Esta quinta está situada na Maia, bem próximo da sede da
autarquia maiata, constituindo um magnífico espaço verde no qual sobressai uma
casa de estilo “nasoniano”, com uma capela rica em talha dourada, datada do
século XVII.
Inicialmente, as propriedades que integravam esta quinta
iriam até às margens do rio Leça, com os indispensáveis bosques e até terrenos
onde se caçava.
Embora uma pedra da padieira da porta de entrada da capela
tenha inscrita a data de 1681, as referências mais antigas levam-nos a 1642,
quando a propriedade pertencia aos domínios do mosteiro de Leça do Balio, sob a
gestão dos frades hospitalários, que recebiam o foro das mãos de um escrivão do
Tribunal da Relação do Porto, Gaspar de Andrade, que fará a transmissão da
mesma ao seu filho e, depois, por herança, acabará a quinta na mão dos netos
daquele escrivão. Era, então, a Quinta de Barreiros.
O primeiro a herdá-la foi Francisco de Aragão, a que se
seguiria, depois da sua morte, o seu irmão, António Gouveia.
Entrados no século XVIII, a eles se ficará a dever o aspecto
barroco que a quinta oferece, quer na sua casa, quer nos elementos escultóricos
dos seus jardins, como sejam as suas fontes e chafarizes e outros planos de
água.
A quinta irá passar, por falta de descendência dos seus
anteriores proprietários, para a posse de um primo que autorizará que um seu
irmão, também um cónego, de nome Manuel de Aragão, a ocupe e aí habite.
É, então, pela presença de mais um cónego à frente dos
destinos da quinta, que ela acabará por tomar o nome pela qual se tornou
conhecida – Quinta dos Cónegos.
Em 1864, há registos de que a quinta teria sido colocada no
mercado de arrendamento, mas teria já sido vendida, por um dos elementos da
família Aragão, alguns anos antes.
Nos inícios do século XX, a quinta está na posse dum capitalista
do Porto que, na década de 1920, a irá vender a Afonso Henrique Sobral Mendes,
um brasileiro de torna-viagem.
Sobral Mendes virá a ser o proprietário das Minas de S.
Pedro da Cova e vai estar, ainda ligado, ao desenvolvimento dos negócios do
petróleo, como accionista duma empresa que virá a ser uma referência no sector,
durante o “Estado Novo” – a “SACOR”.
Entre 1946 e 1954, irá ocupar o cargo de presidente da
Câmara de Penafiel.
João Sobral Mendes, nascido no Brasil, filho de Afonso Henrique,
termina o seu curso de Medicina na Universidade do Porto, em 1946, sendo o fundador
da Misericórdia da Maia, e o herdeiro de uma fortuna imensa deixada pelo seu
pai e tornando-se um grande coleccionador de obras de arte e mobiliário,
cerâmica e pintura, com que enriquece e beneficia a Casa da Quinta dos Cónegos.
Amante do ténis edifica um espaço para a prática desse
desporto e procede à ampliação do edifício.
Vista aérea da Quinta dos Cónegos
Casa da Quinta dos Cónegos – Fonte: “visitmaia.pt/”
Quinta dos Cónegos – Fonte: “oportoencanta.com/”
Varandim debruçado sobre o interior da capela da Quinta dos
Cónegos, donde, normalmente, os seus proprietários assistiam às cerimónias
religiosas
Na quinta, a água está presente em grande quantidade, proveniente de três nascentes e de um ribeirinho, que é afluente do rio Leça, abastecendo várias fontes, chafarizes e planos de água.
De frente, a ala da Casa da Quinta dos Cónegos mandada
edificar por João Sobral Mendes, na década de 1960, de acordo com a
arquitectura pré-existente, mantendo, assim, o estilo barroco
Interior da nova ala da Casa da Quinta dos Cónegos (corredor
do quarto dos hóspedes)
“Em 1991, sofre um
incêndio que devasta por completo a casa, deixando apenas a Capela sem grandes
danos. Sendo à altura adquirida pela Fundação Ricardo Espirito Santo, que
obedecendo ao projeto de arquitetura e decoração do Arq.º António Pinto Leite,
ajudado pela dedicada colaboração dos Arq.º Pais de Figueiredo e Eng.º Santos
Farinha, procede à sua integral recuperação, mantendo fielmente a arquitetura,
recorrendo a elementos decorativos da própria fundação.
Fonte: “visitmaia.pt/”
Teria sido num dos quartos dos hóspedes que teria começado
por deflagrar o incêndio que destruiu a Casa da Quinta dos Cónegos.
João Sobral Mendes, após o incêndio, vende a quinta aos seus
amigos Espírito Santo e passa a viver num edifício levantado em terreno da quinta, próximo à casa principal, que adapta
para o efeito.
Em 2017, a Quinta dos Cónegos foi adquirida pela Câmara
Municipal da Maia” e, em todos os segundos sábados de cada mês, a
autarquia maiata promove, mediante inscrição prévia, visitas guiadas à Casa da
Quinta dos Cónegos.
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