzeiro, desenhada e executada pelos mais
notáveis artistas do rococó portuense - Francisco Pereira Campanhã e José
Teixeira Guimarães. A escultura da Virgem do altar-mor é da autoria do escultor
Soares dos Reis, excepto o rosto que seria encomendado a um santeiro local,
para substituir o do mestre, que se dizia ser a reprodução do rosto da
mãe do escultor, e ser muito humanizado.
Fachada lateral voltada a Sul (para o rio Douro) – Ed. J Portojo
(Continua)
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