“Somando sucessivos prejuízos, não foi
vendido á C. M. do Porto em 1915 por forte influência do Conde de Samodães. Até
que em 9 de Fevereiro de 1934 esta o comprou por 2.000 contos, na esperança de
o dinamizar e fazer mais exposições importantes, o que nunca aconteceu.
Continuavam-se a fazer bailes de Carnaval e S. João e festas várias. Era então
Presidente o Dr. Alfredo de Magalhães. Até que se anunciou o Campeonato Mundial
de Hóquei em Patins de Junho de 1952. Por insistência do Delegado no Norte da
Direcção Geral dos Desportos, Mário de Carvalho, logo se pensou realiza-lo no
Porto. Mas cá não havia recinto e em Lisboa o que havia só continha 5.200
lugares, o que era considerado muito pouco. Após uma acesa luta política entre
Porto e Lisboa e mesmo dentro na nossa CMP, presidida por Licínio Presa, foi
decidido deitar abaixo o Palácio de Cristal, na reunião de 18/12/1951, embora a
votação e aprovação final só tivesse sido conseguida em 9/1/1952. Porém, o
antigo palácio já estava a ser demolido desde as 8 h da manhã do Domingo (?)
16/12/1951 e estava completamente desfeito, excepto a frontaria, em 6 de
Janeiro seguinte!”
Engº. Francisco de
Almeida e Sousa, In O Tripeiro, 7ª. Série, Ano XX, Nº. 12; Fonte: “portoarc.blogspot.pt
As polémicas que precederam a demolição do Palácio de
Cristal foram muitas.
Mário de Carvalho (Delegado
no Norte da Direcção Geral dos Desportos) diz que os tempos que se
viviam eram de modernidade e avaliza a demolição e há quem tente que a “Mama”,
como ficaria conhecida à época o actual pavilhão, fosse construído noutro
local, como advogavam o Prof. Hernâni Monteiro e o vereador Pinheiro Torres.
Acontece que, já alguns anos antes, quando se começou a
colocar a hipótese de deitar por terra o Palácio de Cristal, o arquitecto Artur
Andrade apresentou dois projectos que não tiveram aceitação, dizia-se, por
razões políticas, em 1946 e 1948.
O Pavilhão dos Desportos, que depois seria baptizado como
Pavilhão Rosa Mota, é um projecto do arquitecto José Carlos Loureiro que nele
tinha previsto levantar outras construções que, por derrapagem do orçamento,
ficaram para sempre no papel.
Entretanto, a demolição do Palácio de Cristal iria decorrer
em ritmo acelarado para que tivesse lugar o campeonato do mundo de hóquei em
patins.
O campeonato
começaria em 29/6/1952, mas o novo pavilhão ainda estava por acabar. Foi
disputado a céu aberto. A frontaria do Palácio de Cristal ainda estava de pé!
Devido à chuva, que
cairia durante dois dias, uma jornada da prova realizar-se-ia em Matosinhos,
num armazém adaptado para o efeito.
Portugal sagrou-se
Campeão do Mundo ao ganhar à Itália na final por 4-0.
Novo Pavilhão dos Desportos, sem a abóboda, em 1952 e visível, ainda de pé (à esquerda), a fachada do antigo Palácio
de Cristal
Em 1952, a Selecção de Hóquei em Patins: Raio, José Dias,
Correia dos Santos, Cruzeiro e Emídio Pinto
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