Em 1882, a Edison
Gower Bell Telephone Company of Europe Limited estabelece-se em Lisboa e
Porto, para explorar as respectivas concessões de serviço telefónico.
No Porto, a empresa monta os seus escritórios no Grande Hotel do Porto, na Rua de Santa Catarina.
Em 1 de Julho de 1882, um Sábado, é inaugurada a rede
telefónica do Porto, com 30 assinantes.
Foi a Farmácia Cabral a contar com a primeira linha, mas rapidamente
seriam atingidos os 85 clientes.
Entre os primeiros subscritores, constavam bancos, empresas
de vinho do Porto e de navegação, bem como cambistas.
Sobre aquele dia 1 de Julho, dizia no dia seguinte nas suas
páginas o jornal “O Comércio do Porto”:
Instalações da primeira Estação Telefónica, no Porto, à
data, na Rua Ferreira Borges, nº 14 (1º prédio, à direita)
Placa afixada no prédio referido na foto anterior, que
assinala o centenário da instalação do primeiro serviço telefónico na cidade (o
mês constante da placa não estará correcto)
Estação Telefónica do Porto, na Rua Ferreira Borges, nº 14 –
Cortesia de ”telecom.pt/”
No final daquele mês de Julho, o Porto já apresentava uma
lista impressa de assinantes de serviço telefónico e os subscritores do serviço
continuavam a inscrever-se, oferecendo a companhia os primeiros 4 meses,
gratuitos.
Diga-se, apenas como
curiosidade que, em 1884, o jornal “O Primeiro de Janeiro” tinha o número
telefónico, 46.
Adenda à Lista Telefónica Nº 5, de 1 de Setembro de 1885, em
anúncio do jornal “O Comércio do Porto”, de 30 de Outubro de 1886
Em 1887, a concessão
da Edison Gower Bell Telephone Company of Europe Limited é transferida por
50.000 libras, para a APT - The Anglo Portuguese Telephone Company, a
popular para sempre, Companhia dos
Telefones, que viria a detê-la até 1968, ano em que é criada a Empresa
Pública Telefones de Lisboa e Porto (TLP).
Logotipo dos TLP
Os Correios,
Telégrafos e Telefones (CTT) exploravam, à data, o serviço telefónico no resto
do país.
O alquilador “José
Galliza”, em 22 de Novembro de 1889, já anunciava no jornal “O Comércio do
Porto”, a sua adesão aos tempos modernos, com a linha telefónica, nº 317
No Porto, durante o primeiro semestre de 1891, foram
abertas ao público as estações telefónicas suburbanas de Leça e
Matosinhos.
Neste ano, em Janeiro, era publicado como anúncio, uma adenda
à Lista Telefónica em vigor e distribuída em 1 de Janeiro de 1890.
A adenda corresponderia, sensivelmente, aos subscritores
entrados durante o ano de 1890.
Adenda à Lista Telefónica em vigor, desde 1 de Janeiro de
1890, publicada no jornal “O Comércio do Porto”, em 17 de Janeiro de 1891
Publicidade à Companhia Anglo-Portugueza – In jornal
“Comércio do Porto”, de 7 Março 1894
Em 23 de Fevereiro de 1904, ocorre a inauguração oficial e
experimental da linha telefónica Porto-Lisboa, estando presentes na cerimónia
que foi levada a cabo, o Conde de Paçô-Vieira (ministro das Obras Públicas,
Comércio e Indústria, do governo presidido por Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro)
e o jornalista/deputado Carlos Malheiro Dias, entre muitas outras personalidades.
De facto, a primeira chamada comercial entre as duas cidades
ocorreria, às 8 horas da manhã, do dia 11 de Abril, daquele ano.
As ligações eram estabelecidas por intermédio de uma
telefonista, quer fossem para dentro ou para fora da cidade.
O título de conde de Paçô-Vieira tinha sido atribuído por D.
Carlos a Alfredo Vieira Coelho Peixoto Pinto de Villas-Boas (Braga, 6 de
Setembro de 1860 – Nevogilde, 26 de Fevereiro de 1926).
O conde de Paçô-Vieira era irmão do visconde de Guilhomil, José
Geraldo Coelho Vieira do Vale Peixoto de Sousa e Villas-Boas e, por este,
nomeado conselheiro de sua mulher, na condução do cumprimento do estipulado no
seu testamento.
«Ora, se a ligação
entre as duas cidades se fez nesse longínquo 23 de Fevereiro de 1904, o certo é
que oficialmente os serviços começaram faz hoje cem anos, 11 de Abril. Entre a
experiência e o acesso público demorou algum tempo. Era objectivo dos
responsáveis do Estado inaugurarem o serviço telefónico no dia de Páscoa, a 3
de Abril. Mas as ligações telefónicas oficiais só se dariam uma semana depois
(e, cem anos depois, coincidia com o dia da Páscoa!). O Jornal do Comércio, de 7 de Abril, anotava a partida do conselheiro
Paulo Benjamim Cabral, inspector-geral dos telégrafos, para o Porto, “a fim de
assistir à inauguração da linha telefónica”
Na sua edição de 8 de
Abril, uma sexta-feira, lia-se no Diário
de Notícias: “Amanhã e domingo poderá a referida linha ser utilizada
gratuitamente para subscritores das redes telefónicas das duas cidades”. E dois
dias depois, o mesmo jornal destacava a grande quantidade de “chamadas pedindo
a ligação, tanto duma como doutra cidade”.
O jornal O Século, de 12 de Abril, indicava que
o serviço público se iniciara às oito da manhã do dia anterior, uma
segunda-feira, “transmitindo-se pouco depois o primeiro despacho”»
Cortesia de “industrias-culturais.blogspot.com”
Jornal “A Voz Pública”, de 24 de Fevereiro de 1904
Em 23 de Dezembro de 1919, a Companhia Anglo-Portugueza
solicita as respectivas licenças para a construção de um prédio, na Rua da
Picaria, cujo projecto é do arquitecto
Leandro de Morais.
Este arquitecto, entre muitas obras, tem o seu nome ligado à
fábrica da Fibra Comercial Lusitana (desaparecida), instalada a partir dos fins
da década de 1930, na Avenida da Boavista, junto do trajecto da ribeira de
Lordelo e trabalhando para Manuel Pinto de Azevedo, o prédio de gaveto da
Avenida Camilo com a Rua do Bonfim, próximo ao Campo 24 de Agosto.
É ainda responsável pelos edifícios da Avenida dos Aliados,
situados a nascente, entre as ruas Sampaio Bruno e Dr. Magalhães Lemos,
conhecidos por “Banco Borges e Irmão”, “Lima Júnior e Cia, Lda” e “Companhia de
Alcobaça”, este último que acabou nas mãos do “Montepio Geral”.
Requerimento da Companhia dos Telefones dirigido à Câmara do
Porto para a obtenção das licenças para a construção de um prédio na Rua da
Picaria – Fonte: AHMP
Desenho da fachada (voltada para a Rua da Picaria) do prédio
constante do projecto submetido à aprovação da Câmara do Porto, através do
requerimento acima – Fonte: AHMP
Construção do edifício, na Rua da Picaria, da “Companhia
Anglo-Portugueza”
Em 25 de Maio de 1921, é solicitada autorização para
proceder a uma alteração ao projecto inicial, entretanto, aprovado.
Nova fachada pretendida para o prédio da companhia dos
Telefones para a Rua da Picaria – Fonte: AHMP
Em 27 de Outubro de 1934, é inaugurado o serviço automático
da Estação Norte, na Rua da Picaria.
Em Janeiro de 1938, o prédio da Rua da Picaria é alvo de uma
ampliação importante, nas suas traseiras.
A área sombreada da planta submetida à Câmara do Porto em
1938, corresponde à ampliação do edifício da Rua da Picaria – Fonte: AHMP
Nos anos da década de 1940, foi rasgada a Rua de Ceuta, que
faria a ligação da Praça D. Filipa de Lencastre à Rua José Falcão.
É curioso observar, na perspectiva abaixo, o modo como
adossou o edifício contíguo, da Rua de Ceuta, ao da Companhia dos Telefones.
Vista aérea do prédio da Companhia dos Telefones, na Rua da
Picaria – Fonte: Google maps
“Telefones de Lisboa e Porto”, em primeiro plano, na Rua da
Picaria, actualmente – Fonte: Google maps
Vista sobre a Rua de Ceuta. À direita o prédio dos TLP –
Desenho (c. 1960)
O desenho acima é da autoria de Manuel de Gouveia Coutinho
de Tovar e Melo (1907-1976).
Publicidade da Companhia dos Telefones, em 1928
“Aptafone” de mesa, de ligação manual, em 1930
Publicidade ao telefone automático de coluna e disco de
marcação, em 1930
No quadro anterior é feita a comparação de dados sobre a
rede telefónica instalada, entre os anos de 1928 e 1933.
Publicidade ao “Aptofone”, em 1934, com disco de marcação
Campanha de incentivo à troca de um telefone automático de
coluna e disco de marcação, por um automático de mesa de marcação por disco
Preçário da Companhia dos Telefones – Porto, em Setembro de
1934 – Fonte: AHMP
Praça da Liberdade,
em 1938 – Ed. Foto Beleza
Na foto acima, em 1º
plano, observa-se uma cabine telefónica. O carro eléctrico é um Bogie
Americano (10 Janelas) e 40 lugares. Esta série de veículos foi construída pela CCFP, tendo por modelo, um outro,
comprado à firma J. G. Brill e entregue em 1905.
A cabine telefónica
da foto anterior, em 1968
Cabine telefónica na
Praça da Liberdade, em 1970
Em 1979, observam-se,
ao longe, à direita, duas cabines telefónicas (mesmo local da foto anterior). O
carro eléctrico percorria a Linha 3 (Praça – Pereiró, via Palácio, encerrada em
30/04/1984)
Central de cabines dos TLP, na Praça da Liberdade, 62
O carro eléctrico
da foto acima é um Brill 28 com plataforma salão.
"Casa Navarro", c. 1942, na Rua de Sá da Bandeira
À esquerda da foto acima, a “Casa Navarro” localizada na Rua de Sá Bandeira, muito próximo da esquina com a Rua Passos Manuel e que, hoje, está na Rua Fernandes Tomás, depois de ter passado pela Praça da Liberdade, desde a década de 1940.
Cabine telefónica, na Rua Fernandes Tomás – Cortesia de
“portosombrio.blogspot.com”
As muitas cabines telefónicas ao estilo inglês, que ainda
existem espalhadas pela cidade, são o que resta da memorabilia da “Anglo
Portuguese Telephone Company”.
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