Liceu Nacional do
Porto, ou Liceu Central do Porto, ou Liceu Portuense
Esta escola vai buscar as suas origens ao decreto de 17 de
Novembro de 1836, de Passos Manuel, que criou o Liceu Nacional do Porto, que entrou em funcionamento quatro anos
depois.
Antes de passar pela Rua de Santa Catarina, na segunda
metade do século XIX, pelo edifício conhecido por Palacete dos Castro Pereira
ou Palacete do visconde (2º) de Lagoaça e onde, mais tarde, se instalou a Direcção-Geral
dos Edifícios e Monumentos Nacionais, bem perto da Rua Formosa, aí funcionando
como Liceu Nacional do Porto (como lhe chamava Alberto Pimentel, que o
frequentou e onde leccionou Antero Quental), passou pela Escola
Politécnica e por um palacete da Rua Formosa.
Palacete dos Castro Pereira, na Rua de Santa Catarina, por
onde esteve o Liceu Nacional do Porto - Ed. MAC
Assim, o Liceu Nacional do Porto ou Liceu Portuense foi,
então, inicialmente instalado, em 1840, na Escola Politécnica (à Praça dos
Voluntários da Rainha ou Praça dos Leões) e, aí funcionou, até 1862, dividindo
instalações com a Academia de Belas-Artes e a Escola Politécnica, em
condições deficientes, pelo que, em 1847, já se reclamava por outras
instalações, o que só se verificaria 17 anos depois.
Assim, a partir de 1861, o Liceu Nacional do Porto esteve
instalado, sucessivamente, na Rua Formosa, nº 108-116 (onde esteve até aos
nossos dias, a Tipografia “Imprensa Portuguesa”), prédio, à data, pertencente à
família Cirne e, a partir de 1866 até 1879, na Rua de Santa Catarina, próximo
da Rua Formosa, aí substituindo o Colégio da Guia e, onde, viria a funcionar
até ao fim do século XX, a repartição de Obras Públicas.
Entre 1879 e 1884, o Liceu Nacional do Porto ocupou o
Palacete dos Cirnes, no Campo 24 de Agosto, pertença de Manuel Carvalho Rebelo,
que o recebeu por herança do seu sogro, Francisco Diogo de Sousa Cirne de
Madureira, tendo passado, também, por um edifício da Rua de Entreparedes, onde
viriam a funcionar os escritórios da Real Companhia Vinícola e o Instituto
Comercial e o Instituto de Contabilidade e Administração do Porto.
Entre 1884 e 1887, o Liceu Nacional do Porto esteve no
palacete de Campos Navarro, na Rua de Entreparedes - Foto de c.1890
A partir de 1887, a designação do estabelecimento de ensino
passou a ser Liceu Central do Porto, ocupando
o palacete da Rua de S. Bento da Vitória, da Baronesa da Regaleira, por onde esteve,
nos nossos dias, a Polícia Judiciária.
Em 1901, é arrendada mais uma casa, contígua à anterior, do
mesmo proprietário, seguindo-se mais um arrendamento, em 1903, de uma outra casa
contígua, propriedade de Eduardo de Sousa Neves.
Em consequência do aumento da população escolar, o Liceu
Central do Porto foi cindido em dois, em 1906.
Liceu Nacional Central
da 1ª Zona (orienta) ou Liceu Alexandre Herculano
Em 1895, vem à luz do dia a Reforma Jaime Moniz e, fruto
dela e de outras mais, o ensino liceal é alvo de uma intervenção.
Em 1906, é ultimada a cisão do Liceu Central do Porto, originando
dois estabelecimentos de ensino.
Um deles, que virá a ser o Liceu Central da 1ª zona (oriental) do Porto e que dará origem ao Liceu
Alexandre Herculano, instala-se, em 29 de Setembro de 1905, na Rua de Duque de
Loulé, em instalações pertencentes ao Colégio dos Orfãos e, em 17 de Novembro
de 1906, é alugada uma casa anexa pertencente também, àquele colégio.
Em Setembro de 1907, parte do liceu muda para a Rua de Santo
Ildefonso (entre o Largo do Padrão e o Campo 24 de Agosto), para duas casas
contíguas, uma pertencente a Joaquim António Silva e, a outra, a Adolfo
Fernando Barbosa.
Abandonadas, definitivamente, em 1910, as instalações da Rua
Duque de Loulé, é ainda na Rua de Santo Ildefonso que vai ser alugada mais uma
casa, contígua às já ocupadas, pertencente a António Luís de Sousa.
A que se seguiria o aluguer de mais outra, ainda na Rua de Santo Ildefonso, mas
situada no troço compreendido entre o Largo do Padrão e a Rua de Passos Manuel,
propriedade de Vitorino de Almeida.
Em 1916, as instalações do liceu passam a ocupar, também, por arrendamento, um
prédio na Rua do Poço das Patas (Rua Coelho Neto), em frente da Travessa do
Poço das Patas, pertencente a José da Silva Baía Júnior.
Em 1908, já o Liceu Central da 1ª Zona
(oriental) do Porto tinha passado a ser o Liceu
Central de Alexandre Herculano e, em 1921, ocupará as instalações na
Avenida Camilo, como Liceu Alexandre Herculano,
em terrenos que tinham feito parte integrante da Quinta de Sacais,
“Com o aumento
demográfico verificado em finais de oitocentos e, em especial, o acréscimo das
exigências sociais do alvor da nova centúria, especialmente emanadas dos
círculos republicanos, as entidades competentes viram-se na necessidade de
fundar novos estabelecimentos liceais, ao mesmo tempo que desdobravam as zonas
escolares entretanto definidas.
Neste panorama traçado
para a generalidade do território português, a cidade do Porto seria dividida
em duas grandes zonas pedagógicas, instalando-se em cada uma delas um liceu
central, por decreto de 4 de Janeiro de 1906. O que ocorreria de imediato, para
o caso que nos interessa, como Liceu Central da 1ª zona (oriental) do Porto, em
instalações provisórias e pouco apropriadas aos requisitos de um ensino desta
natureza, como acima se disse, em edifício alugado na Rua do Sol, até que,
passados dois anos, em 1908, e já ostentando a denominação de
Liceu Central de
Alexandre Herculano", se procedeu à sua transferência para a Rua de Sto.
Ildefonso, onde ocuparia instalações arrendadas para o efeito.
Mas, foi somente com o
advento republicano e, mais propriamente, em 1911, que o Parlamento aprovou a
proposta apresentada pelo médico e deputado pelo Porto na legislatura das
Constituintes desse mesmo ano, Ângelo Vaz, controverso defensor e divulgador do
polémico movimento neomalthusiano, emergido entre nós, justamente, no início
desta centúria, que mudaria, radicalmente, a História do Liceu. Referimo-nos,
em concreto, ao empréstimo governamental de 150 contos para construção de um
edifício de raiz.
Não obstante, e depois
de ter sido lançada a primeira pedra em 1916, em cerimónia oficial testemunhada
pelo presidente da República Bernardino Machado (1851-1944), a conclusão do
projecto verificou-se apenas em 1934, da autoria do conhecido arquitecto José Marques da Silva (1869-1947), que
viveu em Paris, entre 1889 e 1896, depois de ter cursado na Academia de
Belas-artes do Porto, e antes de ter obtido vários prémios de reconhecimento
internacional, designadamente no âmbito das Exposições Universais de Paris
(1900) e do Rio de Janeiro (1908).
Um longo período
pautado por diversas adversidades, não apenas económicas, como, sobretudo,
políticas, ditadas, quer pelo envolvimento do país na I Grande Guerra, quer
pelos sucessivos tumultos registados entre finais da segunda década, inícios da
terceira, culminando no estabelecimento da Ditadura Militar e do Estado Novo,
levou a que o LAH só fosse finalizado em 1934, ainda que já fosse frequentado
desde o ano lectivo de 1921-1922, reduzido, porém, à ala poente do seu corpo.
Contemplando de início
28 salas de aula, com áreas específicas destinadas ao ensino de Física,
Química, Geografia, Desenho e Música, a par de uma biblioteca, anfiteatro para
apresentação de teatros e, já num segundo momento, de cinema, cinco pátios de
recreio, um de desporto, três ginásios, piscina, cozinha e refeitórios,
sanitários, gabinetes médicos, sala de professores, gabinete do médico escolar
e três cómodos para o reitor, o projecto denunciava um conhecimento assaz
profundo das mais recentes teorias e práticas pedagógicas, designadamente das
implementadas além-fronteiras, assim como, certamente, uma colaboração estreita
e verdadeiramente exemplar entre arquitecto e pedagogos. As alterações
verificadas, desde então, resumiram-se à construção de 8 novas salas de aula e
de uma capela, já nos anos sessenta, perante o aumento do número de alunos
entretanto registado, amplamente frequentado por destacados membros da
sociedade portuense, nomeadamente das suas Artes e Letras”.
Fonte – Site: patrimoniocultural.gov.pt
Ficou célebre o recital de piano e violoncelo executado pelas irmãs Moreira de Sá e Costa, nas instalações do liceu, promovido pelo reitor Sena Esteves, no dia 8 de Dezembro de 1949.
Após a revolução de 25 de Abril, com a extinção dos liceus,
o estabelecimento passaria a Escola Secundária Alexandre Herculano e, depois, de
um encerramento de seis anos e de durante três anos ter recebido obras de
reabilitação e modernização, reabriria as suas portas, em Setembro de 2023, a
toda a comunidade educativa, no arranque de mais um ano lectivo. Foi possível, então,
constatar a transformação de todo o edificado, respeitando o desenho original,
da autoria do arquitecto José Marques da
Silva.
Marques da Silva num jardim interior do Liceu Alexandre
Herculano
Liceu Nacional
Central da 2ª Zona (ocidental), ou Liceu D. Manuel II, ou Liceu Rodrigues de
Freitas
Este estabelecimento de ensino resultou, então, da cisão, em
1906, do Liceu Central do Porto, em duas zonas geográficas, tendo como
resultado final o aparecimento de dois estabelecimentos de ensino.
Um estabelecimento toma, à data, a designação de Liceu Nacional Central da 2.ª Zona
(ocidental) Escolar do Porto e, por decreto de 9 de Setembro de 1908
passaria a Liceu D. Manuel II.
A outra instituição, que passaria a ter existência, a partir
daí, seria o Liceu Nacional Central da 1.ª Zona (oriental) Escolar do Porto,
depois, Liceu Alexandre Herculano.
Este partiria para a zona oriental da cidade e o Liceu D.
Manuel II, à data, que passaria após a implantação da República a ser o Liceu Rodrigues de Freitas, continuaria
pela Rua S. Bento da Vitória, no Palacete da Baronesa da Regaleira, que ocupava
desde 1887.
Logo, no ano de 1912, o governador civil do Porto chegou a
visitar o Palácio das Carrancas, indagando da possibilidade de o Liceu
Rodrigues de Freitas, nele passar a funcionar, o que nunca veio a acontecer.
“Imediatamente após a
implantação da República em Portugal, a 23 de Outubro de 1910, o governo provisório
decretou a designação de Liceu Rodrigues de Freitas, em homenagem a José
Joaquim Rodrigues de Freitas, político, jornalista e professor de Comércio e
Economia Política na Academia Politécnica do Porto e eleito, em plena monarquia
(1870), o primeiro deputado republicano português.
Desde 1906, em que o
Liceu Central da 2ª Zona (ocidental), que daria origem ao actual Liceu
Rodrigues de Freitas apareceu, até ocupar as instalações actuais junto à igreja
de Cedofeita, andou por vários prédios alugados.
O actual edifício,
situado na Praça de Pedro Nunes, data de 1932-1933 e é da autoria do arquitecto
José Marques da Silva, tendo sido em
1958, alvo de intervenção segundo projeto do Arquitecto Manuel Lima Fernandes
de Sá.
Para além das suas
grandes dimensões, o edifício é dotado de diversas infra-estruturas, pouco
habituais nas construções escolares da época, nomeadamente um museu da ciência,
um observatório meteorológico, diversos laboratórios de química, física e
biologia, quatro ginásios (um deles exterior), uma biblioteca, um teatro, três
salas de desenho, cantina e bar, para além de numerosas salas de aula e outros
equipamentos.
Em 1945, o
estabelecimento de ensino regressou à designação de Liceu D. Manuel II e, após
o 25 de Abril de 1974 assumiu, definitivamente, o nome de Escola Secundária Rodrigues de Freitas”.
Fonte: pt.wikipedia.org/
Em anexo a esta escola funciona, há alguns anos, o Conservatório de Música do Porto.
Liceu Carolina Michaëlis e Liceu Rainha
Santa Isabel
Liceu Carolina
Michaëlis
Em 1914/15, entra em funções o Liceu Nacional Feminino do Porto como uma Secção Feminina dos
Liceus do Porto, que teve como primeira instalação o nº 441, da Rua de
Cedofeita, no edifício conhecido como a residência antiga da família Sandeman
e, também, como Palacete do visconde de Barreiros, tendo sido, depois, esquadra
da Polícia de Segurança Pública.
À direita, em 1º plano, o local de instalação do Liceu
Nacional Feminino do Porto, na Rua de Cedofeita
O Liceu Rodrigues de Freitas manifestou um grande interesse
no desenvolvimento desta secção feminina, ao contrário do Alexandre Herculano,
talvez, por que, a sua localização se encontrava um pouco distante da sua área
de influência.
O Liceu Nacional Feminino do Porto teve como patronos,
sucessivamente, Castilho (1919), Sampaio Bruno (1919-1926) e, a partir de 1926,
Carolina Michaëlis.
Mantendo-se o liceu nas instalações primitivas da Secção
Feminina dos Liceus do Porto, em Cedofeita, até 1921, mudaria, neste ano, para
o Largo do Coronel Pacheco para um palacete mais amplo, que fora o local de
residência da família Braga.
No século XVII, era senhorio directo da Quinta dos Carvalhos
do Monte, onde se situavam estes terrenos, o Cabido da Colegiada de Cedofeita e
pertencia a Maria Gonçalves, mulher de Lourenço Alvares, que foram os
ascendentes directos de António e José Ribeiro Braga que a habitavam desde 1827
e que, acabariam até hoje por deixar o seu nome ligado ao local, no topónimo de
Rua dos Bragas.
A família Ribeiro Braga acabaria por fixar residência, na
Rua de Cedofeita, nºs 376-378, na casa onde esteve localizada a Fonte de
Cedofeita – Fonte: Planta de Telles Ferreira de 1892
Pelo edifício, à direita, passou o Liceu Nacional Feminino
do Porto, na Praça do Coronel Pacheco – Fonte: Google maps
Na foto acima, ao meio, vemos a Rua do Mirante e, à
esquerda, o local onde em 1859, estava instalado o Colégio de Madame Podestá e
que, depois, veio a ser a morada do Colégio de Santa Maria, até 1910 e, até
1975, do Colégio Almeida Garrett, tendo o edifício, ao longo dos anos, sido
alvo de contínuas obras de ampliação.
A Rua do Mirante e a Praça do Mirante (Praça Coronel
Pacheco) devem o topónimo, de facto, à existência de um miradouro, aí
existente.
Já, em 1758, o abade de Cedofeita enviava ao autor do "Diccionário
Geográfico" a seguinte informação:
"Há também (na dita freguesia) o Mirante dos
Ingleses, donde estes e o povo da cidade do Porto vão ver o mar e a mesma
entrada e saída de navios; acha-se ao presente sem telha, existe a
pedraria".
Nesse local, desde 1921, o Liceu Carolina Michaëlis ocuparia
o edifício da direita da foto (antes ocupado, na transição de séculos, pelo Colégio
de Miss Hennessey ou das Inglesinhas), que também foi pretendido, sem sucesso,
pela Faculdade de Medicina para nele montar uma maternidade, anexa à faculdade,
e pelo Liceu Rodrigues de Freitas, que para aqui queria deslocar-se e abandonar
as instalações da Rua da Vitória.
Mais tarde, e após o abandono das instalações pelo Liceu
Carolina Michaëlis, elas seriam ocupadas pelo Departamento de Minas da
Faculdade de Engenharia.
Em 1951, o Liceu Carolina Michäelis acabará por ocupar as
instalações de um edifício construído de raiz, na Quinta do Meio, à Ramada
Alta, local onde ainda permanece, cujo projecto é do arquitecto José Sobral
Branco.
Liceu Carolina Michaëlis, em 1951 – Fonte: AHMP
“Foi o primeiro liceu
de raparigas do Porto e, durante décadas e décadas, teve como imagem de marca o
elevado nível de exigência. Muitos viam ali uma escola de elite e, até aos anos
80, ainda era comum chamarem-lhe, não sem alguma ironia, a "Universidade da
Carvalhosa". Atual sede de agrupamento, a escola Carolina Michaëlis está a
celebrar cem anos. E deve o seu nome a uma mulher que provavelmente nem passou
por lá.
O que se sabe é que a
escritora e crítica literária nascida em Berlim vivia no Porto e era casada com
Joaquim de Vasconcelos, professor no Liceu Nacional Central da 2.ª Zona Escolar
do Porto (mais tarde Rodrigues de Freitas). Foi em 1926, no período da Ditadura
Militar e pouco depois de Carolina ter falecido, que a escola assumiu o seu
nome, abandonando a republicana designação Sampaio Bruno.
«Não se sabe o motivo
da escolha do nome, nem se sabe que ligação ela tinha à escola. Pensa-se que
terá lecionado cá em 1915», refere-nos Ângela Marques, coordenadora da equipa
que está a desenvolver o programa comemorativo do centenário. Ora, esse foi
precisamente o ano em que a escola foi criada - com a designação de Liceu Nacional Feminino do Porto - e na
sua génese esteve a Secção Feminina do Liceu.
A lei que previa os
institutos de ensino secundário para o sexo feminino era de 1888, e Lisboa viu
surgir o Liceu Maria Pia em 1906. O Porto ainda teria de esperar mais nove
anos, não obstante a pressão exercida pela Câmara e o empenho dos republicanos
que viam na criação da escola para raparigas uma forma de prestigiá-las e de
enaltecer o seu papel na sociedade. «Mas, mesmo entre os republicanos, havia
quem questionasse essa ideia do prestígio. A questão não era pacífica»,
sublinha Ângela Marques.
Curiosamente, essa
resistência viria a manifestar-se anos mais tarde no sentido inverso. «A nível
nacional, foi o liceu que mais tardiamente recebeu rapazes», recorda aquela
responsável. Só cinco anos após o 25 de Abril é que o Carolina passou a ser uma
escola mista (o Rainha Santa Isabel foi bem mais cedo). E, no primeiro ano,
apenas se matricularam dez rapazes. «Era um liceu muito mais tradicional e
muito mais fechado, com uma cultura muito própria», acrescenta.
«Entre 1915 e 1926,
não houve tempo para a escola se afirmar como vanguardista», sublinha,
lembrando que, durante o Estado Novo (instituído em 1933), o Carolina Michaëlis
baixou consideravelmente o número de alunas: «Não interessava que houvesse
muitas raparigas a estudar. Era só uma elite». Nada que se comparasse aos
áureos anos 80, em que a escola chegou a ter mais de três mil inscritos. Hoje,
tem cerca de 900.
Já depois de ser um
estabelecimento misto, o Carolina «manteve a mesma imagem de grande exigência»
que teve desde a primeira hora. Em paralelo, granjeou invejas. Ângela Marques
lembra que expressões como «meninas bem», «privilegiadas» e «Universidade da
Carvalhosa» foram epítetos que acompanharam, do lado de fora, a vida da escola.
Até que, em 2004, foi dada «a primeira machadada no peso da instituição»,
quando se aventou a hipótese de encerramento. Tal acabou por não acontecer, mas
a polémica afastou muitos alunos. Depois, o Carolina passou a fazer parte de um
agrupamento de escolas. «Os agrupamentos acabaram com as imagens de marca das
instituições. A identidade diluiu-se», remata aquela responsável”.
Fonte : Isabel
Peixoto, In Jornal de Notícias
Ao longo dos anos, entre muitos outros professores de
sucesso do Liceu Carolina Michaëlis, destaca-se a professora de matemática
Marília Monteiro.
“Data da década de
sessenta do século XX a criação de três instrumentos de cálculo inéditos, o
Quadrante de Cálculo, o Calculador Analógico e o Radiciador Parabólico pela
professora de Matemática dos liceus, Marília Monteiro. O primeiro foi
construído no Laboratório Nacional de Engenharia Civil e exposto em salões de
inventores, de Bruxelas em 1963 (ainda em esquema) e de Lisboa em 1964, onde
obteve primeiros prémios.
Em missão oficial do
Ministério da Educação Nacional, Marília Monteiro apresentou este instrumento
em alguns liceus, institutos industriais e escolas técnicas das três cidades
universitárias do País. O Calculador Analógico resultou de uma amplificação de
uma das facetas do Quadrante de Cálculo, com vista a melhorar o grau de
aproximação das leituras a efetuar e a valorizar a sua eficiência. Este foi
galardoado com uma medalha de ouro no XIV Salão Internacional de Inventores,
realizado em Bruxelas de 5 a 14 de Março de 1965. O Radiciador Parabólico foi
apresentado no salão de inventores do ano seguinte (onde foi exposto, de 11 a
20 de Março de 1966), sendo concedido um diploma de medalha de ouro.”
Cortesia de Anabela Teixeira
Com a evolução tecnológica, na década de 1970, apareceram as
calculadoras eletrónicas, instrumentos mais cómodos e precisos, com preços
acessíveis, e rapidamente os instrumentos de cálculo, até aí concebidos e
usados, ficaram ultrapassados.
Liceu Rainha Santa
Isabel
Este estabelecimento de ensino arranca, em 1933, como uma Secção do Liceu Carolina Michaëlis.
“O Liceu Carolina
Michaëlis, incapaz de responder à crescente procura, foi autorizado, em 4 de
Outubro de 1933, a funcionar com uma secção localizada na zona oriental da
cidade, numas instalações situadas na Rua dos Heróis de Chaves, n° 710 (actual
Rua D. João IV), passando no ano lectivo seguinte para a Rua de Santa Catarina,
726”.
Fonte: Teresa Maria Morais Moreira - Dissertação de Mestrado
em História da Educação
Assim, a situação das acanhadas instalações, arrendadas a
particulares, sitas na Rua de Santa Catarina, nº 726, constituídas por
rés-do-chão e três andares é denunciada pela vice-reitora Eulália Balacó,
"todos os
inconvenientes de uma casa que não foi construída para escola. Corredores
estreitos, muitas escadas e num local muito movimentado."
Relatório da Secção do Liceu Carolina Michaëlis, ano lectivo
1935/36
No entanto, em Fevereiro de 1938, o estabelecimento passa para
uma casa, também arrendada, sita no gaveto das ruas do Heroísmo e António Carneiro
com a porta da entrada por esta última rua, com o nº 8, de rés-do-chão e três
andares com uma apreciação mais positiva da vice-reitora Eulália Balacó,
"estado geral...
é bom. É uma casa adaptada, mas as salas são amplas, bem iluminadas e
soalheiras".
Relatório da Secção do Liceu Carolina Michaëlis, ano lectivo
1937/38
Este prédio tinha sido alvo de obras importantes em Julho de
1881 e, à data, situava-se na Rua de Barros Lima, nº 8 (só mais tarde se
haveria de chamar, àquele troço, Rua António Carneiro).
Tinha sido, então, solicitada uma licença à Câmara do Porto,
por Bartolomeu Pires Zenão que mencionava como proprietário do imóvel, Henrique
Ribeiro de Faria (Porto, Sé, 18.11.1827 - Porto, Foz do Douro, 11.01.1888) e,
cujo objectivo, era acrescentar um 3º piso ao prédio.
Henrique Ribeiro de Faria era descendente de Francisco José
de Barros Lima.
Acontece que, em 1876, 1880, 1900 e 1911, existem pedidos de
licenças à Câmara do Porto, mas nos quais o proprietário declarado é Arnaldo
Ribeiro de Faria, que faleceria em 1911, viúvo e sem filhos e, em cujo
testamento, entre muitos outros, são contemplados sua sobrinha, a
condessa de Campo Belo, uma das filhas de seu irmão Henrique e, ainda, Laura
Pereira Leitão, que era usufrutuária da casa de seus avós, sita na Rua de
Cedofeita, morada que tinha funcionado como quartel-general de D. Pedro
IV.
A propriedade onde haveria de surgir o Liceu Rainha Santa
Isabel acabaria, assim, nas mãos do conde de Campo-Belo, mais propriamente o 2º
conde de Campo-Belo, Diogo Leite Pereira de Paiva Távora e Cernache, casado com
Maria Jerónima Ribeiro de Faria, a tal sobrinha e condessa.
A Secção do Liceu Carolina Michaelis, até 1946, funcionaria
em instalações do prédio, atrás descrito, que tinha anexo um quintal, que se
prolongava por uma mata e que, em tempos idos, tinha constituído a célebre Quinta de Barros Lima.
Em 12 de Outubro de 1946, a Secção do Liceu Carolina
Michaelis autonomizou-se, tornando-se no Liceu
Rainha Santa Isabel, pelo Decreto-Lei 35 905.
Neste ano, seriam executadas obras de beneficiação, e o
estabelecimento de ensino passa a anexar o edifício contíguo, com entrada pela
Rua do Heroísmo, nº 218, que, até essa data, tinha albergado o Colégio Nun’Álvares (colégio de
rapazes).
Portanto, a partir
do ano lectivo 47/48, as aulas passaram a ser dadas, simultaneamente, no
primitivo edifício e no edifício contíguo do antigo Colégio Nun’Álvares e ainda,
num outro, separado por um espaço, (que funcionava como recreio) que tinha funcionado como cavalariça.
Fachada, do primitivo edifício do Liceu Rainha Santa Isabel,
voltada para a Rua António Carneiro – Fonte: Google maps
Em terrenos, situados na Rua António Carneiro, contíguos às
instalações primitivas, iria surgir, na década de sessenta do século XX, um
outro edifício para ampliação do estabelecimento.
Na foto acima, várias personalidades aguardam a chegada do
Chefe de Estado, Almirante Américo Tomás, que acompanhado pelos Ministros do Interior,
Alfredo dos Santos Júnior e das Obras Públicas, Arantes e Oliveira, irá
proceder no dia 18 de Junho de 1964, à inauguração das novas instalações do
Liceu Feminino Rainha Santa Isabel.
Américo Tomás era aguardado pelos representantes da cidade,
o Presidente da Câmara Municipal, Nuno Pinheiro Torres e o Vice-Presidente da
Câmara Municipal, Veiga de Faria; o Bispo do Porto, Dom Nuno Ferreira Gomes,
para benção do edifício, e pela população, com destaque para as jovens da
Mocidade Portuguesa.
Em 29 de Agosto de 2003, o Liceu Rainha Santa fecharia as
suas portas.
Sem comentários:
Enviar um comentário