segunda-feira, 20 de maio de 2024

25.240 O Passeio da Graça

 
Na área, que seria expropriada em 1901, fronteira à Igreja dos Terceiros do Carmo, ficava o chamado Passeio da Graça.
De um lado, estava a Politécnica e, do outro, uma série de casas, onde no começo do século XX, pontificava um “quiosque estação” que dava apoio aos “americanos” e carros eléctricos, que ali tinham um local de partidas e chegadas e uma das mais afamadas confeitarias da altura, “O Bonifácio” que, pelas épocas de Natal, era muito solicitada.
Por Passeio da Graça era designada, ainda nos finais do século XIX,
 

"uma bela rua que ia da porta do Olival para o Carmo. Em toda a extensão dessa artéria havia "pilares e belos assentos, de um e do doutro lado, para recreação do público.
Sabemos que os tais assentos eram "dezasseis bancos de pedra lavrada, devidamente ensombrados pelos frondosos arvoredos do Anjo, a nascente e da Cordoaria, a poente".
 
 
 
O topónimo Passeio da Graça tinha origem na denominada Igreja de Nossa Senhora da Graça, que estava situada no chão do que é, hoje, o edifício da Reitoria da Universidade do Porto.
 

 
 
Planta do local
 
 
 
Na planta acima pode ver-se, ao centro, o Passeio da Graça ligando a Cordoaria ao Largo do Carmo e com o eixo daquela via apontando à fachada da igreja dos Carmelitas Descalços.
Consultando uma planta topográfica da cidade do Porto, feita em 1788, verificamos que a artéria, em referência, já vem ali assinalada.
Já existia, portanto, no século XVIII e só desapareceu, nos começos do século XX, quando ainda se andava a construir o edifício que é, hoje, a sede da Reitoria da Universidade do Porto.



Passeio da Graça e envolvente – Planta de Telles Ferreira de 1892




Como facilmente se pode constatar, pelo que atrás fica dito, o Passeio da Graça ocupava, em parte, o espaço onde hoje está a Praça de Parada Leitão.
O Passeio da Graça foi o resultado de um arranjo urbanístico do Carmo e suas vizinhanças, "com os seus passeios e assentos", feito antes de 1788.
A área de construção delimitada pelo polígono colorido de planta anterior, foi toda demolida para dar lugar à actual Praça Parada Leitão.
Do lado esquerdo, vê-se uma estreita travessa, a Travessa do Carmo, que se iniciava junto ao prédio do Dr. Assis Vaz, que ainda hoje existe e, pela esquerda, ainda hoje apresenta o prédio do Café “Âncora de Ouro” ou “Piolho”.
 
 
 

Aqui, vinha desembocar o Passeio da Graça
 
 
 
Por uma questão de orientação cronológica diga-se que, em 1903, os meninos órfãos colégio de Nossa Senhora da Graça já tinham sido transferidos para as instalações junto ao cemitério do Prado do Repouso.
No edifício da Politécnica, numa parte do rés-do-chão e numa parte do 1º andar, esteve aqui instalado, muito brevemente, o Café Chaves, c. 1900, e onde antes tinha estado o Botequim da Graça.
Por aqui, também paravam as célebres caleches que faziam carreira para a Foz do Douro.
Ao logradouro que resultou do arranjo urbanístico do Passeio da Graça foi dado o nome de Largo do Carmo e, mais tarde, Praça de Parada Leitão em homenagem ao antigo lente de física.

 
 

Passeio da Graça com a igreja dos Carmelitas Descalços, em fundo, e Politécnica, à direita, em 1901
 
 
 
 

A Cordoaria, à esquerda, e a caleche vinda do Passeio da Graça - Ed Emílio Biel
 
 
 

A Cordoaria e, pela direita, o Passeio da Graça, c. 1900
 
 
 

Praça Parada Leitão, em 1930

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