O arquitecto Arménio Taveira Losa (Braga, 28 de Outubro de
1908 - Porto, 1 de Julho de 1988) licenciou-se em arquitectura pela Escola
de Belas-Artes do Porto, em 1932, tendo abandonado a actividade de arquitecto
apenas em 1985 (com 77 anos). Casou, em 1935, com a escritora de literatura
infantil de origem judaica alemã Ilse Losa, de quem teve duas filhas.
“Foi no Norte de
Portugal um dos portas-vozes do Movimento Moderno, deixando a sua marca em
diversos projectos para habitação e serviços, destacando-se na cidade do Porto:
a remodelação de uma destilaria de açúcar, a habitação no Pinheiro Manso, a
Fábrica de Sedas, o bloco de habitação colectiva da Carvalhosa, o prédio de
escritórios na Rua de Sá da Bandeira, o edifício da CUF na Praça da Galiza e o
Edifício de Escritórios na Rua de Ceuta. E ainda a repartição de finanças em
Viana do Castelo e a Fábrica de Cerveja em Leça do Balio, entre outras.
Com o arquitecto
Cassiano Barbosa, em 1954, colaborou num conjunto para habitação na Ponte da
Pedra. Fez ainda estudos para Quelimane (Moçambique) e para o Lobito (Angola).
Realizou vários
estudos de planeamento para a Câmara Municipal do Porto entre 1939 e 1945.
Interveio ainda em zonas como a Sé do Porto e na zona do Hospital Escolar, em
Vila Nova de Gaia. Fez ainda estudos para localidades como Carrazeda de
Ansiães, Vila Nova de Famalicão, Guimarães, Matosinhos e Viana do Castelo.”
Fonte: “pt.wikipedia.org/”
“Do riquíssimo
curriculum de Losa como "arquitecto de profissão" consta, ainda, a
passagem pela Câmara do Porto, onde foi autor e actor de muitas operações
urbanísticas que, não raro, mudaram a cidade. É, por exemplo, o caso da
reformulação da área envolvente da Sé que, nos anos 40, foi levada a cabo a
propósito das Comemorações dos Centenários e de que resultou a criação do
actual Terreiro, que deu novo enquadramento ao conjunto monumental aí
existente”.
Cortesia de Manuel Correia Fernandes, arquitecto e professor
catedrático da FAUP
Tourada realizada no Terreiro da Sé durante as Comemorações
dos Centenários da Fundação e Restauração da Nacionalidade, no Porto. Após a
intervenção urbanística que se impunha, com a contribuição, entre outros, de
Arménio Losa, todo o espaço em volta da catedral foi remodelado
Deambulando pelas ruas do Porto, podemos observar a evolução
da arquitectura dos seus edifícios e a co-habitação de vários estilos arquitectónicos,
lado a lado. Um desses estilos, apelidado de “Modernismo”, reporta a um
arquitecto que tem obra de vulto na cidade do Porto.
Trata-se de projectos do arquitecto Arménio Losa que, no seu
conjunto, contemplam várias fases da sua actividade profissional.
Entre eles, contam-se os da Refinaria de Açúcar (1935, Rua
da Restauração), da Cooperativa do Pinheiro Manso (1935), da Fábrica de Sedas (1943-1946,
na Rua do Monte dos Burgos), do Edifício da Carvalhosa (1945), do Edifício
Soares e Irmão (1949), do Bloco da Rua da Constituição (1949), do Edifício DKW
(1950, na Rua Sá da Bandeira, do Conjunto de Habitações Operárias na Ponte da
Pedra (1954) e da Sede das Caixas de Previdência na Rua António Patrício (1968).
Alguns destes projectos foram realizados em parceria, que
durou entre 1939 e 1963, com o arquitecto Cassiano Barbosa (Porto, 30 de
Dezembro de 1911 - Porto, 22 de Maio de 1998), diplomado pela Escola Superior de
Belas-Artes do Porto, em 1945.
Por outro lado, obras como o edifício da CUF, na Praça da
Galiza (1935) ou a Casa Mário Amaral, na Rua Latino Coelho (1953), foram já
demolidas, na totalidade ou parcialmente.
Edifício CUFP, na Praça da Galiza, demolido na década de
1970. Brevemente, no seu chão, surgirá uma estação de Metro depois de, durante
cerca de 50 anos, ter sido um jardim público – o Jardim de Sophia, da autoria
da arquitecta Marisa Lavrador
Vista do edificado no gaveto observado na foto anterior,
quando ainda estavam de pé as instalações inauguradas, em 1904, da antiga fábrica da CUFP (Companhia
União Fabril Portuense de Cerveja e Bebidas Refrigerantes - Sociedade Anónima
de Responsabilidade Limitada)
A conhecida por Casa Mário Amaral (1953), na Rua Latino
Coelho, no Porto, é mais um projecto de Arménio Losa.
Referenciada como uma obra de arquitectura moderna, sofreria
há poucos anos uma verdadeira mutilação, pois deixaria de funcionar como
habitação para passar a ser utilizada como armazém.
O que dela resta é apenas a fachada, visto que o seu
interior foi demolido e o piso inferior, que originalmente dava acesso à
habitação e à garagem, encontra-se, hoje, transformado num portão de garagem.
Ainda de pé, podemos, então, observar algumas outras obras
do reconhecido arquitecto.
O projecto (1934) da obra, da foto abaixo, é da década de
30, da altura em que Losa entrou para o gabinete da Câmara do Porto (onde
trabalhou com o influente Aucíndio dos Santos), é dos primeiros respeitantes a
uma série de habitações que fez para a Baixa.
Edifício de apartamentos, em andar, na esquina das ruas D.
João IV e do Moreira
O projecto para a Fábrica de Sedas, na Rua do Monte dos
Burgos, executado em parceria por Arménio Losa e Cassiano Barbosa, permitiria a
este concorrer ao título de arquitecto, em 1945. A Companhia Portuguesa da Seda Artificial,
antes, tinha instalações na Rua do Breiner.
Companhia Portuguesa da Seda Artificial (antiga Fábrica das
Sedas), na Rua do Monte dos Burgos, 470
O projecto (1937), ao Pinheiro Manso, na esquina da Avenida
da Boavista, 2450/Rua do Pinheiro Manso, 34, foi realizado em associação com
Cassiano Barbosa e apresenta a particularidade de agrupar quatro casas.
O edifício residencial, conhecido como o Bloco da
Carvalhosa, construído em 1945, entre os números 571 e 573, da Rua da Boavista,
foi a primeira grande obra projectada pelos arquitetos Arménio Losa e Cassiano
Barbosa, cujo promotor foi José do Amaral Guimarães.
Arménio Losa recuou o prédio, de forma a permitir a
iluminação lateral dos apartamentos. Introduziu como novidades: um pátio
inglês, porteiro com casa própria e a primeira coluna interior de recolha de
lixo (que foi um fiasco).
O Bloco da Carvalhosa, na Rua da Boavista, foi classificado
como Monumento de Interesse Público, em Julho de 2017
No fim da década de 1940, com projecto de Arménio Losa e
Cassiano Barbosa, é dado início à construção, na então nova Rua de Sá da
Bandeira, do edifício que passaria a albergar a sede, no Porto, da construtora
de automóveis alemã DKW.
A obra foi encomendada por José do Amaral Guimarães, a
exemplo do que acontecera com o Bloco da Carvalhosa.
Para este edifício, que fazia esquina com a Rua Guedes de
Azevedo, se haveria de transferir uma parte do Instituto Francês, razão pela
qual ele também teria passado a ser conhecido pelo “Edifício do Instituto Francês”.
Para a Rua de Ceuta, haveria de ser projectado um edifício
para escritórios e residências, o qual apresenta um mural de Augusto Gomes na
fachada.
Apresenta também, entre outras novidades, um corpo avançado
para a rua e o ângulo resolvido com uma coluna "perdida", sobre o
passeio, solução também usada no edifício DKW, da Rua de Sá da Bandeira.
O prédio da Rua da Constituição, que tem os números de 27 a
63, é um bloco de habitação colectiva cujo projecto (1949) é da autoria dos
arquitectos Arménio Losa e Cassiano Barbosa.
De parceria com Cassiano Barbosa, Arménio Losa projecta, em
1952, o bloco residencial para a Rua de Santos Pousada, 1330.
Em projecto de 1952/53, de parceria com Cassiano Barbosa, é
executado um outro bloco residencial, agrupando quatro casas, para a Avenida
dos Combatentes, integralmente revestido a azul (pintado e com azulejos de tons
diferentes), o prédio tem apenas quatro janelas na fachada principal.
Arménio Losa em parceria com Cassiano Barbosa são os
projectistas, na zona de Gueifães-Maia, na Rua da Ponte da Pedra, entre os nºs
542 e 588, de um conjunto de Habitações Operárias construídas em 1954.
O edifício que acabou por alojar a sede das Caixas de
Previdência e passou, por isso, assim, a ser conhecido, teve um projecto
inicial (1968) da autoria do arquitecto Arménio Losa e destinava-se a um
edifício de habitação.
Hoje, é o Instituto da Segurança Social.
“A conclusão do
esqueleto data de 1973. Após um período de abandono a estrutura foi adaptada à
função que tem actualmente. O edifício foi terminado em 1988. Outros
arquitectos que tiveram uma intervenção no projecto: Alfredo Matos Ferreira e
B. Madureira.”
Fonte: ruasdoporto.blogspot.com/
Outras obras se poderão ainda destacar. São os casos das
seguintes, que tiveram por promotores, Maria José Marques da Silva e David
Moreira da Silva, com projectos (1953) em parceria de Arménio Losa e Cassiano
Barbosa.
A totalidade da obra de Arménio Losa versa muitas dezenas de
projectos, que seria, aqui, fastidioso enumerar.
Sem comentários:
Enviar um comentário