Ed. Domingos Alvão (1872-1946)
Sobre as fotos
acima, c. 1918, socorrendo-nos do testemunho de Guilherme Faria, exarado na
revista “O Tripeiro”, nº 4, Agosto de 1954, a poucos metros da esquina da Rua
de Santa Catarina e da Rua de Passos Manuel, formava-se um pequeno largo fruto
do recuo de alguns prédios.
Um pouco mais ao longe, já no alinhamento da rua, nasceu o
escritor Arnaldo Gama.
Naquele largo, os artistas de feira montavam os seus
espectáculos de rua e, por vezes, no mesmo espaço, eram montados palcos e
coretos onde tocavam algumas bandas. Aí, se encontravam as costureiras dos
ateliers da zona e as operárias da Camisaria Confiança.
Na esquina, em primeiro plano, em tempos, houve um marco
fontenário da Companhia das Águas.
Partindo dessa esquina, a casa com uma pedra de armas na
fachada era a habitação e o consultório de dentista, do Dr. Alfredo Nazaret e,
no rés-do-chão, existiu um armazém de gelo e águas de mesa, da Fábrica de
Sulfureto da Serra do Pilar.
Seguia-se uma casa (onde antes, teria estado um café) de
malas, que seria transferida para a Rua de Cedofeita – Artigos de Viagem de
José Álvares. Mais tarde, foi transferida para a Rua Miguel Bombarda.
Depois, encontrava-se a Fotografia Alvão, que Domingos
Alvão aí instalou no dia 2 de Janeiro de 1902 na Rua de Santa Catarina n.º
120, entre o tal estabelecimento de Artigos de Viagem de José Alvares e a
casa da Viúva Cunha, sócia de uma casa de câmbios na feira de S. Bento (Praça
Almeida Garrett).
Por fim, duas casas de andar da família Queirós, com os
baixos da última, ocupados por uma fábrica de cartonagem.
A casa que fecha o largo estando já no alinhamento, à época,
albergava a família Ventura e, no seu rés-do-chão, a casa de panos “Vilaça”.
Passado alguns anos, o prédio recebeu os sócios do Sport
Clube do Porto (o que ainda perdura) e, nos baixos, a “Casa das Gabardines”.
Defronte deste último prédio, desde 1865 até 1939, aí
existiu a Padaria Faria e, a partir desta data, uma sucursal da Papelaria
Araújo & Sobrinho.
Aquela conhecida padaria foi alvo de obras de beneficiação
importantes e, após as mesmas, reabriria em 4 de Abril de 1903.
Os fundadores desta padaria foram, Maria Ferreira, cuja
família tinha uma loja de venda de cereais (um “farinheiro”) na Rua de Sá da
Bandeira, na esquina com a actual Rua Dr. António Emílio de Magalhães, à data,
a Travessa de Sá da Bandeira, e Joaquim Pedro de Faria.
A Padaria Faria estava no nº 103, onde nasceria, fruto do
casamento do casal mencionado no parágrafo anterior, Alfredo Ferreira Faria, o
fundador da revista “O Tripeiro”.
No início da década de 1920, já tinha sido executado o
alinhamento dos prédios até então desalinhados, e o pequeno largo desapareceu.
Surgem novos inquilinos para as novas construções, mas a
Foto Alvão mantem-se, tendo agora como vizinho, a partir de 1922, o Café
Majestic.
Vai ser, em 15 de Agosto de 1921, que a firma Royal
Café L.da situada na Rua de Santa Catarina, nº 114
apresentou à CMP um projecto no sentido de reformar a frente do seu
estabelecimento.
A nova e elegante fachada do que virá a ser o Café Majestic
foi aprovada em Setembro de 1921.
O estabelecimento de cafetaria estava destinado a ser
denominado por Café Elite, mas acabaria a partir de 2 de Dezembro de 1922, dia
da sua inauguração, por ser até hoje o Café Majestic.
A Foto Alvão, entre o Stand da Fiat (à esquerda) e o Café
Majestic
No prédio onde se observa, na foto anterior, o Stand da Fiat
está, hoje, uma loja “Bruxelas” e imediatamente, a montante (à esquerda), esteve
o prédio que albergou a sede do Sport Clube do Porto e a Casa das Gabardines e
que desde sempre esteve no alinhamento do edificado.
Bruxelas - Fonte: A Vida em Fotos
Casa das Gabardines, c. 1930
“No 2.º piso do
edifício da Casa Alvão estava instalado o estabelecimento Pinheiro da Rocha, fundado em
1920, e que pertencia a Manuel Pinheiro da Rocha (1893-1973), um conhecido e
procurado alfaiate, também ele um competente fotógrafo”.
Cortesia do Arquitecto Ricardo Figueiredo
Escrutínio da
publicidade observada na empena do prédio da foto seguinte
Legenda:
1. Café “A Brasileira”
2. Jardim Passos Manuel
3. Máquinas de Costura Singer
4. Vinho Verde Gatão (Sociedade dos Vinhos Borges fundada em
1884)
5. “O Senhor Roubado” (peça de teatro de Vitório Trindade
Chagas Roquette (1875-1940)
6. Porto Ramos Pinto
7. Borotalco Ausonia
8. Cartaz parcialmente ilegível mostrando mulher segurando numa
garrafa
9. PRECIOSA (água de mesa da Companhia de Pedras Salgadas)
“Edifício Singer” situado na esquina das ruas Formosa e Sá
da Bandeira, nos primeiros anos do século XX, onde estava a delegação, no
Porto, daquela conhecida marca norte-americana e o novo "Edifício Singer", actualmente
“A peça em 3 actos “O
Senhor Roubado” estreou em 19 de Fevereiro de 1916 no “Theatro do Gymnasio” de
Lisboa.pela Companhia Maria Mattos (1886-1952) / Francisco Mendonça de Carvalho
(1882-1953) e com o popular actor José d’Almeida e Cardoso (1861-1917)”.
Cortesia do arquitecto Ricardo Figueiredo
Cortesia do arquitecto Ricardo Figueiredo
Prédio que substituiu, até aos dias de hoje, aquele outro
alvo da atenção dispensada à publicidade inserta na sua empena
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