Sobre o edifício do Palácio de Cristal, é a descrição feita
pela escritura/aristocrata inglesa Lady Catharina Carlota Jackson, no livro “A
Formosa Lusitana” (1877), na sequência de uma visita em 1873, e que a seguir se faz referência.
Para lá do edifício do Palácio de Cristal chamavam a atenção
os jardins circundantes.
Em 1866, a Sociedade Gestora do Palácio de Cristal contratou
um trompetista húngaro de apelido Holly para formar e dirigir a Banda Marcial
do Palácio de Cristal, aos fins-de-semana e aos Domingos à tarde no Coreto e na
Concha Acústica.
Antes, para ocupar o cargo de organista residente, foi
contratado, em Paris, Charles-Marie Widor.
Em 1868, uma sala de leitura, das referidas no texto acima, já tinha sido transformada num teatro – o Teatro Gil Vicente. Esta sala de espectáculos vai
ser a preferida da colónia britânica e, a partir de 1883, do Orpheon Portuense.
Em 1915, colocou-se a hipótese de venda do Palácio de Cristal à Câmara Municipal do Porto, o que não se concretizaria.
Em 21 de Fevereiro de 1916, seria assinada, no cartório do Dr. António Mourão, a escritura de arrendamento do Palácio de Cristal, pelo prazo de 19 anos, a uma parceria de que eram directores César Ramos e Romualdo Torres, este, último, um conhecido jogador de futebol do Futebol Clube do Porto.
“Somando sucessivos prejuízos, não foi
vendido á C. M. do Porto em 1915 por forte influência do Conde de Samodães. Até
que em 9 de Fevereiro de 1934 esta o comprou por 2.000 contos, na esperança de
o dinamizar e fazer mais exposições importantes, o que nunca aconteceu.
Continuavam-se a fazer bailes de Carnaval e S. João e festas várias. Era então
Presidente o Dr. Alfredo de Magalhães. Até que se anunciou o Campeonato Mundial
de Hóquei em Patins de Junho de 1952. Por insistência do Delegado no Norte da
Direcção Geral dos Desportos, Mário de Carvalho, logo se pensou realiza-lo no
Porto. Mas cá não havia recinto e em Lisboa o que havia só continha 5.200
lugares, o que era considerado muito pouco. Após uma acesa luta política entre
Porto e Lisboa e mesmo dentro na nossa CMP, presidida por Licínio Presa, foi
decidido deitar abaixo o Palácio de Cristal, na reunião de 18/12/1951, embora a
votação e aprovação final só tivesse sido conseguida em 9/1/1952. Porém, o
antigo palácio já estava a ser demolido desde as 8 h da manhã do Domingo (?)
16/12/1951 e estava completamente desfeito, excepto a frontaria, em 6 de
Janeiro seguinte!”
Engº. Francisco de
Almeida e Sousa, In O Tripeiro, 7ª. Série, Ano XX, Nº. 12; Fonte: “portoarc.blogspot.pt
As polémicas que precederam a demolição do Palácio de
Cristal foram muitas.
Mário de Carvalho (Delegado
no Norte da Direcção Geral dos Desportos) diz que os tempos que se
viviam eram de modernidade e avaliza a demolição e há quem tente que a “Mama”,
como ficaria conhecida à época o actual pavilhão, fosse construído noutro
local, como advogavam o Prof. Hernâni Monteiro e o vereador Pinheiro Torres.
Acontece que, já alguns anos antes, quando se começou a
colocar a hipótese de deitar por terra o Palácio de Cristal, o arquitecto Artur
Andrade apresentou dois projectos que não tiveram aceitação, dizia-se, por
razões políticas, em 1946 e 1948.
O Pavilhão dos Desportos, que depois seria baptizado como
Pavilhão Rosa Mota, é um projecto do arquitecto José Carlos Loureiro que nele
tinha previsto levantar outras construções que, por derrapagem do orçamento,
ficaram para sempre no papel.
Entretanto, a demolição do Palácio de Cristal iria decorrer
em ritmo acelarado para que tivesse lugar o campeonato do mundo de hóquei em
patins.
O campeonato
começaria em 29/6/1952, mas o novo pavilhão ainda estava por acabar. Foi
disputado a céu aberto. A frontaria do Palácio de Cristal ainda estava de pé!
Devido à chuva, que
cairia durante dois dias, uma jornada da prova realizar-se-ia em Matosinhos,
num armazém adaptado para o efeito.
Portugal sagrou-se
Campeão do Mundo ao ganhar à Itália na final por 4-0.
O pavilhão só ficaria completamente pronto, exibindo a sua abóboda, em 10 de Outubro de 1956, e levando a efeito uma Exposição Agrícola, 100 anos depois de uma outra que ocorreu em terrenos da Torre da Marca situados nesse mesmo local.
Novo Pavilhão dos Desportos, sem a abóboda, em 1952 e visível, ainda de pé (à esquerda), a fachada do antigo Palácio
de Cristal
Em 1952, a Selecção de Hóquei em Patins: Raio, José Dias,
Correia dos Santos, Cruzeiro e Emídio Pinto
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