quinta-feira, 13 de junho de 2024

25.245 Algumas instituições matosinhenses com ligações a destacadas famílias e diversas personalidades

 
Em 1918, D. Ana Emília Maia dos Reis Costa Braga, já viúva do conselheiro Artur Costa Braga, vendeu à Confraria da Santa Casa do Bom Jesus de Matosinhos o seu magnífico palacete, onde foi instalado o Asilo de Nossa Senhora da Conceição (actual Internato de Nossa Senhora da Conceição).
O referido palacete, situado bem perto da igreja de Matosinhos, era mais uma das casas erigidas para sumptuosas residências, em Matosinhos, mandadas construir por brasileiros de torna-viagem, que tinham enriquecido na América do Sul.
Neste caso, foi mandado edificar pelo conselheiro Artur António da Costa Braga.
 
 
 

Asilo de Nossa Senhora da Conceição, c. 1920




À esquerda, c. 1930, observa-se um pouco da fachada do palacete que foi, até 1918, de Ana Emília Maia dos Reis Costa Braga, situado na Avenida Vitória, actual Avenida Afonso Henriques
 
 
 
 
 
“Este palacete foi mandado construir na parte sul dos jardins da Confraria de Matosinhos por Arthur Antonio da Costa Braga, marido de Anna Emilia Maia dos Reis (Costa Braga) que era filha do médico-cirurgião Jose Ventura dos Santos Reis Junior, tendo ela o 'vendido' em 1918, após o falecimento do seu marido antes de 23/12/1910, por uma quantia simbólica de 4 contos, quando o seu real valor seria de dezenas de contos, à Confraria do Santo Crucifixo de Matosinhos do Bispado do Porto, hoje Santa Casa da Misericórdia do Bom Jesus de Matosinhos”.
Fonte: José Rodrigues
 

 
 

Rua de Santana de acesso da margem do rio Leça à Avenida Vitória (Avenida Afonso Henriques), c. 1930. À esquerda, a igreja de Matosinhos.
 
 
 
 
O pai da benfeitora Ana Emília Maia dos Reis Costa Braga, Jose Ventura dos Santos Reis foi personalidade de grande destaque em Matosinhos, então, ainda concelho de Bouças.
José Ventura dos Santos Reis (1840 – 1901), cirurgião, foi chefe do Partido Regenerador de Bouças e presidente da Câmara Municipal desde 2 de Janeiro de 1899.
Foi o fundador da Associação de Socorros Mútuos Matosinhos-Leça.
Teve acção notável como jornalista, no jornal “O Comércio Português”, que passou a chamar-se “Onze de Janeiro”, a 29/01/1890, como protesto contra o Ultimatum inglês, e que se transformou, a 19/04/1890, no jornal “República” e, a 09/05/1891, no jornal “Voz Pública”.
Por outro lado, o Asilo de Nossa Senhora da Conceição tinha sido fundado, a 1 de Janeiro de 1896, por iniciativa do Dr. Albano Sá Lima, num prédio do antigo Largo do Areal, doado pela viscondessa de Santa Cruz do Bispo, há muito desaparecido em virtude das obras de expansão do Porto de Leixões.


 
 
In jornal "A Voz Pública" de 3 de Janeiro de 1896
 
 
 
 
O Dr. Albano Sá Lima foi uma personalidade de relevo tendo ficado conhecido por ter desempenhado o cargo de administrador do concelho de Bouças.
Por sua vez, Maria Dias de Sousa (Santa Cruz do Bispo: 30/12/1816; Matosinhos: 12/03/1899), a viscondessa de Santa Cruz do Bispo, foi uma benemérita que, por isso, ficou com o seu nome para sempre ligado a Matosinhos e a Santa Cruz do Bispo, a sua terra natal.
 
 
“Maria Dias de Sousa nasceu a 30/12/1816 na freguesia de Santa Cruz do Bispo: descendia de família pobre e era analfabeta.
Casou em Santa Cruz do Bispo a 24/02/1837 com Antonio Francisco Pereira, um marítimo que foi capitão da Marinha Mercante e conhecido pela alcunha de 'Mirão'.
Herdou avultada fortuna do Brasil, legada pelo seu tio José Dias de Sousa, falecido em Porto Alegre no Brasil em 1865.
Viveu a maior parte da sua vida no lugar da Ponte, na freguesia do Salvador de Matosinhos, mas esteve profundamente ligada à vida social e religiosa da sua terra natal.
(…)
A 30/06/1892, foi concedido o título de Viscondessa a D. Maria Dias de Sousa, por el-rei D. Carlos I: Mercê nova. Alvará de 30 de Junho de 1892. As suas armas: "Escudo. Lisonja partida em pala; a primeira em campo de oiro, e a segunda de vermelho com uma cruz de prata lisa e dentro dela uma pequena cruz negra. Coroa da Viscondessa. Timbre: uma estrela de oiro”.
Fonte: José Rodrigues


 

Largo do Areal – Ed. Manuel Rios

 
 
Na foto (obtida a partir da ponte de 19 arcos), acima, à esquerda, o palacete do Conde S. Salvador de Matosinhos e, atrás, o palacete do Conde do Alto do Mearim. Por aqui esteve, também, a morada da viscondessa de Santa Cruz do Bispo, na Alameda Passos Manuel, há muito desaparecida.


 
 

Largo do Areal. Pela esquerda, seguia a Rua Conde Alto do Mearim e, pela direita, a Rua 13 de Fevereiro



Perspectiva actualizada de foto anterior



 
 
O edifício da família Costa Braga foi alvo de remodelações e ampliações (em imóveis anexos), posteriores, com o objectivo de aumentar a capacidade de internamentos e, hoje, é o Internato Nossa Senhora da Conceição, gerido pela Santa Casa da Misericórdia do Bom Jesus de Matosinhos.
 
 
 
 
 
Palacete da família Costa Braga, na Avenida D. Afonso Henriques, nº 365, c. 1930 – Fonte: Google maps
 
 
 
A referida família Costa Braga haveria de ficar com o seu nome ligado a um outro edifício icónico de Matosinhos, que se situava na Rua Brito Capelo e, hoje, é património classificado.
Na foto abaixo, o eléctrico passa à porta da residência da família Costa Braga, na Rua Juncal de Cima (Rua Brito Capelo), que acabou sendo propriedade do industrial Edmundo Ferreira (fundador do “Hotel Porto-Mar” localizado do outro lado da rua). Nesse prédio, alojar-se-ia, em meados do século XX a Biblioteca Municipal e, após legado a favor do Lions Clube de Matosinhos, acabaria por ser cedido à Associação Empresarial do Concelho de Matosinhos, tendo alojado, ainda, a Escola de Comércio daquela associação e a Universidade Sénior Florbela Espanca.
 
 
 
 

Eléctrico com atrelado na Rua Brito Capelo
 
 
 
Ainda, nos dias de hoje, a Associação Empresarial do Concelho de Matosinhos tem a sua sede naquele prédio, dividindo instalações com a Universidade Florbela Espanca.

 
 

Antiga sede da Associação Empresarial de Matosinhos

 
 
Antes, entre 1909 e 1962, a Associação Empresarial de Matosinhos esteve na esquina das ruas França Júnior e Conde S. Salvador, conforme visualização da foto acima.
 
 
“A Associação Empresarial do Concelho de Matosinhos foi fundada em 10 de Outubro de 1901, com a denominação de Associação Comercial de Bouças.
Após a publicação em Maio de 1909, do Decreto-Lei que alterou o nome do Concelho de Bouças para o de Matosinhos, em Assembleia-geral de Julho do mesmo ano, foi deliberado que fosse adotada a designação de Associação Comercial e Industrial de Matosinhos.
Em 1938, depois de um período de transição, a Associação teve que transformar-se no Grémio do Comércio do Concelho de Matosinhos.
Com o 25 de Abril de 1974, voltou a adquirir o seu antigo estatuto de Associação constituída livremente pelos seus associados, passando a denominar-se Associação Comercial do Concelho de Matosinhos.
Finalmente, em Assembleia-geral de 27 de Fevereiro de 2003, foi deliberado por unanimidade, que passasse a denominar-se Associação Empresarial do Concelho de Matosinhos”.
Fonte: “aecm.pt/aecm/breve-historia”
 
 
 

No prédio, que tinha sido da família Costa Braga, esteve a Biblioteca de Matosinhos, na Rua de Brito Capelo – Foto: 1955
 
 
 
Ainda no âmbito da acção da Misericórdia de Matosinhos, alguns anos antes, em 3 de Maio de 1898, tinha sido criado o Hospital Asilo de Santa Violante, o qual viria a ser o expoente máximo da assistência praticada pela Misericórdia de Matosinhos, resultado de diversas dádivas materiais e financeiras, destacando-se as de Jose Ventura dos Santos Reis e José Nogueira Pinto, que ofereceram à Câmara Municipal de Bouças quantias consideráveis para a sua construção.
Inicialmente, o primitivo Hospital Asilo de Santa Violante foi instalado na Casa dos Milagres (construída no último quartel do séc. XIX, por João José dos Reis – Conde de S. Salvador de Matosinhos, junto da igreja de Matosinhos), no espaço que hoje constitui o Salão Nobre da Misericórdia e, no qual, havia uma escada interior para os serviços de apoio situados no rés-do-chão.
 
 
 

Casa dos Milagres e Escola do Adro, em 1904





 
 

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