sábado, 4 de fevereiro de 2017

(Continuação 17) - Actualização em 09/05/ e 22/11/2018 e 06/03/2019

Pontes sobre o rio Leça
 
 
Desde do reinado de D. Afonso V, existia uma ponte a unir as margens do rio Leça, próximo da foz do rio. 
Aquando da governação dos Filipes, a ponte foi totalmente remodelada, sendo substituída por outra, em pedra e dotada de 19 arcos de assentamento. 
Esta ponte estava lançada entre as duas margens, sensivelmente onde estão hoje as ruas do Conde Alto Mearim em Matosinhos e Óscar Silva em Leça da Palmeira.
O tabuleiro da ponte descia ligeiramente de Leça para Matosinhos, em rampa mal perceptível e, perto da margem sul, flectia um pouco para a direita, numa pequena curva. 
 
 
“As dimensões da ponte eram [em metros]:
Comprimento total: 121,50
Comprimento, da curva até à margem sul (Matosinhos): 26,20
Largura junto da margem norte(Leça): 4,00
Largura, a meio da ponte: 4,22
Largura, junto da margem sul: 4,20
 
Cumpre analisar, finalmente, as duas meias-laranjas abertas no tabuleiro, sem dúvida os pormenores mais curiosos deste monumento. Compõem-se de dois corpos ligeiramente ovais, de fundo lageado, que apoiados, cada um, no seu talhamar cilíndrico, avançam fora do piso da ponte, formando varandas para o lado de montante.
Tais construções destinavam-se a facilitar o cruzamento de carros, descongestionando a via. Ainda se utilizavam como miradouros ou caramanchões, para o que serviam os bancos de pedra que lhes correm a toda a volta.
A primeira meia-laranja encontra-se mesmo na curva que o tabuleiro faz, à distância de 26,20m da margem sul (Matosinhos) e de 95,30m da margem norte (Leça da Palmeira). Adiante 25,30m fica a outra meia-laranja, a 70m da margem norte e a 51,50m da margem sul. O uso destes corpos salientes - feitos para dar passagem aos carros, cavalos, e peões que se enfrentavam na ponte - divulgou-se a partir do século XVII”.
Com a devida vénia ao blogue “aportanobre”
 
 
 
Cerca de 1 km a montante desta ponte, existiu uma outra chamada “Ponte Tavares”.
Os veraneantes em Leça da Palmeira em seus momentos de lazer costumavam, em barcos a remos, ir em passeio até à Ponte Tavares após passarem por baixo do 5º arco da Ponte de Pedra.
Junto da ponte Tavares, o Leça formava dois braços de rio; o rio Doce, do lado de Leça da Palmeira e o rio Salgado, do lado de Matosinhos. Estes dois braços do rio só voltavam a unir-se a jusante da ponte de Pedra.
Os Brito e Cunha, da Casa do Ribeirinho, eram senhores de grandes extensões de terrenos em Matosinhos, nomeadamente nas cercanias da sua casa.
Entre os dois braços do rio Leça, o doce e o salgado possuíam terrenos que antes tinham sido salinas e se denominava “Campo das Marinhas”.
Este topónimo, “Campo das Marinhas”, sobreviverá até meados do século XX quando esta ilha, entre os dois braços (o “doce” e o “salgado”) do Leça, desapareceu com a construção da Doca nº 2 do Porto de Leixões.
Algumas daquelas salinas, em tempos, foram adaptadas para a criação de peixes.
Supõe-se que nas décadas de 30 e 40, do século XIX, se estabeleceu um litígio entre João Eduardo de Brito e Cunha, nascido no Porto em 08-08-1807, e suas tias solteiras, Joana Emília de Brito e Cunha e Amália de Brito e Cunha, irmãs de seu pai (supliciado pelos miguelistas), a propósito da divisão daquela propriedade e da sua forma de exploração.
Um dos documentos expressão desse litígio, no seio da família Brito e Cunha, já em fins de 1830 e por altura da morte de outra sua tia, também solteira, a 07/12/1830, D. Maria Barbara de Brito e Cunha, referia que António Bernardo de Brito e Cunha (nasceu a 20/10/1808 na Casa da R. das Taipas no Porto, casado a 23/04/1857, com D. Guilhermina Júlia Pereira da Silva, com quem teve 4 filhos e uma filha, e faleceu a 30/07/1884), irmão de João Eduardo de Brito e Cunha, havia destruído uma ponte de pedra chamada Ponte de Brito e Cunha e que ligava as Azenhas, no Campo das Marinhas, agora propriedade das tias, e que esta propriedade havia passado de juncal para marinhas de sal.
A 18/04/1826, um documento indica que Manoel Gomes, um homem de Aveiro especializado na produção de sal, vai marnotar a marinha de Matosinhos e alguns outros fazem referência àquela actividade nos anos seguintes.
Por fim, terminada a actividade da exploração salineira no estuário do Leça, por uma Portaria de 02/10/1866, a ilha dos Brito e Cunha sobreviveu ainda, durante quase um século, sob a designação do seu tradicional e multissecular topónimo: Campo das Marinhas.
Acabaria o local, depois, por servir para outros fins: foi o campo de tiro do Real Club Caçadores de Matozinhos.
 
 
 
Foz do Rio Leça, em 1887
 
 
 
O óleo acima representa uma “Paisagem de Matosinhos” da autoria de Francisco José Rezende (1825-1893), exposto, habitualmente, no Museu da Quinta de Santiago, em Matosinhos.
Como curiosidade, diga-se que aquele pintor e escultor era o pai da pintora Clara de Resende.
Naquela paisagem, é possível observar em primeiro plano, o Bairro Piscatório do rio Salgado, a capela do Senhor da Areia ou do Senhor do Padrão (junto ao mar com a sua arcaria característica), o Castelo do Queijo mais à frente (a meio), o Farol da Senhora da Luz (mais elevado) e lá, bem longe, a foz do rio Douro.

 
 

Panorâmica de Matosinhos com Senhor do Padrão à direita
 
 
 
 

Bairro Piscatório do Rio Salgado em Matosinhos - Ed. Photo Guedes
 
 
 

Bairro piscatório em Matosinhos em 1910 – Ed. Estrela Vermelha

 
 

A perspectiva da foto anterior poderá corresponder à actual Rua Conde S. Salvador ou a um dos outros arruamentos paralelos – Fonte: Google maps

 
 
 

Vista sobre Matosinhos - Ed. Alberto Ferreira - Praça da Batalha-Porto
 
 
 “O Dr. Alberto de Oliveira, tal como muitos outros do Porto, passava a temporada de Verão em Matosinhos, onde seus pais tinham uma casa sobranceira ao braço salgado do Rio Leça, do lado de Matosinhos, portanto. O braço salgado do rio Leça ia até á ponte Tavares.
Era uma casa em forma de chalet, cujas traseiras davam para o rio Leça.
Na imagem, vê-se a casa a que o texto se refere, em tom mais escuro e cujas traseiras vão até ao rio”.
Fonte: matosinhosantigo.blogspot
 
 
 


Em 1908, a Ponte dos Brito e Cunha
 
 
 

A Ponte dos Brito e Cunha (o rio vai cheio)
 
 
 
A “Ponte dos Brito e Cunha” que se vê na foto acima, substituiu para a ligação da margem esquerda do rio Leça à ilhota, uma outra em pedra chamada “Ponte do Brito” que servia a família Brito e Cunha e que demolida durante um litígio familiar, ficou reduzida a escombros. A ponte fazia o atravessamento do rio salgado, que por correr a uma cota mais baixa, sofria a influência das marés.
Demolida a primitiva ligação, ela chegou a ser feita durante anos, por um simples passadiço, em pedra, que o povo chamava a pont´ávares. A “Ponte Tavares”.

 
 

Ponte Tavares para atravessamento do “rio salgado”

 
 

Ponte Tavares, em 1890 – Ed. José Zagalo Ilharco





Ponte Tavares
 
 
 

Ponte Tavares, c. 1950


 
“Oh Rio Doce! Túnel d’água e de arvoredo
Por onde Anto vogava em vagão dum bote…
E, ao Sol do meio-dia, os banhos em pelote
Quando íamos nadar, à Ponte do Tavares!”
 A. Nobre



Do lado de Leça, entre a Quinta da Conceição e a ilha, ficava outra ponte (sobre o braço doce do rio) também pequena e toda em madeira.
A ponte medieval, denominada Ponte de Pedra ou Ponte dos 19 arcos, dizem ter sido construída na 2ª metade do século XV por decisão do rei D. Afonso V, que reinou entre 09/09/1438 (com 6 anos, sendo Regente a sua mãe até 09/06/1448) e 28/08/1481, e demolida em 1958, para construção da doca nº 2 do Porto de Leixões.



No estuário do rio Leça a ponte de 19 arcos com Leça da Palmeira no horizonte



Como nos indica a narrativa que se segue, a ponte mandada construir por aquele monarca, seria em madeira e não, em pedra.
Assim, teria sido no tempo dos Filipes, que o atravessamento entre as duas margens do rio Leça, próximo da sua foz, foi feito através duma ponte de pedra.




“O documento mais antigo que conheço acerca da ponte de Leça-Matosinhos é uma provisão régia de 5 de Junho de 1619 (...).
Filipe II, sabendo que Pantaleão Pereira arrematara por 6.000 cruzados as obras da reedificação da ponte - postas previamente em pregão - ordena ao corregedor do Porto que mande repartir pelas diversas comarcas e provedorias do norte do país a quantia pedida pelo mestre pedreiro.(…)
Na ponte seiscentista que hoje vemos sobre o rio Leça, não se descobrem quaisquer vestígios arquitectónicos anteriores ao século XVII. Tal facto, além de representar uma lamentável ausência de dados informativos, põe-nos diante dos olhos o problema de se saber por que motivo a construção teria sido tão radical. Cai de parte a ideia de um simples restauro ou reforma, para acreditarmos antes num trabalho inteiramente novo e completo”.
Fonte: Flávio Gonçalves n' O Tripeiro em Março de 1952 e Fevereiro de 1953 


Pelo texto anterior, apercebemo-nos que a ponte em granito, dos 19 arcos, deveria ter substituído uma outra, possivelmente em madeira, existente no mesmo local e só no reinado de Filipe II, teria a travessia do rio Leça sido feita numa ponte de pedra.



Ponte dos 19 arcos com vista sobre Matosinhos


Ponte dos 19 arcos com vista sobre Leça da Palmeira


Por ela passavam os carros e as pessoas vindas da então, Rua Direita, actual Rua Conde de Alto Mearim (que desembocava Alameda de Passos Manoel), em direcção a Leça da Palmeira, onde entravam pelo Largo da Ponte (perto da Rua Óscar da Silva, junto das “Alminhas da Ponte” à direita da ponte e a leste da casa da Campanuda), e vice-versa. 



Ponte dos 19 Arcos e Escola Régia, em Leça da Palmeira



Na foto acima, no prédio totalmente visível, à esquerda, esteve instalada uma escola para raparigas, mandada construir em 1877 por Maria Francisca dos Santos (Araújo), em memória de seu irmão José Pinto de Araújo.
Em 1866, tinha sido instalada, em Leça da Palmeira, uma outra escola, mas para rapazes.
Com as demolições efectuadas para a construção da doca n.º 1 do porto de mar de Leixões, iniciada em 1934, a escola primária masculina foi instalada no prédio à saída da Ponte de Pedra, que se vê na imagem, à direita.
Entretanto, a escola feminina mudou para outras instalações.
 
 
 

Escola das raparigas à saída da ponte




Em frente, a escola masculina, em Leça da Palmeira, à saída da Ponte de Pedra



Escola Régia ou Escola dos Rapazes, em Leça da Palmeira

 
 
Sobre o edifício acima, que pertenceu a  Domingos da Silva Baltazar, negociante ligado à indústria da moagem, natural de Milheirós, freguesia da Maia, casado em 20 de Maio de 1858, com Ana Amélia dos Santos Araújo Silva, Américo de Castro Freitas, um estudioso da história de Matosinhos, escreve:
 
 
“A casa com arcos era a casa de Domingos da Silva Baltazar, casado com Ana Amélia dos Santos Araújo. Aí funcionou a escola primária superior Trindade Coelho e foi hospital no tempo da epidemia do tifo. Passou por herança a sua sobrinha, Rosa Pinto da Rocha, casada com Tomaz Martins Ramos Guimarães. Foi expropriada em 1916, pela Junta autónoma. A casa mais pequena era do José da Ponte”.


Escola dos Rapazes observada  de nascente para poente. Em primeiro plano, o moinho de José da Ponte



Saída, em Leça da Palmeira, da ponte dos 19 arcos, na década de 1950
 
 
Os prédios da foto anterior ainda existem, como se pode observar na foto seguinte.

 
 

Rua Pinto de Araújo – Fonte: Google maps



Outra perspectiva de Leça da Palmeira, à saída da Ponte de Pedra, na década de 1950. Na ponta esquerda, uma das casas do conde de Leça (teve mais duas)



Na foto acima, à esquerda, com um poste interpondo-se no campo de visão, a Casa da Campanuda, com a sua característica fachada.
Foi quartel-general de D. Miguel.
 
 

Casa da Campanuda, em Leça da Palmeira, próxima da ponte-móvel, serviu de quartel-general das forças absolutistas durante o Cerco do Porto

 
 

A seta amarela aponta a Casa da Campanuda, sendo visível a ponte do eléctrico substituída hoje pela ponte-móvel
 
 
 

Estado actual da casa da Campanuda – Fonte: Google maps

 
 
A Casa da Campanuda que seria destruída por um incêndio teve no início do século XX as suas instalações ocupadas pela “Farmácia Campos” e, posteriormente, pela “Casa de Pasto Beira-Rio”).

 
 

Casa Campanuda, em 1962 - Fonte: Américo de Castro Freitas


 
Prepara-se, agora, para que nela se instale um condomínio fechado.




Ponte de 19 Arcos com Leça da Palmeira, à esquerda
 
 
 

Ponte de 19 Arcos com perspectiva sobre Matosinhos – Ed. José Zagalo Ilharco (Lamego 1860 - 1910 Porto)



Ponte de Pedra e a Alameda de Leça que “roubou” 1 arco à ponte


Ponte dos Arcos durante cheia do rio Leça com Matosinhos em fundo



Na foto acima, a Alameda de Matosinhos desenvolvia-se à direita da ponte.

 
 

Alameda de Matosinhos e Ponte dos Arcos (1907) – Fonte: HC White Co.;Library of Congress



Rio Leça e Ponte de 19 Arcos


Ponte de 19 Arcos, na foz do rio Leça com Leça da Palmeira em fundo - Ed. Foto Beleza-Porto


Doca nº 1, na década de 1940 e, mais além, a ponte dos 19 arcos, ainda em pé


À esquerda o que ainda restava da Ponte dos Arcos


Na foto anterior, à esquerda, está Leça da Palmeira e ao fundo o novo viaduto, durante a construção da Doca nº 2.



Panorâmica do edificado, situado na actual Rua Pinto de Araújo, durante as obras de construção da Doca nº 2, quando ainda era visível um troço da ponte de pedra
 
 
 
O edificado observado na foto acima, hoje, estaria entre a Rua Óscar da Silva e a entrada da Calçada do Monte. Alguns metros, mais para a esquerda e, actualmente, encontramos a ponte móvel. 




Viaduto sobre o rio Leça a Nascente da Doca nº 2






Em 1882, seria construída entre as duas margens do rio Leça, uma ponte chamada “Ponte de Pau”, ou “Ponte de Madeira” a mando da “Companhia Carril Americano do Porto à Foz e Matosinhos”, também conhecida por Companhia de Baixo, perto do terminal da linha a vapor da Máquina, que aqui tinha chegado em 1882.
Essa ponte ligava a Rua de Roberto Ivens (Juncal de Baixo), em Matosinhos, ao Largo do Arnado, em Leça da Palmeira. 



Ponte de Madeira sobre o rio Leça c. 1920, com Leça da Palmeira à esquerda – Ed. Cinemateca em 1927



Para concretizar as ligações a Leça da Palmeira seriam concedidas duas outras licenças: uma da Rua Roberto Ivens até ao cais de Matosinhos e outra da Rua Roberto Ivens até à Rua Brito Capelo.
De notar que só em 1893, seria criada a Companhia Carris de Ferro do Porto (CCFP) pela fusão de duas empresas existentes.
Uma delas a Companhia Carril Americano do Porto ou Companhia de Baixo e a outra a Companhia Carris de Ferro do Porto ou Companhia de Cima. Como se vê, depois da fusão a companhia resultante, tomou o nome daquela última.
A Ponte de Madeira tinha uma serventia pedonal e foi construída para que as pessoas (nomeadamente, os utentes dos Americanos) pudessem fazer o atravessamento entre as duas margens do rio Leça, que tinha chegado a Matosinhos, em 1872, vindo da Foz.


Ponte de Pau



Ponte de Pau, em 1915, com a Quinta de Santiago (Leça da Palmeira) parcialmente visível à direita





“A notícia, que ontem demos, da festiva inauguração do caminho de ferro americano do Porto a Leça, temos a acrescentar que os trens chegaram ali às 12 horas e 25 minutos, tendo partido às 11 e meia, saudados pelo troar do canhão ao passar em frente do Castelo da Foz e à entrada de Leça por uma esplêndida girândola de foguetes, achando-se, neste último ponto, várias casas adornadas de cobertas de damasco.
Presentes representantes dos jornais «Comércio do Porto», «Jornal do Porto», «Primeiro de Janeiro» «Diário Mercantil» e «Diário da Tarde».
Às quatro horas e um quarto regressaram os trens.”
In “Diário da Tarde”, de 16 de Maio de 1872 – 5ª Feira



Americano na Rua Juncal de Cima (Rua Brito Capelo)



Os Americanos paravam, então, no fim da Rua do Juncal de Cima (Rua Brito Capelo, desde 18/12/1890, por proposta do vereador Joaquim do Rosário Ferreira na sessão camarária daquele dia). 
Por outro lado, antes de aparecer a Rua de Juncal de Baixo (Rua Roberto Ivens), em 1860 era, apenas, a Rua do Juncal. 
Acontece que, o troço da Rua do Juncal de Cima, entre a Estrada da Circunvalação e a Rua Tomás Ribeiro foi, até 1926, a Rua Guerra Junqueiro.
Da Estrada da Circunvalação até à foz do rio Leça, antes do uso de todos aqueles topónimos também se chamou, "Estrada para a Foz". 



Ponte de Pau ou Ponte de Madeira



Na foto acima pode ver-se ao fundo a Ponte de Pedra, e à direita, um pouco da Alameda de Matosinhos.
A Ponte de Madeira foi alvo de um incêndio em 1899.
Em 1922, foi abatido completamente, o que dela restava.
A Ponte do Eléctrico ou Ponte Metálica, construída em 1887, que servia também peões e que se situava sensivelmente onde está hoje a Ponte Móvel, situava-se entre a Ponte de Pau e a Ponte de Pedra.
Nela, começaram por passar a partir de 1887, primeiro os carros Americanos e, desde 1898 até 04/03/1960, os carros Elétricos, com percurso entre o fim da Rua do Juncal de Cima e o início da Rua Nova do Arnado (Largo do Arnado), já na margem direita do Rio Leça.
Diga-se que a tracção eléctrica tinha chegado a Matosinhos a 29 de Outubro de 1897.




Eléctrico com atrelado na Rua Brito Capelo




Na foto acima, o eléctrico passa à porta da residência da família Costa Braga, que acabou sendo propriedade do industrial Edmundo Ferreira (fundador do “Hotel Porto-Mar” localizado do outro lado da rua). Nesse prédio, alojar-se-ia, em meados do século XX a Biblioteca Municipal e, após legado a favor do Lions Clube de Matosinhos, acabaria por ser cedido à Associação Empresarial do Concelho de Matosinhos, tendo alojado, ainda, a Escola de Comércio daquela associação e a Universidade Sénior Florbela Espanca.



Biblioteca de Matosinhos na Rua de Brito Capelo, em 1955



A Rua do Arnado, já desaparecida, teve projeto de construção de fins de 1893 e situava-se entre a casa dos Bombeiros Voluntários e a de Adrião Joaquim da Rocha, em direcção a Leça da Palmeira.


«Companhia Carril Americano. - É hoje aberta á circulação dos carros da Companhia Carril Americano do Porto á Foz e Mathosinhos a Ponte metallica construida por esta Companhia sobre o rio Leça. Por esse motivo os carros passam a ter o seu termo de paragem na rua Nova do Arnado, em Leça, em lugar da alamêda de Mathosinhos.
Continúa em vigor o mesmo horario e o actual preço das passagens.»
Fonte: jornal "O Commércio do Porto", n.º251, pág.2. Domingo, 09 de Outubro de 1887



O contrato da construção desta ponte foi feito em 1886 com José Cláudio Sousa.
Tinha apenas 5 pilares e os extremos assentavam em alvenaria. 




Ponte do Eléctrico no fim da década de 90 do século XIX

Legenda:

1. Ponte do Eléctrico
2. Quartel dos Bombeiros de Matosinhos-Leça e dos Socorros a Náufragos
3. Capela (demolida em 1890) da Nossa Senhora da Apresentação à saída da Ponte de Pedra
4. Ponte dos 19 Arcos
5. Igreja de Leça




Quartel dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça, em 1905 - Ed. Estrela Vermelha


Ponte do eléctrico e quartel dos Bombeiros, c. 1920, com Matosinhos no horizonte






Carro eléctrico atravessando o rio Leça - Ed. Alberto Ferreira-Batalha-Porto


A foto anterior tem por fundo Leça da Palmeira.


Ponte do Eléctrico


A foto anterior tem por fundo Matosinhos.
Em 1898 a linha electrificada da Companhia Carris de Ferro do Porto, chega a Leça, à Rua Nova do Arnado e depois ao Castelo e, mais tarde, à praia de Fuzelhas. Até à década de 40 do século XX, o eléctrico levará a maioria dos banhistas para Leça.




Mapa de Matosinhos de 1895



Legenda:
1. Avenida Serpa Pinto
2. Rua Roberto Ivens (Juncal de Baixo)
3. Rua Brito Capelo (Juncal de Cima)
4. Ponte de Madeira
5. Ponte dos Arcos
6. Rua do Conde do Alto de Mearim
7. Rua de S. Roque
8. Rua França Júnior
9. Rua de Álvaro Castelões
10. Ponte do Eléctrico
Obs: No local da pinta amarela estava a Capela de Santo Amaro

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Boa tarde.

    Poderia indicar-me, se for possível, e tendo em conta a configuração actual de Matosinhos e Leça, qual a localização precisa da Ponte dos 19 Arcos (Ponte de Pedra)?
    Aproveito também para perguntar se sabe qual era a localização da estátua de Passos Manuel na Alameda com o mesmo nome?

    Desde já grato.

    José

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  3. Quanto à ponte dos 19 arcos a sua localização pode ser lida mais acima e faz parte deste texto:

    "Por ela passavam os carros e as pessoas vindas da então, Rua Direita, actual Rua Conde de Alto Mearim (que desembocava Alameda de Passos Manoel), em direcção a Leça da Palmeira, onde entravam pelo Largo da Ponte (perto da Rua Óscar da Silva, junto das “Alminhas da Ponte” à direita da ponte e a leste da casa da Campanuda), e vice-versa".

    Quanto à localização primitiva da estátua de Passos Manuel, poderá encontrar a resposta e respectivas fotos, neste blogue, no seguinte endereço:

    https://portodeantanho.blogspot.com/search?q=alameda+passos+manuel

    Esperando que continue a visitar-nos, estaremos sempre abertos em responder às questões que nos forem colocadas.
    Cumprimentos.

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