terça-feira, 7 de abril de 2020

(Conclusão) - Actualização em 14/04/2021


Dirigindo novamente a atenção para a Rua de Álvares Cabral, verificamos que, no seu lado norte, predominam as habitações unifamiliares de três pisos, cuja edificação é, em grande parte, uniformizada.
Alguns prédios de múltiplos andares, construídos mais recentemente, dão-nos, no entanto, conta de uma deriva arquitectónica que choca com a dos primórdios, do início do século XX.
Em 1902, é mandada construir por determinação do proprietário de um terreno, de seu nome, Alberto Nunes de Matos, uma casa na Rua Álvares Cabral, 263, sob a licença nº 157/1902 e, junto dela, sob licença camarária nº 199/1902, uma outra, no nº de polícia, 259, propriedade de Ernesto António Lopes, ambas com projecto de Rigaud Nogueira.




Rua Álvares Cabral, 259 e 263



Em Junho de 1902, o proprietário Dionísio Pereira dos Santos solicitava à Câmara Municipal do Porto licença para a construção de 5 prédios no lado norte da rua.



Desenho apenso a projecto de 1902, para construção de 5 prédios, sitos na Rua de Álvares Cabral, entre os nºs de polícia, 353 a 381 – Fonte: AHMP




No lado sul da Rua de Álvares Cabral, começaram a nascer, alternando com as casas unifamiliares, outras tipologias de construção, que já contemplavam a vivenda multifamiliar e até o palacete.
É, por aqui, também, que a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (SRN/OA) decidiu, há poucos anos, instalar a sua sede, na Rua de Álvares Cabral, 144, após a recuperação de duas vivendas geminadas, centenárias, depois de ter passado pela Rua da Restauração, em chão que em tempos tinha sido do Museu da Restauração (ou Museu do Allen) e, mais tarde, a partir de 1 de Julho de 1993 (Dia Mundial da Arquitectura), pela Rua D. Hugo.



Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, na Rua de Álvares Cabral, 136-150



Em 1917, as duas casas geminadas estavam ocupadas pelo seu proprietário de nome, António da Silva Castro que solicitava em Abril, autorização à Câmara Municipal do Porto, para construção de uma água furtada, cozinhas e de uma garagem.
Com projecto de 1902, João Cardoso Júnior haveria de construir uma casa, onde durante vários anos esteve sedeada a Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM), na Rua de Álvares Cabral, 76.



Desenho de fachada apenso a projecto de Maio de 1902, para construção de um prédio, sito na Rua de Álvares Cabral, 76 – Fonte: AHMP



Rua de Álvares Cabral, 76 – Fonte: Google maps



Em 1930, António Maria Lopes decide erguer, na Rua de Álvares Cabral, 302-316, um prédio com projecto do arquitecto Aucíndio Ferreira dos Santos.



Desenho de fachada de prédio, apenso a projecto de Fevereiro de 1930, sito na Rua de Álvares Cabral, 76 – Fonte: AHMP



Rua de Álvares Cabral, 302-316



Projectado por Joel Pereira, em 1899 e assinado por João de Matos, deparamos-nos com o Palacete de António Glama, na Rua de Álvares Cabral, 384.



Palacete de António Eduardo Glama (1859-1922) – Fonte: Google maps


Joel da Silva Pereira (1861-1899) cursou Arquitectura Civil na Academia Portuense de Belas Artes, entre 1873 e 1881. Prosseguiu os estudos como pensionista, com “subscrição particular”, em Paris.
Para além do Palacete de António Eduardo Glama, Joel da Silva Pereira projectou, em 1893, a Fábrica Confiança na Rua de Santa Catarina.
É-lhe atribuída, também, a autoria do projecto (1896) do edifício neoclássico de Boaventura Rodrigues de Sousa, sito na Avenida da Boavista, n.º 1354, onde estiveram instalados o Colégio de Nossa Senhora do Rosário e o Colégio dos Maristas e que, em 2013, seria classificado como monumento de interesse público.
Em 1897, projectou o edifício do Hospital Maria Pia, na Rua da Boavista, submetido a licenciamento pela Comissão Administrativa do Real Hospital de Crianças Maria Pia, com sede na Rua da Carvalhosa, nº 80.
É autor dos projectos da sede do Banco Pinto Fonseca & Irmão (1895), para a Praça de D. Pedro (actual Praça da Liberdade), da casa do banqueiro Manuel Pinto da Fonseca,na Avenida da Boavista e, ainda, dos Grandes Armazéns Hermínios, edificados no lugar do Teatro Baquet (que ardera em 1888), entre as ruas 31 de Janeiro e de Sá da Bandeira, no Porto.


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