A instituição canónica da “Fraternidade da Ordem Terceira dos Capuchinhos”, que se servia da
capela sob a invocação de Santo António da casa da Quinta das Águas Férreas das
Irmãs Franciscanas Hospitaleiras de Calais, era dirigida pelo padre José Pinto
de Moura, desde Fevereiro de 1887.
Extintas as ordens religiosas em 1834, alguns sacerdotes consagraram-se
ao apostolado da pregação, do confessionário e da assistência a fraternidades
da Ordem Terceira Franciscana, sobretudo no Norte do País, enquanto outros se ocuparam
no ministério pastoral em paróquias ou capelanias de mosteiros femininos e de
casas de assistência.
Casa da Quinta das Águas Férreas - Estampa de
"Portugal old and new by Oswald Crawfurd", 1880 (pág.
145)
Casa da Quinta das Águas Férreas onde, durante grande parte
do século XX, funcionou uma casa de reclusão chamada “A Tutoria” – Ed. JPortojo
Em 1893, o número de irmãos daquela instituição tinha
aumentado tanto que começou a sentir-se a necessidade de erguer um templo
próprio de maiores dimensões.
Assim, em 25 de Junho de 1894, o padre Moura escolheu o
local para construção da capela e comprou por um conto de reis uma parcela de terreno,
com cerca de 700 m2, na Rua dos Bragas, tendo-se iniciado a construção do
templo em 1896, com o apoio da Ordem Franciscana.
Em 7 de Julho de 1897, era inaugurada a capela-mor e dava-se
a mudança da sede da fraternidade para a capela, que seria inaugurada em 1899,
continuando, porém, o processo de construção.
Entrado o novo século e com o desenvolvimento da campanha
contra as Ordens Religiosas, para acautelar a capela e os bens, o padre Moura,
através de escritura, a 7 de Agosto de 1901, passou a ser legalmente o
proprietário da capela.
Em 1905, procede-se à substituição dos altares provisórios,
colocação de balaustrada e compra de um órgão de tubos, datado de 1868, a uma
igreja evangélica alemã que tinha encerrado.
Entretanto, seria recebido um dos três sinos que dotaram a
igreja do convento de S. Bento da Ave-Maria, objecto de demolição.
Em 1906, a capela foi entregue aos franciscanos e, em 1908,
é feito um pedido de licença para reconstrução da fachada da capela, por João
Gomes da Silva Guerra e, como técnico (mestre pedreiro) da obra é referido Joaquim
Domingues de Freitas.
Desenho da fachada integrante de projecto referente à capela
de Nossa Senhora dos Anjos, na Rua dos Bragas, que obteve a licença nº 451/1908
Capela de Nossa Senhora dos Anjos, na Rua dos Bragas –
Fonte: Google maps
Em 1910, na sequência da implantação da República a capela é
encerrada pelos republicanos, alegadamente, em virtude do Decreto de extinção e
desapropriação dos bens das ordens religiosas.
Em 2 de Novembro de 1918, a capela foi restituída ao seu
legítimo proprietário pelo Supremo Tribunal de Justiça e reaberta ao público
com o padre Moura como pároco.
Em 28 de Março de 1921, falece o padre Moura, deixando em
testamento a capela e residência ao cónego Joaquim Pereira da Rocha, para que
fizesse, posteriormente, a entrega do legado em testamento à diocese, apesar do
seu manifesto e ardente desejo de a entregar aos franciscanos.
Em 27 de Julho de 1921, o padre André de Araújo intercedeu
junto do Bispo do Porto conseguindo que a capela e bens anexos fossem
efectivamente entregues aos franciscanos, como era intenção do padre Moura, com
a condição de tomarem conta da Igreja do Calvário dos Terceiros Franciscanos,
em Penafiel.
No ano de 1924, procede-se ao douramento dos sete altares,
renovação da pintura da imagem de Nossa Senhora dos Anjos e retoques noutras
imagens.
Em 1932, é realizado um pedido de licença para alargar duas
janelas na fachada lateral e construir parede divisória interior, cuja
intervenção fica a cargo do construtor civil Carlos Nogueira Portas.
Em 1963, ocorre a inauguração da estátua de S. Francisco,
colocada no átrio exterior da capela e, entre 1972 e 1974, procede-se à
remodelação do interior da capela, de acordo com a liturgia renovada, tendo por
centro do culto o altar-mor (são retirados os altares laterais com suas
balaustradas e o púlpito, alargando o espaço aos fiéis) e, em 1975, o órgão de
tubos seria substituído por um órgão electrónico de fabrico italiano, sendo o
primitivo transferido para a Igreja do Colégio de Montariol, em Braga.
Em 23 de Fevereiro de 1987, comemorou-se o primeiro
centenário da Fraternidade.
Em 2006, é inaugurado um novo e grande órgão de tubos, pelo
organista Manuel Valença.
“No próximo sábado,
dia 10 de Julho, será inaugurado o Orgão de Tubos na Capela de Nossa Senhora
dos Anjos, no Porto, a cargo dos Frades Franciscanos (OFM). No âmbito de
grandes obras de restauro e requalificação da Capela e da casa anexa que irão
proporcionar novos espaços para o desenvolvimento de acções pastorais e
culturais dos Franciscanos no Porto, o novo Órgão substitui outro anteriormente
transferido para o Convento de Montariol. Este novo instrumento foi concebido
pelo organeiro Manuel Santos Fonseca e construído pela empresa Masof-Organ”.
Fonte: “agencia.ecclesia.pt/” (3 Abril de 2006)
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