sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

(Continuação 30) - Actualização em 07/05/2018, 26/06/2019 e 13/01/2020




O Colégio Podestá, em 1851, estava na Rua dos Fogueteiros e, de 1853 a 1857, funcionou no palacete da Baronesa da Regaleira, também conhecido por Palácio de S. Bento da Vitória, na rua do mesmo nome.
Em 1858, já estava na Praça Coronel Pacheco, nº1, na Quinta do Mirante, no local onde, até à revolução de Abril de 1974, funcionou o Colégio Garrett.
Recebia alunas internas e externas e semi-pensionistas, e sobre ele dizia o anúncio inserido no “Periódico dos Pobres”:

“Collegio Francês Para Meninas (Madame Podesta), Rua dos Fogueteiros nº 44.
«Análogo em tudo aos estabelecimentos deste género em francez», ensina-se «em geral todas as disciplinas e prendas próprias d´uma educação elegante»”.

Do programa dos cursos ministrados no ano de 1857, constava o Francês, Inglês, Português e Italiano, Estilo epistolar, Música (Piano, Canto e Harpa, Professor J. Carli), Dança, Desenho (Professor Abdon Ribeiro de Figueiredo) e Obras de agulha: rendas, meias, bordar (a ouro, etc).
O Professor Abdon Ribeiro de Figueiredo era formado pela Academia Portuense de Belas-Artes (A. P. B. A.), litógrafo, retratista, e Mestre.

“- 30 de julho de 1859 – Recreio musical: sábado houve soirée musical no Colégio de M.me Podestá, até às 2h da manhã.”
In jornal “O Porto e a Carta”, 1 Ago.1859, p. 2


Um outro “Colégio Francez e Português” tinha a administração do filho de Madame Podestá, de seu nome Paulo Podestá, que era o dono da distinta Livraria Podestá.
O anúncio que se segue, destinava-se a desfazer alguns equívocos, entre a localização dos dois colégios.


O Colégio Francez de Madame Podestá, em 1859, estava na Praça do Coronel Pacheco, nº 1 – Fonte: “Jornal do Porto”, em 8 de Outubro de 1859



Como se vê no anúncio anterior, o Colégio Francez de Madame Podestá, estava na Praça Coronel Pacheco, nº 1, em 1859, onde viria a estar o Colégio Garrett, em grande parte do século XX.



Publicidade ao Colégio de Madame Podestá, na Rua do Almada – In jornal “O Comércio do Porto”, em 30 de Setembro de 1861




Publicidade ao Colégio Francez, na Rua do Almada, no "Jornal do Porto", em 2 de Outubro de 1870



Nos úl­timos anos do século XIX, o colégio funcionou num prédio da Rua da Firmeza que per­tencia, na altura, à muito conhecida famí­lia Moreda, cujo patriarca, possuía um arma­zém de vinhos e aguardentes num pe­queno largo da desaparecida Rua do La­ranjal, junto a uma fonte onde iam beber os cavalos da alquilaria do José Galiza, que ficava ali perto.
No términos da Rua Firmeza com a Rua de Santos Pousada, a família Moreda haveria de deixar o seu nome ligado ao topónimo actual do “Jardim da Moreda”,  naquele mesmo local.




Propriedade e casa do Moreda – Fonte: Planta de Telles Ferreira, de 1892



Legenda

1.Rua da Firmeza
2. Propriedade e casa do Moreda
3. Rua de S. Gerónimo (Rua Santos Pousada)
4. Travessa de Fernandes Tomás (Rua Comandante Rodolfo de Araújo)
5. Rua Duquesa de Bragança (Rua D. João IV)
6. Fonte da Firmeza (antes Fonte da Trindade, actualmente, na Praça das Flores)
7. Instalações da Fábrica da Chapelaria a Vapor de Costa Braga
Obs: De notar que a Rua Anselmo Braancamp, na confluência com a Rua Firmeza, ainda não foi rasgada.


Em 1 de Janeiro de 1892, seria benzida uma capela na propriedade de Manoel Francisco Moreda.


“Inaugurou-se ante-ontem a capela mandada erigir na Rua Firmeza pelo nosso amigo e respeitável negociante desta praça, sr. Manoel Francisco Moreda.
Este acto, se bem que reservasse o carácter de uma festa íntima, foi revestido de grande brilho.
A missa inaugural, em acção de graças pelas melhoras do sr. Moreda, celebrou-se às 10 horas da manhã.
Durante a celebração da missa, o sr. Del Negro, director da orquestra do Teatro do Príncipe Real, executou primorosamente um solo de trompa; também executou algumas peças um quinteto de professores da mesma orquestra. A exma. srª D. Maria Albergaria cantou a “Ave-Maria” de Luiggi Luzzi.
Finda a cerimónia, o sr. Moreda ofereceu aos seus amigos ali presentes um excelente copo de água. Assistiram cinquenta e tantas pessoas.
Pelas filhas e sobrinhas do sr Eduardo da Silva Machado, uma delas a srª D. Cândida Ramos, foi oferecida uma riquíssima toalha, bordada a ouro por aquelas senhoras e destinada ao altar da capela.
Também pela sobrinha e afilhada do sr. Moreda, menina Maria Carolina Costa, foi oferecido um véu bordado para o cálice, trabalho primoroso.
Os nossos parabéns ao sr. Moreda pela sua tão simpática festa e felicitações aos moradores da rua da Firmeza que, de ora avante, aos domingos e dias santificados, vão ter missa naquele templo às 10 horas.”
In jornal “O Primeiro de Janeiro” de 3 de Janeiro de 1892 - Domingo



O Colégio Podesta, foi frequentado por jovens que mais tarde vi­riam a tomar-se figuras que se distingui­riam na sociedade daquele tempo, nas artes e nas letras.

“O colégio Podesta tomou o nome da sua funda­dora, mademoiselle Podesta, vindo a ser dirigido, posteriormente, por D. Margari­da de Vasconcelos.
Acabou ainda no século XIX, quando a "belle-époque" atingia o seu auge. Notabilizou-se pelo alto nível do en­sino que ministrou a gerações de "jeunes demoiselles" ou "young ladies" - como constava da tabuleta aposta na frontaria do prédio onde funcionava o colégio”. 
Fonte: Germano Silva




Colégio de Miss Hennessey (Hennessy) ou Colégio das Inglesinhas


Fundado c. 1850, por Miss Brown, na esquina das ruas do Rosário e do Príncipe (Miguel Bombarda), em 1854, este colégio para meninas, funcionava na Rua da Torrinha, nº 126.
Naquela primeira morada, em 1866, se viria a instalar o Colégio do Padre Francisco (Colégio de Nossa Senhora do Rosário).
Em 1857, estando ainda nesta morada, o programa escolar compreendia o Inglês, Aritmética, Geografia, Instrução religiosa, Música, Dança, Desenho (professor Thadeu Maria Almeida Furtado da Academia Portuense de Belas-Artes), Bordados (Miss O´ Callaghan), Costura (Miss Meaghez).
O colégio, em 1861, passaria da Rua da Torrinha para a zona da Picaria, para a Travessa da Fábrica do Tabaco, sob a direcção de Margarida Hennessy.


 

Anúncio em “O Comércio do Porto” de 30 de Setembro de 1861


 

Publicidade ao Colégio de Miss Henessy, na Travessa da Fábrica (à Picaria), no "Jornal do Porto" de 30 de setembro de 1870

 
 
Seguiram-se instalações na Rua da Alegria, nº 135 e, a partir de 1876, pelo nº 296, da mesma rua, acabando por rumar ao Largo do Mirante, nº 2, onde esteve até 1911.

 
 

Anúncio a dar conta da mudança de instalações do Colégio das Inglezinhas, no “Jornal do Porto”, em 1 de Outubro de 1876

 
 

Publicidade, em 1877, à abertura das aulas no Colégio das Inglesinhas, na Rua da Alegria, nº 296 – Fonte: “Jornal “O Comércio do Porto” de 30 de Setembro

 
 
Em 1894, Teresa Hennessy como proprietária do Colégio do Sagrado Coração de Maria, solicitava à Câmara do Porto uma licença para obras para a Praça do Coronel Pacheco, nº 2.
Neste local, teve residência a família Braga, num magnífico prédio com jardim e com uma capela anexa, situada a poente da propriedade.
Em 1871, já estava para alugar, de acordo com anúncio abaixo.



“Jornal do Porto”, em 30 Julho 1871
 
 
 

Largo do Mirante em planta de Telles Ferreira de 1892
 
 
O Colégio de Miss Hennessey ou Colégio das Inglesinhas acabou por ser doado à Congregação do Sagrado Coração de Maria, acabando como “Colégio Inglês do Sagrado Coração de Maria”, no que viria a ser o embrião do ainda hoje existente, Colégio do Rosário, fundado em 1926.



O Colégio Santa Maria e o Colégio Almeida Garrett




Entrada do antigo Colégio Garrett – Ed. MAC


Pinho Leal afirma que aqui, no Largo do Coronel Pacheco (antigo Largo do Mirante), esteve instalado o Liceu Particular: “Ensinam se todas as disciplinas que constituem o curso dos lyceus, para o que tem professores portuguezes e estrangeiros, competentemente habilitados”. 
Em 1894, estava no Largo do Mirante, o Collegio de Santa Maria, que teve como modelo de funcionamento o Colégio do Espírito Santo, em Braga, fundado pela Congregação do Espírito Santo, que tinha chegado à cidade do Porto em 1886 e, na Formiga, em Ermesinde, tinha, naquele mesmo ano, aberto o seu colégio.



Planta de Telles Ferreira de 1892



Na planta acima o nº 1 indica o local de instalação do Colégio de Santa Maria e, com o nº 2, o local que acabaria por ser o Departamento de Engenharia de Minas da Faculdade de Engenharia, depois ter recebido por três décadas o Liceu Carolina Micahëlis.




O Collegio de Santa Maria em 1908 – Fonte: AHMP.



Anúncio ao Colégio de Santa Maria – In Guia Illustrado do Porto 1910; Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”


Em 1913 o Colégio de Santa Maria passaria a ser o Colégio Almeida Garrett, que aí se manterá até 1975.


Licença de Obra n.º 1562/1935 - Fonte: AHMP

E em 1938 é apresentado um novo projecto para a construção de um pavilhão.


Implantação do edifício 1938 - Fonte: AHMP


No mesmo ano de 1938 o Colégio requereu aumentar um piso no edifício voltado para a Rua do Mirante segundo um projecto de Júlio José de Brito.


Projecto em 1938 de Júlio de Brito a que se refere o Requerimento do Colégio Almeida Garrett - Fonte: AHMP


 “O Colégio Almeida Garrett tornou-se propriedade da Universidade do Porto que aí instalou alguns serviços da FEUP e posteriormente a Academia Contemporânea do Espetáculo (ACE) e o Teatro Universitário do Porto (TUP). Em 2017 foi vendido em hasta pública para aí instalar uma unidade hoteleira. Esta venda causou então alguma polémica e contestação”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”


Colégio Almeida Garrett


Aspecto de outra fachada do Colégio Almeida Garrett








“A Rua do Pinheiro é uma das poucas artérias da cidade cuja fisionomia pouco se alterou ao longo dos anos. Começa, digamos assim, junto à antiga "estrada que vem de Guimarães para a Porta do Olival" (a actual Rua dos Mártires da Liberdade) e desemboca num pequeno largo que é uma espécie de miradouro arcaico daqueles sítios. Pois foi por aquelas desafogadas bandas, entre quintas, chãos sem contenda, hortas, olivais, prazos vazios e arroios secos, nos chamados campos do Pinheiro ou da Pena de Arca, que, por 1725, um tal João António Monteiro de Azevedo mandou construir a sua casa e capela da invocação de Nossa Senhora da Conceição. Foi nessa casa, cabeça de uma enorme propriedade então denominada Quinta do Pinheiro, que, desde os finais do século XIX e praticamente até aos nossos dias, funcionou uma das mais prestigiadas instituições de ensino particular que houve no Porto.
A Escola Académica resultou da fusão de três outros estabelecimentos de ensino particular da época: o Instituto Minerva, o Instituto Escolar de S. Domingos e o Colégio de S. Lázaro. O fundador da Escola chamava-se Manuel Francisco da Silva. Ainda era estudante quando, em 1880, abriu, exactamente na antiga Rua da Sovela, uma sala de estudos. Dois anos depois, comprava o Instituto Minerva e nascia a Escola Académica, que teve a sua primeira sede na Rua dos Mártires da Liberdade, onde leccionaram os mais conceituados mestres da época: João Arroio, Oliveira Alvarenga, Ventura Terra, Simas Machado, entre outros e onde em 1884 começou a estudar Rocha Peixoto, com 17 anos tendo por condiscípulos António Nobre e Alexandre Braga que viria a ser articulista, revolucionário de 1891 e académico da Classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais e professor.
A transferência para a Quinta do Pinheiro surge ao findar do século XIX. É por essa altura, 1896, que ao fundador da Escola Académica se junta António Domingues dos Santos, até aí director do Colégio da Glória. Manuel Francisco da Silva morreu em 1911. Mas o espírito da Escola Académica que ele criara ficou e vingou. Por aquele estabelecimento de ensino, passaram algumas das mais influentes figuras da cultura portuense e nacional dos finais do século XIX, começos do seguinte: Justino de Montalvão, José Régio, António Nobre, Carlos Selvagem, Ricardo Severo, Joaquim Costa, Alexandre Braga (filho), Eduardo dos Santos Silva, Emídio de Oliveira, Cristiano de Carvalho, Mário Amador e Pinho, Rui Corte Real Meireles, José Aroso e muitos mais. Entre os antigos alunos da Académica, avultavam médicos, advogados, comerciantes, engenheiros. Muitos seguiram a vida política, a diplomacia e o professorado; outros notabilizaram-se nas letras e no jornalismo. A partir de certa altura, a Escola Académica passou a funcionar como uma secção do Colégio Almeida Garrett.
Não deixa de ser curiosa esta particularidade, como curiosa é, ainda, a circunstância de, num espaço relativamente reduzido em torno da actual Rua dos Mártires da Liberdade, terem florescido algumas das mais importantes referências culturais do Porto dos finais do século XIX, começos do seguinte: o Colégio Almeida Garrett, a Escola Académica, a Renascença Portuguesa e a Livraria Académica, fundada pelo senhor Guedes da Silva e hoje do livreiro Nuno Cadavez. De todas aquelas instituições, já só esta subsiste, mantendo-se, no entanto, para além do estabelecimento onde se compram e vendem livros novos e usados, como um espaço aberto de tertúlias culturais onde se trocam ideias e se fala de livros e ponto de encontro de bibliófilos. Pela livraria passaram várias gerações de alunos e de mestres dos dois já desaparecidos estabelecimentos de ensino.
Mais uma nota curiosa sobre a Escola Académica: foi numa das suas dependências que, em 1885, Rocha Peixoto, Ricardo Severo, Fonseca Cardoso, José Júlio Gonçalves Coelho, Alexandre Braga (filho), Hamilton de Araújo, Guilherme Braga (filho), Augusto Nobre e Eduardo Arthayett fundaram o Grémio Literário "Oliveira Martins", que viria a ser o embrião da futura Sociedade Carlos Ribeiro, responsável pela edição da revista "Portugália". Trata-se de uma das mais prestigiadas revistas de cultura que se publicaram nos finais do século XIX e onde colaboraram os mais consagrados investigadores da época. A "Portugália" tem hoje um extraordinário valor bibliográfico e cultural e já só nos livreiros antiquários é possível encontrar uma colecção completa.
Ao tempo em que a Escola Académica se instalou na Quinta do Pinheiro, aqueles sítios eram ainda considerados como sendo a periferia da cidade. A ampla propriedade, situada "junto aos Carvalhos do Monte, prez da cidade", sofreu profundas alterações quando, em 1761, João de Almada e Melo deu início ao seu arrojado plano de urbanização, que previa a abertura das ruas do Almada e da Conceição, entre outras. Por esse tempo, da parte de fora dos muros defensivos da cidade, já havia a Praça Nova das Hortas, as ruas do Bonjardim e a do Pinheiro, que, por essa altura, se chamava Rua da Misericórdia, por ter sido aberta em terrenos que pertenciam a esta instituição. A casa onde veio a ser instalada a Escola Académica fora mandada construir por João António Monteiro de Azevedo, que também mandou fazer a capela cujo traço é atribuído a Nicolau Nasoni. A capela, da invocação de Nossa Senhora da Conceição, tem na sua fachada uma curiosa inscrição em latim que quer dizer mais ou menos isto: "...este lugar do Pinheiro desaparecerá; a Senhora da Conceição, porém, há-de atear chamas alterosas e estas darão água..." A frase deve estar incorrectamente escrita. O que se pretende dizer é que "a vida passará mas a devoção à Senhora da Conceição será aqui perene..."
Com a devida vénia a Germano Silva


Aqui funcionou a Escola Académica – Ed. J. Portojo



A Escola Académica, onde leccionava o conhecido padre Marcelino da Conceição, acabaria por fechar na segunda metade do século passado, e passou a ser ocupada por um Atelier de Tempos Livres (ATL) e por um jardim-de-infância geridos por uma Associação de Moradores.
A denominada “Associação de Moradores da Ex-Escola Académica do Porto”, após a revolução de 25 de Abril, ocupou as instalações da antiga Escola Académica.
A partir de Janeiro de 1981, parte das instalações da antiga Escola Académica seria ocupada pelo TEP (Teatro Experimental do Porto), vindo da sua antiga sede, situada na Rua do Ateneu Comercial do Porto.
Em 1994, um incêndio destruiria a Sala-Estúdio do TEP e, ainda, uma escola primária situada por cima do auditório, obrigando aquela companhia teatral ao abandono do local.
Era, à data, Alfredo Magalhães Basto o presidente da Associação de Moradores da Escola Académica.
Aquela Instituição de Solidariedade Social sobreviveria à catástrofe, mas, após mais de trinta anos, teve que abandonar o local por dívidas à Segurança Social e às Finanças, em 2009, sendo a propriedade reclamada pelo Montepio Geral em Tribunal.






Colégio de Nossa Senhora da Guia, Liceu da Trindade, Colégio Daniel, Colégio São Carlos e outros




Em 1856, pela Rua das Congostas, existia o Colégio de R. Russel.



Anúncio ao Colégio de R. Russel, no jornal “O Commércio do Porto”, de 8 de Janeiro de 1856



O texto da revista "O Tripeiro", que se segue, dá-nos informação sobre alguns outros colégios onde cursaram alunos que, mais tarde, se tornaram personalidades importantes da cidade.






Texto da revista "O Tripeiro", cortesia de Rui Cunha


No texto acima é referido o colégio que seria conhecido como Colégio Daniel e que, por certo, seria o "Instituto Portuense" que tinha por um dos sócios um tal Daniel d'Almeida Navarro.


In "Jornal do Porto" de 3 de Outubro de 1859



No texto é ainda referido o Colégio de Nossa Senhora da Guia que, c. 1859, esteve instalado no palacete do visconde de Veiros, às Águas Férreas e que, segundo o autor do mesmo, teria passado pelo palacete dos Castro Pereira, na Rua de Santa Catarina, onde só poderá ter estado até 1866, pois, nesta data, o prédio é alugado ao Liceu Portuense.



In "Jornal do Porto" de 1 de Outubro de 1864




O Colégio de Nossa Senhora da Guia terá, então, passado para a Rua de Fernandes Tomás, nº 62, para um prédio onde esteve o Colégio Daniel e onde viria a instalar-se um outro colégio, que ficou famoso pela sua qualidade de ensino – o Colégio São Carlos.
Neste local, anos mais tarde, instalar-se-iam os Bombeiros Voluntários Portuenses.



In "Jornal do Porto" de 1 de Outubro de 1870


Num outro texto de “O Tripeiro” série V - ano X, sabe-se que, aquando da demolição da capela do convento das carmelitas em 1900, foi procurada uma sepultura antiga de uma freira (incorrupta), numa área próxima à capela, que antes tinha sido cemitério, sepultura que tinha sido descoberta, quando aí tinha funcionado o Colégio da Guia.
Pelas informações recolhidas, parece que após a ida c. 1866, para a Rua de Fernandes Tomás, o Colégio de Nossa Senhora da Guia teria passado para as antigas instalações do convento das carmelitas.
Em 1901, o Colégio de Nossa Senhora da Guia, destinado à educação de meninas, vai ocupar, na Rua de Santa Catarina, o palacete do Castelo (entre a Rua Firmeza e a Rua Gonçalo Cristovão, bem perto do local em que esteve a Fonte do Canavarro). 
As novas instalações são inauguradas no dia 1 de Outubro, daquele ano, sob a direcção de D. Sancha Lagoa.
O colégio, alguns anos depois, passará para a Rua do Moreira, nº 178.





Bilhete-Postal do Colégio Nossa Senhora da Guia



Colégio de Nossa Senhora da Guia, no Palacete do Castelo, na Rua de Santa Catarina, nº 703 – Anúncio publicado no jornal “A Voz Pública” de 15 de Setembro de 1909




Em 1939, O Colégio de Nossa Senhora da Guia mantinha-se na Rua do Moreira, nº 178.
Por sua vez, o Colégio São Carlos, para rapazes, ocuparia, após o abandono do Colégio de Nossa Senhora da Guia, as instalações na Rua de Fernandes Tomás.
Em 1889, o Colégio de S. Carlos já estava na Rua de Fernandes Tomás, vindo da Rua da Ferraria (actual Rua Comércio do Porto) onde esteve na década de 1860.
O Colégio S. Carlos foi fundado por Carlos Brandão Vasconcelos, em 1860.




Colégio de S. Carlos, na Rua da Ferraria, nº 197 – Fonte: “Jornal do Porto” em 30 de Setembro de 1870



Em 1874, informavam que o Colégio S. Carlos iria mudar para instalações na Rua de Fernandes Tomás, onde tinha estado o Colégio da Guia.
 
 

“Jornal do Porto” de 30 de Setembro de 1874



Anúncio do Colégio São Carlos, no “Jornal do Porto”, em 29 de Setembro de 1889



Em 1908, o Colégio São Carlos estaria, de acordo com cópia do documento abaixo, numa casa de que era proprietário José Soares Dias Simões, situada na esquina da Rua de Fernandes Tomás e, daquela que é, hoje, a Rua Comandante Rodolfo de Araújo, pois, é essa a conclusão a que se chega pela leitura daquele documento.



Termo de responsabilidade do mestre-de-obras a executar numa das casas ocupadas pelo Colégio São Carlos em 1908



No documento anterior, o Colégio de São Carlos ocuparia um prédio com entrada pela Rua de Fernandes Tomás, de que faria parte ainda uma outra casa, anexa, a intervencionar, que ficaria à face de um caminho que ia daquela rua, até à Rua de S. Jerónimo (Rua de Santos Pousada).
Ora, como a moradia de Joaquim Soares da Silva Moreira que também estava no gaveto da Rua de Fernandes Tomás e da Rua do Comandante Rodolfo de Araújo e ainda da Rua da Duquesa de Bragança (Rua D. João IV), começou a ser construída em 1904, o Colégio de São Carlos ocuparia uma área de um terreno anexo, àquele onde viria a instalar-se, a partir de 1933, o quartel dos Bombeiros Voluntários Portuenses, mais propriamente, nas suas traseiras.



Fachada do Colégio de S. Carlos paralela à Rua de Fernandes Tomás


Em 1885, o corpo docente do Colégio São Carlos, sito na Rua de Fernandes Tomás, era assim constituído:
Borges de Avelar e Jacob Bensabat (Professores da Cadeira de Inglês), Alfredo Maia e Hamilton de Araújo (poesia), Francisco de Faro e Oliveira (professor da cadeira de literatura), T. de Faria e Silva Dias (Professores da Cadeira de Desenho), António Vitorino da Mota (Professor da Cadeira de Introdução), Raposo Botelho (Professor da Cadeira de Geometria), Augusto Luso (Professor da Cadeira de Geografia), entre outros.
Como alunos, nesse ano, contavam-se:
A. Rodrigues Monteiro, Joaquim Baptista Alves de Lemos, Sá de Albergaria, Raul Brandão, Fer­nando Moutinho, José Saraiva, Alexandre Gomes, Eugénio Teixeira, F. A. de Carvalho Lamas, entre outros.
O ano de 1885, foi aquele em que o colégio de São Carlos, com a colaboração de alunos e professores, editou o jornal, de número único, “O Andaluz”, que pretendeu angariar donativos para ocorrer às vítimas do terramoto acontecido na Andaluzia em Dezembro de 1884.
Após o falecimento do seu fundador, O Colégio S. Carlos foi dirigido por um tal mestre Aragão.
A ele se refere o escritor e antigo aluno Raul Brandão, na sua obra “Memórias”, vol II, pág. 228.


 


Raúl Brandão
 
 
 
 
Durante a segunda metade do século XIX, muitos outros estabelecimentos de ensino proliferaram pela cidade.
O Liceu da Trindade situava-se junto da igreja da Trindade e viu a luz do dia em 1857. Sucedeu à inauguração, pela Ordem da Trindade, em 1851, duma escola primária.
Uma aula de música seria criada no Liceu da Trindade no seu ano de fundação por Jacopo Carli, ficando como professor de canto e de piano das alunas do liceu.
Em 1859, tornou-se Escola de Canto e Piano do Liceu da Trindade e foi aberta iniciação musical a ambos os sexos.
A 8 de Dezembro de 1859, o liceu seria notícia, aquando da inauguração nas suas instalações do retrato de D. Isabel Maria, priora perpéctua e protectora do Liceu. 


 


In “Jornal do Porto”, 21 de Novembro de 1871, p. 2

 
 

Homenagem ao fundador do Liceu da Trindade - In “Jornal do Porto”, 21 de Novembro de 1871, p. 2
 
 
Em Abril de 1910, a poucos meses da implantação da República, o Liceu da Trindade envolve-se nas comemorações do centenário do nascimento de Alexandre Herculano.
O ponto alto ocorreu no Domingo, 24 de Abril de 1910, um grandioso cortejo em honra de Herculano com cerca de 20 mil pessoas, quase 200 bandeiras e estandartes e muitas bandas de música, além das autoridades, desfilam do Palácio à Biblioteca Municipal, onde foi inaugurado um busto em bronze, e foram proferidos alguns discursos.
Durante as comemorações houve sessões no Liceu da Trindade, na Sociedade de Instrução e Recreio Verdi, à Boavista, nas escolas feminina e masculina de Aldoar, onde foram descerrados retratos. À noite, como na véspera, festejos populares na Praça D. Pedro, com iluminações e concertos pelas bandas regimentais. 




Publicidade ao Colégio de Santa Maria, no “Jornal do Porto”, em 01 de Outubro de 1859



Publicidade ao Colégio de Nossa Senhora dos Remédios, no “Jornal do Porto” de 2 de Outubro de 1870



Publicidade ao Colégio do Senhor do Bomfim, no “Jornal do Porto” de 30 de setembro de 1871



Publicidade ao Colégio Porto, no “Jornal do Porto”, em 01 de Outubro de 1876



À Praça dos Poveiros, o Colégio Porto (dentro da elipse a preto), na Rua de Santo André, nº 18, em planta da época




Publicidade ao Colégio de Santa Catarina, no jornal “A Voz Pública”, em 30 de Setembro de 1897



Publicidade ao Externato Anselmo Gomes, no jornal “A Voz Pública”, em 30 de Setembro de 1897

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