Durante a existência do Julgado de Bouças, até 1832, era na
actual Rua do Convento, em Bouças de Baixo e no que restava do antigo Mosteiro
de Bouças, que se definia a organização judicial e administrativa do mesmo.
Durante esse regime, aquela representação administrativa era
exercida por um Juiz de Fora que exercia essas competências, bem como, também, funções
de magistrado judicial, sempre numa lógica de centralização do poder régio.
A construção do mosteiro de Bouças será anterior ao ano 944.
No ano de 900, já existiria uma pequena povoação com o nome
de Matesinus e que em 1258 se chamaria Matusiny, um lugar da freguesia de
Sendim.
O mosteiro de Bouças, quando já contava com mais de 100 anos
de existência foi, então, doado em 1128, por D. Teresa ao bispo do Porto, D.
Hugo e, em 1196, é doado por D. Sancho I à sua filha D. Mafalda.
Em 1249, D. Mafalda, converte-o à ordem de Cister e manda
construir, junto à igreja, uma casa para sua habitação.
A 20/06/1542, a Bula e o Breve 'Superna Dipositione' do Papa
Paulo III confirmaram a anexação perpétua da Igreja de São Salvador do
Crucifixo de Bouças (o Mosteiro de Bouças) ao Padroado da Universidade de
Coimbra (UC) feita em 1542 pelo rei D. João III.
Em sequência, irá a Universidade de Coimbra, em meados do
século XVI, decidir construir uma nova igreja para substituir a que era anexa
ao mosteiro que se encontrava muito decrépita. Surgirá, então, com a evolução e
as melhorias introduzidas ao longo dos anos, a igreja de Matosinhos que hoje
conhecemos.
No entanto, o julgado de Bouças continuou a funcionar por
Bouças de Baixo, até ao aparecimento do Concelho de Bouças.
Entrada para o mosteiro em Bouças de Baixo
O território correspondente ao Julgado de Bouças que
integrava os pertences do Mosteiro de S. Salvador de Bouças, tinha em épocas
remotas passado pelas mãos de D. Mafalda, filha de D. Sancho I e pelas do Bispo
D. Geraldo Domingues, a quem D. Dinis fez doação do respectivo padroado.
Oitenta anos depois, com D. João I, o Julgado de Bouças é
dividido a meio e oferecido à cidade do Porto, sendo na altura composto por
Bouças/Matosinhos, Leça da Palmeira, Guifões, Nevogilde, Aldoar, e outras.
No tempo de D. João I, eram pertença do Julgado de Bouças as
aldeias de Francos e de Ramalde, no termo do Porto.
“É conhecida a doação
que D. João, Mestre de Avis e Regedor do reino, datada de Lisboa, 8 de Setembro
de 1422, na qual confirma a doação feita por D. Fernando, a Rui Pereira e a
Violante Lopes, da Aldeia dos Francos e da Aldeia do Roalde, do Julgado das
Bouças, termo da cidade do Porto, e do direito que haviam na quintã de Paradela
- no julgado das Bouças -, e dos quintos dos outros direitos na quintã do
Verdelho, no Reguengo do Tojal, termo de Santarém.”
Convento de S. Clemente das Penhas
Na margem direita da
foz do rio Leça, desde o início do 2º milénio, em 1081, que se conhecem
referências em documentos, em galego, a “villa Foce de Leza” (vila Foz de
Leça). E, em 1122, aparece já a inclusão do Orago, também em galego “San
Miguele Foce de Leza”.
«(…) a partir de documentos de 1211 começam a conhecer-se dados importantes que nos levam a tentar desvendar todo um passado histórico de Leça da Palmeira, alicerçado sobretudo nas origens cristãs dos seus avoengos. Com efeito, já em 1211 o Bispado do Porto recebia anualmente da “igreja de Moroça 2 aureos (maravedis ou morabitinos)”, moeda daqueles recuados anos. Moroça é o nome que evoluiu para AMOROSA, (…).
Em 1258, nas Inquirições mandadas fazer por D. Afonso III, já aparece mencionada a “matriz da Vila de São Miguel de Moroça”. Podemos, assim, dizer que a primitiva matriz deve ter sido erigida nos primórdios da fundação de Portugal.
(…) No ano de 1527, no Rol Censuário de D. João III, aparece pela primeira vez a menção de “SÃO MIGUEL DA PALMEIRA”. Segundo opinião do erudito Abade Mondego, que foi pároco desta nossa terra, o nome de Leça da Palmeira deriva dos Palmeiros, peregrinos que vinham da Terra Santa hospedar-se no Bailiado e que desembarcavam na foz do Leça».
Fonte: “resenhaavozdeleca.blogspot.com/”
«(…) a partir de documentos de 1211 começam a conhecer-se dados importantes que nos levam a tentar desvendar todo um passado histórico de Leça da Palmeira, alicerçado sobretudo nas origens cristãs dos seus avoengos. Com efeito, já em 1211 o Bispado do Porto recebia anualmente da “igreja de Moroça 2 aureos (maravedis ou morabitinos)”, moeda daqueles recuados anos. Moroça é o nome que evoluiu para AMOROSA, (…).
Em 1258, nas Inquirições mandadas fazer por D. Afonso III, já aparece mencionada a “matriz da Vila de São Miguel de Moroça”. Podemos, assim, dizer que a primitiva matriz deve ter sido erigida nos primórdios da fundação de Portugal.
(…) No ano de 1527, no Rol Censuário de D. João III, aparece pela primeira vez a menção de “SÃO MIGUEL DA PALMEIRA”. Segundo opinião do erudito Abade Mondego, que foi pároco desta nossa terra, o nome de Leça da Palmeira deriva dos Palmeiros, peregrinos que vinham da Terra Santa hospedar-se no Bailiado e que desembarcavam na foz do Leça».
Fonte: “resenhaavozdeleca.blogspot.com/”
Nos finais do século XIV, em 1392, uma pequena comunidade de frades franciscanos, oriundos da Galiza, fiéis ao Papa de Roma, por oposição ao Papa de Avignon, ao qual a Espanha obedecia, instalaram-se junto da praia da Boa Nova, fundando o Oratório de S. Clemente das Penhas.
Na mesma ocasião outros frades da mesma observância fundavam também um outro oratório na ilha da Ínsua, em Caminha.
«Leça da Palmeira teve
papel importante na “História Seráfica da Ordem dos Frades Menores de São
Francisco”. Frei Manuel da Esperança escreveu àcerca do surgimento, em 1392,
dos Frades Menores de São Francisco a Norte do Rio Douro: “ Não estava bem despedido o ano de 1392
quando o Servo de Deus Fr. Gonçalo Marinho (...) veio fundar Oratório no
Bispado do Porto, numa ermida pobre do Glorioso São Clemente”. Daqui se
infere que antes de 1392 já existia uma ermida de São Clemente. A partir de
então pode dizer-se que os primeiros frades franciscanos edificaram o pequeno
Mosteiro de São Clemente das Penhas, alcandorado sobre rochas, junto ao mar, no
lugar hoje chamado da Boa Nova».
Fonte: “resenhaavozdeleca.blogspot.com/”
Fonte: “resenhaavozdeleca.blogspot.com/”
Capela da Boa Nova em S. Clemente das Penhas – Ed- JPortojo
Outra perspectiva da Capela da Boa Nova observando-se,
ainda, a casa de chá projectada por Siza Vieira
Este pequeno convento
virá, algumas décadas mais tarde (último quartel do século XV), a dar origem ao
Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Leça, que foi fundado no local onde,
actualmente, existe o parque municipal da Quinta da Conceição e que, outrora,
se chamou Quinta da Granja.
Algumas décadas após a chegada dos frades franciscanos a S. Clemente das Penhas, para puderem professar numa vida de despojamento de bens terrenos, frei João da Póvoa (1439-1506), vigário provincial e frei Pedro Pão e Água, vigário da casa, concordaram em que o convento mudasse de local para a Quinta da Granja, situada numa colina sobranceira ao rio Leça e que o novo edifício se chamasse da Conceição.
Em 1478, foi lançada a primeira pedra do convento e, em 1479, com as dádivas e doações de D. Margarida de Vilhena, mulher de João Rodrigues de Sá (descendente do Sá das Galés, alcaide-mor do Porto e governador do castelo de Matosinhos) que aí viria a ser sepultada, conjuntamente com outras dádivas, nomeadamente dos reis D. João II e D. Manuel, permitiram acabar a obra.
Em 1481, os frades de São Clemente das Penhas transferiram-se para o novo edifício ficando, apenas, no local abandonado, a ermida de São Clemente.
D. Afonso V, dizem, terá oferecido uma imagem de Nossa Senhora da Conceição da autoria do escultor do gótico, Diogo Pires, O Velho, que se manteve exposta na igreja do convento e aquando do seu encerramento, em 1834, foi preservada e, hoje, está na paroquial de Leça da Palmeira.
Contemporâneo de frei João da Póvoa, também residente no convento de Nossa Senhora da Conceição de Leça, foi frei João da Comenda, que se destacaria por ser construtor dos primeiros relógios mecânicos em Portugal.
«Segundo o investigador Rolando van Zeller, e referindo-se a João da Comenda, “o conhecimento que o bom do frade tinha, da maneira como se construíam relógios, devia resultar da convivência com outros serralheiros leigos ou monges, pois não se admite que subitamente lhe viesse à ideia de fabricar um, perdido como estava nos claustros do Mosteiro de Orgens”.
Van Zeller, refere que João da Comenda era do Convento da Conceição de Leça da Palmeira, vizinho do de S. Salvador de Bouças, este último pertencente à ordem de Cister, o que poderia explicar alguma coisa. Essa ordem “sempre procurou juntar a cristianização que operava em Portugal ao desenvolvimento de actividades industriais úteis para o progresso do país”. E acrescenta: “Se examinarmos com atenção o mapa da nossa terra, verificamos que é perto dos conventos principais da ordem de Cister que a arte de relojoaria se desenvolveu na província, e de que ainda restavam vestígios no final do século XVIII.”»
Cortesia do jornalista
Fernando Correia de Oliveira
Segundo o Padre António Carvalho da Costa (Lisboa, 20 de Abril de 1650 — 27 de Novembro de 1715), sacerdote, historiador, astrónomo e cientista, S. Miguel da Palmeira (Leça da Palmeira) fazia parte das Terras da Maia.
Algumas décadas após a chegada dos frades franciscanos a S. Clemente das Penhas, para puderem professar numa vida de despojamento de bens terrenos, frei João da Póvoa (1439-1506), vigário provincial e frei Pedro Pão e Água, vigário da casa, concordaram em que o convento mudasse de local para a Quinta da Granja, situada numa colina sobranceira ao rio Leça e que o novo edifício se chamasse da Conceição.
Em 1478, foi lançada a primeira pedra do convento e, em 1479, com as dádivas e doações de D. Margarida de Vilhena, mulher de João Rodrigues de Sá (descendente do Sá das Galés, alcaide-mor do Porto e governador do castelo de Matosinhos) que aí viria a ser sepultada, conjuntamente com outras dádivas, nomeadamente dos reis D. João II e D. Manuel, permitiram acabar a obra.
Em 1481, os frades de São Clemente das Penhas transferiram-se para o novo edifício ficando, apenas, no local abandonado, a ermida de São Clemente.
D. Afonso V, dizem, terá oferecido uma imagem de Nossa Senhora da Conceição da autoria do escultor do gótico, Diogo Pires, O Velho, que se manteve exposta na igreja do convento e aquando do seu encerramento, em 1834, foi preservada e, hoje, está na paroquial de Leça da Palmeira.
Imagem de Nossa
Senhora da Conceição, na paroquial de Leça da Palmeira
Contemporâneo de frei João da Póvoa, também residente no convento de Nossa Senhora da Conceição de Leça, foi frei João da Comenda, que se destacaria por ser construtor dos primeiros relógios mecânicos em Portugal.
«Segundo o investigador Rolando van Zeller, e referindo-se a João da Comenda, “o conhecimento que o bom do frade tinha, da maneira como se construíam relógios, devia resultar da convivência com outros serralheiros leigos ou monges, pois não se admite que subitamente lhe viesse à ideia de fabricar um, perdido como estava nos claustros do Mosteiro de Orgens”.
Van Zeller, refere que João da Comenda era do Convento da Conceição de Leça da Palmeira, vizinho do de S. Salvador de Bouças, este último pertencente à ordem de Cister, o que poderia explicar alguma coisa. Essa ordem “sempre procurou juntar a cristianização que operava em Portugal ao desenvolvimento de actividades industriais úteis para o progresso do país”. E acrescenta: “Se examinarmos com atenção o mapa da nossa terra, verificamos que é perto dos conventos principais da ordem de Cister que a arte de relojoaria se desenvolveu na província, e de que ainda restavam vestígios no final do século XVIII.”»
Relógio, de fabrico de
frei João da Comenda, exposto na paroquial de Orgens, Viseu, após recuperação
Segundo o Padre António Carvalho da Costa (Lisboa, 20 de Abril de 1650 — 27 de Novembro de 1715), sacerdote, historiador, astrónomo e cientista, S. Miguel da Palmeira (Leça da Palmeira) fazia parte das Terras da Maia.
O mosteiro de nossa Senhora da Conceição de Leça acabaria, ao longo dos tempos, por evoluir para um centro de formação de noviços e funcionar, também como uma brévia, ou seja, um lugar de repouso dos franciscanos do Entre Douro e Minho.
O fim do regime absolutista, decorrente da derrota dos partidários de D. Miguel, em 1834, conduz às extinções das ordens religiosas e à nacionalização, com posterior venda em hasta pública, dos seus bens. Acaba, assim, por ser também extinta a ordem de Malta e, com ela, o Couto de Leça.
Em consequência, Leça da Palmeira passaria, definitivamente, a integrar o concelho de Bouças e deixava de ter qualquer ligação à Maia.
“Quinta da Conceição é
um parque público localizado na freguesia de Leça da Palmeira, concelho de
Matosinhos, distrito do Porto. Inicialmente o local era as instalações do
Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São Francisco que lá chegou
em 1481. Com a extinção das ordens religiosas os frades abandonam o
Convento, sendo vendido em hasta pública em 1837, por seis contos, a Manuel
Guimarães.
Actualmente ainda é visível o antigo claustro do convento, alguns chafarizes, um portal de estilo manuelino (que pertenceu à igreja do convento) e a capela de São Francisco, onde se encontra sepultado Frei João da Póvoa.
Actualmente ainda é visível o antigo claustro do convento, alguns chafarizes, um portal de estilo manuelino (que pertenceu à igreja do convento) e a capela de São Francisco, onde se encontra sepultado Frei João da Póvoa.
No século XX a Quinta
da Conceição foi concedida à Administração dos Portos de Douro e Leixões. Em
1956 a restante propriedade é arrendada pela Comissão de Turismo da Câmara
Municipal de Matosinhos para a criação do “Parque da Vila”, sofrendo durante a
década de 60 melhoramentos desenhados pelo arquitecto Fernando Távora, quando
foi construído um campo de ténis e uma piscina, esta projectada pelo arquitecto
Álvaro Siza Vieira”.
Fonte: “leca-palmeira.com/”
Relativamente ao texto anterior, importa referir que a
propriedade chamada de Quinta da Granja e, depois, Quinta da conceição, haveria
de passar, nos últimos anos do século XIX, para a posse do Dr. Albano Sá Lima,
conhecido por ter desempenhado o cargo de administrador do Concelho de Bouças.
Casa da Quinta da Conceição, no início do século XX
Casa na Quinta da Conceição, que foi a residência do Dr.
Albano Sá Lima
Adquirida, então, a Quinta da Conceição pela Câmara Municipal de Matosinhos, em 1952, o arquitecto Fernando Távora, em 1956, seria encarregado de fazer um projecto para transformar os 5 hectares da quinta, em parque municipal.
Como muito do património do período conventual tinha desaparecido, foi difícil ao arquitecto fazer relembrá-lo.
Desapareceram o mosteiro e a igreja anexa, três capelas e muitos outros elementos estavam por terra.
Sobrou uma capela, de quatro existentes, a capela de S. Francisco, onde, dizem está sepultado frei João da Póvoa, cujos restos mortais repousaram, primeiro, na área do claustro entre 1506 e 1616.
Claustro do mosteiro
da Quinta da Conceição, c. 1940
Um claustro que seria recuperado, um campo de ténis que haveria de se tornar icónico pelas modernas linhas arquitectónicas que apresenta e uma piscina encomendada pelo autor do projecto do parque municipal ao arquitecto Siza Vieira e que ocupa uma cota alta do terreno, são elementos que continuam a perdurar e a surpreender os visitantes.
À direita, a
capela de S. Francisco
Campo de
ténis, c. 1960
Piscina do
Parque da Quinta da Conceição
O portal da igreja desaparecida que tinha sido vendido e passado a adornar uma quinta de V. N. de Gaia, foi possível fazer retornar, após diligências encetadas por Fernando Távora.
Portal, que
pertenceu à igreja do mosteiro de Leça, implantado no local que se supõem ter
sido a sua primitiva morada
O Portal, estilo manuelino, foi comprado, no século XIX, em hasta pública pelo proprietário do Palacete de São Paio (Vila Nova de Gaia) e, nos anos 50 do século XX, regressou ao local de origem.
Portal
implantado no palacete de São Paio (casa do senhor Antero) – Ed. Guilherme Bonfim Barreiros
“Portal Manuelino em arco trilobado, decorado com elementos naturalistas, fantásticos e cristãos. Pertenceu à Igreja do Convento Franciscano da Conceição, em Leça da Palmeira e que após a extinção das ordens religiosas, foi comprado em hasta pública pelo Conselheiro Silveira Pinto para o seu Palacete de S. Paio, no Canidelo, onde esteve durante nove décadas. Segundo Camilo Castelo Branco: “A porta (…) está hoje na quinta do Sr. Conselheiro Antero Albano, em São Paio além Douro, defronte de Sovereiras. Comprou-a por quatro moedas". Em 1936 o palacete foi adquirido pelas Irmãs Oblatas do Coração de Jesus, e nos anos 50 após projeto dum parque de lazer nos terrenos da Quinta da Conceição, pelo Arquiteto Fernando Távora, o portal foi vendido pelas Irmãs, para que regressasse ao seu local de origem. Atualmente embeleza os jardins da Quinta da Conceição”.
Fonte: A. H. M. Porto
Nova organização administrativa do território
“D. Afonso V nas
cortes de Lisboa em 6 de Julho de 1459 e a pedido dos procuradores do Porto,
ordena que sejam respeitados os privilégios da cidade, em especial nos julgados
de Bouças e de Refojos, que, por doação régia, pertenciam agora respectivamente
a João Rodrigues e a Rui Pereira, fidalgos.”
Fonte: Arquivo Municipal do Porto
D. Manuel I concedeu foral a Matosinhos a 30 de Setembro de
1514.
Pelourinho de Matosinhos no Largo do Ribeirinho – Fonte:
Google maps
Na foto anterior, do pelourinho primitivo apenas subsiste o
fuste cilíndrico.
O que resta do pelourinho fica junto da casa, capela e
quinta do Ribeirinho, onde nasceu e faleceu João Eduardo de Brito e Cunha
(1841-1910) que foi o seu senhor e, ainda, 18.º e último administrador do
vínculo de Nossa Senhora da Esperança, e do morgadio da Cunha, para além de
Vereador da Câmara de Bouças e Cônsul de Itália, no Porto.
A capela é dedicada a Nossa Senhora da Piedade (em destaque
na Capela, num altar lateral) e a Santo António, apresentando o seu altar
principal, do século XVIII, com um pequeno trono, ao centro, até à Cruz e de
cada lado do altar as imagens de S. Bento e de Nossa Senhora com o Menino ao
colo.
Em meados do século XVIII, o pelourinho ainda se erguia na
Praça Pública, não longe da Casa da Audiência e da Cadeia, na antiga Rua do
Ribeirinho.
Alguns anos depois da atribuição a Matosinhos do foral, em
29 de Março de 1581, tinha o Senado do Porto concordado, em auto assinado, com
a elevação a vila, do lugar de Matosinhos.
Uma nova Reorganização Administrativa, em 18/07/1835, na
sequência das lutas liberais que aconteceram, em 1832/33 e se centraram, no
Porto, sucederia a uma efémera reorganização administrativa de 1832, da autoria
de Mouzinho da Silveira que, entre outras medidas, extinguiu os Julgados, separando
também as funções judiciais e as funções administrativas que, até então, eram
exercidas em simultâneo.
As Comarcas já
existentes veem o seu número acrescido sucedendo, então, apenas com funções
administrativas, aos Julgados.
Entretanto, surge a figura do Provedor que passa a
estar junto de cada concelho, funcionando como um delegado do governo central.
A organização pautava-se com os Provedores do Concelho, os
Prefeitos e os Subprefeitos. Os primeiros estão
ligados às Câmaras Municipais, os Prefeitos e os Subprefeitos estão em
correlação com as juntas da Comarca e com as juntas da Província.
O Município continuava, porém, a ter uma Câmara Municipal
como órgão de administração municipal, com um presidente e com vereadores
eleitos localmente. A provedoria funcionava como um órgão autónomo da Câmara
Municipal.
Em 1935, já tinham entretanto desaparecido as 39 Comarcas existentes que foram
substituídas por 19 Distritos,
chefiados, cada um, por um Governador Civil, nomeado (os ex-subprefeitos) e compostos por Concelhos chefiados, cada um, por um Administrador
de Concelho (os ex-provedores,
nomeados) eleito e assistido por uma Câmara
Municipal cujos Vereadores (de 3 a 13) eram também eleitos por 3 anos, tendo
que reunir ordinariamente, em público, 2 vezes por semana.
Esses Concelhos dividiam-se em Freguesias chefiadas, cada uma, por um Comissário de Paróquia
nomeado pelo Administrador de Concelho, assistido por uma Junta de Paróquia, também eleita, que
tinha que reunir em público, ordinariamente, até 2 vezes por semana (existiram
799 concelhos no Continente e nas Ilhas Adjacentes, de 1835 a 1836).
(O termo "comarca" passou a partir daí a ser
apenas utilizado para designar as divisões judiciais correspondentes à área
geográfica de jurisdição de cada um dos tribunais judiciais de 1ª instância.
Cada Comarca é chefiada por um magistrado que são,
inicialmente, chamados tenentes, depois meirinhos-mores e, finalmente,
corregedores).
Em 6 de Novembro de
1836, o decreto de Reorganização Administrativa, de Passos Manoel, traria
re-arranjos pontuais na legislação existente
com apenas cinco artigos, em que o primeiro estabelecia que o território
continental do nosso país ficaria dividido em 17 distritos (o distrito de
Setúbal foi criado apenas na primeira metade do século XX) e 351 concelhos. Os
demais artigos referiam-se a aperfeiçoamentos que deveriam ser feitos nesta
organização territorial.
No que ao Concelho de Bouças diz respeito, criado a 28/03/1835,
após as eleições para as Juntas de Paróquia (os órgãos das freguesias que as
geriam juntamente com o Comissário da Paróquia nomeado pelo Governador Civil do
distrito do Porto) e para a Vereação, a Câmara Municipal do Concelho de Bouças
reuniria, naquela data, numa casa da desaparecida Rua da Ponte, na freguesia de
Salvador de Bouças de Matosinhos, desconhecendo-se a localização exacta dela.
Como o nome dá a entender, esta rua dava acesso directo à
ponte dos 19 arcos, unindo esta ao Largo do Areal.
Ponte dos 19 arcos demolida em 1958 para construção da Doca
nº 2 do Porto de Leixões
Localizava-se, por isso, a Este da Alameda de Matosinhos.
Todos estes locais já desapareceram, engolidos pelo porto de Leixões.
Depois de perder Lordelo,
incorporado no Porto em 26/11/1836, o Concelho
de Bouças ficou com as seguintes freguesias: Ramalde, Nevogilde, Aldoar,
Matosinhos, Leça, Lavra, Perafita, Santa Cruz do Bispo, Guifões, Custóias, Leça
do Balio, e S. Mamede Infesta.
Estas últimas sete freguesias eram anteriormente pertença da
Maia, se bem que as três citadas em último lugar tivessem uma jurisdição
própria e tinham pertencido até 1834 ao couto de Leça.
A Senhora da Hora era um lugar que pertencia à freguesia de
Matosinhos, mas que passou a sede do concelho em 1836 e a “Vila de Bouças”, em
1839, passando a funcionar “a Câmara num
edifício da Rua da Senhora da Penha”, segundo opinião de José Rodrigues.
Ilda Fernandes, porém, indica que a sede seria na Rua de
Lavadores, algures no lugar de Lavadores, hoje praticamente uma memória,
localizada entre o actual Hospital Pedro Hispano e o Hipermercado Continente.
Do prazo de Lavadores, fala uma escritura de dote de
casamento, exarada na quinta do Rio, em Ramalde, Julgado de Bouças, por Manoel
da Silva Guimarães e sua mulher, a sua filha Dona Ana Maria Joaquina, para
casar com o capitão José Gonçalves Lopes.
Ana Maria do Espírito Santo, viúva e mãe do noivo, faz
referência ao prazo de Lavadores, na freguesia de Matosinhos, naquele mesmo
documento.
Sede de Bouças na Rua da Senhora da Penha
(Continua)
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