A origem da Coats tem as suas raízes a partir do momento em
que as famílias Clark e Coats criaram as suas indústrias de fiação e tecelagem
em Paisley, na Escócia, em finais do século XVIII.
Fazendo uma caminhada separadamente ao longo do século XIX,
as empresas Coats e Clark acabam por, em 1896, se fundirem formando a J&P
Coats Ltd.
Em 30 de Janeiro de 1905, a J&P Coats decide instalar-se
em V. N. de Gaia com uma fábrica e nasce, assim, a Companhia de Linhas Coats
& Clark, Lda, como subsidiária da casa-mãe, passando a ser uma referência
no sector, durante mais de um século.
Caixa de costura (século XIX) com dez carrinhos de linhas de
costura, de várias cores, da empresa J&P Coats
Cartão comercial da J &P Coats
A Companhia de Linha Coats & Clark esteve, desde a sua
criação, instalada na Quinta de Cravel, na freguesia de Mafamude, em Vila Nova
de Gaia.
Foi no ano de 1907, que ficaram concluídas as obras da
fábrica, iniciando-se o processo de instalação da maquinaria.
Curiosamente, neste
mesmo ano, o empresário Delfim Pereira da Costa iria inaugurar uma fábrica de
carrinhos de linha de algodão para coser e bordar, na Senhora da hora – A
“Efanor”.
Entretanto, em 1908, dá-se a abertura da fábrica da Coats
& Clark, mais concretamente, a 17 de Fevereiro, com o início da produção e
com 280 trabalhadores. É nesta data que se começa a escrever a história da
actividade produtiva da J & P Coats em Portugal.
A multinacional inglesa chegou a empregar na sua unidade em
V. N. de Gaia, cerca de dois mil trabalhadores, dedicando-se à produção de
linhas de costura industrial e fabricando as conhecidas linhas de crochet
"Âncora" e "Corrente".
Mais do que uma mera propriedade industrial, a antiga
fábrica da Coats & Clark é um marco histórico em V. N. de Gaia.
De facto, a empresa manteve o seu funcionamento neste local
durante mais de 100 anos.
Vista aérea das instalações da Coats & Clark em V. N. de
Gaia
Vista aérea das instalações da Coats & Clark, vendo-se,
à esquerda, um pequeno troço da E.N. 222
No Porto, a Coats & Clark chegou, durante grande parte
do século XX, a ter um depósito na Rua Duque de Loulé, em edifício icónico com
projecto de 1898, nas antigas instalações da Padaria Bijou.
À esquerda, o edifício onde funcionou um depósito da Coats
& Clark – Fonte: Google maps
Em 2009, a Coats & Clark vai ser atingida pelo processo
que se traduz na deslocalização da produção.
«A Coats & Clark
vai despedir 127 funcionários dos cerca de 200 que trabalham na fábrica de
Gaia. A empresa, que produz linhas de costura, alega "forte quebra da
procura", mas o sindicato diz que está a deslocalizar a produção.
Os 127 trabalhadores
afectados pelo despedimento colectivo receberam a comunicação na semana
passada. Ontem, realizou-se um plenário, no qual foi eleita uma comissão de
acompanhamento do despedimento colectivo para representar os trabalhadores não
sindicalizados.
As negociações com a
empresa deverão começar a 5 de Maio, mas "ninguém acredita que seja
possível reverter a situação”»
Fonte: Inês
Schreck, In Jn de 29 Abr 2009
A propriedade onde esteve instalada a Coats & Clark era,
à data do seu encerramento, constituída por um terreno de 62.223m² com vários edifícios
totalizando 24.236m² de construção e acomodava toda a produção de linhas para
costura.
Situada no centro da cidade, a propriedade foi estruturada
para vir a ser a futura localização de um projecto emblemático com
características arquitectónicas e de uso únicas, com um conceito idêntico, de
certo modo, ao utilizado nas instalações da antiga Fábrica Lionesa, em Leça do
Balio, no actual Centro Empresarial Lionesa.
“Esperamos durante o
próximo ano ter uma ocupação considerável de 50%” dos 33 mil metros quadrados
construídos no espaço que se mantém mesmo junto à Estrada Nacional 222, afirmou
Mário Almeida, gestor da empresa
Fercopor que, no final de 2013, comprou o imóvel por quatro milhões de
euros. A ideia passa pela criação de um parque à imagem dos modelos Lionesa (na
Maia) ou Lx Factory (em Lisboa), levando para a freguesia do centro urbano do
concelho uma nova dinâmica e reativando a atividade económica do espaço.
Segundo explicou o responsável, nos 12 pavilhões disponíveis há espaços “chave
na mão”, prontos a receber empresas de comércio e serviços, mas a maioria
precisará de obras, que terão de ser feitas pelos novos inquilinos”.
Fonte: “viva-porto.pt/” (22 Julho, 2015)
Entrada para a “Fercopor”, junto da E.N. 222
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