O Colégio Podestá, em 1851, estava na Rua dos Fogueteiros e,
de 1853 a 1857, funcionou no palacete da Baronesa da Regaleira, também
conhecido por Palácio de S. Bento da Vitória, na rua do mesmo nome.
Em 1858, já estava na Praça Coronel Pacheco, nº1, na Quinta
do Mirante, no local onde, até à revolução de Abril de 1974, funcionou o
Colégio Garrett.
Recebia alunas internas e externas e semi-pensionistas, e
sobre ele dizia o anúncio inserido no “Periódico dos Pobres”:
“Collegio Francês Para Meninas (Madame Podesta), Rua dos Fogueteiros nº
44.
«Análogo em tudo aos estabelecimentos deste género em francez»,
ensina-se «em geral todas as disciplinas
e prendas próprias d´uma educação elegante»”.
Do programa dos cursos ministrados no ano de 1857, constava
o Francês, Inglês, Português e Italiano, Estilo epistolar, Música (Piano, Canto
e Harpa, Professor J. Carli), Dança, Desenho (Professor Abdon Ribeiro de
Figueiredo) e Obras de agulha: rendas, meias, bordar (a ouro, etc).
O Professor Abdon Ribeiro de Figueiredo era formado pela
Academia Portuense de Belas-Artes (A. P. B. A.), litógrafo, retratista, e
Mestre.
“- 30 de julho de 1859
– Recreio musical: sábado houve soirée musical no Colégio de M.me Podestá, até
às 2h da manhã.”
In jornal “O Porto e a Carta”, 1 Ago.1859, p. 2
Um outro “Colégio Francez e Português” tinha a administração
do filho de Madame Podestá, de seu nome Paulo Podestá, que era o dono da
distinta Livraria Podestá.
O anúncio que se segue, destinava-se a desfazer alguns
equívocos, entre a localização dos dois colégios.
O Colégio Francez de Madame Podestá, em 1859, estava na
Praça do Coronel Pacheco, nº 1 – Fonte: “Jornal do Porto”, em 8 de Outubro de
1859
Como se vê no anúncio anterior, o Colégio Francez de Madame
Podestá, estava na Praça Coronel Pacheco, nº 1, em 1859, onde viria a estar o
Colégio Garrett, em grande parte do século XX.
Publicidade ao Colégio de Madame Podestá, na Rua do Almada –
In jornal “O Comércio do Porto”, em 30 de Setembro de 1861
Nos últimos anos do século XIX, o colégio funcionou num
prédio da Rua da Firmeza que pertencia, na altura, à muito conhecida família
Moreda, cujo patriarca, possuía um armazém de vinhos e aguardentes num pequeno
largo da desaparecida Rua do Laranjal, junto a uma fonte onde iam beber os
cavalos da alquilaria do José Galiza, que ficava ali perto.
Na confluência da Rua Firmeza com a Rua de Santos Pousada, a
família Moreda haveria de deixar o seu nome ligado, neste local, ao topónimo
actual de “Jardim da Moreda”.
Legenda
1.Rua da Firmeza
2. Propriedade e casa do Moreda
3. Rua de S. Gerónimo (Rua Santos Pousada)
4. Travessa de Fernandes Tomás (Rua Comandante Rodolfo de
Araújo)
5. Rua Duquesa de Bragança (Rua D. João IV)
6. Fonte da Firmeza (antes Fonte da Trindade, actualmente,
na Praça das Flores)
7. Instalações da Fábrica da Chapelaria a Vapor de Costa
Braga
Obs:
- O quadrilátero branco que é hoje o "Jardim do
Moreda" foi, antes, o Largo da Póvoa de Baixo
- De notar que a Rua Anselmo Braancamp, na confluência com a
Rua Firmeza, ainda não foi rasgada.
Em 1 de Janeiro de 1892, seria benzida uma capela na
propriedade de Manoel Francisco Moreda.
“Inaugurou-se
ante-ontem a capela mandada erigir na Rua Firmeza pelo nosso amigo e
respeitável negociante desta praça, sr. Manoel Francisco Moreda.
Este acto, se bem que
reservasse o carácter de uma festa íntima, foi revestido de grande brilho.
A missa inaugural, em
acção de graças pelas melhoras do sr. Moreda, celebrou-se às 10 horas da manhã.
Durante a celebração
da missa, o sr. Del Negro, director da orquestra do Teatro do Príncipe Real,
executou primorosamente um solo de trompa; também executou algumas peças um
quinteto de professores da mesma orquestra. A exma. srª D. Maria Albergaria
cantou a “Ave-Maria” de Luiggi Luzzi.
Finda a cerimónia, o
sr. Moreda ofereceu aos seus amigos ali presentes um excelente copo de água.
Assistiram cinquenta e tantas pessoas.
Pelas filhas e
sobrinhas do sr Eduardo da Silva Machado, uma delas a srª D. Cândida Ramos, foi
oferecida uma riquíssima toalha, bordada a ouro por aquelas senhoras e
destinada ao altar da capela.
Também pela sobrinha e
afilhada do sr. Moreda, menina Maria Carolina Costa, foi oferecido um véu
bordado para o cálice, trabalho primoroso.
Os nossos parabéns ao
sr. Moreda pela sua tão simpática festa e felicitações aos moradores da rua da
Firmeza que, de ora avante, aos domingos e dias santificados, vão ter missa
naquele templo às 10 horas.”
In jornal “O Primeiro de Janeiro” de 3 de Janeiro de 1892 -
Domingo
O Colégio Podesta, foi frequentado por jovens que mais tarde
viriam a tomar-se figuras que se distinguiriam na sociedade daquele tempo,
nas artes e nas letras.
“O colégio Podesta
tomou o nome da sua fundadora, mademoiselle Podesta, vindo a ser dirigido,
posteriormente, por D. Margarida de Vasconcelos.
Acabou ainda no século
XIX, quando a "belle-époque" atingia o seu auge. Notabilizou-se pelo
alto nível do ensino que ministrou a gerações de "jeunes
demoiselles" ou "young ladies" - como constava da tabuleta
aposta na frontaria do prédio onde funcionava o colégio”.
Fonte: Germano Silva
Colégio de Miss Hennessey (Hennessy) ou
Colégio das Inglesinhas
Fundado c. 1850, por Miss Brown, na esquina das ruas do
Rosário e do Príncipe (Miguel Bombarda), em 1854, este colégio para meninas,
funcionava na Rua da Torrinha, nº 126.
Naquela primeira
morada, em 1866, se viria a instalar o Colégio do Padre Francisco (Colégio de
Nossa Senhora do Rosário).
Em 1857, estando ainda nesta morada, o programa escolar
compreendia o Inglês, Aritmética, Geografia, Instrução religiosa, Música,
Dança, Desenho (professor Thadeu Maria Almeida Furtado da Academia Portuense de
Belas-Artes), Bordados (Miss O´ Callaghan), Costura (Miss Meaghez).
O colégio, em 1861, passaria da Rua da Torrinha para a zona
da Picaria, para a Travessa da Fábrica do Tabaco, sob a direcção de Margarida
Hennessy.
Publicidade ao Colégio de Miss Henessy, na Travessa da
Fábrica (à Picaria), no "Jornal do Porto" de 30 de setembro de 1870
Seguiram-se instalações na Rua da Alegria, nº 135 e, a
partir de 1876, pelo nº 296, da mesma rua, acabando por rumar ao Largo do
Mirante, nº 2, onde esteve até 1911.
Anúncio a dar conta da mudança de instalações do Colégio das
Inglezinhas, no “Jornal do Porto”, em 1 de Outubro de 1876
Em 1894, Teresa
Hennessy como proprietária do Colégio do Sagrado Coração de Maria, solicitava à
Câmara do Porto uma licença para obras para a Praça do Coronel Pacheco, nº 2.
Neste local, teve residência a família Braga, num magnífico
prédio com jardim e com uma capela anexa, situada a poente da propriedade.
Em 1871, já estava para alugar, de acordo com anúncio
abaixo.
O Colégio de Miss Hennessey ou Colégio das Inglesinhas
acabou por ser doado à Congregação do Sagrado Coração de Maria, acabando como
“Colégio Inglês do Sagrado Coração de Maria”, no que viria a ser o embrião do
ainda hoje existente, Colégio do Rosário, fundado em 1926.
O Colégio Santa Maria e o Colégio Almeida Garrett
Pinho Leal afirma
que aqui, no Largo do Coronel Pacheco
(antigo Largo do Mirante), esteve instalado o Liceu Particular: “Ensinam se todas as disciplinas que constituem o curso dos
lyceus, para o que tem professores portuguezes e estrangeiros, competentemente
habilitados”.
Em 1894, estava no
Largo do Mirante, o Collegio de Santa Maria, que teve como modelo de
funcionamento o Colégio do Espírito Santo, em Braga, fundado pela Congregação
do Espírito Santo, que tinha chegado à cidade do Porto em 1886 e, na Formiga,
em Ermesinde, tinha, naquele mesmo ano, aberto o seu colégio.
Na planta acima o nº 1 indica o local de instalação do Colégio de Santa
Maria e, com o nº 2, o local que acabaria por ser o Departamento de Engenharia
de Minas da Faculdade de Engenharia, depois ter recebido por três décadas o
Liceu Carolina Micahëlis.
Anúncio ao Colégio
de Santa Maria – In Guia Illustrado do
Porto 1910; Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Em 1913 o Colégio de
Santa Maria passaria a ser o Colégio Almeida Garrett, que aí se manterá até
1975.
E, em 1938, é
apresentado um novo projecto para a construção de um pavilhão.
No mesmo ano de 1938
o Colégio requereu aumentar um piso no edifício voltado para a Rua do Mirante
segundo um projecto de Júlio José de Brito.
Projecto, em 1938, de
Júlio de Brito a que se refere o Requerimento do Colégio Almeida Garrett -
Fonte: AHMP
“O
Colégio Almeida Garrett tornou-se propriedade da Universidade do Porto que aí
instalou alguns serviços da FEUP e posteriormente a Academia Contemporânea do
Espetáculo (ACE) e o Teatro Universitário do Porto (TUP). Em 2017 foi vendido
em hasta pública para aí instalar uma unidade hoteleira. Esta venda causou
então alguma polémica e contestação”.
Fonte:
“doportoenaoso.blogspot.pt”
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