Quartéis
Aos dois regimentos, acima referidos, se acrescentariam
quatro companhias, às dez companhias iniciais ficando, assim, cada um deles,
com catorze companhias.
Ao primeiro regimento, 1º
Regimento de Infantaria do Porto, ficou pertencendo o Quartel da Torre da
Marca.
Em 19 de Maio de 1806, o 1º Regimento de Infantaria do Porto
passou a designar-se Regimento de
Infantaria 6.
O 1º Regimento de
Infantaria do Porto recrutava nas sete freguesias da cidade do Porto e seus
subúrbios, nos concelhos de Vila Nova de Gaia, Penafiel e Gondomar, na Vila de
Melres e nas Honras de Barbosa, Galegos e Entre-os-Rios, assim como na vila de
Guimarães, seus arrabaldes e Termo.
O 2º
Regimento de Infantaria do Porto acabou sedeado, anos mais tarde, no
Quartel de Santo Ovídio, transitando das instalações que ocupava na Cordoaria.
Acabaria como Regimento de Infantaria 18.
O 2º Regimento de
Infantaria do Porto recrutava em vários concelhos, vilas e coutos das
comarcas do Porto e Guimarães.
Quartel da Torre da Marca
Em 1838, a Câmara do Porto, evocando a vitória liberal,
determinou que a Rua dos Quartéis, hoje de D. Manuel II, passasse a ostentar a
designação de Rua do Triunfo. O topónimo então despromovido - Rua dos Quartéis
- tivera origem num conjunto de edifícios destinados a aquartelamento militar
que ali haviam sido erguidos pelos finais do século XVII.
Sobre este quartel, Sousa Reis (1810-1876) escreveu:
“Não há lembrança ou
documento algum que nos indique a época, o modo e as circunstâncias que deram
na edificação e fundação deste quartel, ainda que o seu portão indique ser do
séc. XVII”.
O Quartel da Torre da Marca já vem indicado na Planta
Redonda de Balck, acima representada.
Ficaria ligado para sempre à história pela participação na
revolução liberal de 1820.
O capitão S. Machado Sousa Magalhães e o tenente Paulo
Correia impedindo a entrada no quartel da Torre da Marca, ao Coronel
Grant na madrugada de 24 de Agosto de 1820
A gravura anterior é a reprodução de uma outra, de autoria
de J. Vitorino Ribeiro (1887), com a legenda: "História da Revolução
Portuguesa de 1820.
Pinho Leal, In “Portugal Antigo e Moderno”
Começando por albergar o 1º Regimento de Infantaria do
Porto que, a partir de 1806, passou a ser o Regimento de Infantaria 6, com a sua ida para o Ultramar, acabaria por dar lugar ao Regimento de Infantaria 5 e, em 1872, seria morada do Regimento
de Infantaria 10.
Entre 1829 e meados de 1832, o governo miguelista instalou
aqui o Regimento de Infantaria 19.
Em 14 de Outubro de 1872, o Regimento de Infantaria 10,
vindo de Lisboa é transferido para o Porto e troca com o Regimento de
Infantaria 5, ficando aquartelado no quartel da Torre da Marca, cujas
instalações abandona, quando foi extinto, por ter participado na malograda
revolta do 31 de Janeiro de 1891.
Em 4 de Novembro de 1891, veio de Penafiel para o Porto, o
1º batalhão de infantaria 6, comandado pelo coronel Carlos Augusto Pereira de
Chaby, acompanhado pela respectiva banda sob a regência de Pio Isaac Lhansol
tendo, no entanto, em 3 de Fevereiro de 1892, o mesmo batalhão, regressado a Penafiel.
Finalmente, em 10 de Maio de 1894, por determinação do
Ministro da Guerra do governo de Hintze Ribeiro, general Luiz Augusto Pimentel
Pinto, todo o Regimento de infantaria 6,
comandado pelo coronel José Joaquim Pinto de Almeida, veio para o Porto. A respectiva
banda fez o mesmo trajecto com o mesmo regente atrás referido que, anos mais
tarde, seria substituído por Sousa Moraes.
Em pleno século XX, o Batalhão
de Metralhadoras 3, ocupa instalações no quartel da Torre da Marca.
O Batalhão de Metralhadoras 3 acabará por ceder, mais tarde,
as instalações até 1975, ao Centro de Instrução de Condutores Auto do Porto
(CICAP).
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, uma parte do
edifício foi entregue à Universidade do Porto e outra parte aos Serviços do
Hospital de Santo António, após um incêndio ocorrido em 1975, que atingiu as
instalações dos serviços da Reitoria da Universidade do Porto, à Praça dos
Leões.
Em 2007, os serviços da Reitoria da Universidade do Porto
mudam-se para o antigo edifício da Faculdade de Ciências, deixando de vago
parte do edifício e, em 2008, dá-se início das obras para construção do
Complexo de Ciências da Saúde da Universidade do Porto, para instalação do
ICBAS - Instituto Ciências-Biomédicas Abel Salazar, da Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto e Pólo Ambulatório do Centro Hospitalar do Porto.
Quartel de Santo
Ovídio (à Praça da República)
O quartel de Santo Ovídio foi mandado construir em 1790 pela
rainha D. Maria I e serviu como aquartelamento das unidades de infantaria,
entre 1798 e 1952.
Depois, aqui estiveram instalados os Comandos da I Região
Militar do Porto até 1970, da Região Militar do Porto entre 1970 e 1975, da
Região Militar do Norte de 1975 a 2006. Desde esta data, alberga o Comando do
Pessoal.
O Quartel de Santo Ovídio já vem indicado na Planta Redonda
de Balck, acima representada.
Neste quartel se instalou, a partir de 1808, o 2º Regimento
de Infantaria do Porto, vindo da Cordoaria e que, passaria a ser o Regimento de
Infantaria 18.
“Apesar de ter
sido construído de raiz como quartel para um regimento de infantaria, foi
ocupado ao longo dos anos para outro tipo de tropas. Assim coexistiram, em
diferentes épocas, conjuntos diversos de tropas de infantaria com artilharia,
cavalaria e engenharia, ou inclusive milícias (durante o cerco do Porto –
Batalhão de Milícias de Santo Ovídio)”.
Site do Exército
Em 24 Julho de 1822, o jornal “Borboleta Constitucional” publicava um
aviso envolvendo uma lista nominal de sargentos dos regimentos de infantaria 6
e 18 que deveriam prestar serviço de vigilância nos trabalhos de levantamento
da estrada Porto – Coimbra.
O Regimento de Infantaria 18 participou na Guerra
Peninsular, na revolução liberal de 24 de Agosto de 1820, no levantamento
militar do Porto contra a restauração do absolutismo de 16 de Maio de 1828.
Em consequência da insurreição militar de 1 de Maio de 1851,
que provocou a queda de Costa Cabral, o Campo de Santo Ovídio passou a
chamar-se Campo da Regeneração. Algumas vezes mais andaria de um topónimo para
outro, até acabar como Praça da República, após 1910.
Em 31 de Janeiro de 1891, principiou aí a fracassada
revolução republicana na qual, por sinal, o Regimento de Infantaria 18 se negou
a participar. Em 1891, o quartel albergava, ainda, um destacamento de Cavalaria
6, sedeado em Chaves.
Entre 1837 e 1840 esteve, provisoriamente, aquartelado em
Guimarães.
Quartel de S. Bento
da Vitória
Após a vitória dos liberais sobre os absolutistas, em 1833, e
da extinção das ordens religiosas, o mosteiro de S. Bento da Vitória foi
ocupado, até 1864, por um tribunal. Durante esse período, albergou durante os anos de 1846 e 1847 as tropas da Junta do Porto e, depois, o batalhão de Caçadores 9
que, por aí se manteria, por várias décadas.
Nas instalações deste antigo mosteiro esteve, ainda, um grupo de artilharia 6 que, em 1908, teve a honra de uma visita do rei D. Manuel II e albergou também o Batalhão de Caçadores 1.
In jornal "A Voz Pública" de 27 de Novembro de 1908
Na madrugada de 13 de Março de 1922, as instalações seriam alvo de um incêndio, quando alojavam a casa de Reclusão Militar, o Tribunal Militar e os quartéis dos regimentos de Engenharia e de Infantaria 31. Acabava, assim, o uso do edifício em termos militares.
Na igreja de S. Bento da Vitória, anexa ao mosteiro, costumava-se, todos os anos, prestar homenagem ao Santo
António.
Quartel das Partidas
Avulsas ou Aquartelamento das Partidas Volantes
Pouco se sabe sobre este quartel, que ocupou instalações
durante parte do século XIX, no edifício da Casa Pia.
Destinava-se a alojar militares em trânsito.
Após a decisão régia de 1790, em 1792, o quartel já estava a
receber as Partidas Volantes ou temporariamente ali estacionadas. O
aquartelamento começaria a partir de 1794 a ser suportado por um imposto
lançado sobre o vinho.
À Câmara competia assegurar o funcionamento das instalações.
Em 1823, o local está de tal modo pervertido, com o
empilhamento de materiais por lá acondicionados, e a invasão de que as
instalações tinham sido alvo por parte de Repartições Públicas, que o
aboletamento é feito em casas particulares.
Em 1830, a situação há muito denunciada, não tinha sofrido
qualquer alteração.
Foi residência dos Governadores de Armas do Porto e do seu
Partido, albergou secretarias e repartições, públicas e da guarnição militar, o
Senado (entre 1805 e 1819, vindo do colégio de S. Lourenço), os presos de
calceta, etc.
Quartel da Serra do
Pilar
Tendo servido as hostes dos liberais durante o Cerco do
Porto, após o conflito ocorreu o abandono do mosteiro.
Em 1835, um ano depois de ser decretada a extinção das
ordens religiosas e de o edifício ser incorporado no património do Estado, o
sítio da Serra do Pilar era elevado a Praça de Guerra de 1ª classe.
Ao longo do século XIX, instalam-se ali diversas unidades de
artilharia, como a Brigada de Artilharia
de Montanha e baterias destacadas de vários regimentos de artilharia.
O Regimento de
Artilharia Nº 6 (RA6), criado em Penafiel em 1889, em 1901, passa a ser uma
unidade de artilharia montada, sendo transferido para a Serra do Pilar, em 1911.
Um grupo deste regimento, na década de 1900, esteve nas instalações do antigo mosteiro de S. Bento da Vitória.
Soldados do Regimento de Infantaria nº 18, em exercícios, no campo de manobras do Quartel da Serra do Pilar, em 1911
Em 1926, o RA6 passa a designar-se "Regimento de Artilharia Nº 5" e,
em 1927, passa a aquartelar-se em Penafiel.
Antes, entre 3 e 7 de Fevereiro de 1927, o Regimento de
Artilharia Nº 5, juntamente com o Regimento de Infantaria 18 (Santo Ovídio) e
Regimento de Cavalaria 9 (Monte Pedral), colocam fim à malograda revolta
surgida no Porto, que pretendeu replicar ao 28 de Maio de 1926.
À frente dos revoltosos do Porto, que pretendiam fazer
frente à ditadura que se adivinhava, estiveram militares e civis, como o
general Sousa Dias, o comandante Jaime de Morais, o capitão Sarmento Pimentel e
personalidades do meio cultural, como Jaime Cortesão e José Domingos dos
Santos.
As unidades revoltosas, que não seriam bem-sucedidas, foram o
Regimento de Caçadores 9, a que se juntou uma companhia da Guarda Republicana;
e outros regimentos da cidade e arredores.
As guerras ocorridas ao longo dos anos deixaram várias
edificações do complexo militar arruinadas, em particular a ala sul. Em 1927,
era dado início à sua reconstrução.
Em 1939, é criado, na Serra do Pilar, o Regimento de Artilharia Pesada Nº 2 (RAP2). Em 1975, o RAP2 herda
as tradições do extinto RAL5 e passa a designar-se "Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP)".
Em 1993, o RASP passa a designar-se "Regimento de Artilharia Nº 5".
Em 2006, vindo do Quartel do Monte Pedral, aqui se instalou
o Serviço de Classificação e Selecção do Porto (Inspecções Militares).
Igreja e mosteiro da Serra do Pilar, em estado de ruína
devido à guerra entre absolutistas e liberais
Mosteiro da Visitação
e Seminário de Vilar
O Mosteiro da Visitação de Santa Maria e respectivo colégio
(o Colégio da Visitação) foram criados em finais do século XIX, por iniciativa
da Marquesa de Monfalim, que habitava o Palácio dos Terenas, ali perto, no que
foi secundada pelas condessas de Resende, de Pangim, do Bolhão e de Samodães e
outras senhoras da melhor sociedade da época.
Com a implantação da República, em 1910, as religiosas
viram-se obrigadas a abandonar as instalações que seriam ocupadas pelo Regimento de Infantaria 31, em 11 de
Janeiro de 1912.
Em 7 de Junho de 1922, a propriedade foi comprada por D.
António Barbosa Leão para ali instalar o Seminário de Nossa Senhora do Rosário.
Em 1975, com a mudança de instalações do seminário, o
edifício foi temporariamente cedido à Universidade do Porto, voltando a
funcionar lá, o Seminário de Vilar, entre 1986 e 1989.
Hoje está por lá a Casa Diocesana.
O Regimento de Infantaria 31 ficou célebre pela atitude que
teve de oposição à contra revolução
ocorrida na cidade do Porto, em 19 de Janeiro de 1919, pelas juntas militares
favoráveis à restauração da monarquia, em Portugal, e que ficaria conhecida por
Monarquia do Norte.
Esta revolução não
vingaria e, a 13 de Fevereiro do mês seguinte, estava dominada.
Ocorreriam, então,
diversas homenagens ao Regimento de Infantaria 31, por parte da sociedade
portuense.
Este regimento tinha também sido notícia por, durante a 1ª
Grande Guerra, ter estado destacado em Moçambique, numa zona muito inóspita,
denominada Mocimboa, quando de um efectivo de 1000 militares pereceram 427.
Aliás, há quem diga que aquele destacamento se tinha ficado
a dever a uma série de desacatos protagonizados por alguns dos seus soldados,
nos dias 9 e 10 de Outubro de 1916, durante os quais, fruto de uma rixa com um
polícia, a esquadra nº 13, situada na Praça Coronel Pacheco é cercada pelo povo
e é morto um polícia e quatro ficam feridos.
Quartel do Monte
Pedral ou Quartel de Serpa Pinto
Localizado entre a
Rua da Constituição (antiga Rua 27 de Janeiro), a Rua Serpa Pinto – para onde
oferece a sua fachada principal – e a Rua Egas Moniz, o Quartel do Monte
Pedral, ocupa uma área que, inicialmente, estava destinada à implantação do Asilo-Escola
D. Maria Amélia.
A Câmara Municipal
do Porto cedeu gratuitamente ao então Ministério da Guerra, por escrituras
assinadas a 26 de Outubro de 1904 e de 5 de Maio de 1920, para a construção e
instalação de um Quartel de Cavalaria, duas áreas de 20.217,25 m2 e 4.440 m2,
ao Monte Pedral.
O Regimento de Cavalaria 9 instalou-se no complexo em 1912. No entanto, a obra, que um primeiro acordo
estipulava durar seis anos e um segundo dez, acabou por ter uma construção
faseada que se prolongou por cinco décadas.
Em 1939, o
Regimento de Cavalaria 9, sedeado no Monte Pedral, é substituído pelo Regimento de Cavalaria 6.
Em 1977, o Esquadrão
de Lanceiros da Região Militar do Norte (ELN) foi aqui instalado.
Em 31 de Julho de 1979, o Regimento de Cavalaria do Porto, sucessor em 1975, do Regimento de
Cavalaria 6, foi transferido para Braga e o complexo passou a acolher o Centro
de Classificação e Selecção do Porto, sendo aí realizadas as Inspecções
Militares.
Este serviço, entretanto designado Gabinete de Classificação
e Selecção do Porto em 2006, foi transferido no mesmo ano para o Quartel da
Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Foi então criada e instalada a Unidade de
Apoio do Comando do Pessoal, que se manteve no Quartel de Monte Pedral até
Setembro de 2014, altura em que se transferiu também para o Quartel da Serra do
Pilar.
Desde então, o Quartel – que se encontra à responsabilidade
da Unidade de Apoio do Comando do Pessoal – está desactivado, existindo uma
possibilidade de construção de habitações com arrendamento acessível.
Parada do Quartel do Monte Pedral
Quartéis de Arca
d’Água e da Circunvalação ou do Viso
O Quartel de Arca
d’Água, que se serviu das instalações do antigo Recolhimento (feminino) do Bom Pastor e de toda a área envolvente alojou,
durante boa parte do século XX, a Escola Prática de Transmissões. Em 10 de Maio
de 1993, a unidade foi transferida para o Quartel da Circunvalação, também
conhecido por Quartel do Viso.
As instalações do convento seriam, mais tarde, ocupadas pela PSP.
As instalações do convento seriam, mais tarde, ocupadas pela PSP.
Fachada do antigo Recolhimento do Bom Pastor voltada para a
Rua do Vale Formoso
O Quartel de Arca d’Água começou por albergar unidades de engenharia (Regimentos de Sapadores Mineiros 1 e 2, Engenharia 1 e 2 e respectivas unidades de Transmissões).
De 1965 até 1977, por lá esteve o Regimento de Transmissões e, entre 1977 até 1993, a Escola Prática de Transmissões.
Instalações do antigo Quartel do Bom Pastor . Fonte: Google
maps
Quartel do Viso na Rua 14 de Agosto, ao Viso – Fonte: Google
maps
In “Diário de Lisboa”(1ª edição) de 17 de Setembro de 1950 –
Fonte: Fundação Dr. Mário Soares
(Continua)
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