sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

25.112 Quinta dos Cónegos

Esta quinta está situada na Maia, bem próximo da sede da autarquia maiata, constituindo um magnífico espaço verde no qual sobressai uma casa de estilo “nasoniano”, com uma capela rica em talha dourada, datada do século XVII.
Inicialmente, as propriedades que integravam esta quinta iriam até às margens do rio Leça, com os indispensáveis bosques e até terrenos onde se caçava.
Embora uma pedra da padieira da porta de entrada da capela tenha inscrita a data de 1681, as referências mais antigas levam-nos a 1642, quando a propriedade pertencia aos domínios do mosteiro de Leça do Balio, sob a gestão dos frades hospitalários, que recebiam o foro das mãos de um escrivão do Tribunal da Relação do Porto, Gaspar de Andrade, que fará a transmissão da mesma ao seu filho e, depois, por herança, acabará a quinta na mão dos netos daquele escrivão. Era, então, a Quinta de Barreiros.
O primeiro a herdá-la foi Francisco de Aragão, a que se seguiria, depois da sua morte, o seu irmão, António Gouveia.
Entrados no século XVIII, a eles se ficará a dever o aspecto barroco que a quinta oferece, quer na sua casa, quer nos elementos escultóricos dos seus jardins, como sejam as suas fontes e chafarizes e outros planos de água.
A quinta irá passar, por falta de descendência dos seus anteriores proprietários, para a posse de um primo que autorizará que um seu irmão, também um cónego, de nome Manuel de Aragão, a ocupe e aí habite.
É, então, pela presença de mais um cónego à frente dos destinos da quinta, que ela acabará por tomar o nome pela qual se tornou conhecida – Quinta dos Cónegos.
Em 1864, há registos de que a quinta teria sido colocada no mercado de arrendamento, mas teria já sido vendida, por um dos elementos da família Aragão, alguns anos antes.
Nos inícios do século XX, a quinta está na posse dum capitalista do Porto que, na década de 1920, a irá vender a Afonso Henrique Sobral Mendes, um brasileiro de torna-viagem.
Sobral Mendes virá a ser o proprietário das Minas de S. Pedro da Cova e vai estar, ainda ligado, ao desenvolvimento dos negócios do petróleo, como accionista duma empresa que virá a ser uma referência no sector, durante o “Estado Novo” – a “SACOR”.
Entre 1946 e 1954, irá ocupar o cargo de presidente da Câmara de Penafiel.
João Sobral Mendes, nascido no Brasil, filho de Afonso Henrique, termina o seu curso de Medicina na Universidade do Porto, em 1946, sendo o fundador da Misericórdia da Maia, e o herdeiro de uma fortuna imensa deixada pelo seu pai e tornando-se um grande coleccionador de obras de arte e mobiliário, cerâmica e pintura, com que enriquece e beneficia a Casa da Quinta dos Cónegos.
Amante do ténis edifica um espaço para a prática desse desporto e procede à ampliação do edifício.
 
 
 
Vista aérea da Quinta dos Cónegos
 
 
Casa da Quinta dos Cónegos – Fonte: “visitmaia.pt/”
 
 
 
Quinta dos Cónegos – Fonte: “oportoencanta.com/”


 
Varandim debruçado sobre o interior da capela da Quinta dos Cónegos, donde, normalmente, os seus proprietários assistiam às cerimónias religiosas


 
Na quinta, a água está presente em grande quantidade, proveniente de três nascentes e de um ribeirinho, que é afluente do rio Leça, abastecendo várias fontes, chafarizes e planos de água.

 
 

Chafariz do Dragão nos jardins da Quinta dos Cónegos 




Espelho de água da Quinta dos Cónegos
 
 
 
De frente, a ala da Casa da Quinta dos Cónegos mandada edificar por João Sobral Mendes, na década de 1960, de acordo com a arquitectura pré-existente, mantendo, assim, o estilo barroco


 
Interior da nova ala da Casa da Quinta dos Cónegos (corredor do quarto dos hóspedes)
 
 
 
“Em 1991, sofre um incêndio que devasta por completo a casa, deixando apenas a Capela sem grandes danos. Sendo à altura adquirida pela Fundação Ricardo Espirito Santo, que obedecendo ao projeto de arquitetura e decoração do Arq.º António Pinto Leite, ajudado pela dedicada colaboração dos Arq.º Pais de Figueiredo e Eng.º Santos Farinha, procede à sua integral recuperação, mantendo fielmente a arquitetura, recorrendo a elementos decorativos da própria fundação.
Fonte: “visitmaia.pt/”
 
 
Teria sido num dos quartos dos hóspedes que teria começado por deflagrar o incêndio que destruiu a Casa da Quinta dos Cónegos.
João Sobral Mendes, após o incêndio, vende a quinta aos seus amigos Espírito Santo e passa a viver num edifício levantado em terreno da quinta, próximo à casa principal, que adapta para o efeito.


Habitação do Dr. João Sobral Mendes, após o incêndio - Ed. Manuela Campos


Em 2017, a Quinta dos Cónegos foi adquirida pela Câmara Municipal da Maia” e, em  todos os segundos sábados de cada mês, a autarquia maiata promove, mediante inscrição prévia, visitas guiadas à Casa da Quinta dos Cónegos.


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