Acontecido o Regicídio, em 1 de Fevereiro de 1908, a coroa
portuguesa tratou de remediar o descontentamento instalado na população tendo,
para esse efeito, a família real realizado alguns périplos pelo País.
Assim, entre 8 de Novembro e 4 de Dezembro de 1908, o rei e
a rainha-mãe dirigiram-se ao norte para uma visita.
“Em 8 de Novembro
de 1908, o rei D. Manuel II chegou à cidade do Porto para
uma visita oficial, aqui visitou diversas instituições como, a Câmara
Municipal, a Associação Comercial do Porto, o Hospital de Santo António,
a Feitoria Inglesa, o Clube Portuense, ou o Palácio da Relação, entre outras.
Na sua viagem pelo norte do país visitou ainda as localidades de Matosinhos,
Espinho, Vila da Feira, Aveiro, Braga, Coimbra, Santo Tirso, Guimarães,
Barcelos, Vila Nova de Gaia e Viana do Castelo. Na comitiva vinha o repórter
da Ilustração Portuguesa Joshua Benoliel que abundantemente registou os
mais diversos momentos da visita, os quais foram publicados em vários números
daquela revista”.
Cortesia: “monarquiaportuguesa.blogs.sapo.pt/”
Entretanto, a oposição ao regime, do qual fazia parte o
jornal “A Voz Pública”, um jornal de referência dos meios republicanos do
Porto, tratava de denegrir o alcance da visita real.
Por outro lado, a imprensa afecta ao regime enaltecia e
exultava com o apoio que o povo dava ao rei.
In “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908
Carruagem real saindo da Estação de Campanhã, em 8 de
Novembro de 1908 – Fonte “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908
Arco triunfal em frente à Estação Ferroviária de Campanha,
em 8 de Novembro de 1908, com o povo esperando a chegada do soberano
Fachada da sede da Associação Industrial Portuense, na Rua
de Entreparades, preparada para a passagem da comitiva real vinda de S. Lázaro
– Fonte “Illustração Portugueza” de 16 de Novembro de 1908
Rua dos Clérigos, em 8 de Novembro de 1908, quando o povo
espera pela passagem de D. Manuel II vindo da Rua de Santo António
No dia seguinte à sua chegada começaria o corropio de
visitas da comitiva real.
Aspecto do lado nascente da Rua D. Pedro, quando se
aguardava pela passagem da comitiva real, em 9 de Novembro de 1908 – Fonte:
“Illustração Portugueza”de 16 de Novembro de 1908
A Câmara do Porto engalanada para receber El-rei D. Manuel
II, em 9 de Novembro de 1908 – Fonte: “Illustração Portugueza” de 16 de
Novembro de 1908
Na Câmara do Porto, o discurso de boas-vindas seria
proferido pelo vice-presidente, Dr. Cândido de Pinho (1853-1919), o qual versou
sobre as virtudes do poder local. O Dr. Cândido de Pinho sucederia, brevemente,
como reitor da Universidade do Porto ao Dr. Gomes Teixeira, entre 1918 e 1919.
Antes, tinha sido, entre 1911 e 1918, vice-reitor da Universidade do Porto.
Sobre esta personalidade, natural da Vila da feira, é o
texto que se segue.
“Ainda que curto, o
mandato de Cândido de Pinho na Reitoria coincidiu com a importante reforma do
ensino superior liderada por Alfredo Mendes de Magalhães, da qual resultou a
publicação do Estatuto Universitário. Entre outras coisas, preconizava-se a
clarificação das funções das universidades (ensino profissional, investigação
científica e difusão da alta cultura) e a dependência das universidades face ao
Estado, salvaguardando-se contudo a autonomia governativa das Faculdades e
Escolas. O assassinato de Sidónio Pais - em Dezembro de 1918 - acabaria por
precipitar a saída do Reitor em 1919, ano da sua morte”.
Fonte: “centenario.up.pt/”
Durante a visita à Câmara Municipal seria inaugurado um
retrato do rei da autoria do pintor Júlio Costa.
Seguir-se-ia, ainda no dia 9, uma visita ao Colégio dos
Orfãos, ao Prado do Repouso.
O povo, junto do Colégio dos Orfãos, espera pela chegada de
D. Manuel II, em 9 de Novembro de 1908 – Fonte: “Illustração Portugueza” de 23
de Novembro de 1908
El-rei D. Manuel II, o reitor do Colégio dos Orfãos,
reverendo António Patrício e o governador-civil do Porto, Adolfo Pimentel – Fonte:
“Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
Após a visita ao Colégio dos Orfãos o rei dirigiu-se para o
quartel dos Bombeiros, onde condecorou com o Colar de Torre e Espada o seu
comandante, Joaquim Carvalho da Costa.
Na noite de dia 9, 2ª Feira, houve récita no Teatro do
Príncipe Real, sendo interpretada a obra do dramaturgo Sardou, a “Pérola
Preta”.
Dentro do programa de dia
10 (3ª Feira) aconteceria, cerca das 14 horas, a visita à Associação
Comercial do Porto, tendo proferido o discurso de boas-vindas o presidente
daquela instituição, o senhor Júlio de Araújo.
Chegada do rei D. Manuel II ao Palácio da Bolsa, a sede da
Associação Comercial – Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de
1908
Cortesia de Jorge Fernandes Alves; revista “O Tripeiro” 7ª
Série, nº2, Novembro de 2008
O povo, na Rua Ferreira Borges, esperando pela chegada do
rei ao Palácio da Bolsa
Pelas 15 horas, já a comitiva real era recebida na Rua
Entreparedes, na Associação Industrial. Coube ao presidente da direcção,
António da Silva Marinho, o discurso da praxe.
Pronto estava o rei pela Cordoaria, visitando a Escola
Politécnica, onde foi recebido pelo Dr. Gomes Teixeira e teve oportunidade de
visitar o museu zoológico a cargo do Dr. Augusto Nobre e ainda no mesmo
edifício o Instituto Industrial que funcionava na ala nascente do edifício.
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