O Círculo de Cultura Teatral / Teatro Experimental do Porto
(CCT / TEP) é a mais antiga companhia de teatro de Portugal, fundada em 1951.
As origens do CCT/TEP remontam a uma noite de Novembro de
1950 em que, por convocatória oral de Manuel Breda Simões, um grupo de cidadãos
interessados na teoria e prática teatral reúne - se nas instalações do
Instituto Francês, no Porto, então sedeado na Rua de Cândido dos Reis.
Faziam parte do grupo de personagens citado alguns colegas
de Manuel Breda Simões da Escola Comercial Oliveira Martins, sita, à data, na
Rua do Sol e alguns dos seus amigos que paravam no Café Chave D’ Ouro, na
Batalha.
Em 1 de Fevereiro de 1951, ocorre a reunião para aprovação
dos estatutos e assinatura do acto de fundação da agremiação, na sede da
Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
O processo burocrático para registo do Círculo de Cultura
Teatral vai correr os seus trâmites e, finalmente, vai ser aprovada pelos
poderes instituídos como uma associação, o que o impedirá de organizar
espectáculos.
Júlio Gago, personagem ligada ao TEP, desde sempre, como
actor, encenador, director e presidente da direcção, lembra-se que a situação
foi resolvida com a colaboração dos Fenianos Portuenses e que, por sugestão de
um dos fundadores, Eugénio de Andrade, foi escolhido António Pedro para ensaiar
os actores.
Recorda, Júlio Gago, que o primeiro ensaio aconteceria em 7
de Março de 1953, nas instalações dos Fenianos Portuenses que, quando estavam
interditas, obrigaram a companhia a peregrinar pela sede da Sociedade Editora
Norte, à Rua Formosa e pelo atelier de Carlos Carneiro.
A companhia estreou, então, o seu primeiro espectáculo, em 18
de Junho de 1953, sob a direcção de António Pedro (Cidade da Praia, 9 de
Dezembro de 1909 — Caminha, Moledo, 17 de Agosto de 1966) que permanece à
frente do Teatro Experimental do Porto (TEP), de 1953 a 1961.
António Pedro foi, para além encenador, actor, escritor e
poeta.
À história do TEP, estão ligados nomes como Júlio Resende. O
pintor foi um dos participantes da primeira Exposição de Artes Plásticas do
TEP, em 1954.
O segundo espectáculo sobe à cena no Teatro S. João, sendo
representada a peça Antígona.
Já a terceira e a quarta representação ocorrerão no
Cine-Teatro Vale Formoso e a quinta no Teatro Sá da Bandeira.
“A criação da
companhia foi iniciativa de um grupo de personalidades da cidade ligadas à
cultura, como Manuel Breda Simões, Eugénio de Andrade e o arquiteto Luís Praça,
que convenceram o escritor, artista plástico e homem do teatro António Pedro a
ser diretor artístico. Até 1957, ano em que foi feita a transição de companhia
amadora para profissional, o TEP apresentou peças de sucesso.
(…) Em 1959, foi
encenado O Crime da Aldeia Velha, também de Bernardo Santareno, um dramaturgo
descoberto pelo TEP. No ano seguinte, António Pedro deixou a companhia, sendo
substituído no cargo por João Guedes. O TEP entrou então num período de
declínio. Apesar de, por altura do 25 de abril de 1974, ter levado à cena o seu
centésimo espetáculo, a companhia continuava a atravessar uma crise. Em 1979,
vendeu o Teatro António Pedro, ficando sem um espaço próprio para apresentar
espetáculos. Já nos anos 80 o TEP ficou sem subsídios, situação que se arrastou
por oito anos, mas conseguiu sobreviver por ser uma associação. A partir de
1981, o TEP passou apresentar os seus espetáculos no antigo edifício da Escola
Académica, no Porto, para o efeito renomeado Sala-Estúdio do TEP.”
Fonte: Infopédia
Em 8 de Maio de 1956, subiria ao palco o 6º espectáculo da
companhia teatral, na Rua do Ateneu Comercial do Porto, segundo um projecto do
arquitecto Luís Praça, o TEP inaugurou com “MACBETH”, de Shakespeare, o Teatro de Algibeira, depois chamado de Teatro de Bolso e, mais tarde, chamado de Teatro António Pedro, sua sede e espaço teatral até 1980.
Em 23 de Novembro de 1957, o TEP faria subir à cena a peça
de Bernardo Santareno, “A Promessa”.
Como a lotação do Teatro de Bolso era muito reduzida, apenas
134 lugares, A Promessa foi exibida no Teatro Sá da Bandeira. Faziam
parte do elenco: Alexandre Vieira, Dalila Rocha, João Guedes e Fernanda de
Sousa.
“Há 64 anos, no Sábado
23 de Novembro de 1957, o Jornal de Notícias publica um anúncio do Círculo de
Cultura Teatral, subsidiado pela (então recente) Fundação Gulbenkian,
publicitando a estreia no Teatro Sá da Bandeira da peça “A Promessa” de Bernardo
Santareno (António Martinho do Rosário 1920-1980), pela companhia do
Teatro Experimental do Porto dirigida por António Pedro (1909—1966).”
Cortesia do arquitecto Ricardo Figueiredo
«Os meus pais, que
assistiram à estreia da peça, pertenciam a um grupo de amigos e
conhecidos “da parte mais culta e mais civilizada da nossa cidade” como
Ramos de Almeida escreve, “composta,
na sua maioria, por escritores, artistas, jornalistas, professores, médicos,
advogados, engenheiros, estudantes, isto é, todo um escol intelectual
insatisfeito e ansioso.”
Em 1951, tinham estado
ligados à fundação do Círculo de Cultura Teatral-TEP e em 1953 quando o TEP
apresentou o seu primeiro espectáculo, o meu pai pertencia com João Meneres de
Campos (1912-1988) à Direcção presidida por Alexandre Babo (1916-2007) e a
minha mãe era membro do Conselho de Leitura, com Ramos de Almeida e Eugénio de
Andrade (1923-2005)».
Cortesia do arquitecto Ricardo Figueiredo
Durante as décadas seguintes, até 1980, p TEP manteria
sempre uma programação regular.
Em 4 de Março de 1959, o Teatro Experimental do Porto fazia
subir ao palco a peça “Linda Inês”, com encenação de António Pedro.
Em 5 de Abril de 1962, o Teatro Experimental do Porto apresentava-se
na Universidade de Santiago de Compostela.
Em 1978, o Teatro Experimental do Porto seria co-fundador
com a Seiva Trupe, do FITEI.
Entretanto, o Teatro de Bolso seria demolido em 1980.
As novas instalações da sede da companhia teatral passaram,
a partir de Janeiro de 1981, para parte do edifício da antiga Escola Académica,
à Rua do Pinheiro, onde foi adaptada uma área para uma Sala-Estúdio.
Aí, dividiria o espaço com uma Associação de Moradores
fixada nele desde 25 de Abril de 1974.
Em 1985, uma nova direcção artística constituída pelo actor
Mário Viegas, cenógrafo José Rodrigues e pelo poeta Egito Gonçalves, tomaria em
mãos o rumo da companhia.
Foyer da Sala-Estúdio durante a apresentação de uma peça
teatral em Dezembro de 1985 – Fonte: Arquivos RTP
Por lá, ficaria o TEP até 1994, quando um violento incêndio
destruiria as instalações da companhia teatral e uma escola primária situada
por cima do auditório.
A 9 de Junho de 1995, o TEP foi agraciado com o grau de
Membro-Honorário da Ordem do Mérito.
Estado das instalações da sede do TEP, após o incêndio –
Fonte: RTP
Após o incêndio ocorrido no prédio da Rua do Pinheiro, o TEP
peregrinou por vários espaços, como a Casa das Artes, o Teatro Sá da Bandeira e
o Clube dos Fenianos Portuenses, até Fevereiro de 1999.
Por não encontrar alternativa no Porto e falharem as ajudas
em termos locais e nacionais, o TEP propôs, então, à Câmara Municipal de Vila
Nova de Gaia a sua transferência para este concelho, através do Protocolo
assinado em 27 de Março de 1999, passando esta autarquia a ser o seu principal
patrocinador.
A companhia passaria a actuar no Auditório Municipal de
Gaia.
No verão de 2003, por ocasião do 50.º aniversário de
representações, o TEP foi consecutivamente distinguido, com medalhas de ouro,
pelas câmaras do Gaia e do Porto. Para assinalar os 50 anos, o TEP repôs
"Antígona", na versão encenada por António Pedro. Ao longo do seu
historial, passaram pelo TEP encenadores como Rogério Paulo, Ruy de Carvalho,
Paulo Renato, Carlos Avilez, Mário Viegas e Norberto Barroca, este último
diretor da companhia por ocasião do cinquentenário, juntamente com Júlio Gago.
Assim, entre 1998 e o final de 2009, a companhia foi dirigida por
Norberto Barroca, após o que Júlio Gago assumiu essa função. Em 2012, a direção
artística foi assumida por Gonçalo Amorim, encenador residente desde 2010.
Na última década o TEP vem peregrinando por diversas salas,
com história, do Grande Porto.
O Teatro Nacional S. João foi o palco de espectáculos do
TEP, como foi o caso em 2016, quando subiu à cena a peça “Nunca Mates o
Mandarim”.
Em 2017, o palco era o Teatro Rivoli e a peça exibida foi “A
Tecedeira que lia Zola”.
A peça “A Cara da Morte Estava Viva”, criada pelo Teatro
Experimental do Porto sobre o músico brasileiro Cazuza (1958-1990), teve
estreia, em Setembro de 2019, no Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino
Nery.
O TEP, durante este período, serviu-se também do Teatro
Municipal do Porto/Teatro do Campo Alegre, onde dividiu instalações com outras
companhias.
No edifício da foto acima funciona a sede social e
administrativa do TEP, encontrando-se nele depositado o espólio de 50 anos de
memórias do património artístico e documental do teatro.
Entretanto, em Julho de 2021, A Câmara Municipal do Porto
decide que o TEP deveria voltar para a cidade, em espaço próprio e digno – O
CACE (Centro de Apoio à Criação de Empresas) do Freixo.
“O CACE, onde
anteriormente estavam antigas oficinas da EDP, em Campanhã, sob a Ponte do
Freixo, reativa a sua vocação de polo de dinamização cultural, tornando-se um
lugar para a futura Extensão da Indústria do Museu da Cidade, para os Ateliers
Municipais e, conforme anunciado em reunião de Câmara, residência do Teatro
Experimental do Porto.
Depois de nos últimos
anos ter sido uma das companhias residentes no Teatro Campo Alegre, no âmbito
do programa Campo Aberto, o TEP reclamava um espaço que garantisse melhores
condições para o desenvolvimento do seu trabalho.
(…) O arquiteto
Guilherme Machado Vaz assina o desenho arquitetónico de reabilitação do
complexo de edifícios, numa área total de 14 mil m2, dos quais 4.150 m2 correspondem
a armazéns a reconverter em espaços municipais e de acolhimento de outros
projetos e associações da cidade, como é o caso do Circolando, incluindo ainda
um auditório black box. O
projeto de execução deverá estar concluído até ao final deste ano. Os trabalhos
têm início previsto para meados de 2022, num investimento estimado de 2,5
milhões de euros”.
Fonte: porto.pt
Instalações do CACE do Freixo, junto à Ponte do Freixo, que
se destinam a um polo cultural da cidade
O edifício da foto acima albergou, originalmente, as
oficinas da EDP, tendo sido desenhado, na década de 60, pelo arquitecto
Januário Godinho, em terrenos da antiga Sub-Estação Eléctrica do Freixo, erguida
em 1919 pela empresa espanhola
“Electra del Lima” à qual se juntaria, mais tarde (1926), a Central
Termo Eléctrica do Freixo, da responsabilidade da UEP – União Eléctrica
Portuguesa.
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