Igreja Paroquial de
Cedofeita
Dada a exiguidade da igreja românica de S. Martinho de
Cedofeita, foi decidido construir um novo templo, para o qual se pretendia
aproveitar muitos materiais resultantes da demolição da Igreja de S. Bento de
Ave-Maria.
“O grande
impulsionador da ideia de construir uma nova igreja paroquial para Cedofeita
será António José Gomes Samagaio, juiz da Confraria, desde 1884, mais tarde
Presidente da Associação Industrial do Porto e Vereador do Município. Para a
concretizar, a Confraria, para além da doação de terrenos pertencentes à Quinta
do Priorado e verbas próprias, ver-lhe-á ser atribuída, por Portaria de 1896, a
gestão da demolição da parte restante do Convento e da igreja de S. Bento da
Avé-Maria, razão pela qual herdará parte dos seus materiais, alfaias,
mobiliário e objetos de talha”.
Crédito à “Fundação Marques da Silva”
Eram tempos em que se pensava trazer o comboio de Pinheiro
de Campanhã ao centro da cidade.
Escolhida a Praça de Almeida Garrett para implantação da
estação ferroviária, tornava-se necessário demolir o edifício do convento de S.
Bento da Ave-Maria.
De acordo com a antiga determinação régia, esse desiderato
só poderia acontecer após a morte da última religiosa, tendo execução prática
em 1894, dois anos depois do último suspiro da última abadessa – D. Maria da
Glória Dias Guimarães.
A igreja seria demolida entre Outubro de 1900 e Outubro de
1901.
Algum do imenso espólio, salvo do total desaparecimento,
pode ser encontrado em diversos locais.
Assim, a talha, no Museu do Seminário do Porto, à Sé; o
retábulo-mor da igreja, na igreja de S. João das Caldas, em Vizela; os azulejos
do claustro, no Paço de S. Cipriano, em Guimarães; o báculo da abadessa, no
Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa; o cibório com pedras finas, no
mosteiro de Singeverga, em Roriz; um dos sinos, na capela de Nossa Senhora dos
Anjos, na Rua dos Bragas; o órgão, que foi vendido, acabou por dotar a igreja
do Bonfim.
“As imagens da
imponente igreja foram adornar altares de outros templos; a confraria do Senhor
do Bonfim comprou o órgão; e os ossos das religiosas, que jaziam debaixo do
soalho da igreja e sob o lajedo do claustro, foram levados para um sarcófago no
cemitério do prado do Repouso que ficou assinalado com um belíssimo pórtico
manuelino, velha relíquia salva da construção do tempo de D. Manuel I. Na
altura em que se começou a construir o edifício da estação um técnico de
transportes desabafou: “perdeu-se um monumento e a estação nunca será a gare
central da cidade. No futuro servirá somente para comboios suburbanos porque a
estação para composições de longo curso terá que ser em Campanhã “.
Disse isto no começo
do século XX. E não é que acertou?”
Cortesia de Germano Silva, In revista “Visão”
Duas facções enfrentaram-se em face da possibilidade da
demolição do convento de S. Bento da Ave-Maria.
Por um lado, a Irmandade de São Bento de Ave-Maria, tentando
evitar demolições, já se tinha antecipado a quaisquer outras propostas e
pretendendo influenciar pessoalmente o ministro das obras públicas Bernardino
Machado Guimarães, oferece-lhe um projecto duma estação ferroviária da autoria
do engenheiro Alberto Álvares Ribeiro, em 1893.
Por outro lado, o Centro
Comercial (associação agregadora de distintos e poderosos comerciantes) e
as casas bancárias que pretendiam a dinamização de uma nova “Baixa”, associados
a importantes homens de negócios como António Ramos Pinto, Ezequiel Vieira de
Castro e José Maria Ferreira (Grandes Armazéns Hermínios), apelaram ao Rei D.
Carlos, em favor da demolição do convento e da igreja de São Bento.
Até Ramalho Ortigão, que não gostou nada do lugar escolhido
para a estação central, admitiu ser “uma perda de tempo e de dinheiro tentar
salvar a igreja.
No fim, triunfaria esta última visão para resolução da
situação.
“As confrarias do
Rosário e do Santíssimo Sacramento de Cedofeita movimentaram-se politicamente
em 1888 para receberem pedras, alfaias, mobiliário e objectos de talha da
“condenada” igreja beneditina para a sua nova igreja paroquial no terreno da
Quinta do Priorado, cuja planta também ficará a cargo do arquitecto Marques da
Silva (1905). Uma vez mais, o processo — demolição e transbordo — será
dificultado por sucessivas crises financeiras e já depois de “alguns materiais
das demolições” terem sido vendidos em hastas públicas. Com a primeira pedra
assentada em 1899, projecto apresentado em 1905 e obras suspensas em 1911, a
construção da nova igreja de Cedofeita só será retomada em 1924”.
Crédito a “observador.pt”
Em 1895, a Confraria do Santíssimo Sacramento de Cedofeita
fazia as primeiras diligências, junto de José Marques da Silva, no sentido da
realização de uma planta para a nova Igreja de Cedofeita.
Nesse mesmo ano, o arquitecto Marques da Silva apresentou o
esquisso do projecto.
No dia 6/2/1897, foram cedidos terrenos do Priorado para a
sua edificação, acto que os sinos repicaram festivamente e foram queimadas
girândolas de foguetes.
No dia 1 de Outubro de 1899, o Bispo D. António Barroso
presidiu à cerimónia da bênção e colocação da primeira pedra.
Na construção da igreja utilizaram-se, como atrás foi
referido, alguns materiais do extinto convento de S. Bento da Ave-Maria,
demolido para dar lugar à estação ferroviária de S. Bento.
Para o novo templo, em Cedofeita, foram também cedidas
imagens, alfaias e paramentos que também eram da igreja do extinto convento.
No dia 8 de Dezembro de 1906, o bispo D. António Barroso
celebrou a primeira missa numa dependência improvisada em capela.
Mais tarde, esse local seria destinado ao cartório
paroquial.
Entretanto, diversas dificuldades de cariz político e
financeiro foram colocados ao processo de construção da igreja e o mesmo, seria
suspenso em 1911.
O reinício da construção aconteceria em 1923, e o projecto
da igreja e equipamentos anexos seria remodelado por Marques da Silva em 1924.
Desenho de fachada proposta, em 1924, para a nova igreja de
Cedofeita
Entre 1925 e 1932, paroquiou a igreja de Cedofeita António
Valente da Fonseca, que viria a ser bispo de Vila Real.
Foi ele que deu continuidade às obras da nova igreja,
tendo-se concluindo a capela-mor e o coro que foram inaugurados em 10 de
Novembro de 1929.
“Foi inaugurada
solenemente no Domingo, 10 de Novembro, a nova igreja de Cedofeita, obra
dispendiosa e durante muito tempo paralisada por falta de recursos. De manhã,
na igreja velha, houve missas.
Às 11 horas e meia foi
conduzido para a nova igreja, em procissão, o Santíssimo Sacramento.
A igreja, lindamente
ornamentada, encheu-se por completo.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 12 de Novembro de 1929
Em 1932, acontece a segunda suspensão da obra e os trabalhos
de construção jamais avançariam e o projecto de Marques da Silva nunca seria
concluído.
“Em 1941, Duarte
Pacheco, Ministro das Obras Públicas ainda chega a propor que o corpo principal
poderia receber a obra de talha da Igreja de S. Francisco, mas não deixa de
defender a demolição do que estava feito e a passagem a uma nova construção.
Ainda assim é pedida uma simplificação do projeto a Marques da Silva, mas já
ninguém acredita na realização de uma obra, então considerada, de arquitetura
pesada e de dimensões exageradas”.
Crédito a “Fundação Marques da Silva”
Finalmente, em 1963, o projecto da nova igreja é retomado e
iria ser executado pelo arquitecto Eugénio Alves de Sousa.
Igreja Paroquial de Cedofeita
Torre sineira da Igreja Paroquial de Cedofeita
Igreja de Santo
António das Antas
Para este templo católico, concebido num estilo modernista
pelo arquitecto Fernando Tudela, com uma só nave e uma só torre sineira,
assistiram-se a dois momentos distintos para o lançamento da primeira pedra.
Um, ocorreu a 13 de Junho de 1936 e, o outro, a 13 de Junho
de 1948.
“No Bairro das Antas
procedeu-se ontem, 13 de Junho, ao lançamento da primeira pedra para a
construção da igreja de Santo António”.
In jornal “O Primeiro de Janeiro” de 14 de Junho de 1936
A cerimónia atrás referida foi presidida pelo Bispo
Diocesano D. António Augusto de Castro Meireles.
Em 13 de Junho de 1937, o Prelado Diocesano celebra a 1ª.
Missa na cripta da Igreja em construção e, em 13 de Junho de 1938, por decreto
do mencionado Bispo Diocesano é criada a Paróquia de Santo António das Antas,
com sede no actual Centro Social das Antas.
Em 13 de Junho de 1938, por decreto episcopal, o padre
Crispim Gomes Leite é nomeado pároco da Paróquia de Santo António das Antas da
cidade do Porto e, em 25 de Janeiro 1941, por decreto do Bispo Diocesano o padre
Joaquim Teixeira Carvalho de Sousa é nomeado pároco de Santo António das Antas.
Em 13 de Junho de 1948, o Prelado Diocesano D. Agostinho de
Jesus e Sousa benze solenemente a primeira pedra da actual Igreja Paroquial de
Santo António das Antas cidade do Porto”.
“A cidade do Porto vai
ter mais uma igreja, templo majestoso, que será para os vindouros o atestado
vivo de uma época de reeducação religiosa e mensagem arquitectónica.
Ontem, Domingo, 13 de
Junho, efectuou-se a cerimónia da bencão e lançamento da primeira pedra,
cerimónia revestida de invulgar interesse. O vasto terreno, destinado ao novo
templo, está situado no melhor local das Antas.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 14 de Junho de 1948
Na foto acima, no dia da inauguração do Estádio das Antas
(1952) observa-se, na parte inferior da foto, a igreja de Santo António das
Antas ainda em construção.
“A nova igreja paroquial de Santo António das
Antas, em construção na Rua de La Couture, ao fundo da Avenida dos Combatentes
da Grande Guerra, foi aberta ao culto ontem, à tarde, depois da bênção lançada
solenemente pelo prelado da diocese.
O novo templo começou
a ser erguido há oito anos, tendo-se gasto já cerca de quatro mil contos. Não
se prevê ainda quando ficará concluído.
Além do altar-mor, a
igreja, terá mais altares laterais, sendo três de cada lado.”
In jornal “O Comércio do Porto” de 7 de Junho de 1954
Vista aérea, em 1952, da área envolvente à implantação da Igreja
de Santo António das Antas
Ficaram na memória de muitos, que as frequentaram, as
quermesses, realizados no espaço actualmente ocupado pelo Centro Social das
Antas, para angariação de fundos, levadas a cabo pelo padre da paróquia e que
ocupavam os serões dos Sábados, da década de 1950, de muitas famílias da
paróquia.
Em 13 de Junho de 1967, o Administrador Apostólico da
Diocese do Porto, D. Florentino Andrade Silva celebra a dedicação ao Senhor, da Igreja Paroquial de Santo António das Antas e
Sagra o Altar Maior.
Interveio no projecto da igreja de Santo António das Antas, como
arquitecto, numa primeira fase, José Ferreira Peneda.
Posteriormente, a obra esteve a cargo dos arquitectos
Fernando Tudela e Fernando Barbosa.
“Em 1944, surgiu um
novo projeto, baseado numa tese de licenciatura da Escola de Belas Artes do
Porto, elaborada por Fernando Tudela e Fernando Barbosa. A igreja possui um
estilo clássico e evoca a influência italiana.”
Fonte: Jorge Ricardo Pinto (2011), Bonfim - Território de
Memórias e Destinos
Igreja de Santo António das Antas – Fonte: Google maps
Como escultores, as peças expostas são da autoria de Avelino
Rocha (imagem de Santo António), Maria Irene Vilar (sacrário), Cabral Antunes
(Santa Teresa do Menino Jesus), Manuel Cabral (S. José), Maria Amélia Carvalho
(Sagrado Coração de Jesus), Laurentino Ribatua (S. Judas Tadeu), Isolino Vaz
(Santa Rita de Cássia) e Manuel Cabral (Nossa Senhora de Fátima).
Interior da Igreja de Santo António das Antas
Igreja de Nossa Senhora da Boavista
Depois de ser
constituída como paróquia experimental, a comunidade católica da Boavista viu,
em 1977, ser “lançada e benzida a primeira pedra da nova igreja paroquial”,
numa celebração que foi presidida pelo então vigário geral da Diocese do Porto,
padre Serafim Gomes.
O projecto (1975)
desta igreja é da autoria do arquitecto Agostinho Ricca
Em 1979, o templo é
concluído.
Dois anos depois, a
31 de Maio de 1981, a nova igreja foi inaugurada durante uma Eucaristia presidida
pelo então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes.
Em 21 de Fevereiro
de 2019, é aberto o procedimento de classificação da Igreja de Nossa Senhora da
Boavista e do Centro Paroquial e fixação da respectiva “Zona Especial de Protecção
(provisória)”, em Anúncio n.º 33/2019, DR, 2.ª série, n.º 37/2019.
“Dado o grande desenvolvimento da zona da
Boavista, o enorme terreno foi muito valorizado, tendo sido comprado por uma
empresa ligada ao Banco Português do Atlântico, a Sociedade de Construções
William Graham, onde em parte dele, foi construído o luxuoso Parque Residencial
da Boavista, mais conhecido pelo Foco, desenhado pelo Arq. Agostinho Ricca
Gonçalves.
A paróquia de Nossa Senhora da Boavista foi
constituída, em 31/3/1973, pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes. Em
31/5/1981, o mesmo Bispo, benzeu e inaugurou a nova igreja. O projecto foi do
Arquitecto Agostinho Ricca Gonçalves. O artista que praticamente decorou toda a
Igreja foi o Mestre Júlio Resende, coadjuvado pelo escultor Zulmiro de Carvalho
e pelo pintor Manuel Aguiar. Mais tarde, associou-se a esta equipa o pintor
Francisco Laranjo. Há uma grande unidade estética em todo o conjunto: dos
vitrais ao sacrário, da via-sacra ao crucifixo da capela do Santíssimo
Sacramento. O tapete que desce do presbitério reflecte as cores dominantes dos
vitrais.
Rui Cunha e Maria
José Cunha
Igreja de Nossa
Senhora da Boavista
Interior da Igreja
de Nossa Senhora da Boavista
Em 22 de Agosto de
2019, o bispo do Porto, D. Manuel Linda decretou a elevação a Paróquia da
comunidade católica de Nossa Senhora da Boavista que, até então, funcionava em
regime experimental. A propósito, refere o bispo do Porto:
“Nos termos do cânone 515 do Código de
Direito Canónico e ouvidos favoravelmente o Conselho Episcopal, o Conselho
Presbiteral, o Conselho de Consultores e os párocos das paróquias vizinhas, hei
por bem decretar a elevação à categoria de paróquia a paróquia, até agora
experimental, de Nossa Senhora da Boavista, Porto”.
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