Em traços gerais, José Pereira de Sampaio (1857-1915) foi um
dos mais destacados e lúcidos representantes do ideário republicano portuense.
Participante na abortada revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, de
cujo Manifesto foi redactor, exilou-se em França, facto que
marcou profundamente o rumo da sua obra posterior: Notas do Exílio, 1893 e, sobretudo, A Ideia de Deus, 1902.
Sampaio Bruno chegaria a integrar o Directório do Partido
Republicano Português – PRP, em 1902, mas teve uma grave desavença com Afonso
Costa abandonando, então, definitivamente, a militância no PRP, mas continuando
como publicista ligado a um republicanismo independente e crítico.
Afonso Costa, natural de Seia, a quem o Porto ergueu uma estátua
no Campo de 24 de Agosto, era um advogado e, à data da desavença, membro do
Parlamento na sequência eleições gerais de 1900.
Já antes, em 26 de Novembro de 1899, os republicanos tinham
vencido as eleições no Porto, sendo eleitos os deputados Afonso Costa, Paulo
Falcão e Xavier Esteves. Contudo, os resultados foram anulados em 5 de janeiro
de 1900.
Viria a ser, mais tarde, com a proclamação da República, em
1910, ministro da Justiça do Governo Provisório (1910-1911) tendo assumido,
também, por diversas vezes, os cargos de Chefe do Executivo (1913-1914, 1916 e
1917) e de Ministro das Finanças. Foi líder do Partido Republicano Português
que, por esta altura, passou a designar-se Partido Democrático.
Entretanto, Sampaio (Bruno) ter-se-á afastado da actividade
política em 1911, publicando, então, diversos estudos de bio-bibliografia e
passando a ocupar o lugar de Director da Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Afonso Costa (à direita) durante uma visita ao Porto, em 1912, tendo a seu lado António Macieira (deputado na Assembleia Constituinte de 1911,
Ministro dos Negócios Estrangeiros e que, antes, no desempenho de funções de Ministro
da Justiça, presidiu à elaboração da Lei de Separação do Estado das Igrejas)
Mais concretamente, José Pereira de Sampaio (Bruno) era filho
de José Pais de Sampaio, mação e anti-clerical convicto e de Ana Albina Pereira
Barroso. Nasceu a 30 de Novembro de 1857, pelas 17horas, na cidade do Porto, na
Rua de Santa Catarina, nº 492 (antiga numeração), em prédio que seria demolido para abertura da Rua de Passos Manuel.
Em 1860, a família muda-se para a Rua do Bonjardim, nº 410,
também no Porto, próximo do término superior da Rua da Cancela Velha e no
enfiamento das traseiras do palacete da Praça da Trindade, onde vivia António
Bernardo Ferreira e, no qual, tinha também a sua sede, desde três anos antes, o
Clube Portuense, que aí substituiria a Assembleia Portuense.
Naquela nova morada, na Rua do Bonjardim, a família Sampaio
vai explorar uma padaria, A Petit-Bijou, que Sampaio (Bruno) viria, mais tarde, a herdar.
Sampaio (Bruno) vai fazer os estudos preparatórios no Colégio Podestá, à data, já funcionando na Rua Firmeza.
No prédio da Rua do Bonjardim, nº 410, em primeiro plano,
esteve a padaria da família Sampaio (Sampaio & filhos) e, mais tarde, a
conhecida padaria Céres que, entretanto, fechou em 1989. No prédio seguinte,
ainda visível, esteve à entrada do século XX e anos seguintes, a refinaria de
açúcar Confiança – Fonte: Google maps
Na biblioteca do pai, desde muito jovem, Sampaio (Bruno) lê
tudo o que apanha à mão. Na sua obra “Carta Íntima” destaca três livros que
preencheram a sua adolescência, Mário, de Silva Gaio, a versão portuense de
Santos Silva de “Os Miseráveis” de Victor Hugo e “Mistérios do Povo” de Eugène
Sue.
A 8 de Abril de 1872, com apenas catorze anos, publica o seu
primeiro artigo no Diário da Tarde (com morada na Travessa da Picaria), influenciado pelos artigos de Guilherme
Braga, e assina-o com o pseudónimo de Sampaio (Bruno), condoído com o suplício
infligido, em Fevereiro de 1600, pela Santa Inquisição a Giordano Bruno, um frade
dominicano italiano, teólogo, filósofo, escritor, matemático, poeta, teórico de
cosmologia e ocultista hermético.
Ainda no ano de 1872, em colaboração com Júlio A. Barbosa e
Silva, Henrique Barbosa e A. Cardoso, funda o jornal académico “O Laço Branco”,
de que se publicaram três números. Também publicou o romance “Os Três Frades”.
No ano seguinte, em colaboração com Gervásio Ferreira de
Araújo (Gério Vaz) e António Pereira de Sampaio (Aubin), fundou outro jornal, “O
Vampiro”, também de curta existência (seis números).
Como curiosidade, diga-se que, Gervásio de Araújo tinha uma
convivência diária com Sampaio (Bruno), pois sendo natural de Ribeira de Pena,
tinha muito novo vindo trabalhar para a padaria do pai de Bruno, onde exerceu
as funções de caixeiro.
Nesse estabelecimento comercial, José Sampaio (Bruno) e
outros estudantes liceais, casos de Ricardo Jorge, Basílio Teles, António Lança
e J. C. Pinheiro Guimarães, por lá se reuniam ligados por afinidades
literárias, ideológicas e políticas.
Gervásio Araújo assiste aos debates e com uma enorme força
de vontade vai matricular-se no liceu e tornar-se um dos tertulianos.
Em 1880, Gervásio Araújo vai publicar, sob o pseudónimo de
Gério Vaz, a obra “As Farpas Modernas”, uma publicação periódica de curta
duração (apenas dois números), importante para compreender o dinamismo da
cidade do Porto em finais do século XIX e a sua vontade de protagonismo
político e cultural, em cujo preâmbulo se pode ler a seguinte passagem ilustrativa
do seu conteúdo “… folheto destinado a fazer luz sobre os factos mais
escandalosos da nossa politica, a pôr em relevo as misérias dos nossos
costumes, da nossa sociedade...”.
Nessa publicação vai defender a autora de Portugal à vol d’oiseau, Madame
Rattazzi, na pugna que ela teve com Camilo Castelo Branco, a propósito daquela
obra.
Gervásio Araújo virá a ser professor liceal de literatura,
jornalista, poeta e emigrante no Brasil, onde exerceu as funções de professor
universitário, em S. Paulo, onde veio a falecer em 11 de Junho de 1916.
Segundo informação recolhida na revista “O tripeiro”, Gervásio
Araújo esteve presente com a esposa no célebre incêndio que destruiu o Teatro
Baquet, em 21 de Março de 1888.
Concluindo: Gervásio de Araújo, de caixeiro de padaria a intelectual.
Voltando a José Sampaio (Bruno), ainda no ano de 1873,
surgiu a revista “Harpa”, dirigida por Joaquim de Araújo. Desta revista saíram
vinte números e nela participaram, além de Sampaio (Bruno), Magalhães Lima,
Bettencourt Rodrigues, Cesário Verde, etc.
Em 1874, com dezasseis anos, Sampaio (Bruno) frequentando o
5º ano do Liceu, começou a escrever na revista “Tribuna”, onde participaram
Latino Coelho, Pinheiro Chagas e outros. Fundou um cenáculo literário onde se
discutiam problemas de toda a índole. Dessa tertúlia faziam parte Manuel
Teixeira-Gomes, Basílio Teles e Gomes Leal.
Neste ano, Sampaio (Bruno) publicou “Análise da Crença
Cristã”, Porto, a sua primeira obra de
carácter filosófico que levantaria bastante polémica na época pelo seu fundo
subversivo. O racionalismo deísta e as ideias liberais foram as influências
dominantes no seu pensamento.
Em 1875, em virtude de ter adoecido, não pôde matricular-se
na Escola Politécnica do Porto.
No biénio seguinte, já na Politécnica, realizou os exames de
física, química, e história natural com aprovação. Desde então trocou a
carreira das ciências pelas letras.
É ponto assente que Sampaio (Bruno) não chegará a tirar
qualquer curso, apesar da sua imensa cultura.
Nessa particularidade, está como Herculano, Camilo, Oliveira
Martins, Aquilino, Cesário Verde, Fernando Pessoa e Almada Negreiros. Mais recentemente:
Sofia, Natália, Agustina, Saramago, Mário Cesariny e Eugénio de Andrade.
Em 1879, participa no lançamento da “Gazeta do Realismo”, da
qual só saiu um número e foi apreendida pela polícia devido ao seu sucesso.
Sampaio (Bruno) participou nela com o pseudónimo de Alphonse Daudet, escrevendo
o artigo de fundo: Enquanto o pano não
sobe.
Entre 1881 e 1891, tem participação profícua em muitos jornais
e outras actividades ligadas à actividade literária, assim:
em 1881, funda os semanários “O Democrático” e “O Norte
Republicano”, e deu colaboração ao jornal “Folha Nova”, dirigido por Emídio de
Oliveira (Spada). Prefacia o livro de Alexandre Braga, Discurso Anti-Jesuítico,
Porto;
em 1883, organiza o diário “A Discussão”;
em 1884, prefacia o livro de Joaquim de Araújo, Lira Íntima,
Braga;
Em 1886, publica “A Geração Nova”, Porto e prefacia o livro
de Pacheco de Amorim, “Aerólitos”, Braga;
Em 1889, prefacia o livro de Simão José da Luz Soriano, “História
do Cerco do Porto”, Porto;
Adere, então, ao Partido Republicano e, juntamente com
Antero de Quental, Basílio Teles e outros, forma a Liga Patriótica do Norte, como
forma de protesto ao ultimato inglês de 1890, onde é o responsável pelos respectivos
estatutos.
Neste ano, aquando do aparecimento do jornal “A República
Portuguesa”, participa nele juntamente com João Chagas, Júlio de Matos, Guerra
Junqueiro, entre outros;
Em 1891, participa na malograda revolta portuense do 31 de
Janeiro, para implantação da República.
Em sequência, Bruno vai para o exílio, de onde só regressou
após a amnistia, sendo acolhido por Guerra Junqueiro.
No exílio publicou o “Manifesto dos Emigrados da Revolução
Republicana Portuguesa de 31 de Janeiro de 1891”, Paris.
No exílio, em Paris, juntamente com João Chagas, convive com
Santos Dumont, Verlain e António Nobre.
Em 1893, regressaria a Portugal, depois de viver na Galiza e
em Paris. Publicou, então, “Notas do Exílio”, Porto.
Em 1895 e 1896, prefaciou o livro de Guilherme Braga, “O
Bispo”, Porto, e o livro de Moreira Lopes, “Lágrimas de Amor”, Porto,
respectivamente.
Em 1897 e 1908, escreveu no diário A Voz Pública.
Em 1898, publicou “O Brasil Mental”, Porto.
Em 1901, prefaciou o livro de D. João de Castro, “Paráfrase
e Concordância”, Porto.
Com o passar dos anos, o seu pensamento torna-se mais
místico e esotérico, mergulhando na cultura agnóstica de inspiração judaica e
na cabala. O seu carácter íntegro e honesto leva-o a afastar-se do Partido
Republicano Português, desiludido com o rumo que a situação estava a tomar.
Em 1902, Sampaio (Bruno) é vítima de uma agressão praticada
por Afonso Costa.
Esta agressão é narrada pelo jornal “A Voz Pública”, periódico
com o qual colaborava Sampaio (Bruno), com o título: Agressão traiçoeira: tentativa de homicídio pelo dr. Affonso Costa na
pessoa do snr. José Pereira Sampaio (Bruno)
In jornal “A Voz Pública”, de 12 Janeiro de 1902, pág. 1
No mesmo artigo jornalístico explicava-se a origem do
desaguisado entre camaradas de partido.
Ainda, neste ano de 1902, Sampaio (Bruno) publica a obra “A
Ideia de Deus”, Porto, e prefaciou os livros de H. Schaefer, “História de
Portugal”, Porto, e de António Nobre, “Despedidas”, Porto.
Em 1903, publica um folheto escrito em francês intitulado “Theorie
Exacte et notation finale de la musique”, Porto, no qual demonstrou a solução
do problema sobre as divisões musicais. A essas divisões, rigorosamente
exactas, chamou-lhes Escala
Tessaradecatónica. Resolveu mandar construir um pequeno harmónio para demonstrar
a sua solução. Prefaciou o livro de Maximiano Rica, “Líricas”, Porto.
Em 1904, publicou “O Encoberto”, Porto, do qual se destaca o
pequeno texto seguinte:
“… Na verdade, a reacção, política e moral, que vem
seguindo seus tramites neste país parece que não está cerce ainda do término do
impulso de seu movimento primário; antes a todos se prefigura que ela
continuará a desenrolar-se por âmbito ainda longo também. De dia para dia, os
governantes vão desgastando, com efeito, em todas as regalias liberais.
O que há de mais desanimador neste painel de uma
retrogação constante é a indiferença com que uma população inerte assiste a
semelhante progressiva usurpação dos seus direitos. Se o movimento descensional
não encontrasse os embargos de causas exteriores, poderíamos, mesmo, supor que
na ordem política se regressaria ao puro governo absoluto e na ordem moral á
extrema intolerância religiosa. Não seria, pois, inteiramente abusiva a
hipóteses de que em Portugal se reintegrassem as instituições de períodos
históricos ultrapassados e supostos, logicamente, extintos. Em Lisboa
voltar-se-ia a acender as fogueiras dos autos-de-fé da Inquisição; e, no Porto,
volver-se-ia a montar as forcas das execuções da Alçada. Se hoje há
corregedores, breve haveria também sargentos da ordenança; e uma turba
embrutecida gritaria novamente: ‘Viva o senhor capitão-mor, que já nos pode
mandar enforcar!’
Em 1905, prefaciou a tradução portuguesa da obra de Vítor
Hugo, “Os Génios”, Porto.
Em 1906, publicou “Os Modernos Publicistas Portugueses”,
Porto, e “Portugal e a Guerra das Nações”, Porto.
Em 1907, publicou “A Questão Religiosa”, Porto, e prefaciou
o livro de Augusto Luso, “Últimos Versos”, Porto, e, ainda, o de Euclides da
Cunha, “Contrastes e Confrontos”, Porto.
Em 1908, é nomeado 2º oficial conservador da Biblioteca
Municipal do Porto. Publicou Portugueses Ilustres, 3 vols., Porto.
Caricatura de Sampaio (Bruno) da autoria de Abel Salazar –
Fonte: revista “O Risco”, 20 de
Setembro de 1908
Em 1909, tendo surgido o jornal “A Pátria”, cujo director
era Duarte Leite, Bruno vai colaborar escrevendo três artigos por semana até
1910.
Por morte de Rocha Peixoto, é nomeado primeiro bibliotecário
da Real Biblioteca Municipal do Porto.
Publica, neste ano, “A Ditadura”, Porto, e prefaciou a obra
de Joaquim Costa, “A Alma Portuguesa”, Porto.
Em 1910, prefacia os livros do mercador Afonso Vasques
Calvo, "O Livro da Corte Imperial” e do Infante D. Pedro, “O Livro
Virtuosa Benfeitoria”, manuscritos dados à estampa pela Biblioteca Pública
Municipal do Porto.
Caricatura de Sampaio (Bruno), autoria de Francisco Valença
(1882 - 1962), ilustrador e caricaturista
Em 1911, no Porto, publicou no jornal Diário da Tarde (com morada na Praça D. Pedro), uma
declaração ao povo e ao Governo expondo razões porque resolvia suspender esta
publicação. Enviou também a vários jornais a seguinte declaração: «Rogo-lhes o
obséquio de darem publicidade no seu jornal a esta declaração que entendo dever
fazer, e é de que, desta data em diante, me retiro, completa e absolutamente
enojado, da vida política portuguesa.». Prefacia o livro de Tomé Pinheiro da
Veiga, “O Livro Fastigímia”, manuscrito dado à estampa pela Biblioteca Pública
Municipal do Porto.
Neste ano, acompanha Guerra Junqueiro pugnando para que a
bandeira da República mantivesse as cores, azul e branca. Ao centro teria o
escudo e a esfera armilar (sem coroa) e, em volta, umas estrelinhas verdes e
vermelhas.
À esquerda, Sampaio (Bruno) e Guerra Junqueiro lutando pela
sua bandeira e, à direita, os republicanos – Postal de 1911
“1912 – Publicou O
Porto Culto, Porto; e, prefacia a obra de Manuel Pereira de Novais, Anacrisis
Historial, manuscrito dado à estampa pela Biblioteca Pública Municipal do
Porto.
1912/13 – Durante este
biénio trabalhou na preparação do livro Teoria Nova da Antiguidade.
1914/15 – Colaborou na
revista A Águia e no jornal O Primeiro de Janeiro com artigos sobre Filosofia e
História. Publicou Do Livro da Arte de Furtar e de seu Verdadeiro Autor, Porto;
e prefacia o livro de Artur Botelho, Alma Lusitana, Porto. Antes de falecer,
prefaciou ainda o livro de Borges Carneiro, Esboços Pálidos, Porto; e o de
António Joaquim, Rapsódia Camiliana, Porto.
1915 – 6 de Novembro,
faleceu vítima de hidrocele que nos últimos anos o impossibilitara de caminhar.
1931 – A 30 de Novembro deste ano, realizou-se
a primeira homenagem póstuma a Sampaio (Bruno) no Salão Nobre da Associação dos
Jornalistas e Homens de Letras do Porto, tendo discursado Leonardo Coimbra e
Teixeira Rego”.
Cortesia de José-Lança Coelho; In: Revista NOVA ÁGUIA (16º
número), 11 de Julho de 2015
Fernando Pessoa chegou correspondeu-se com Sampaio (Bruno) e
ter-lhe-á enviado o primeiro número da revista “Orpheu” para obter dele uma
opinião sobre as temáticas abordadas.
Miguel de Unamuno, por vezes, vinha de propósito de Madrid,
visitá-lo e trocar impressões.
“A sua obra reflecte o
Porto cívico e cultural de outros tempos e do seu tempo: o Porto de Antero de Quental, a presidir à Liga Patriótica do
Norte. O Porto literário de Eça
de Queiroz, à frente da Revista Portugal. O Porto de Camilo (mas a caminho dos editores e
oftalmologistas). O Porto dos primórdios literários de António Nobre e Raul Brandão e de Manuel Teixeira Gomes a tentar
fazer o curso de Medicina. O Porto do pintor Marques de Oliveira (mestre de Henrique Pousão), que retratou o mar e o areal da Póvoa de Varzim.
O Porto de Soares dos Reis que,
de insatisfação a insatisfação, e sufocado por intrigas e invejas, num
desesperado encontro com a morte, resvalou nas garras do suicídio. O Porto
medularmente republicano de Rodrigues
de Freitas, de Basílio
Teles, de Aurélio Paz dos
Reis (o criador do cinema português) e de Sampaio Bruno. Reflete, ainda, o Porto, orgulhosamente,
concentrado nas suas fronteiras territoriais, entregue à azáfama comercial,
absorvido com a roda–viva industrial e, simultaneamente, recetivo às
solicitações da cultura e ao sentido da universalidade”.
Cortesia de António
Valdemar (jornalista e investigador, membro da Academia das Ciências); In
jornal “Público”,
2 de Novembro de 2015, p.46
Em 2015, a Biblioteca Pública Municipal do Porto presta-lhe
uma homenagem inaugurando uma exposição evocativa da sua personalidade e subordinada
ao título “À Margem do Tempo”. Recordando Sampaio Bruno (1857-1915), o
publicista, republicano, filósofo e investigador portuense.
Sampaio (Bruno), hoje, tem o seu nome, na cidade que o viu
nascer, numa placa de toponímia – Rua Sampaio Buno – que liga a actual Praça da
Liberdade à Rua de Sá da Bandeira.
Esta ligação foi decidida executar após o término das lutas
liberais e do cerco do Porto e, no projecto da obra, segundo a opinião do
historiador da cidade, Eugénio Andrea da Cunha Freitas, na sua Toponímia Portuense,
foi-lhe atribuído o topónimo de Travessa de Sá da Bandeira, e a um outro
arruamento, o topónimo de Rua de Sá da Bandeira, que se projectava para ficar
próximo ao Palacete de Monteiro Moreira (onde funcionava a Câmara desde 1819).
Este último arruamento referido, nunca viria a ser executado e, por isso, a
travessa passou a rua.
Aqueles topónimos seriam atribuídos, após consulta ao,
então, visconde de Sá da Bandeira (Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo
(Santarém, 26 de Setembro de 1795 — Lisboa, 6 de Janeiro de 1876), que deu a
respectiva autorização em 1837. Os trabalhos arrancariam em 1842.
Só, mais tarde, seria Rua Sampaio Bruno, quando a cidade
decidiu rasgar a Avenida dos Aliados, e homenagear um outro dos seus ilustres,
e uma nova Rua de Sá da Bandeira haveria de surgir com novo traçado.
Na foto acima, a meio, pela esquerda, segue a Rua D. Pedro (será, mais tarde, Rua Elias Garcia e, depois, o lado nascente da Avenida dos Aliados) e, pela direita a primitiva Rua de Sá da Bandeira. No prédio, à direita, do qual se vê uma nesga, ficava o café Suisso. No prédio, à esquerda, alojou-se até 1916 a Câmara Municipal.
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