“Em Portugal, as
primeiras referências a observações meteorológicas surgiram no século XVII, de
uma forma isolada e individualizada. De entre os estudiosos de meteorologia
destacou-se o médico portuense Dr. José Bento Lopes que no ano de 1792,
recolheu dados meteorológicos diários na cidade do Porto.
Na sua maioria, as
observações eram feitas por académicos, médicos ou professores de Física, que
faziam leituras meteorológicas associadas à Saúde Pública. Na Academia Real da
Marinha e Comércio também se faziam observações mas ligadas ao estudo da
náutica e da astronomia.
No sentido de melhorar
as observações que até então se faziam e as instalações onde as mesmas eram
efetuadas - na sua maioria careciam de qualidade relativamente às existentes
fora do país - foi criada em 1853, na ala Sul do Hospital de Santo António, na
antiga sede da Escola Médica, uma estação meteorológica, designada por
Observatório da Escola Médica do Porto. Constituiu o “primeiro estabelecimento
oficial onde se começaram a fazer observações meteorológicas regulares”,
desempenhando um importante papel no ensino das ciências médicas, em especial a
disciplina de Higiene.
O objetivo de criar um
Instituto meteorológico onde se pudessem fazer seguidas e ininterruptas
observações, como já se faziam noutros países cientificamente mais
desenvolvidos, foi conseguido em 1854”.
Fonte: “memoriasgaiensesbibliotecadegaia.blogspot.pt”
Vai ser na ala do hospital, à esquerda da foto acima, em
1853, que será montado o Observatório Meteorológico da Escola Médica do Porto.
Destacando-se do telhado observam-se parte das instalações
do Observatório Meteorológico da Escola Médica do Porto
Em 1854, é criado um Posto Meteorológico, em Lisboa, anexo
ao Observatório Meteorológico do infante D. Luís que, no final do século XIX,
vai dar origem a uma estrutura muito mais ambiciosa.
Entretanto, com a necessidade dos comerciantes da cidade do
Porto terem o conhecimento atempado das condições meteorológicas para saberem
das possibilidades de embarque e desembarque das matérias que eram movimentadas
nos cais do rio Douro, em 1885, na sequência da experiência já vivida desde
1854, em Lisboa, é criado um Posto Meteorológico autonomizado em relação ao da
capital nascendo, assim, o “Posto
Meteorológico e Casa Magnética do Porto”, inaugurado em 9 de Julho de 1885.
Este, um pouco mais tarde, seria rebaptizado como “Observatório Princesa D. Amélia”.
Largo Actor Dias com perspectiva sobre a Serra do Pilar e do
“Observatório Princesa D. Amélia”,
c. 1900
O 1º Director do observatório será o capitão-de-fragata José
Maria Soares Ferreira, tendo a Academia Politécnica do Porto, no início do
século XX, acabado por englobar a estrutura existente e, quando, em 1911, a
Academia dá lugar à Universidade do Porto, ela vai acabar por pertencer à
Faculdade de Ciências.
Em 1913, finalmente, o observatório toma o nome pelo qual é
conhecido dos portuenses, se bem que, oficialmente, desde 1946, ele seja
designado por, “Instituto Geofísico da
Universidade do Porto”.
Em 20 de Fevereiro de 1926, toma posse nas funções de
director interino do Observatório da Serra do Pilar, o Dr. Álvaro Machado, 1.º
assistente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, conforme notícia
do jornal “O Comércio do Porto” de 26 de Fevereiro.
Em 1º plano, na foto anterior, é possível ver o edifício do
observatório da Serra do Pilar.
O edifício actual deriva do existente no século XIX, com
intervenções sucessivas, realçando-se a efectuada na década de 30 do século XX.
De referir que, no início da década de 60, foi possível construir
nos terrenos do observatório, com o apoio dos USA, um “bunker” (inaugurado em
1962) de uma rede extensa a nível mundial, onde uns sismógrafos registavam
qualquer abalo sísmico, inclusive os ocorridos em virtude de ensaios nucleares
da União Soviética.
Até 1993, funcionou esse serviço que implicava, que técnicos
do Instituto, ao fim de cada dia, entregassem os registos junto do consulado
dos USA no Porto. Hoje, aquela unidade de registo encontra-se exclusivamente ao
serviço do Instituto.
“O Instituto Geofísico da Universidade do Porto, ou Observatório Meteorológico da Serra do
Pilar, é um estabelecimento dependente da Faculdade de Ciências da U.
Porto. Fundado em 1833 e anexado à Academia Politécnica do Porto em 1911,
acumula as funções de investigação e de ensino. O Instituto integra a Rede
Meteorológica Nacional (estação 08546), para a qual fornece diariamente dados
sobre temperatura do ar (termómetro seco e molhado), temperatura da relva, pressão,
humidade, precipitação, velocidade do vento, nebulosidade e horas de insolação.
O edifício principal,
que dispõe de dois pisos com um alto pé direito e uma área de implantação de
cerca de 300 m2, foi construído em finais do século XIX numa elevação a oeste
da Ponte D. Maria, na Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia.
"O seu aspecto
exterior é dignamente concebido com as suas janelas emolduradas a granito. É
muito cuidado tanto nos aspectos construtivos como na composição das fachadas.
Sobre os panos de parede rebocados e pintados de cor clara, rasgam-se amplas
janelas, todas iguais e alinhadas vertical e horizontalmente. Fora deste
esquema repetitivo de composição sobressai apenas a porta principal do
edifício, colocada a meio das maiores fachadas, sobrepujada por um janelão com
o qual se unifica por moldura de granito."
As actividades que o
Instituto Geofísico exerce em domínios como os da Sismologia, Climatologia e
Meteorologia desenrolam-se noutros edifícios, situados no terreno circundado
por um muro ao longo de toda a sua extensão.
A torre do
Observatório apresenta as seguintes coordenadas: latitude 41º 08' 19'' N,
longitude 8 º 36' 09'' W, altitude 93,515 m”.
Fonte Site: “sigarra.up.pt/up/pt”
Há cerca de três anos (2014) foi executada uma reabilitação
do Instituto Geofísico (Observatório Meteorológico da Serra do Pilar - uma das
duas únicas estações climatológicas seculares existentes no país).
“Esta
reabilitação teve como pano de fundo a museificação do imóvel
classificado. Do edifício anteriormente devoluto foram reconvertidas as salas
em gabinetes de trabalho e áreas de investigação e lúdicas sobre a estação
meteorológica, prevendo ainda a reactivação da estação meteorológica com a
recolha diária de elementos.
Na cave, instalou-se o
sismógrafo e a oficina pedagógica, e no rés-do-chão instalou-se uma exposição
de máquinas, cartografia e mapas antigos, sala de leitura e a parte em
serviço da estação meteorológica.
Construtivamente o
edifício, não obstante encontrar-se anteriormente desocupado, apresentava
estado de serviço razoável, tendo-se procedido à reabilitação das fachadas em
alvenaria de pedra rebocada, revestimentos interiores nos tabiques existentes,
recuperação de carpintarias e soalhos, da estrutura secundária da cobertura,
prevendo impermeabilização da mesma, bem como reforços pontuais de padieiras,
execução de instalações sanitárias, de um elevador no interior, e ainda
estacionamento no terreiro exterior.”
Fonte: “afaplan.com”
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