quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

(Continuação 28)




Junto da Igreja da Lapa, a nascente, funcionou uma escola de primeiras letras que, além de precursora da instrução pública, transformar-se-ia no Colégio da Lapa ou Liceu de Nossa Senhora da Lapa, de que viria a ser director o pai de Ramalho Ortigão e, onde, José Ramalho Ortigão (24 de Outubro de 1836 - 27 de Setembro de 1915) leccionou a disciplina de Francês.
A consequente Provisão Régia só chegaria 38 anos depois de solicitada, sendo recebida a 22 de Junho de 1792.
O colégio da Lapa funcionaria aproveitando as antigas instalações da primitiva capela, entretanto desactivada do culto e do prédio que tinha sido construído junto, precisamente, para as funções de seminário.
Passados dois anos sobre a recepção daquela autorização Régia, começaram as aulas. Em 1806, era reitor o padre Domingos José Pereira Carvalho.
Em 1841, passa a desempenhar as funções de reitor Joaquim da Costa Ramalho Ortigão, funções que desempenhou durante 19 anos e que transmitiu a seu filho, o escritor José Ramalho Ortigão.




Publicidade ao Colégio de Nossa Senhora da Lapa, no “Jornal do Porto”, de 01 de Outubro de 1859



Ramalho Ortigão é um escritor que ficaria conhecido, também, por ter ficado ligeiramente ferido num duelo em 1866, ocorrido no Largo da Arca d’Água, quando enfrentou Antero de Quental, numa defesa da honra do velho Feliciano de Castilho, insultado por Antero.
Este colégio foi frequentado por alunos que se vieram a distinguir nas letras e ciências, tais como Eça de Queiroz (que nele entrou aos dez anos), e Ricardo Jorge.
Nesta escola Eça de Queiroz travaria amizade com dois irmãos que viriam a ser seus cunhados, e que viviam perto, na chamada Quinta de Santo Ovídio.
Ao longo dos anos, a situação económica e financeira foi tendo altos e baixos até que, em 1910, deu-se um aumento muito significativo do número de alunos, justificando uma ampliação das instalações.
Em 1913, era transferida, para memória futura, a fachada da primitiva capela e demolido o antigo seminário anexo, culminando a intervenção com o levantamento de novas instalações, no mesmo local. 




Colégio e capela (depois de intervencionada) encostados à Igreja da Lapa

A tabuleta que se vê na frontaria do que foi a antiga capela, na foto acima, tem o texto abaixo explicitado.


Tabuleta em madeira de identificação do colégio

A parte da escola onde está a tabuleta era a destinada aos “Meninos” tendo sido, anteriormente, a primeira Capela de Nossa Senhora da Lapa e das Confissões, desactivada quando foi construída a nova Igreja.
Como se vê também na foto, à esquerda, eram as instalações para as “Meninas”.

Local actual onde esteve implantado o colégio da Lapa


No edifício actualmente adossado à igreja funcionaram, em tempos, no 1º andar, as escolas da Lapa.






Os antecedentes mais remotos das faculdades, que viriam a constituir a Universidade do Porto, encontram-se no estabelecimento da Aula de Náutica, através do diploma de 30 de Julho de 1762.
Tal diploma, foi promulgado na sequência do pedido que 35 dos principais comerciantes citadinos haviam dirigido à Coroa, numa representação datada de 18 de Outubro de 1761, para que fosse determinada a construção de duas fragatas de guerra, destinadas a comboiarem os navios mercantes que saíam pela barra do Porto.
Aquela Aula de Náutica era dirigida pela Junta Administrativa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e ministrava uma instrução meramente prática, completada com ensinamentos a bordo das embarcações mercantis que faziam carreira para os domínios ultramarinos.
A Aula de Naútica, que marcou o início do ensino público na cidade do Porto e funcionou nas instalações do Colégio dos Meninos Órfãos, teve como primeiro professor António Rodrigues dos Santos, nomeado em 12 de Maio de 1764, com “obrigação de ser mestre da aula da cidade do Porto, na qual lerá todos os dias que não forem de guarda, e explicará a náutica aos oficiais da marinha e mais pessoas que se quiserem aplicar àquela ciência”.

“Pilotos formados na Aula Náutica integraram as tripulações dos navios mercantes que saíam do Porto e rumavam ao Brasil e ao Mar Báltico, tendo estimulado a partir de 1787 o estabelecimento de relações de amizade e de comércio entre Portugal e a Rússia. Era nesta altura lente de Náutica José Monteiro Salazar, que além de piloto foi autor de cartas náuticas”.
José Monteiro Salazar (1715-1789), foi um importante cartógrafo setecentista, autor de pelo menos quatro cartas náuticas, pertencentes, três delas, à Sociedade Portuguesa de Geografia, e outra à Biblioteca Pública Municipal do Porto.
Fonte – Site: “repositorio-aberto.up.pt”

Reitoria da Universidade do Porto


No lugar onde hoje está a Reitoria da Universidade do Porto (U.P.), esteve em tempos, a Aula Náutica em edifício que dividia com O Colégio dos Meninos Órfãos, do Padre Baltasar Guedes.

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