quarta-feira, 1 de setembro de 2021

25.131 A Capela de Nossa Senhora dos Anjos

 
A instituição canónica da “Fraternidade da Ordem Terceira dos Capuchinhos”, que se servia da capela sob a invocação de Santo António da casa da Quinta das Águas Férreas das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras de Calais, era dirigida pelo padre José Pinto de Moura, desde Fevereiro de 1887.
Extintas as ordens religiosas em 1834, alguns sacerdotes consagraram-se ao apostolado da pregação, do confessionário e da assistência a fraternidades da Ordem Terceira Franciscana, sobretudo no Norte do País, enquanto outros se ocuparam no ministério pastoral em paróquias ou capelanias de mosteiros femininos e de casas de assistência.
 
 
 
Casa da Quinta das Águas Férreas - Estampa de "Portugal old and new by Oswald Crawfurd", 1880 (pág. 145) 

 
 
Casa da Quinta das Águas Férreas onde, durante grande parte do século XX, funcionou uma casa de reclusão chamada “A Tutoria” – Ed. JPortojo
 
 
Em 1893, o número de irmãos daquela instituição tinha aumentado tanto que começou a sentir-se a necessidade de erguer um templo próprio de maiores dimensões.
Assim, em 25 de Junho de 1894, o padre Moura escolheu o local para construção da capela e comprou por um conto de reis uma parcela de terreno, com cerca de 700 m2, na Rua dos Bragas, tendo-se iniciado a construção do templo em 1896, com o apoio da Ordem Franciscana.
Em 7 de Julho de 1897, era inaugurada a capela-mor e dava-se a mudança da sede da fraternidade para a capela, que seria inaugurada em 1899, continuando, porém, o processo de construção.
Entrado o novo século e com o desenvolvimento da campanha contra as Ordens Religiosas, para acautelar a capela e os bens, o padre Moura, através de escritura, a 7 de Agosto de 1901, passou a ser legalmente o proprietário da capela.
Em 1905, procede-se à substituição dos altares provisórios, colocação de balaustrada e compra de um órgão de tubos, datado de 1868, a uma igreja evangélica alemã que tinha encerrado.
Entretanto, seria recebido um dos três sinos que dotaram a igreja do convento de S. Bento da Ave-Maria, objecto de demolição.
Em 1906, a capela foi entregue aos franciscanos e, em 1908, é feito um pedido de licença para reconstrução da fachada da capela, por João Gomes da Silva Guerra e, como técnico (mestre pedreiro) da obra é referido Joaquim Domingues de Freitas.
 
 
 
Desenho da fachada integrante de projecto referente à capela de Nossa Senhora dos Anjos, na Rua dos Bragas, que obteve a licença nº 451/1908
 
 
 
Capela de Nossa Senhora dos Anjos, na Rua dos Bragas – Fonte: Google maps
 
 
 
Em 1910, na sequência da implantação da República a capela é encerrada pelos republicanos, alegadamente, em virtude do Decreto de extinção e desapropriação dos bens das ordens religiosas.
Em 2 de Novembro de 1918, a capela foi restituída ao seu legítimo proprietário pelo Supremo Tribunal de Justiça e reaberta ao público com o padre Moura como pároco.
Em 28 de Março de 1921, falece o padre Moura, deixando em testamento a capela e residência ao cónego Joaquim Pereira da Rocha, para que fizesse, posteriormente, a entrega do legado em testamento à diocese, apesar do seu manifesto e ardente desejo de a entregar aos franciscanos.
Em 27 de Julho de 1921, o padre André de Araújo intercedeu junto do Bispo do Porto conseguindo que a capela e bens anexos fossem efectivamente entregues aos franciscanos, como era intenção do padre Moura, com a condição de tomarem conta da Igreja do Calvário dos Terceiros Franciscanos, em Penafiel.
No ano de 1924, procede-se ao douramento dos sete altares, renovação da pintura da imagem de Nossa Senhora dos Anjos e retoques noutras imagens.
Em 1932, é realizado um pedido de licença para alargar duas janelas na fachada lateral e construir parede divisória interior, cuja intervenção fica a cargo do construtor civil Carlos Nogueira Portas.
Em 1963, ocorre a inauguração da estátua de S. Francisco, colocada no átrio exterior da capela e, entre 1972 e 1974, procede-se à remodelação do interior da capela, de acordo com a liturgia renovada, tendo por centro do culto o altar-mor (são retirados os altares laterais com suas balaustradas e o púlpito, alargando o espaço aos fiéis) e, em 1975, o órgão de tubos seria substituído por um órgão electrónico de fabrico italiano, sendo o primitivo transferido para a Igreja do Colégio de Montariol, em Braga.
Em 23 de Fevereiro de 1987, comemorou-se o primeiro centenário da Fraternidade.
Em 2006, é inaugurado um novo e grande órgão de tubos, pelo organista Manuel Valença.
 
 
“No próximo sábado, dia 10 de Julho, será inaugurado o Orgão de Tubos na Capela de Nossa Senhora dos Anjos, no Porto, a cargo dos Frades Franciscanos (OFM). No âmbito de grandes obras de restauro e requalificação da Capela e da casa anexa que irão proporcionar novos espaços para o desenvolvimento de acções pastorais e culturais dos Franciscanos no Porto, o novo Órgão substitui outro anteriormente transferido para o Convento de Montariol. Este novo instrumento foi concebido pelo organeiro Manuel Santos Fonseca e construído pela empresa Masof-Organ”.
Fonte: “agencia.ecclesia.pt/” (3 Abril de 2006)

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