terça-feira, 6 de setembro de 2022

25.162 Uma visita em desespero

 
Acontecido o Regicídio, em 1 de Fevereiro de 1908, a coroa portuguesa tratou de remediar o descontentamento instalado na população tendo, para esse efeito, a família real realizado alguns périplos pelo País.
Assim, entre 8 de Novembro e 4 de Dezembro de 1908, o rei e a rainha-mãe dirigiram-se ao norte para uma visita.
 
 
“Em 8 de Novembro de 1908, o rei D. Manuel II chegou à cidade do Porto para uma visita oficial, aqui visitou diversas instituições como, a Câmara Municipal,  a Associação Comercial do Porto, o Hospital de Santo António, a Feitoria Inglesa, o Clube Portuense, ou o Palácio da Relação, entre outras. Na sua viagem pelo norte do país visitou ainda as localidades de Matosinhos, Espinho, Vila da Feira, Aveiro, Braga, Coimbra, Santo Tirso, Guimarães, Barcelos, Vila Nova de Gaia e Viana do Castelo. Na comitiva vinha o repórter da Ilustração Portuguesa Joshua Benoliel que abundantemente registou os mais diversos momentos da visita, os quais foram publicados em vários números daquela revista”.
Cortesia: “monarquiaportuguesa.blogs.sapo.pt/”
 
 
Entretanto, a oposição ao regime, do qual fazia parte o jornal “A Voz Pública”, um jornal de referência dos meios republicanos do Porto, tratava de denegrir o alcance da visita real.

 
 

In jornal “A Voz Pública” de 10 de Novembro de 1908
 
 
 
Por outro lado, a imprensa afecta ao regime enaltecia e exultava com o apoio que o povo dava ao rei.



In “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908
 
 
 

Carruagem real saindo da Estação de Campanhã, em 8 de Novembro de 1908 – Fonte “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908

 
 

Arco triunfal em frente à Estação Ferroviária de Campanha, em 8 de Novembro de 1908, com o povo esperando a chegada do soberano


 
 

Fachada da sede da Associação Industrial Portuense, na Rua de Entreparades, preparada para a passagem da comitiva real vinda de S. Lázaro – Fonte “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908
 
 
 

Rua dos Clérigos, em 8 de Novembro de 1908, quando o povo espera pela passagem de D. Manuel II vindo da Rua de Santo António

 
 

Palácio das Carrancas onde se hospedaria D. Manuel II


 
No dia seguinte à sua chegada começaria o corropio de visitas da comitiva real.


 




O povo esperando D. Manuel II, junto da igreja da Lapa, em 9 de Novembro de 1908





Aspecto do lado nascente da Rua D. Pedro, quando se aguardava pela passagem da comitiva real, em 9 de Novembro de 1908 – Fonte: “Illustração Portugueza”de 16 de Novembro de 1908
 
 
 

A Câmara do Porto engalanada para receber El-rei D. Manuel II, em 9 de Novembro de 1908 – Fonte: “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908

 
 

Visita de D. Manuel II à Câmara do Porto, em 9 de Novembro de 1908

 
 
Na Câmara do Porto, o discurso de boas-vindas seria proferido pelo vice-presidente, Dr. Cândido de Pinho (1853-1919), o qual versou sobre as virtudes do poder local. O Dr. Cândido de Pinho sucederia, brevemente, como reitor da Universidade do Porto ao Dr. Gomes Teixeira, entre 1918 e 1919. Antes, tinha sido, entre 1911 e 1918, vice-reitor da Universidade do Porto.
Sobre esta personalidade, natural da Vila da feira, é o texto que se segue.
 
“Ainda que curto, o mandato de Cândido de Pinho na Reitoria coincidiu com a importante reforma do ensino superior liderada por Alfredo Mendes de Magalhães, da qual resultou a publicação do Estatuto Universitário. Entre outras coisas, preconizava-se a clarificação das funções das universidades (ensino profissional, investigação científica e difusão da alta cultura) e a dependência das universidades face ao Estado, salvaguardando-se contudo a autonomia governativa das Faculdades e Escolas. O assassinato de Sidónio Pais - em Dezembro de 1918 - acabaria por precipitar a saída do Reitor em 1919, ano da sua morte”.
Fonte: “centenario.up.pt/”
 
 
 
Durante a visita à Câmara Municipal seria inaugurado um retrato do rei da autoria do pintor Júlio Costa.

 
 

D. Manuel II – Autoria: Júlio Costa
 
 
Seguir-se-ia, ainda no dia 9, uma visita ao Colégio dos Orfãos, ao Prado do Repouso.

 
 

O povo, junto do Colégio dos Orfãos, espera pela chegada de D. Manuel II, em 9 de Novembro de 1908 – Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908

 
 

El-rei D. Manuel II, o reitor do Colégio dos Orfãos, reverendo António Patrício e o governador-civil do Porto, Adolfo Pimentel – Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
 
 
 
Após a visita ao Colégio dos Orfãos o rei dirigiu-se para o quartel dos Bombeiros, onde condecorou com o Colar de Torre e Espada o seu comandante, Joaquim Carvalho da Costa.
Na noite de dia 9, 2ª Feira, houve récita no Teatro do Príncipe Real, sendo interpretada a obra do dramaturgo Sardou, a “Pérola Preta”.
 
 
 
 

Programa real a cumprir no dia 10 de Novembro de 1908
 
 
 
Dentro do programa de dia 10 (3ª Feira) aconteceria, cerca das 14 horas, a visita à Associação Comercial do Porto, tendo proferido o discurso de boas-vindas o presidente daquela instituição, o senhor Júlio de Araújo.

 
 

Chegada do rei D. Manuel II ao Palácio da Bolsa, a sede da Associação Comercial – Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908


 
 
Cortesia de Jorge Fernandes Alves; revista “O Tripeiro” 7ª Série, nº2, Novembro de 2008


 
O povo, na Rua Ferreira Borges, esperando pela chegada do rei ao Palácio da Bolsa
 
 
 
Pelas 15 horas, já a comitiva real era recebida na Rua Entreparedes, na Associação Industrial. Coube ao presidente da direcção, António da Silva Marinho, o discurso da praxe.
Pronto estava o rei pela Cordoaria, visitando a Escola Politécnica, onde foi recebido pelo Dr. Gomes Teixeira e teve oportunidade de visitar o museu zoológico a cargo do Dr. Augusto Nobre e ainda no mesmo edifício o Instituto Industrial que funcionava na ala nascente do edifício.

 
 

Lápide descerrada na Escola Politécnica alusiva à visita real


(Continua)

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