terça-feira, 5 de julho de 2022

(Conclusão)

 
Quartéis da Guarda Real da Polícia do Porto e Quartéis da Guarda Municipal
 
 
Guarda Real da Polícia do Porto
 
Em 1808, o Porto vê surgir uma polícia, a Guarda Real da Polícia do Porto também conhecida por Corpo da Guarda da Polícia do Porto, respondendo a uma necessidade sentida pelos portuenses visando a sua segurança.
Em 1814, o general Beresford organizou os chamados Corpos de Guarda Real de Polícia.
 
 

Anúncio, In “Borboleta Constitucional”, em 15 Julho de 1822
 
 
 
Até à guerra civil, que teve por palco principal a cidade do Porto, atendendo à vontade dos vencedores, é óbvia a extinção da Guarda Real da Polícia do Porto, por ter apoiado os derrotados.
A Guarda Real da Polícia do Porto estivera aquartelada em instalações onde tinham estado os efectivos dos Terços, na Cordoaria, a poente. Hoje, está por lá o Palácio da Justiça, mas, antes, tinha estado o Mercado do Peixe, se bem que num outro edifício construído de raiz.
 
 
 

O Quartel da Guarda Real da Polícia do Porto esteve por aqui, até ao dia 19 de Março de 1832, num edifício que foi destruído por um incêndio - Fonte: Google maps
 
 
 
Por lá se tinha alojado a cavalaria da Guarda Real da Polícia do Porto e uma companhia de infantaria.
Ainda antes do desembarque de D. Pedro IV na praia de Pampelido, no limite das freguesias de Lavra e Perafita, a 8 de Julho de 1832, a Guarda Real da Polícia do Porto já se tinha mudado para a zona da Sé, para o Largo do Corpo da Guarda, depois de ter utilizado também, instalações na Casa Pia.
As instalações da Guarda Real da Polícia do Porto, naquele largo, concentravam-se num edifício que na Idade Média, era uma torre pertencente ao Bispo, servindo de cadeia e foi adaptado, mais tarde, a palácio por um oficial régio, e que pela linha de sucessão dos Condes de Miranda do Corvo, passa para os Marqueses de Arronches, recebendo, em 1718, o título de Duques de Lafões. Este solar também terá sido residência de João de Almada e Melo, acumulando na época as funções do Palácio do Governo.
Em 1760, ocorria nas cocheiras do solar o primeiro espectáculo de teatro lírico do País.
 
 

Palácio do Corpo da Guarda, antigo solar dos Duques de Lafões, no Largo do Corpo da Guarda
 
 
 

Quartel do Largo do Corpo da Guarda, na planta de Telles Ferreira, em 1892
 
 
 
“A principal artéria existente nestes quarteirões - ligando a Praça de Almeida Garrett ao Largo da Cividade - apresentava o curioso nome de Rua do Corpo da Guarda, embora anteriormente a sua denominação fosse Calçada da Relação e, posteriormente, Calçada da Relação Velha, como salienta Cunha e Freitas na sua obra sobre a toponímia portuense. Não se conhece com precisão a data em que essa Calçada da Relação Velha se assumiu como uma artéria urbana, mas tudo leva a crer que terá sido durante o século XVI. Cunha e Freitas refere que a sua denominação resultou do facto de em 1583 se ter estabelecido naquele local o Tribunal da Relação, no antigo palácio do governador das Justiças, conde de Miranda. Quando, em 1796, ficou praticamente concluído o novo edifício do Tribunal da Relação, no Campo da Cordoaria, a Calçada da Relação passou a denominar-se Calçada da Relação Velha, em virtude de o tribunal já não se encontrar ali instalado. A adopção da denominação de Calçada do Corpo da Guarda - e do largo do mesmo nome - ocorre já no século XIX, e deriva do facto de para aí se ter transferido, ainda antes do Cerco do Porto, o Corpo da Guarda Real da Polícia do Porto, que anteriormente se encontrava instalado no edifício da Real Casa Pia de Correcção e de Educação, o qual, por sua vez, veio mais tarde a ser ocupado para outras funções, nomeadamente para a instalação do Governo Civil, que ali permaneceu até há bem pouco tempo. Não é conhecida, contudo, a data em que se registou a alteração de Calçada do Corpo da Guarda para a rua do mesmo nome, se é que a mesma veio oficialmente a fazer-se, pois pode ter-se dado o caso de essa nova denominação resultar simplesmente da institucionalização da forma como a população se lhe referia”.
Cortesia de José Manuel Lopes Cordeiro “Jornal Público” de 18 de Março de 2001

 
 

À esquerda, vislumbra-se a Estação de S. Bento. Pela direita, pelo arruamento (Rua do Corpo da Guarda) em frente, se subia para o Largo do Corpo da Guarda
 
 
 

Guarda Municipal do Porto e Quartel de S. Brás
 

Diga-se que a Guarda Municipal do Porto, em 24 de Agosto de 1835, sucedera à Guarda Real da Polícia do Porto, surgida em 1808.
A Guarda Municipal do Porto vai instalar-se no mosteiro dos carmelitas que, como as demais ordens religiosas, foram extintos e as demais instalações ocupadas pela Guarda Real da Polícia do Porto, uns barracões junto da Casa Pia e o quartel do Largo Corpo da Guarda.
 
 
 
 

Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
 
 

No texto acima deve entender-se que o mosteiro era de religiosos e, por isso, masculino.

 
 

A Escola Médica, o Quartel do Carmo e a Igreja do Carmo, no início do século XX
 
 
 
 

Planta Redonda de Balck editada em 1813
 
 
 
A circunferência amarela na planta acima, indica o edifício da Casa Pia, ao Largo da Batalha que, à data, albergava também a Câmara e, junto do qual, existiram dois barracões que viriam a servir a cavalaria da Guarda Municipal.
Em 1873 é construído um novo e moderno quartel, no Monte de S. Brás, para servir a Guarda Municipal do Porto e colocar um ponto final nos referenciados barracões junto da Casa Pia.
 
 
 

Quartel de S. Brás – Cortesia “portosombrio”
 
 
Depois de ter servido a Guarda Municipal, o Quartel de S. Brás foi sede dos Telegrafistas e, a partir de 1963, Casa da Reclusão da 1ª Região Militar.
No início de 2024, o quartel já estava totalmente demolido para dar lugar a um empreendimento imobiliário.
 
 
 
 
Guarda Nacional Republicana e Quartel da Bela Vista (à Rua de S. Roque da Lameira)
 
 
 
Em 1910, a Guarda Municipal do Porto seria substituída pela Guarda Republicana, em sequência da instauração da República, passando a utilizar as mesmas instalações da Guarda Municipal.
Entretanto, viriam a ampliar ao longo dos anos a sua área de ocupação.
Assim, a partir de 1919 até 1995, foram ocupadas pela Guarda Nacional Republicana, as instalações que tinham sido, entre 1914 e 1918, a sede do Colégio Moderno.
Seguiu-se a PSP, até aos nossos dias, sendo o local onde está instalado o seu “Corpo de Intervenção”.
 
 
 

Quartel da Bela Vista, observado a partir da Rua de S. Roque da Lameira, em 1920

Sem comentários:

Enviar um comentário