Na área, que seria expropriada em 1901, fronteira à Igreja
dos Terceiros do Carmo, ficava o chamado Passeio da Graça.
De um lado, estava a Politécnica e, do
outro, uma série de casas, onde no começo do século XX, pontificava um “quiosque estação” que dava apoio aos
“americanos” e carros eléctricos, que ali tinham um local de partidas e
chegadas e uma das mais afamadas confeitarias da altura, “O Bonifácio” que, pelas épocas de Natal, era muito solicitada.
Por Passeio da Graça era designada, ainda nos finais do
século XIX,
"uma bela rua que
ia da porta do Olival para o Carmo. Em toda a extensão dessa artéria havia
"pilares e belos assentos, de um e do doutro lado, para recreação do
público.
Sabemos que os tais
assentos eram "dezasseis bancos de pedra lavrada, devidamente ensombrados
pelos frondosos arvoredos do Anjo, a nascente e da Cordoaria, a poente".
O topónimo Passeio da Graça tinha origem na denominada
Igreja de Nossa Senhora da Graça, que estava situada no chão do que é, hoje, o edifício da
Reitoria da Universidade do Porto.
Na planta acima pode ver-se, ao centro, o Passeio da Graça
ligando a Cordoaria ao Largo do Carmo e com o eixo daquela via apontando à
fachada da igreja dos Carmelitas Descalços.
Consultando uma planta topográfica da cidade do Porto, feita
em 1788, verificamos que a artéria, em referência, já vem ali assinalada.
Já existia, portanto, no século XVIII e só desapareceu, nos
começos do século XX, quando ainda se andava a construir o edifício que é, hoje,
a sede da Reitoria da Universidade do Porto.
Como facilmente se pode constatar, pelo que atrás fica dito,
o Passeio da Graça ocupava, em
parte, o espaço onde hoje está a Praça de Parada Leitão.
O Passeio da Graça foi o resultado de um arranjo urbanístico do Carmo e suas vizinhanças, "com os seus passeios e assentos",
feito antes de 1788.
A área de construção delimitada pelo polígono colorido de planta anterior, foi
toda demolida para dar lugar à actual Praça Parada Leitão.
Do lado esquerdo, vê-se uma estreita travessa, a Travessa do
Carmo, que se iniciava junto ao prédio do Dr. Assis Vaz, que ainda hoje existe
e, pela esquerda, ainda hoje apresenta o prédio do Café “Âncora de Ouro” ou
“Piolho”.
Por uma questão de orientação cronológica diga-se que, em 1903,
os meninos órfãos colégio de Nossa Senhora da Graça já tinham sido transferidos
para as instalações junto ao cemitério do Prado do Repouso.
No edifício da Politécnica, numa parte do rés-do-chão e numa
parte do 1º andar, esteve aqui instalado, muito brevemente, o Café Chaves, c.
1900, e onde antes tinha estado o Botequim da Graça.
Por aqui, também paravam as célebres caleches que faziam
carreira para a Foz do Douro.
Ao logradouro que resultou do arranjo urbanístico do Passeio da Graça foi dado o nome de Largo do Carmo e, mais tarde, Praça de
Parada Leitão em homenagem ao antigo lente de física.
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