Homenagens
Apesar das conhecidas participações dos Portugueses, em
território europeu, durante a 1ª Grande Guerra, a grande envolvência dos nossos
soldados aconteceu em território africano.
É na colocação da hipótese de que acabado o conflito e no
consequente e habitual parte e reparte dos territórios dos vencidos, que
Portugal decide entrar nele, para não ser colocado, findo o mesmo, de fora das
grandes decisões.
Aliás, essa posição de Portugal de disponibilidade para a
participação como contendor, desagradava ao nosso velho aliado, a Inglaterra,
que não queria que nele tomássemos parte, por continuar a cobiçar os nossos
territórios ultramarinos.
Assim, a Inglaterra opôs-se sempre à nossa participação, mas
Portugal não irá perder a oportunidade de entrar no conflito, ao obrigar a
Alemanha a declarar-nos guerra, em 1916, quando viram apresados os seus barcos
estacionados nos portos portugueses.
Na barra do Porto, somente estava presente o navio mercante
germânico, o «Vesta» que seria apreendido pelas autoridades locais, mau grado a
sua tripulação tudo ter feito para o tornar inoperacional pela destruição das máquinas
e equipamentos náuticos.
Assim, a 9 de Março de 1916, a Alemanha declarou guerra a
Portugal.
A cidade do Porto tem no monumento, da autoria do escultor
Henrique Moreira, inaugurado e dedicado ao “Soldado Desconhecido”, exposto na
Praça Carlos Alberto, a sua mais icónica homenagem a todos aqueles que morreram
ao serviço de Portugal durante a Guerra de 1914-18.
“Monumento aos Mortos da Grande Guerra” ou “Monumento ao
Soldado Desconhecido” da autoria de Henrique Moreira
Antes desta obra, de Henrique Moreira, inaugurada em 1928,
uma outra esteve naquele local, entre 1924 e 1925, da autoria de José de
Oliveira Ferreira que seria, no entanto, apeada, devido à contestação expressa
pelos portuenses, que não concordaram com a estética da escultura.
Escultura da autoria de José de Oliveira Ferreira resultante
da iniciativa da Junta Patriótica do Norte
São muitas as alusões à memória desta guerra que podemos
encontrar espalhadas pela cidade do Porto.
Assim, a cidade do Porto não deixa de num dos seus maiores
ex-libris, a Avenida dos Aliados, de fazer alusão à 1ª Grande Guerra Mundial.
Aquela avenida, começada a abrir a partir de 1916, em plena
guerra, pela demolição do anterior edifício da Câmara Municipal instalada,
então, no conhecido Palacete Monteiro Moreira, viu ser-lhe atribuído o topónimo
que continua a ostentar, como uma referência ao grupo de Países do qual éramos
parte – os Aliados.
Aliás, a avenida começou por chamar-se Avenida das Nações
Aliadas, tendo derivado, depois, para Avenida dos Aliados. Ainda em projecto
era referida como a Avenida da Cidade.
A Junta de Freguesia do Bonfim recorda, também, a morte dos
seus mancebos, na 1ª Guerra Mundial, numa placa afixada na entrada principal do
edifício da Junta, ao Campo 24 de Agosto, onde estão gravados os nomes dos que
pareceram durante o conflito.
Ao centro, a placa em mármore com a inscrição dos jovens da
Freguesia do Bonfim mortos na 1ª Guerra Mundial – Fonte: Google maps
Junto do cemitério Inglês, no Largo da Maternidade, a
comunidade Britânica presta também homenagem aos seus mortos naquele conflito.
Pedestal, em mármore, onde estão inscritos os nomes dos
jovens Britânicos, oriundos da cidade do Porto, parecidos nas duas Grandes
Guerras Mundiais
Igualmente, a Universidade
do Porto assinala a morte de cerca de uma dezena dos seus
estudantes, na Guerra de 1914-18, com um monumento inaugurado nas suas
instalações, à Praça Gomes Teixeira, em 1948 e, mais recentemente, em 2018, com
o descerramento de uma placa junto daquele monumento, assinalando o centenário
do conflito.
Já antes, em 1920, a Universidade do Porto tinha descerrado
duas placas de mármore, no patamar da escadaria nobre do edifício da então
Faculdade de Ciências (actual edifício da Reitoria), com a listagem,
incompleta, dos universitários mortos na I Guerra Mundial.
Escultura, da autoria de João da Silva, de homenagem da U.
P. aos seus alunos mortos na 1ª Grande Guerra Mundial
Depois de várias localizações, a estátua da foto acima
encontra-se, hoje, junto à escadaria do Museu de História Natural e da Ciência
da Universidade do Porto.
A escultura referida ficou conhecida como “A Santa” ou “A
Sabedoria”.
O escultor João da Silva, acima referenciado, era o autor,
também, do monumento inaugurado em 1926, homenageando o escritor Júlio Dinis,
ao Largo do Professor Abel Salazar.
A memória da 1ª Grande Guerra Mundial encontra-se também
documentada, no antigo Palacete do visconde Pereira Machado, na Rua Formosa, na
sede do “Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes”, no seu museu, na chamada
“Sala da Grande Guerra”.
A “Liga dos Combatentes da Grande Guerra” foi fundada em 21
Janeiro de 1924 e o actual “Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes” tem
origem, oficialmente, a 25 de Fevereiro de 1925, como “Agência do Porto da Liga
dos Combatentes da Grande Guerra”.
Em 1975, a “Agência do Porto da Liga dos Combatentes da
Grande Guerra” assume a designação que ainda se mantém de “Núcleo do Porto da
Liga dos Combatentes”.
Seria o Dr. Alfredo Barata da Rocha (1891 - 1956), médico e
poeta, o primeiro presidente da direcção da “Agência do Porto da Liga dos
Combatentes da Grande Guerra”.
“Em 1929, a agência do
Porto tinha 2238 sócios combatentes, 177 sócios extraordinários e dois sócios
beneméritos, ou seja, 11% do total de associados da Liga que registava então
241720. Em 1937, o número não era significativamente diferente relativamente
aos sócios combatentes e extraordinários – 2996 e 310, respetivamente. O
aumento verificou-se, sobretudo, nos sócios honorários que, neste ano, se
contabilizavam já em 12821. No ano referido, o total de 3447 associados da
agência do Porto corresponde a 10,5% da soma nacional, posicionando-se, depois
da agência de Lisboa, com 11 152 associados, como o segundo maior núcleo da
Liga”.
Cortesia de Isilda Braga da Costa Monteiro (ESEPF) e Maria
da Conceição Meireles Pereira (FLUP)
Galeria dos Presidentes do Núcleo do Porto da Liga dos
Combatentes – Cortesia de Rui Farinha (Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes)
Na foto acima, no topo, está a imagem do Presidente Fundador da Liga dos
Combatentes.
Nas duas linhas seguintes, estão todos os presidentes da
Agência do Porto, mais tarde designada de Núcleo do Porto, faltando apenas o
actual Presidente, Coronel Jocelino Rodrigues
ALTAR DE CAMPANHA (Corpo Expedicionário Português) usado
pelo Capelão militar Joaquim Baptista de Aguiar, no serviço de assistência
religiosa das tropas portuguesas na Flandres – Cortesia Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes
Participação na
guerra
Um regimento sedeado no Porto, o Regimento de Infantaria 31,
teve a sua existência ligada à 1ª Grande Guerra, nomeadamente no seu desempenho
em África, mais propriamente no Norte de Moçambique, na região de Mocimboa.
Com a participação a ser decidida em Setembro de 1916, a 4ª
Força Expedicionária de Moçambique comandada pelo Coronel Sousa Rosa era
formada por três batalhões de infantaria, respectivamente: Regimento de
Infantaria 29 de Braga, Regimento de Infantaria 30 de Bragança e Regimento de
Infantaria 31 do Porto.
Aquele comandante, sem atender às condições sanitárias da
região, levaria ao limite de deixar aniquilar, pela doença, grande parte do
batalhão do Regimento de Infantaria 31 do Porto.
Este regimento retornaria ao Porto para se tornar, em 1919,
protagonista na defesa do regime republicano, ao opor-se à instauração do golpe
monárquico intitulado de “Monarquia do Norte”.
Um outro acontecimento ocorrido no âmbito do conflito e
ligado à cidade do Porto, foi protagonizado por um oficial da marinha portuguesa,
nascido em 18 de Maio de 1881, no Bairro da Lada-Barredo.
De seu nome, Carvalho Araújo, comandando o barco caça-minas,
NRP — Navio da República Portuguesa, “Augusto de Castilho”, em
Outubro de 1918, enfrentou com a sua embarcação um submarino alemão, salvando de
ser afundado o paquete San Miguel, que escoltava e que se dirigia da Madeira
para os Açores, ao possibilitar a sua fuga.
NRP Augusto de
Castilho (1915) – Fonte: pt.wikipedia.org
O combate ocorrido em alto mar é descrito a seguir:
“Após duas horas de
combate, com vítimas fatais no convés, a artilharia danificada, a munição quase
esgotada e tendo perdido a telegrafia e as máquinas, o Comandante do navio deu
ordem para que se hasteasse a bandeira branca para que deixassem sair os civis.
Após a sua saída, a bandeira branca foi arreada e o combate prosseguiu. Um
último tiro do submarino, entretanto, vitimou fatalmente o comandante Carvalho
Araújo.
Dada a ordem de abandonar o navio pelo imediato, o guarda-marinha Armando Ferraz, os sobreviventes conseguiram lançar ao mar um salva-vidas onde se comprimiram trinta e seis homens. Doze outros sobreviventes, em uma jangada improvisada, conseguiram autorização dos alemães para retornar a bordo e pegar uma baleeira. O caça-minas foi então afundado pelos alemães, com o corpo do comandante coberto pela bandeira de Portugal e os dos demais auxiliares mortos em combate”.
Fonte: pt.wikipedia.org
Dada a ordem de abandonar o navio pelo imediato, o guarda-marinha Armando Ferraz, os sobreviventes conseguiram lançar ao mar um salva-vidas onde se comprimiram trinta e seis homens. Doze outros sobreviventes, em uma jangada improvisada, conseguiram autorização dos alemães para retornar a bordo e pegar uma baleeira. O caça-minas foi então afundado pelos alemães, com o corpo do comandante coberto pela bandeira de Portugal e os dos demais auxiliares mortos em combate”.
Fonte: pt.wikipedia.org
Placa colocada, em 12 de Outubro de 1954, em memória de
Carvalho de Araújo, na casa onde nasceu na Ribeira – Fonte: JPortojo
À esquerda da capela da Lada, na Ribeira, a casa de
azulejos, onde nasceu Carvalho de Araújo – Fonte: Google maps
Mas, em 3 de Junho de 1945, com a guerra já terminada, os arredores do Porto, mais propriamente, o Lugar de Angeiras, iria ser noticia, quando um submarino alemão U-Boat 1277 afundou ao largo daquela vila piscatória, como é narrado no texto seguinte:
“No dia 3 de Junho de 1945 os tripulantes do submarino alemão U1277 chegavam a terra na praia das Angeiras, em Matosinhos, depois de terem afundado o seu navio ao largo da costa. A guerra já tinha terminado há quase um mês…
Os 47 tripulantes tinham saído da Alemanha em finais de Abril com o objetivo de prosseguir a guerra na zona do Canal da Mancha, mas duas semanas depois recebiam a mensagem da rendição incondicional do seu país e ordens para se dirigirem ao porto aliado mais próximo.
Apesar destas ordens o comandante tomou a decisão de afundar o navio junto a um país neutral e assim evitar que este ficasse em mãos inimigas. Depois de abrirem as válvulas, que permitiram a entrada de água no interior da unidade naval, os homens conseguiram chegar a terra com a ajuda de pescadores locais.
De Portugal foram enviados para Inglaterra onde permaneceram como prisioneiros durante 3 anos”.
Fonte: ensina.rtp.pt
Os 47 tripulantes tinham saído da Alemanha em finais de Abril com o objetivo de prosseguir a guerra na zona do Canal da Mancha, mas duas semanas depois recebiam a mensagem da rendição incondicional do seu país e ordens para se dirigirem ao porto aliado mais próximo.
Apesar destas ordens o comandante tomou a decisão de afundar o navio junto a um país neutral e assim evitar que este ficasse em mãos inimigas. Depois de abrirem as válvulas, que permitiram a entrada de água no interior da unidade naval, os homens conseguiram chegar a terra com a ajuda de pescadores locais.
De Portugal foram enviados para Inglaterra onde permaneceram como prisioneiros durante 3 anos”.
Fonte: ensina.rtp.pt
Por outro lado, algumas personalidades radicadas na cidade
do Porto, oriundas da Alemanha, seriam também atingidas pelas vicissitudes da
1ª Grande Guerra.
Com a declaração de guerra da Alemanha a Portugal, em 1916,
a colónia alemã foi forçada a abandonar o país, em cinco dias, tendo visto os
seus bens serem alvo de confisco.
Assim, a casa “E. Biel & C.ª”, de Emílio Biel que, à data,
ocupava o Palácio do Bolhão, teria os seus bens confiscados e, posteriormente,
vendidos em hasta pública.
Tendo falecido a 14 de Setembro de 1915, Emílio Biel (Annaberg,
Saxónia, 18 de Setembro de 1838 – Porto, 14 de Setembro de 1915), negociante,
editor e fotógrafo alemão foi pessoalmente poupado a este desastre, que viria,
todavia, a originar a perda irremediável de grande parte do seu espólio
fotográfico (milhares de chapas de vidro, fototipias e documentos em papel) e a
dispersão do restante por diversos coleccionadores e arquivos.
Também a firma “Claus & Schweder, Sucessores”, produtora
de sabonetes e perfumes, fundada em 1887, instalada na Rua Júlio Dinis e, a
partir do início do século XX, na Rua de Serpa Pinto, seria afectada na
sequência do conflito entre Alemanha e Portugal, já que um dos seus fundadores,
Ferdinand Claus e o seu sócio Willy Thessen, também director da empresa,
entrado em 1905, são obrigados a recolher à Alemanha.
Acontece que um dos primitivos fundadores, de seu nome Georg Phillip Shweder, já se tinha afastado
da empresa por razões de saúde, em 1903.
Assim, esta empresa com o eclodir da 1ª Guerra Mundial, em
1917, foi nacionalizada, mas findo o conflito, Willy Thessen voltaria à
empresa, como sócio e director técnico, por convite de Aquiles de Brito.
Esta personalidade tinha chegado à empresa em 1903,
desempenhando o cargo de contabilista.
Como consequência das vicissitudes sofridas pela “Claus
& Schweder, Sucessores”, Aquiles de Brito haveria, em 1918, de fundar uma
empresa do mesmo ramo de actividade que ainda hoje sobrevive – a “Ach-Brito”.
Pelo meio, em 31 de Dezembro de 1924, Aquiles de Brito
comprava à CIN, a detentora, à data, do espólio da “Claus & Schweder,
Sucessores”, a antiga fábrica da Rua Serpa Pinto.
Outros membros da
comunidade alemã, casos de Eduardo Katzeinstein e Adolfo Hofle, seguiriam os
passos de Ferdinand Claus e retornariam à Alemanha.
Eduard Katzenstein (25.11.1817 - 4.2.1894), empresário e
Cônsul do Império Alemão e Anne Sophie Henriette Ehlers, (Örsdorf 10.4.1820 -
Porto 18.8.1859), sogros de Emílio Biel e pais de Edith Katzenstein
Protestos das
populações
Em termos de ordem pública, a situação vivida entre 1914 e
1918, na cidade do Porto, foi-se agravando com o passar dos anos.
Tomando o leme nas suas mãos, a Câmara do Porto tudo fez
para minorar os efeitos da crise que se estabeleceu.
“No caso da vereação
da Câmara Municipal do Porto, as normas do poder central foram integralmente
respeitadas, procurando-se proteger os sectores económicos vitais e acalmar
alguns tumultos sociais, particularmente junto das camadas operárias e
populares que protestavam contra o encarecimento do custo de vida. Os restantes
estoicamente foram aceitando as imposições práticas para canalizar fundos e
matérias- -primas para o sorvedor orçamento militar: supressão de alguns
horários das linhas ferroviárias, redução da iluminação pública, postos de
venda nas esquadras policiais dos produtos de primeira necessidade geridos pela
Comissão Municipal de Subsistências, agravamento da crise alimentar, etc. Nas
eleições municipais de novembro de 1917, uma vez mais o Partido Democrático
reuniu a maioria dos votos, sendo reeleito presidente Henrique Pereira de
Oliveira e reconduzidos vários dos edis. Porém, de imediato, a grande sangria
que o burgo portuense sofreu foi ao nível da sua comunidade de súbditos
alemães, colocados no limbo legal de passarem a ser considerados inimigos do
país e o consequente congelamento dos seus bens. Enquanto alguns elementos das
famílias como os Burmester, Stube, Rothes, Roseler, Gerstlacher, Lehmann, Van
der Niepport, Wandschneider, etc., optaram por se retirar para Espanha; outras
personalidades requereram permissão para manter a sua residência ou abdicaram
da nacionalidade alemã, principalmente entre o segmento feminino, como os
ilustres D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos ou os herdeiros de Emílio Biel.
Unicamente uma holandesa acabaria acusada de espionagem para a Alemanha e com
ordem de expulsão do país: a professora Christina Haussmann”.
Cortesia de Francisco Miguel Araújo (Faculdade de Letras da
Universidade do Porto
Como em todas as situações do género, o açambarcamento e o
“mercado negro” retiraram do mercado muitos bens essenciais, o que permitiu a
especulação, tendo a alta de preços e a escassez de alimentos sido
particularmente notadas nas zonas urbanas, como foi o caso do Porto.
“Assim, considerava a
Câmara, a única maneira de acabar com o açambarcamento e a especulação era a de
importar diretamente do estrangeiro os géneros necessários para alimentar a
população, podendo desse modo controlar os preços. Para fazer essa importação,
como já vimos, precisava que o Governo lhe desse preferência na adjudicação da
exploração dos vapores alemães apresados, algo que não aconteceu”.
Cortesia de Alexandre Lima Ferreira - Universidade do Porto
Ainda antes da entrada de Portugal nesta guerra, já se
sucediam as manifestações de protesto dos portuenses.
“Em 18 de setembro de
1914, o primeiro dos grandes motins populares com assaltos a armazéns de
víveres e lojas comerciais e forte repressão policial, segundo as autoridades
instigado pelos líderes dos movimentos operários locais, contra o aumento do
desemprego e a carestia de vida. O escândalo, passado pouco mais de um mês, de
falsificação e contrafação de moeda e as muitas greves por aumento dos
salários e revisão dos regulamentos de trabalho, ao longo de todo o ano de
1915, dos mineiros de S. Pedro da Cova que abastecia a cidade de carvão vindo
de Gondomar, das costureiras, dos tipógrafos e dos ourives contra as entidades
patronais. Em fevereiro de 1916, os motins populares em todo o distrito
encontraram o seu alvo no arrolamento do milho, encarecendo a venda do
essencial pão e broa no regime alimentar das classes mais pobres, com assaltos
a casa de lavradores e a padarias um pouco por todas as localidades dos
concelhos vizinhos”.
Cortesia de Francisco Miguel Araújo (Faculdade de Letras da
Universidade do Porto
“Em fevereiro de 1916,
nos arredores do Porto, populares impediram a saída de comboios que
transportavam cereais, e em Vila Nova de Gaia foram pilhadas algumas lojas. A
entrada de Portugal na guerra agravou o clima de confronto, tendo o ano de 1917
sido nesse aspeto verdadeiramente funesto, com tumultos no Porto que duraram
vários dias durante o mês de janeiro, e assaltos a padarias e lugares de venda
de hortaliça. Em abril, Dias da Silva informou os restantes vereadores que a
escassez de pão que se verificava na cidade já tinha originado tumultos
populares. Isto correspondia à realidade, tendo os assaltos a padarias e os
confrontos continuado, levando à intervenção da Guarda Nacional, que resultou
em ferimentos e prisões. Estas intervenções policiais não resolveram o problema
de fundo, que era o do açambarcamento dos bens alimentares e a dificuldade em
adquiri-los no mercado internacional”.
Cortesia de Alexandre Lima Ferreira - Universidade do Porto
(Continua)
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